Pesquisadores descobriram a principal fonte de dor em pacientes com fibromialgia, e ao contrário do que muitos acreditam, não derivam do cérebro. Os resultados marcam o fim de um mistério de décadas sobre a doença, que muitos médicos acreditavam ser fruto da imaginação dos pacientes.
O mistério da fibromialgia deixou milhões de pessoas que sofrem à procura de esperança em medicamentos para a dor. Até recentemente, muitos médicos pensavam que a doença era “imaginária” ou psicológica, mas os cientistas agora revelaram que a principal fonte de dor resulta de um excesso de fibras nervosas sensoriais presentes ao redor dos vasos sanguíneos localizadas na palma das mãos.
A descoberta pode levar a novos tratamentos e talvez até mesmo a uma cura total no futuro, trazendo alívio para milhões de pessoas suspeitas de ter essa doença.
Para resolver o mistério da fibromialgia, os pesquisadores concentraram a atenção na pele da mão de uma paciente que tinha uma falta de fibras nervosas sensoriais, que causavam uma reação reduzida à dor.
Eles então pegaram amostras da pele das mãos de pacientes com fibromialgia, e foram surpreendidos ao encontrar uma quantidade extremamente excessiva de um determinado tipo de fibra nervosa.
Anteriormente os cientistas pensavam que essas fibras fossem apenas responsáveis por regular o fluxo de sangue, e que não desempenhassem qualquer papel na sensação de dor, mas agora eles descobriram que há uma ligação direta entre estes nervos e a dor corporal generalizada.
O neurocientista Dr. Frank L. Rice explicou: “Nós anteriormente pensávamos que estas terminações nervosas só estivessem envolvidas na regulação do fluxo sanguíneo em um nível subconsciente, mas agora temos evidências de que as terminações dos vasos sanguíneos também podem contribuir para o nosso sentido consciente do toque, e também da dor “, disse Rice.
“Este fluxo de sangue mal administrado pode ser a fonte de dores musculares e da sensação de fadiga nos pacientes com fibromialgia.”
Os tratamentos atuais para a doença não trouxeram alívio completo para os milhões de pessoas que sofrem. Terapias incluem analgésicos narcóticos; medicamentos anti-convulsivos, anti-depressivos e conselhos, mesmo simples, tais como “dormir mais e exercitar regularmente.”
Agora que a causa da fibromialgia foi identificada, os pacientes estão ansiosos para uma eventual cura.
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? O mesmo de sempre?
Dor nos ombros, nos braços, nas costas, nas pernas, na cabeça, nos pés.
Quem tem fibromialgia conhece bem o corpo, pois todo ele reclama. Em
momentos de crise, até um toque delicado pode incomodar. Pessoas com
esse quadro clínico sofrem duplamente, pois a doença demorou a ser
reconhecida como um mal físico. “A fibromialgia já foi confundida com
depressão e estresse.
Por falta de informação ─ e diagnóstico ─,
os pacientes ainda tinham que sofrer na alma o transtorno que a dor já
impunha ao corpo”, comenta o geriatra Eduardo Gomes de Azevedo, diretor
da rede de Clínicas Anna Aslan.
Atualmente, com o avanço dos
estudos e pesquisas, as evidências comprovam que a fibromialgia é doença
física, sim. Não se trata de uma síndrome invisível. Há trabalhos
científicos mostrando que o portador apresenta alterações na anatomia
cerebral. Um desses estudos apresentado no fim do ano passado, na
França, mostrou que graças a um exame por imagem chamado Spect
(tomografia computadorizada por emissão de fóton), os médicos do Centro
Hospitalar Universitário de La Timone, em Marselha, constataram que no
cérebro de 20 mulheres com esse tipo de hipersensibilidade havia um
fluxo maior de sangue em regiões que identificam a dor.
Paralelamente,
notaram uma queda de circulação na área destinada a controlar os
estímulos dolorosos. Nas dez voluntárias saudáveis que participaram da
pesquisa, nenhuma alteração foi detectada. Este trabalho se soma a
inúmeros outros sobre a presença do distúrbio, como o aumento dos níveis
de substância P, o neurotransmissor que dispara o alarme da dor e a
menor disponibilidade de serotonina, molécula que avisa ao sistema
nervoso que a causa da dor já passou.
Confirmada que a
fibromialgia está longe de ser uma doença psíquica, a pergunta que ainda
não foi respondida é por que a doença ataca. “Quando soubermos a sua
origem, conseguiremos dominar a causa e encontrar a cura”, observa o
médico. Por enquanto, o que se conhece são os gatilhos do terrível
incômodo ─ fatores que desencadeiam a crise, como o estresse
pós-traumático ─, além dos meios de minimizar o quadro e devolver
qualidade de vida aos pacientes.
Muitos profissionais de saúde
acreditam que, a associação de drogas como antidepressivos e
neuromoduladores terão efeito sinérgico na briga contra a dor. É que,
enquanto o antidepressivo eleva a oferta de serotonina e noradrenalina,
sedativos naturais do sistema nervoso, os neuromoduladores alteram a
transmissão do estímulo doloroso para o cérebro, diminuindo os níveis da
tal substância P.
Já as drogas como os opióides, com exceção do
tramadol, não são muito eficazes no tratamento fibromialgias. “O
consenso é que no rol de cuidados não podem faltar remédios, atividade
física aeróbica e uma boa alimentação. Um exemplo: caminhar de três a
quatro vezes por semana, durante 30 minutos, libera substâncias
prazerosas como as endorfinas e relaxa a musculatura. Alguns portadores
que seguem esse receituário chegam até a dispensar a medicação”, avalia o
geriatra.
Segundo Azevedo, que também é adepto da prática
ortomolecular, durante o tratamento, é preciso “ensinar ao paciente
algumas artimanhas para evitar os fatores estressantes, que são gatilhos
para a dor. Técnicas de respiração, de relaxamento e de visualização,
em que o indivíduo imagina caminhos para o alívio, são alguns exemplos”.
http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/pesquisas_demonstram_que_fibromialgia_e_mal_fisico.html
Especialista esclarece dúvidas sobre Fibromialgia
A fibromialgia é considerada uma das síndromes crônicas mais dolorosas de nosso tempo, com sintomas que podem afetar seriamente a qualidade de vida dos pacientes, pois afeta todo o sistema músculo-esquelético.
O termo “fibromialgia”, criado em 1976,
deriva da conjunção das palavras “fibro” (fibra ou tecido conjuntivo, em
latim) com os vocábulos gregos “mi” (músculo) e “algia” (dor). Mas só
foi reconhecida como uma doença pela Organização Mundial de Saúde em
1992.
A doença é associada a uma grande
variedade de sintomas, tanto físicos, como fatiga persistente e
distúrbios do sono, quanto mentais, como ansiedade e depressão.
Embora afete apenas uma parcela mínima da
população, nos países onde há um acompanhamento mais próximo dos
pacientes, seus efeitos a tornam digna de análise e atenção da
comunidade médica.
O médico Fernando A. Rivera, da Clínica
Mayo de Jacksonville, Flórida, membro do Colégio Médico dos Estados
Unidos e docente da Escola de Medicina associada à Mayo, revela o que é
verdade e o que é mito sobre esta doença.
O que é a fibromialgia?
Rivera – A definição mais
aceita atualmente diz que a fibromialgia é uma dor generalizada,
crônica, no sistema músculo esquelético, devido a um transtorno do
sistema nervoso central na percepção da dor, ocasionando hiperalgesia e
alodinia. Em termos mais simples, a hiperalgesia ocorre quando um
estímulo, que normalmente é doloroso, provoca uma dor ainda maior no
paciente; a alodinia, por sua vez, significa sentir dor por estímulos
que normalmente não deveriam provocá-la.
A origem da doença é conhecida?
Rivera – Até agora só se
conseguiu saber que o surgimento e a intensificação dos sintomas da
fibromialgia podem estar relacionados a fatores estressantes, tanto
físicos quanto emocionais.
Que percentagem da população é afetada pela fibromialgia?
Rivera – Em nível
mundial, diz-se que a prevalência está entre 2% e 3%, ainda que se tenha
taxas de 5% a até cerca de 10% em atendimento primário. Nos Estados
Unidos, a porcentagem é similar: em torno de 2% da população sofre a
doença, sendo mais frequente entre as mulheres, à razão de nove por um
em comparação com os homens. Calcula-se que cerca de 10 milhões de
norte-americanos têm fibromialgia.
O que se entende por dor generalizada?
Rivera – Em 1990, a
Sociedade de Reumatologia dos Estados Unidos definiu “dor generalizada”
como a que ocorre nos dois lados do corpo, esquerdo e direito, tanto
acima quanto abaixo da cintura, além de dor esquelética axial, isto é,
afetando a coluna cervical, a parte anterior do tórax, a espinha
torácica ou a parte baixa das costas. Além disso, o paciente deve sentir
dor em pelo menos 11 de 18 pontos predeterminados, denominados “pontos
sensíveis”, que respondem dolorosamente quando apalpados. Entre esses
pontos, podemos citar a base do pescoço, o cotovelo, a parte medial dos
joelhos próxima à articulação, e os glúteos.
Que tipo de toque provoca essa resposta de dor?
Rivera – Quando é
aplicada uma força aproximada de 4 quilos. Para um ponto sensível ser
considerado positivo à dor, o paciente deve declarar que a palpação
efetivamente lhe causou dor, tendo em conta que “doloroso” não é o mesmo
que “sensível”.
Mas pode se tratar de um trauma passageiro?
Rivera – Não é assim.
Pacientes com dor generalizada e sensibilidade em pelo menos 11 dos 18
pontos e que sentem essa dor por um período mínimo de três meses sofrem
de fibromialgia. O diagnóstico clínico da fibromialgia também não é
descartado se o paciente tem um segundo distúrbio clínico – como de
origem psiquiátrica, que podem ter efeitos físicos, como crises de
pânico, ansiedade, depressão, anorexia nervosa, hipocondria, etc.
Pode ocorrer um diagnóstico de fibromialgia, no caso de algum outro problema?
Rivera – Em 2010, a
Sociedade de Reumatologia dos Estados Unidos concluiu que, para
confirmar o diagnóstico da fibromialgia, o paciente tem que apresentar
três fatores:
a) Ter um índice de dor generalizada de 7
(em escala de 0 a 19) e índice 5, em escala de gravidade sintomática de 9
pontos; ou índice de dor entre 3 e 6, porém com escala de gravidade
sintomática de 9 pontos;
b) Ter tido esses sintomas, na mesma intensidade, por pelo menos três meses;
c) Não ter algum outro problema que possa
ser a origem da dor. A equipe médica deve fazer um diagnóstico
diferencial, para descartar outras patologias que possam ser confundidas
com a fibromialgia, como a polimialgia reumática, infecções virais,
artrite reumatoide em fase inicial, déficit severo de vitamina D,
tumores cancerosos malignos, entre outros.
A fibromialgia tem sintomas associados?
Rivera – Sim. Por
exemplo, a fibromialgia pode causar embaralhamento do cérebro, que
consiste em problemas de raciocínio e memória; dores de cabeça ou
enxaquecas; hipersensibilidade à luz, aos sons, odores e temperatura;
cólon e bexiga irritáveis; dor pélvica, dor na articulação
temporomandibular (a articulação entre o osso temporal do crânio e a
mandíbula, responsável pela função mastigatória). Também podem ocorrer
náuseas, parestesia (sensação de adormecimento e formigamento), perda do
equilíbrio e infecções crônicas ou recorrentes, como sinusite ou
infecção respiratória alta, a que afeta o trato respiratório superior
(nariz, seios nasais, laringe, faringe). Outros fenômenos que causam
fatiga no paciente são os distúrbios do sono e a “síndrome das pernas
inquietas”, que é, basicamente, sentir dor nas pernas durante a noite e
fazer movimentos involuntários para tratar de aliviá-la, o que afeta
mais frequentemente pessoas de meia idade e idosos.
Exames de laboratório podem ajudar o paciente?
Rivera – Ainda que não
haja biomarcadores específicos para indicar a presença da fibromialgia, é
útil pedir um hemograma completo, que inclua a velocidade de
sedimentação globular e o nível de proteína C reativa. Esta se eleva
quando há inflamação no organismo, ainda que não haja indicação de sua
localização exata. Também convém pedir outros exames, como teste da
função da tireoide, nível da vitamina D, painel metabólico completo,
testes-padrão de detecção do câncer (antígeno específico da próstata,
por exemplo). Um eletrocardiograma, em caso de fatiga extrema, assim
como uma tomografia articular, se houver suspeita de sinovite, ou seja,
irritação na membrana que cobre as articulações.
Se um clínico geral suspeita que
um paciente tem fibromialgia, a quais especialistas deve encaminhá-lo,
para confirmar ou não o diagnóstico inicial?
Rivera – Como os sintomas
são tão variados, já que não há uma causa específica que desencadeia a
fibromialgia, uma vez que não é possível diagnosticá-la por qualquer
método laboratorial e clínico, ou radiográfico, é necessário dar ao
problema um enfoque multidisciplinar, que inclua informações de
reumatologista, especialista em medicina da dor e também psiquiatra ou
psicólogo.
Como se trata a fibromialgia?
Rivera – Com terapia não
farmacológica e/ou farmacológica. A terapia não farmacológica consiste
em educar o paciente para melhorar sua atual condição de vida. Fazer
exercícios de baixo impacto (aeróbico, natação) de forma regular,
terapia física e terapia cognitivo-comportamental. Deve considerar ainda
terapias que envolvem o corpo e a mente, como ioga, tai-chi ou qigong,
meditação com respiração rítmica, terapias complementares, como
massagens e acupuntura, trabalho criativo (arte, música, dança). Em
suma, é preciso fomentar a própria capacidade de cada indivíduo de se
recuperar física e emocionalmente, depois de um efeito contrário,
traumático ou nocivo.
A terapia farmacológica considera
antidepressivos tricíclicos, como amitriptilina e ciclobenzaprina;
inibidores da recaptação da serotonina e norepinefrina, como duloxetina e
milnacipran; inibidores seletivos da recaptação de serotonina (não há
clareza com respeito a quais; há informações contraditórias); e agentes
antiepilépticos, como pregabalina ou gabapentina, que ainda não foram
aprovados pela FDA (órgão que controla a comercialização de medicamentos
e alimentos nos EUA) para tratamento da fibromialgia.
Fonte: http://acritica.uol.com.br
Fonte: http://acritica.uol.com.br