17 de mar. de 2011

FADIGA CRÔNICA - abordagens 2007



A insólita história da Síndrome da Fadiga Crônica e o
 Poder Persuasivo dos Gigalaboratórios Farmacêuticos

Adalberto Tripicchio MD PhD


Introdução

George Beard (1839-1883) utilizou pela pri­meira vez o termo neurastenia (astenia = fraqueza; neurastenia = fraqueza dos nervos) numa con­ferência apresentada em 1868 na New York Medical Journal Association e publicou-o, posteriormente, no Boston Medical and Surgi­cal Journal como uma doença peculiar aos norte-americanos, principalmente do Leste e Nordeste do país. Desde então, iniciaram-se dis­cussões e polêmicas, que atingiram o clímax nos primeiros anos do século XX.
A concepção de neurastenia por Beard foi in­fluenciada pela teoria da irritabilidade e exaus­tão do sistema nervoso, criada por John Brown (1735-1788), na qual ele supunha que o tônus do sistema nervoso poderia variar de um estado es­tênico para um estado astênico.
Histórico
A astenia nervosa foi objeto de descrição mui­to tempo antes de Beard. Já na Grécia antiga, Hipócrates descreveu a doença de Scythes, que se constituía de uma astenia geral ligada a le­sões dos órgãos genitais pela equitação. Mais tarde, Galeno denomina esta doença de hipo­condria, e Boissier de Sauvage, ampliando a teo­ria de Galeno, faz uma separação entre a hipo­condria e uma entidade clínica astênica. Tam­bém Esquirol, Baillarger e Falret descrevem as­tenia na melancolia e Brachet, a astenia decor­rente de traumatismo. Em 1764, foi descrito em França, or Bouchut, uma doença com sintoma­tologia equivalente à da neurastenia; foi chama­da de neuropatia.


É, no entanto, com Beard que a doença é di­vulgada e ganha popularidade. Ele escreveu, em 1866, EIectricity as a tonic; em 1871, Stimulants and narcotics; e o seu clássico American ner­vousness with its causes and consequences, em 1881, que foi traduzido para o alemão por Neisser quase imediatamente após o seu apa­recimento nos USA. Concomitante­mente, Silas Weir Mitchell's (1829-1914) desenvolve o chamado rest treatment (tratamento pelo repouso), que requeria do paciente o isolamento completo, temporário e em silêncio absoluto. Es­se tratamento teria uma relação com a neuras­tenia de Beard, isto é, o desenvolvimento des­te tipo de tratamento existiu dentro da mesma concepção que influenciou a criação do concei­to de neurastenia por Beard. Em 1880, publica A practical treatise on nervous exhaustion (Neu­rasthenia) e desde então o termo neurastenia fi­ca indissoluvelmente ligado a esta síndrome de exaustão nervosa.
A descrição clínica da neurastenia por Beard foi muito ampla, comportando mais de 50 sin­tomas e sinais que podem ser agrupados em se­te principais categorias:
1) exaustão geral com cansaço e sensação de peso nas pernas;
2) espasmos musculares, cefaléias e dores mus­culares;
3) medos mórbidos;
4) insônia;
5) desinteresse;
6) diferentes manifestações do sistema nervo­so autônomo;
7) sintomas isolados como impotência sexual, frigidez, irritabi­lidade, dispepsia, náuseas, alterações visuais, e por aí vai.
Charcot reclassifica os sintomas descritos em Beard isolando os mais importantes, aos quais confere o status de patognomônicos (sinais e sintomas específicos, necessários e suficientes para designar uma determinada doença). São eles: astenia neuromuscular, as raquialgias com to­pografia cérvico-lombar, as cefaléias permanen­tes, as dispepsias com sonolência, a presença de certa distensão abdominal, constipação e, fi­nalmente, um estado mental mórbido onde se destacava uma astenia intelectual com falhas de memória e uma afetiva, tristeza e irritabilidade. Para ele, a presença dos sintomas secundários dependia dos órgãos dos sentidos afetados, as­sim como, dos aparelhos respiratório, cardiovas­cular e genital.
No fim do século XIX, alguns autores come­çam a dividir a neurastenia e criar outros con­ceitos a partir dela. Chaslin cria a noção de con­fusão mental; Pierre Janet descreve a psicaste­nia, uma espécie de viver sentimental da neu­rastenia; Barnheim distingue uma psicastenia, depressiva, uma psiconeurastenia e uma neu­rastenia simples, enquanto Hartenberg separa as neurastenias constitucionais das neuraste­nias adquiridas. Estes últimos conceitos tiveram uma grande aceitação entre vários autores. Fleu­ri (1905) considera a neurastenia uma doença acidental provocada por uma intoxicação, uma decepção moral ou um surmenage (estafa, fadiga, esgotamento, astenia) físico. Gilber­to Ballet descreveu quatro formas clínicas da neurastenia: genital, traumática, cérebro-espi­nhal e feminina.
Freud, que já em 1884 utilizava os conceitos de neurastenia, destaca-a da neurose de angús­tia. Para Freud, a neurastenia teria uma clara etio­logia sexual. Apontava a masturbação habitual como uma alteração da vida sexual que condu­ziria à neurastenia do homem, não só por uma fraqueza sexual, mas, sobretudo pela incapaci­dade de tolerar o aumento da tensão sexual. O orgasmo, constantemente renovado ao nível dos órgãos periféricos, empobreceria o sistema psíquico numa tensão sexual, provocando ce­faléia, astenia, impotência etc. Um outro aspec­to importante seria o coito interrompido (onanismo), que acabaria por levar a uma frustração do orgasmo, frustração esta que desenvolveria não a neuras­tenia, mas a neurose de angústia.
Durante a guerra de 1914, inúmeras observa­ções de neurastenia foram constatadas nos sol­dados. Reich, em 1926, admite uma base con­flitual como causa da neurastenia. Os sintomas neurastênicos seriam resultantes de um meca­nismo de conversão. À mesma época, Benon, conservando as características da neurastenia, através de uma analogia com a fadiga muscu­lar, considera a astenia psíquica como um resul­tado do acúmulo cerebral de catabólitos.
Podemos dizer que 1920 é a data que marca o início da diminuição do prestígio da neuras­tenia, aumentando concomitantemente o inte­resse pelos estados ansiosos. Curiosamente, es­te desinteresse pelos conceitos de neurastenia existiu principalmente nos USA, pois na Europa ainda era possível encontrar inúme­ras descrições da parte de diversos autores (clí­nicos, em geral) de estados neurastênicos, ape­sar de algumas vezes estas descrições existirem sob outras rubricas. Runderson (1950) observa que o desaparecimento da neurastenia dá-se através da substituição deste conceito pelo con­ceito de estados de fadiga (cansaço) relacionados com si­tuações complexas que criam dificuldades afe­tivas mais ou menos inconscientes, além de uma série de alterações funcionais menores.
Um dos últimos autores a abordar a questão da neurastenia, numa tentativa de conciliação de tese orgânica e psicogenética, foi Brun, em 1956. Para ele, a "fraqueza irritável" (heredo-constitucional) é a matriz da neurastenia e se traduz por uma fadiga inte­lectual e afetiva. A alteração fundamental, de­vido a um desequilíbrio neurovegetativo (melhor dizer, autonômico) , é acompanhada de uma disfunção na barreira he­mato-encefálica, a partir da qual o quadro clíni­co pode evoluir para uma forma psíquica mais elaborada de uma neurose do tipo hipocondría­ca. Brun distingue a neurastenia constitucional, revelando uma predisposição mórbida inata ou adquirida, devido a conflitos infantis e à neuras­tenia de surmenage, com diferentes formas clí­nicas.
Nos USA, berço do conceito de neurastenia, este termo desaparece da primei­ra edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM I) da American Psychiatric Association (APA). Esta classificação enfocava as doenças como um processo "dinâ­mico", ao invés de doenças "estáticas". Nesta classificação, os sintomas de fadiga e peso nas pernas, os quais tinham sido considerados pre­viamente como característica central da neuras­tenia, foram incluídos na categoria de Psycho­physiology nervous system reaction.
O curioso é que, na segunda edição do Diag­nostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM lI), a neurastenia ressurge, sendo encon­trada da seguinte forma: "A neurose neurastênica (neurastenia) é caracterizada por queixas de fraqueza crônica, fatigabilidade fácil e, algumas vezes, exaustão. Diferentemente da neurose his­térica, as queixas dos pacientes são verdadei­ramente perturbadoras para eles, e não há evi­dência de ganho secundário. Difere da neuro­se ansiosa e dos distúrbios psicofisiológicos pe­la natureza da queixa predominante. Difere da neurose depressiva pela moderação da depres­são e pela cronicidade de sua evolução."
Na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde (OMS = WHO), na sua 9ª revi­são (CID-9), o termo neurastenia é mantido en­tre os transtornos neuróticos, no dígito 300.5: Neurastenia ou Debilidade Nervosa. No draft da 10ª Revisão da Organização Mundial de Saúde, o termo neurastenia é mantido, vide abaixo.
F48.0 Neurastenia - síndrome de fadiga (o mais correto é síndrome de fraqueza)
Variações culturais consideráveis ocorrem na apresentação deste distúrbio, e dois tipos prin­cipais ocorrem com considerável superposição. Em um tipo, o principal aspecto é uma queixa de fatigabilidade aumentada após um esforço men­tal, freqüentemente associada a uma diminui­ção no desempenho ocupacional ou a proble­mas de eficiência em tarefas do dia-a-dia.

A fa­tigabilidade mental é tipicamente descrita co­mo uma desagradável intromissão de associa­ções ou lembranças perturbadoras, dificuldade de concentração e, geralmente, pensamento ineficiente. No outro tipo, a ênfase é em sensa­ção de fraqueza corporal ou física e exaustão após um esforço mínimo, acompanhado de uma sensação de dor muscular e da incapacidade de relaxar.

Em ambos os tipos, uma variedade de outras sensações físicas desagradáveis são co­muns, tais como, tontura, tensão, cefaléia e sen­timento de instabilidade geral. São também co­muns: preocupação sobre diminuição do bem-estar físico e mental, irritabilidade, anedo­nia (incapacidade de ter prazer) e vários pequenos graus tanto de depres­são quanto de ansiedade. O sono está freqüen­temente perturbado em suas fases inicial e mé­dia, mas pode ocorrer também hipersonia (sono em demasia).
Orientação diagnóstica
Para um diagnóstico definitivo, são necessá­rios os seguintes requisitos:
a) queixas per­sistentes e perturbadoras de aumento de fati­gabilidade após esforço mental; ou
b) queixas persistentes e perturbadoras de fraqueza corpo­ral e exaustão após o mínimo esforço, acompa­nhadas de sensações físicas desagradáveis (do­res musculares) e incapacidade de relaxar;
c) au­sência de sintomas de ansiedade ou depressão suficientemente persistentes e severas que ve­nham a preencher os critérios que caracterizam quaisquer desses distúrbios especificados nesta classificação."
Na DSM III como na DSM IlI-R, o termo neu­rastenia não aparece citado diretamente, mas aquilo que era considerado neurastenia apare­ce distribuído em diversos itens como dysthimic disorder e chronic depressive disorder, entre ou­tros.
Muitas críticas foram feitas ao conceito de neurastenia, e podemos entender o fato de ter dado origem a diversas outras síndromes como resultado de uma definição clínica sem consis­tência suficiente. Por exemplo, como se expli­ca a existência de sintomas tão variados, atuan­do em sistemas diferentes, fazendo parte de uma mesma doença? Esta relação da neuraste­nia com outros distúrbios clínicos já havia se re­velado no Practical Treatise, incluindo, entre as doenças que poderiam ser relacionadas com a neurastenia, a nevralgia, a opiomania, a melan­colia, a histeria, a histeroepilepsia, o alcoolismo e por aí vai longe.
Nemiah entende que talvez os modernos clí­nicos do Campo Psi, influenciados pelas teorias psicodinâmi­cas envolvidas com sintomas fóbicos, obsessi­vos e afins, tenham voltado sua atenção e aprofundado seus conhecimentos nestes sinto­mas, ignorando praticamente processos mais elementares envolvidos em fraqueza, cansaço e exaustão. Conclui: "Qualquer que seja a resposta a es­tas questões, o fato é que, à medida que a no­sologia (estudo das doenças) psicopatológica evolui, a neurastenia foi pro­gressivamente desnudada de sintomas até ao ponto de desaparecer inteiramente do cenário clínico.
Agora, ela retorna numa forma acentua­damente atenuada e limitada, como se vê pela de­finição oficial, à fraqueza, fadiga e exaustão. Al­guém pode perguntar o quanto de útil tem esta catego­ria diagnóstica. Com que freqüencia são en­contrados os sintomas especificados (tão co­muns como sintomas concomitantes a outros fenômenos neuróticos) como uma síndrome isolada, em forma pura? É difícil responder com qualquer grau de certeza. O interesse recente pela neurastenia tem sido tão pequeno que es­sencialmente não existe, assim como não exis­tem estudos clínicos modernos que forneçam informação confiável sobre suas características como síndrome.
Talvez, o valor de refocalizar-lhe a atenção esteja na possibilidade de que um renovado interesse científico para o fenômeno da fadiga, da exaustão e da fraqueza neurótica pro­porcionará uma compreensão das relações psi­cossomáticas envolvidas - relações acerca das quais é conhecido muito menos do que acerca da ansiedade e da depressão. No que se segue, portanto, deve-se ter em mente que qualquer ge­neralização clínica pode ser, na melhor das hi­póteses, tentativa e deve ser considerada um ponto de partida para posteriores investiga­ções."
Contudo, do ponto de vista clínico é in­dubitável, como afirma Brawn em seu trabalho sobre neurastenia no Tratado de Neurologia de Bunke & Forster, que existe uma grande quan­tidade de pessoas nas quais episodicamente se apresenta uma perturbação das funções nervo­sas originadas por causas que conduzem, em última instância, a uma fadiga exagerada e a um esgotamento (Erschöpfung) da força funcional, manifestada por uma síndrome cujas notas es­senciais são a vivência de fadiga, irritabilidade, mal-estar geral com insônia e desinteresse ob­jetivo.
Esta é, em definitivo, uma síndrome vital na qual os casos leves tendem a uma espontâ­nea e rápida compensação com repouso e vi­da rústica. Dentre as causas mais freqüentes de seu aparecimento, ressalta este autor o exces­so de trabalho, a falta de repouso, infecções e outras somatoses, conflitos amorosos e matri­moniais, dificuldades e prejuízos econômicos, traumas de acidentes, conflitos jurídicos e eco­nômicos, alimentação defeituosa etc.
Quadro clínico
O início do distúrbio pode ser súbito ou gra­dual, assim como os sintomas podem ser epi­sódicos ou persistentes, sem remissão por um longo período de tempo. A característica cen­tral da síndrome como um todo é sua tendên­cia para a cronicidade e, freqüentemente, à se­vera incapacitação do paciente. Em função dos inúmeros sintomas descritos na neurastenia, torna-se muito difícil estabelecer um quadro clí­nico específico, principalmente pelo fato de que muitos desses sintomas, como já foi citado, aca­baram por ser absorvidos por outras rubricas. No esforço de agrupar estes sintomas, Mirou­ze, baseado numa tipografia aproximativa em que Beard descrevia uma série sintomática ("sín­drome de fraqueza irritável"), relaciona:
1) Uma sensação profunda de fadiga matinal, o que pode ser muitas vezes confundido com a angústia e o mal-estar geral que acometem o paciente com depressão maior, em função da variação circadiana desta doença (o ritmo biológico da serotonina). Os pacientes acusam uma fatigabilidade corporal e psíquica com diminuição da sua vontade de fazer coisas, ficando com o desejo de ficar entregue ao can­saço na cama;
2) Alterações do sono, com insônia noturna e a presença de sonolência diurna. Esta insônia é favorecida por um temor à insônia, que leva o indivíduo a uma pro­gressiva excitação à medida que chega o mo­mento do repouso noturno;
3) As alterações sexuais encontradas são, a im­potência e a frigidez. É importante destacar que a impotência nem sempre vem acompanhada da perda do desejo sexual. Freud vê precisamen­te no excesso de poluções masturbatórias a gê­nese da neurastenia. Porém, segundo outros au­tores, parece que o que ocorre é o oposto, isto é, que o mal-estar que estes pacientes apresen­tam provoca secundariamente uma reativação do desejo masturbador, já que esta manobra quase automática, além de um gozo compen­sador, conduz a uma lassitude e sedação mo­mentâneas do mal-estar inicial (que se observa, por exemplo, nos presos que se encontram for­çosamente reclusos em celas de isolamento;
4) Cefaléia, principalmente do tipo constritiva, chamada crânio-neurastênica, onde há um au­mento da sensibilidade do couro cabeludo, do­res na nuca e na coluna vertebral, as chamadas raquialgias neurastênicas;
5) Alterações sensoriais diversas que vão des­de dimetrias com presença de pontos lumino­sos que se deslocam diante dos olhos, até uma astenopsia neurastênica, que é o chamado "olho irritável", com queixas de dores nos olhos durante a leitura. Pode existir também sensação de voz abafada ao falar, além de outras manifes­tações neste campo;
6) As alterações psíquicas são caracterizadas por dificuldade de concentração intelectual, sen­timento de tristeza e desespero, instabilidade afetiva geral, angústias fóbicas numerosas (es­paço, doença, luz, meio de transporte etc.). A di­ficuldade de concentrar a atenção no trabalho mental e a impressão de perda da memória, im­pressão esta, na realidade, produzida por um du­plo mecanismo: estreitamento do campo dos interesses perceptivos que origina diminuição da capacidade de fixação de estímulos e, por ou­tro lado, aumento dos fenômenos de inibição cortical que dificulta enormemente a tarefa evo­cativa das recordações, constituem queixas muito freqüentes deste tipo de paciente.

Não obstan­te, essa suposta dificuldade mnêmica não é efe­tiva, já que os enfermos conservam bem todos os dados referentes à evolução de uma doen­ça, inclusive com detalhes, medicamentos to­mados, conselhos, propostas, orientações dos médicos etc. Porém, realmente chama a atenção, a freqüência de queixas insistentes sobre difi­culdades mnêmicas, sendo estas talvez das mais comumentes encontradas nas consultas aos clínicos em geral. Nos casos mais severos de síndrome neurastênica, foram descritos também a falta de sentimento do eu, que, chegando a extremos, provoca no paciente a sensação de despersonalização, co­mo se sua própria pessoa lhe fosse estranha.

Apesar da síndrome de despersonalização po­der apresentar-se também, como elemento mór­bido integrante de outros quadros clínicos, es­pecialmente de feição psicótica, algo como esquizo­frenias, melancolias, epilepsias etc., acredita-se que a presença mais freqüente desta síndrome ocorra nos estados neurastênicos, o que coin­cide com diversas parestesias e algias cefálicas, impressão de alheamento da realidade, pobre­za autoscópica, exacerbação da angústia com tendência à auto-agressão para comprovar que "ainda é possível sentir o corpo" ou com as cha­madas espelhofobias, ou seja, o horror à visão de sua imagem física que permite comprovar que o paciente não é mais quem era anterior­mente.

Nos casos em que a impressão de des­personalização ocorre de uma forma crítica, de­ve-se pensar que pode se tratar de um equiva­lente comicial devido a um espasmo vascular talâmico. Outras vezes, a base fisiopatológica pode ser uma disorexia central, indo da anorexia à bulimia, os dois extremos deste transtorno (GD Stockings), ou mes­mo pode se tratar de um quadro hipoglicêmi­co. Mas, se o sentimento de haver perdido o eu persiste, sem existir uma típica síndrome de Cot­tard, coincidindo com os restos dos sintomas neurastênicos, teremos de pensar preferencial­mente em uma explicação psicogênica (suicí­dio simbólico da personalidade frente a uma si­tuação difícil ou intolerável - Mira y Lopes);
7) Alterações da motricidade: agitação psico­motora, pseudo-ataxias, tremores e fibrilações musculares, paralisias temporárias etc.
8) Alterações da sensibilidade: hipersensibili­dade da gengiva e dos dentes com precocida­de de cáries dentárias, formigamento, nevralgias erráticas e vagas, hipersensibilidade freqüente­mente paradoxal dos mecanismos. Sobressai a presença de hipersenbilidade da coluna verte­bral, constituindo a "síndrome de irritação espi­nhal", com raquialgias variáveis e sensação de pe­so lombar;
9) Alterações autonômicas: alterações car­díacas que dão o chamado "coração irritável ou erético" com taquicardia e desequilíbrio vasomotor. Es­tas alterações encontradas no "coração irritável" deram Iugar a outras denominações conhecidas como "coração de soldado", "síndrome de Da Costa". Atualmente, estão mais detalhadamente descritas dentro do transtorno do pânico (ataque de pânico). Hiperidrose palmoplantar, alterações da sede, hipersalivação, secura da pele e das ar­ticulações, hipersensibilidade geral ou local em função das variações de temperatura;
10) Alterações digestivas: nota-se muitas vezes uma disfagia caracterizada por dificuldade à de­glutição - os pacientes relatam não poder en­golir. Existem também queixas de uma dispep­sia astênica que costuma provocar dores variá­veis, acalmadas pela alimentação e por ansiolíticos.
11) Alterações biológicas: naquela época descri­tas como a presença, na urina, de oxalatos, ura­tos e fosfatos. Hoje, uma série de dados bioló­gicos têm identificado a presença de fadiga crô­nica como sintomatologia principal neste gru­po de pacientes.
Para George Beard, a doença seria resultado de um enfraquecimento da força nervosa, o que geraria no sistema nervoso central um funcio­namento caótico, sendo a causa desta fraque­za energética o "surmenage físico e mental" criado pelo modo de vida do povo americano, submetido a uma industrialização rápida que o forçava a despender brutalmente energia ner­vosa, cuja possibilidade de recuperação era in­suficiente.
Frente a esta sucessão de descargas energéticas, o fluxo constante de movimentos seria criado, distinguindo-se um grupo de indi­víduos não-nervosos, que, com uma resistência maior à propagação deste fluxo, teriam tendên­cia a localizar alteração em uma afecção funcio­nal por vezes somática, e os indivíduos nervo­sos, cujo influxo seria responsável por alterações funcionais variadas e generalizadas, George Beard descreveu algumas variedades de neuras­tenia, entre as quais: a neurastenia cerebral ou cérebro-astenia, com desgaste cerebral e sinto­matologia psíquica, afetiva ou intelectual; uma neurastenia espinhal ou mielastenia, bastante dependente da anterior, cuja sintomatologia principal seria a raquialgia; uma neurastenia trau­mática, devido a traumatismos físicos como de­sastre de trânsito, de avião etc., ou psíquicos (traumas psicológicos).
Também descreveu uma neurastenia digestiva ou dispepsia nervosa, com cortejo sintomatológico gástrico acompanhan­do o processo digestivo; uma hemineurastenia, com sintomatologia que predominava em ge­ral em um lado do corpo, principalmente o es­querdo. A histeroneurastenia atingia principal­mente as mulheres, e a neurastenia sexual, pre­ferencialmente o sexo masculino, gerando im­potência, ejaculação precoce, poluções súbitas e doenças prostáticas.
Este quadro clínico foi a seguir modificado na França por Charcot e conservado nas últimas descrições de Montassut (1938) e Raclaut (1955) sobre aspectos da trineurastenia, com astenia matinal, cefaléia e raquialgia, às quais se junta­riam alterações funcionais diversas e um esta­do mental particular, basicamente do tipo de­pressivo, com tristeza, desinteresse, sentimen­to de impotência até o extremo do chamado ma­rasmo neurastênico.
Etiologia
No final do século XIX, quando Beard ela­borou a sua doutrina da neurastenia, o mundo científico vivia sob a influência do movimento da física orientado pelas leis da termodinâmica. Como efeito do pensamento dessa época, a es­sência da natureza passa a ser a distribuição e redistribuição da energia que, em suas suces­sivas formas, deveria ter o seu equilíbrio manti­do. Com o aparecimento da Segunda Lei da Ter­modinâmica (relativa à Entropia), toda explicação mecânica que su­punha que os seres atuavam entre si por conta­to, vai originar um novo espaço, o da distribui­ção espacial da energia, que seria uma força.

O modelo energético substitui então o modelo da matéria em ciência. Assim, este poder ao qual a física dos últimos decênios do século XIX ou­torga o papel da verdadeira realidade, é a ener­gia. Este modelo influi em todo o pensamento de Freud na construção da teoria psicanalítica, na existência de impulsos e na teoria das pul­sões. Como também já citei no início deste artigo, as hipóteses de John Brown sobre a teoria da irritabilidade e da exaustão do siste­ma nervoso influenciaram as concepções de neurastenia e psicastenia. Assim, podemos ob­servar uma hipótese nascida no século XVIII so­frer a influência do crescimento da física do sé­culo XIX e ser adaptada nas teorias de Beard.
O próprio termo que Beard escolheu, neuras­tenia, no grego significa "falta de força do ner­vo" (fraqueza). Para ele, a neurastenia seria a resultante de uma diminuição da energia nervosa, uma subs­tância concebida de um termo físico, mas que não era passível de definição ou de medida di­reta. Este aspecto, a impossibilidade de medir e quantificar a fadiga, ainda hoje é um proble­ma sem solução para pesquisas, sejam epide­miológicas, químicas, biológicas ou terapêuti­cas que poderiam contribuir com a compreen­são do assunto. As demais explicações teóricas para a neurastenia na realidade constituíram va­riações em torno das idéias originais de Beard. Tomemos como exemplo o próprio Pierre Janet, que também se inspirou na mesma concepção de diminuição de energia mental constitucional.        
Outro aspecto de relevância em termos etiológicos seria o motivo da ocorrência de di­minuição de energia nervosa. Na época de Beard (segunda metade do século XIX), as teo­rias de degeneração e as teorias genéticas ga­nharam importância. As hipóteses de constitui­ção e de transmissão genética são também apli­cáveis na neurastenia. O que poderia ser levan­tado como hipótese seria uma herança negativa de má constituição apontada como fator que predisporia ao aparecimento dos sintomas, des­de que alguns fatores atuassem em cima deste terreno. As outras hipóteses estariam ligadas ao excesso de trabalho, de esforço físico ou à pre­sença de emoções prolongadas que desgasta­riam a energia nervosa, levando a uma diminui­ção que chegasse a níveis muito abaixo daque­les requeridos para um funcionamento normal.
Freud e a escola psicanalítica propõem expli­cações diferentes. Como já citei, para ele a etiologia da neurastenia seria sexual; existe em todo o seu trabalho uma constante reafirmação deste fato, que norteia, inclusive, sua teoria geral da etiologia sexual das neuroses. Para ele, os sintomas neurastênicos, seria resultado de uma excessiva dissipação da libido (energia se­xual) pela masturbação ou pelas poluções no­turnas. Em função desta causa estritamente se­xual, as práticas sexuais inadequadas conduzi­riam a uma sintomatologia neurastênica que não era, para Freud, de forma alguma relacionada a fatores hereditários ou ao excesso de trabalho, pois ele achava que estes jamais poderiam pro­vocar o quadro clínico da neurastenia. Outros autores da psicanálise seguiram Freud, como, por exemplo, Fenichel, Reich e outros.
Na vertente das versões psiquiátricas, muitos autores escreveram sobre a possível etiopato­genia da neurastenia, no sentido de procurar ex­plicar o complexo problema das relações mór­bidas do indivíduo com os seus órgãos. Pode­mos distinguir entre esses autores duas posi­ções antagônicas: as neurastenias constitucio­nais e as acidentais. Dentre os autores que de­fendiam as neurastenias constitucionais, desta­ca-se Kurt Schneider, que deixou uma impor­tante obra sobre as personalidades psicopáticas, como já vimos em outro artigo nosso da RedePsi, onde ele descreve uma personalidade astênica (fraqueza constitucional), que possui como característica central uma au­to-observação ansiosa no domínio somático (a vertente neurastênica) ou mental (a vertente psi­castênica). Ele distinguia personalidade psico­pática verdadeira (auto-observação ansiosa que altera o funcionamento somático) das constitui­ções somatopáticas que poderiam estar asso­ciadas aos traços mentais patológicos.
Apesar da grande importância do seu traba­lho e relevância incontestável dentro do campo da Psiquiatria, suas idéias não foram totalmen­te absorvidas por inúmeros outros autores, que procuraram expandir as explicações sobre a na­tureza da neurastenia em função de fatores ad­quiridos atuais e acidentais. As explicações me­canicistas diziam que em alguns aspectos pa­togênicos teríamos uma alteração de um órgão que geraria uma alteração nutricional do siste­ma nervoso.
Vários autores se sucederam nes­ta explicação, dentre os quais M. Bouchard, atri­buindo à auto-intoxicação; Hayem, a um vício de nutrição de origem dispéptica; Loeven, a ações reflexas de origem gastrintestinal; Fr. Gle­nard, à enteroptose; G. Tumas, às alterações va­somotoras (em sua tese sobre a melancolia); Fé­rét, a um excesso de vibrações nas células ce­rebrais; Erb, a uma alteração íntima da nutrição dos elementos nervosos; Régis, à arterioescle­rose em fase inicial; e, para o próprio Beard, a um defeito de equilíbrio entre o uso e a repara­ção da célula cerebral.
Para a maioria das pes­soas do mundo e para muitos neurologistas, a responsabilidade era devida a alterações da ima­ginação ou a uma doença do espírito (a sensa­ção de fadiga do neurastênico seria imaginária e dependeria de uma idéia fixa), Charcot, Rey­mond, Brissaud e Gilbert Ballet persistiam com a hipótese do esgotamento da energia nervosa. Para Tinel (1941), a neurastenia seria uma forma menor de psicose melancólica. Begoim, em 1956, tenta explicar a neurastenia baseado nas concepções de Pavlov sobre o funcionamento da atividade nervosa superior e nas teorias ór­gano-dinâmicas de Henri Ey (que foi mestre do Autor em Paris).
Bugard, que estu­dou de maneira bastante ampla a fadiga, a ex­plica como uma reação do organismo à soma­tização esgotante de agressões diárias. J. Mi­rouz, 1962, destaca na fadiga patológica a im­portância da participação hormonal na produ­ção dos quadros clínicos análogos em todos os pontos dos estados neurastênicos. Ele distingue as etiologias supra-renais, tireoidianas, insulíni­cas, hipofisárias (pituitárias), que induziram síndromes dife­rentes segundo o hiper ou hipofuncionamento glandular. Acoplada a este distúrbio hormonal, uma etiologia psicossomática constituída de conflitos, tensões, frustrações e agressões do cotidiano seria responsável pela síndrome astê­nica, através da via diencefálica.
Para Fleurry, que propunha uma teoria mecâ­nica na neurastenia, o mecanismo da fadiga se­ria organizado a partir do esgotamento nervo­so e seria composto de quatro fases que se su­cederiam. Na primeira, existiria a causa, como, por exemplo, uma intoxicação pelo álcool, por ve­nenos alimentares, uremia, albuminúria, ou até um gasto exagerado da atividade motora e es­gotamento por excesso de emoções, desenca­deando em um segundo tempo alterações celu­lares nervosas, principalmente sobre as células da matéria cinzenta, gerando um estado de hi­poatividade, meio funcionamento, estado inter­mediário entre a atividade e o sono.
Em um tercei­ro tempo, haveria uma ptose, que seria um hi­potônus muscular e glandular onde ele dizia que se baseava todo o quadro sintomatológico, co­mo também toda a anatomia patológica da neu­rastenia. A neurastenia seria uma doença da fra­queza, essencialmente constituída por um en­fraquecimento muscular, uma pobreza de secre­ções e um desgaste da nutrição. Ele acrescen­tava ainda que a todo desgaste do sistema ner­voso correspondia uma sensibilidade geral por toda a parte uniformemente diminuída: não co­mo zona de anestesia dos histéricos. Ele relacio­nava todos os sintomas somáticos e estados mentais que decorreriam de uma hipotonia muscular dos músculos de fibra lisa (visceral) ou de fibras estriadas (cardíacas e esqueléticas). Cada hipotonia muscular correspon­deria a um sintoma somático, de acordo com o órgão a que esse músculo pertencia.
Desta mes­ma forma, relacionava a hipossecreção glandu­lar gástrica, pancreática, hepática, salivar, cutâ­nea e testicular, os sintomas daí decorrentes e o estado da nutrição com uma diminuição da atividade da redução do sangue arterial e veno­so, um abaixamento por vezes apreciável da temperatura, um excesso de ácido úrico, dimi­nuição da uréia e um abaixamento dos coefi­cientes de oxidação. Em um quarto tempo, fase que ele atribuía às modificações do estado men­tal, haveria, como conseqüência de toda esta sintomatologia, uma alteração nos pacientes que se tornariam tímidos, medrosos, preguiço­sos, melancólicos.
E, assim, ele concluía a neu­rastenia e todo o conjunto de sintomas que apre­senta dizendo que estes pacientes dependeriam de um desgaste nervoso, sendo primitivamen­te uma doença do tônus e secundariamente doença da nutrição, ocasionada seja por uma in­toxicação, por um gasto excessivo de energia ou por um abuso de irritação emocional. Enve­nenado ou desgastado, o cérebro passaria a fun­cionar em um estado de meia atividade vital, não comandando mais os órgãos e gerando um abaixamento funcional dos músculos, das glân­dulas, dos sistemas de nutrição, se refletindo por seu turno na consciência (espírito) que é o que propriamente se constituiria no estado men­tal neurastênico.
Em definitivo, a fadiga comporta uma noção complexa que não pode ser fidedignamente es­tudada, senão pela análise dos diversos elemen­tos que a compõem. Entretanto, seu conheci­mento preciso em domínios tão diversos como a Psicologia, a Sociologia, a Biologia, a Psiquia­tria, a Medicina, a Filosofia etc. não permite repudiar a no­ção de energia nervosa global, que, por mais hi­potética que seja, possui um valor incontestá­vel na clínica, segundo Mirouze.


Diagnóstico Diferencial (resumido)

Segundo a CID-10 "em muitos paí­ses a neurastenia não é mais uma catego­ria diagnóstica geralmente aceita de doen­ça neurótica, e muitos dos casos assim diagnos­ticados no passado atenderiam aos critérios atuais de distúrbio depressivo ou distúrbio de ansiedade. Entretanto, pode existir um resíduo de casos que se enquadram melhor na descri­ção da neurastenia do que na de qualquer ou­tra síndrome neurótica, e tais casos parecem ser mais freqüentes em algumas culturas do que em outras.

Se é para ser adotada a categoria diagnóstica neurastenia, deve-se antes fazer uma tentativa de excluir a possibilidade de es­tar diante de uma doença depressiva ou de um distúrbio de ansiedade. A marca genuína da sín­drome é a ênfase do paciente na fatigabilidade e na fraqueza, e sua preocupação com uma efi­ciência física e mental diminuída (em contraste com distúrbios somáticos nos quais as queixas corporais e a preocupação com a doença física dominam o quadro), Se a síndrome da neuras­tenia se desenvolve como conseqüência de uma doença física (especialmente influenza, hepatite viral, ou mononucleose infecciosa), o diagnós­tico desta última deve também ser registrado."

Temos que distinguir a neurastenia: da hipo­condria, das depressões, de quadros de fraque­zas, de anedonias que aparecem após alguns episódios psicóticos, como também das doen­ças infecciosas, principalmente certas infecções crônicas ou subagudas, tais como a brucelose, mononucleose infecciosa, virose por Eps­tein-Baar etc., distúrbios endócrinos como no hipo e hipertireoidismo, doença de Addison, pa­nhipopituitarismo, doença de Simmond e tam­bém numa série de distúrbios metabólicos par­ticularmente aqueles que envolvem o potássio e os produzidos por certos diuréticos. No entan­to, poderíamos falar também de uma síndrome neurastênica presente secundariamente tanto em patologias mentais quanto em orgânicas.
A fadiga pode ser definida como um estado corporal resultante de um esforço físico ou men­tal, prolongado ou repetido que irá se refletir em várias funções psíquicas, físicas, levando-as a re­duzir sua performance, seja em quantidade ou em qualidade. Assim, por exemplo, conhece­mos a fadiga da contração muscular que tem si­do muito descrita entre os estudos da fisiologia.
A fadiga mental pode trazer uma diminuição da capacidade de concentração ou de fixar a atenção levando freqüentemente a uma redu­ção da capacidade de memorizar (hipomnésia de fixação) ou mesmo de evocar. Esta alteração pode ser medida através de testes que avaliam a capacidade e o conteúdo da atenção e a sus­cetibilidade à distração. Assim, a fadiga pode ser medida nas pessoas normais, do ponto de vis­ta físico, no trabalho mental, em funções de vi­gilância (que estarão todas afetadas) e nas per­formances de tarefas de percepção (Jain, 1983). Fatores da personalidade têm uma importante participação nas queixas de fadiga. Se a fadiga é uma resposta fisiológica, uma percepção psi­cológica ou sintoma de uma doença física ou mental, estes são questionamentos não escla­recidos.
Um aspecto importante para a clínica psi vem a ser a relação entre a fadiga das funções psicopatológicas e os estados mentais anor­mais. No futuro, estudos sobre a fenomenolo­gia da fadiga (que ainda não foram feitos) pode­rão diferenciar os sintomas de fadiga encontra­dos na depressão, na ansiedade, em quadros pós-encefalíticos, pós-traumáticos, além das outras causas já citadas.
Após os trabalhos de George Beard todos os ­estudos e atenção sobre a astenia eram voltados para seus aspectos psicológicos, porém a partir do primeiro quarto deste século, a aten­ção sobre a fadiga foi deslocada para a preocu­pação que as pessoas portadores destes sintomas tinham para com o corpo ou algum órgão, isto é, aquilo que vem a ser chamado hipocon­dria. Nas revisões de Wood e de Jones Lewis (1941), os distúrbios funcionais em soldados fo­ram concentrados nas queixas somáticas hipo­condríacas, enquanto os sintomas psicológicos que haviam sido descritos por Beard, Kraepe­lin, Charcot e tantos outros passaram a cair no esquecimento. Já nos anos 80, os sintomas de fadiga foram monopolizados pelos infectologistas, imunologis­tas, clínicos gerais, neurologistas, epidemiolo­gistas, onde os artigos que mais chamavam a atenção eram aqueles ligados à fadiga pós-vi­ral ou encefalomielite miálgica, entre outros (Be­han & Behan, 1980; Behan, 1985; Hamser, 1986).
A fadiga parece ter várias causas, mas alguns autores acham que existe uma síndrome de fa­diga primária, onde não se conhece nenhuma causa física ou mental para ela. Holmes, Kapla, Gantz descreveram a síndrome de fadiga crôni­ca. A sua definição requer o preenchimento de dois critérios maiores e de seis a 14 critérios me­nores. Os critérios maiores consistem de:
 1) o início ou o retorno de uma persistente e de­bilitante fadiga que não é solucionada com o re­pouso ao leito ou com uma redução da ativida­de diária para um nível menor do que a metade das atividades realizadas pelo paciente antes de adoecer, por pelo menos seis meses;
2) a exclusão de outras causas conhecidas que possam provocar sintomas semelhantes tais co­mo infecções específicas, neoplasma, distúrbios da psiquiatria ou doenças endócrinas.
O The Minor Criteria incluem: febre modera­da, irritação na garganta, fraqueza muscular, mialgias, artralgias, cefaléias e sintomas neurop­sicológicos.
Ao se tentar fazer uma revisão sobre as pos­síveis causas de fadiga crônica, tem-se logo a impressão da impossibilidade de serem citados todos os fatores envolvidos neste estado. Des­taco os fatores psicológicos, como dificul­dade de inserção profissional, problemas fami­liares cuja persistência contribui freqüentemen­te para desencadear um estado de tensão e que vai levar como conseqüência, a um cansaço crô­nico, a persistência de uma infecção difícil de iden­tificar no qual a astenia poderia eventualmente ser o único elemento, como um foco de salmo­nela ou estafilococo ou um foco de brucelose; existência de um estado de hiperergia, causa de efeitos nefastos como no caso da evolução de certas bruceloses; de uma causa orgânica subjacente não diagnosticada e que poderia ter já favorecido o desencadeamento de infecção, como no caso a infecção por listeria ao qual su­gere muito especialmente a se buscar uma doença imunossupressora; uma perturbação metabólica descompensada, como no caso a diabete e a hipercalcemia.
Entre as causas endócrinas cito a doen­ça de Addison e também a sua reprodução pela redução ou abrupta interrupção de corticosteróides em pacientes submetidos a tratamento a longo termo (Hennemann & cols., 1955). O exercício pa­rece freqüentemente produzir alterações endó­crinas provocando a elevação das catecolami­nas circulantes, do hormônio de crescimento, corticotrofina, cortisol e glucagon, com a dimi­nuição da insulina e da testosterona (Dessybris & cols., 1976). Podeliahoff (1981) relata em seus es­tudos com 25 pacientes com fadiga crônica comparados com grupo-controle, um com baixo nível de cortisol pela manhã. Já Checley & Krammer (1987) relataram, em pacientes deprimidos, uma alteração da elevação normal do cortisol plas­mático induzido pela anfetamina, sobretudo na insuficiência cortical da supra-renal que compor­ta uma parte importante da fadiga. Entre outros fatores, intervém aqui a carência em glicocorti­cóides.
O resultado é uma perturbação da utili­zação da glicose pela célula, um defeito de fos­forilação, diminuindo a síntese de ácido lático. É necessário ter também em conta a deficiên­cia mineral a qual provoca modificação da per­meabilidade da membrana celular. A insuficiên­cia medular da supra-renal intervém através da ação proteolítica e glicolítica das catecolaminas. Estas provocam normalmente um aumento da ação da adenilciclase celular. A insuficiência ti­reoidiana leva a uma baixa do anabolismo pro­téico com uma diminuição do metabolismo energético. A insuficiência androgênica pode provocar igualmente uma redução dos fenôme­nos anabólicos.
Essas alterações endócrinas podem também ser conseqüência de um estado infeccioso, pois na medida em que ele constitui um stress im­põe um aumento das necessidades que desen­cadeiam uma resposta do sistema endócrino su­pra-renal, tanto da sua função medular através das catecolaminas, como da sua função corti­cal através do cortisol. Esta estimulação su­pra-renal que pode ser prolongada é, portanto, suscetível de provocar uma insuficiência relati­va, fonte da astenia.
Alguns distúrbios da clínica psi podem ter co­mo sintoma a fadiga que é considerada um con­ceito suficientemente válido para ser incluído em um critério operacional para depressão maior, distimia e distúrbio de personalidade ciclotími­ca, de acordo com a DSM III-R (American Psychiatric Association, 1987). Fadiga é também incluída na escala de Beck (Beck &cols., 1979) e de Hamilton (1967, Depression Hamilton Sca­les) e no General Health Questionary (GHQ) de Goldberg (1972). Todas estas escalas também incluíam itens concernentes à perda de peso e diminuição do sono, que poderiam secundaria­mente provocar fadiga. Assim, é importante sa­ber se a fadiga na depressão é independente dos outros problemas e sintomas da própria depres­são. Existem relativamente poucos trabalhos que procuram estudar a relação entre a fadiga e estados específicos do humor.
Em certos pacientes com bulimia nervosa, Fairburn & Cooper (1984) descreveram os sin­tomas de cansaço, falta de energia e lentidão, que também podem ser encontrados em pa­cientes com hiperventilação crônica assim co­mo em certos alcoólicos. Estas desordens pro­duzem uma complexa modificação nos íons de potássio, magnésio, cálcio e fosfato, os quais di­retamente prejudicam o músculo e o nervo, afe­tando ambas as atividades elétrica e metabólica (Brashear, 1983; Fonescha & Harvard, 1985; Pearson, 1986). Sabe-se que pacientes com hipocalemia podem apresentar fraqueza muscular, confusão e depressão (Lishman, 1988). Porém, isto é mais comum em pacientes idosos. Deficiência pura de magnésio pode provocar depressão, irritabilidade, vertigem, ataxia e fraqueza muscular (Hanna & cols., 1960).
A síndrome de dispnéia do sono leva à sonolência diurna, fadiga, cefaléia matinal, irritabilidade e impotência, devido às crises de hipóxia que se repetem durante a noite (Orr, 1983; Guilleminault, 1985), A maior parte destes pacientes são obesos, tendo o hábito de ingerir uma grande quantidade de álcool, além de poderem  apresentar uma disfunção de lobo frontal.
No desenvolvimento da fadiga muscular de causa física, uma variedade de modificações metabólicas podem ser apontadas, como o acúmulo de ácido lático, os efeitos da acidose intracelular no uso e no suplemento de ATP e acúmulo de fosfatos inorgânicos. Mas, o capítulo que tem despertado maior atenção entre os estudiosos hoje em dia é aquele das astenias pós-infecciosas. No conjunto das astenias de origem orgânica, as doenças infecciosas foram responsabilizadas por 19% dos casos em um estudo sobre 257 pacientes astênicos dos quais 218 tinham uma patologia orgânica (Leng, B).
Todas as doenças infecciosas são suscetíveis de desencadear uma astenia pós-infecciosa. Po­rém, em geral, esta astenia se deve ao próprio desgaste do organismo e também ao fato de o paciente ter que ficar deitado muito tempo com uma atividade física limitada. Em geral, estes pa­cientes se recuperam no final de algum tempo. Sabe-se que a interleucina 1, produzida em conseqüência de uma severa infecção, pode au­mentar a proteólise muscular e a síntese de prostaglandina E2 a qual por sua vez estimula futu­ras alterações protéicas neste tecido (Clowes & cols., 1983; Bracos & cols., 1983).
Embora estes fenô­menos possam não causar fraqueza muscular, eles podem ser responsabilizados por cansaço fácil residual durante a convalescença. Neste conjunto, onde todos os agentes infecciosos podem ter sua parte de responsabilidade (bactérias, vírus, fungos e parasitas) é talvez interessante destacar que são os agentes que se desenvolvem intracelularmente (chamados parasitas intracelulares facultativos) que são os res­ponsáveis, na maior parte dos casos, pelas as­tenias intensas e prolongadas. A observação clí­nica tem confirmado que as grandes fadigas são secundárias a infecções por bacilos como a tu­berculose, a brucela, salmonelas tífica e paratíficas ou secundárias a doenças viróticas como a gripe, a hepatite viral ou a mononucleose infecciosa. De for­ma oposta, as infecções comuns por outros agentes como faringo-amigdalites, infecções urinárias etc. são menos asteniantes.
As doenças infecciosas por agentes intrace­Iulares mais asteniantes parecem ser igualmente aquelas que irão intervir na imunidade celular. Pode ser que o agente infeccioso provoque uma depressão temporária desta imunidade como no caso de inúmeras viroses. Pode ser ao con­trário, que o agente infeccioso provoque uma hi­perestimulação da imunidade celular, como na brucelose crônica, caracterizada clinicamente por sua grande astenia e confirmada por uma reação cutânea explosiva melitina.
As Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) na sua maioria apresentam um cortejo sintomático que não há de passar despercebido nem pelo próprio paciente. É o caso da AIDS e todas as suas infecções oportunistas que aparecem. Mas temos de lembrar da Hepatite C, que pode ser silenciosa, cujo portador pode não se dá conta de ser vítima. Se ela estiver em atividade, e dependendo da carga viral, poderá trazer um quadro clínico compatível com a neurastenia.
Outras doenças infecciosas que também mais fa­cilmente causam astenia prolongada são aque­las que também afetam o fí­gado. Sabe-se que só nas afecções hepáticas citolíticas se observam as astenias mais longas, como nas hepatites virais, além da C, já mencionada, na infecção por citomegalovírus ou na infecção por vírus de Epstein-Barr sobre as quais falo mais adian­te. Há um comprometimento hepático constan­te que, podendo não ser clínico, é pelo menos biológico e sempre anatômico. O mesmo acon­tece com certas bruceloses, com a tuberculo­se e com parasitoses de localização hepática, como a amebíase.
A tuberculose reapareceu no mundo da epidemiologia, em virtude dos aidéticos que lhe dão hospedagem. Destaco a sua alta incidência na classe médica pela grande exposição ao bacilo da tuberculose no contato com aidéticos.
Outras infecções podem estar envolvidas na origem da astenia pós-infecciosa, como, por exemplo, aquelas onde existe um grande com­prometimento hematológico com queda do leu­cograma, como nas viroses que cursam com o aparecimento de uma anemia de qualquer tipo, no quadro de uma síndrome inflamatória mui­tas vezes prolongada ou quando há comprome­timento dos glóbulos vermelhos como no de­curso da malária.
Dentre os mecanismos que tentam esclare­cer os fenômenos da astenia nas infecções, te­mos que a agressão celular por um agente in­feccioso, vírus ou bactéria provoca uma altera­ção morfológica e/ou funcional da célula e, por­tanto, do tecido que ela compõe. Resultam per­turbações metabólicas, em particular do meta­bolismo energético. Normalmente as etapas es­senciais do metabolismo, do catabolismo, gli­cólise, ciclo de Krebbs e fosforilação oxidativa conduzem à produção de ATP, o elemento ener­gético principal. Daí resulta o bom funciona­mento dos diferentes metabolismos e a possi­bilidade de desenvolver calor e trabalho (Ro­quier, 1980).
De igual forma, a via anexa das pen­toses, por intermédio do ATP constitui uma re­serva energética importante. Ela serve para sín­tese dos ácidos nucleicos e, portanto, das pro­teínas e das enzimas que nos são necessárias. É fácil conceber que quando este funcionamen­to é perturbado, pode-se instalar um estado de desequilíbrio, fonte de astenia, o qual só é repa­rado com a reconstrução celular. A importante astenia pós-hepática encontra aqui sua explica­ção quando se conhece todas as funções me­tabólicas controladas pelo fígado.
Outra hipótese é a do hipercatabolismo e a insuficiência dos aportes. O hipercatabolis­mo provocado pela infecção pode ser importan­te, colocando todo o organismo em balanço ne­gativo. O tétano é, sob este aspecto, um exem­plo bem conhecido de uma doença hipercata­bolizante. De igual forma, o consumo de fato­res nutritivos e o bloqueio das absorções de nu­trientes pelos parasitas provocam perda ener­gética. É necessário juntar a isto a anorexia, tão freqüente durante a fase aguda da infecção, a qual diminui os aportes energéticos. Também a febre, que apesar de atuar como fator de de­fesa, aumenta as necessidades energéticas, ao mesmo tempo que queima calorias. O conjun­to destes fenômenos conduz a um balanço ener­gético francamente negativo e uma dívida que deve ser reembolsada mais ou menos rapida­mente.
Outro aspecto diz respeito às modifica­ções dos mecanismos imunitários. A defesa ce­lular não específica, isto é, dos fenômenos da fagocitose e dos processos que ocorrem na in­flamação, como também a específica, baseada na ativação dos linfócitos T e ativação da sínte­se dos anticorpos pelos linfócitos B, exigem um aumento energético que o organismo deve as­segurar. Em oposição, sabe-se que certos ví­rus deprimem, sobretudo a imunidade celular T-dependente, que pode ser verificada através da negatividade das reações cutâneas de hiper­sensibilidade retardada. Existem modificações das subpopulações linfocitárias no decurso das viroses, perturbando o equilíbrio entre células T amplificadoras, por vezes diminuídas e célu­las T supressoras, citotóxicas, muitas vezes au­mentadas. Finalmente, a fagocitose dos polinu­cleares e dos monócitos macrófagos está dimi­nuída pelo efeito de algum vírus (Vilde & cols., 1984), resultando em um risco de astenia pós-in­fecciosa.
Ao lado destes mecanismos deve ser evoca­do o papel das terapêuticas anti-infecciosas que freqüentemente podem levar a um estado tam­bém de astenia, como é o caso, por exemplo, da ação imunodepressora dos antibióticos.
Nos anos 40 e 50 foi designado de brucelo­se crônica uma síndrome não específica de do­res de cabeça, lassidão e alguns elementos de depressão encontrados em pacientes que ti­nham apresentado infecção por brucela. No es­tudo de pacientes convalescentes de brucelo­se aguda, achados clínicos objetivos e labora­toriais não distinguiam pacientes que se recu­peravam nomalmente daqueles que continua­vam a ter sintomas de brucelose crônica. Isto po­deria estar ligado a fatores emocionais (lmpo­den & cols., 1959).
­Uma virose que tem sido descrita com o no­me de neuromiastenia epidêmica, encefalomie­lítica miálgica benigna, doença de Iceland ou doença do Royal Free Hospital, tem ocorrido de forma esporádica em associação com sintomas não específicos de fadiga crônica, fraqueza, mialgia, perda de memória e depressão (Hen­derson & cols., 1950; Achesond, 1959), Essa doen­ça começa subitamente com mialgias, dor de cabeça e por vezes febre não muito elevada. Os achados laboratoriais, incluindo os resulta­dos dos exames de líquido cérebro-espinhal em geral são normais e a doença costuma ser regis­trada nos meses de verão e mais comumente atingindo mulheres. A doença é também mui­to freqüente no staff de hospitais. Apesar dos estudos virológicos se mostrarem negativos, o quadro clínico sugere uma causa virótica. A re­cuperação demora, meses e por vezes anos, po­dendo haver muitas recaídas. O grau de incapa­cidade física varia grandemente, mas o que do­mina o quadro clínico é uma fadiga muito gran­de.
Embora a doença comece subitamente, sem causa aparente, o sintoma que mais freqüente­mente surge no início é um ataque agudo de ver­tigem e história de infecção virótica recente, as­sociada a sintomas do trato respiratório supe­rior e ocasionalmente distúrbio gastrintestinal com náusea e vômito. O quadro de fadiga per­sistente é acompanhado de cefaléia, dores no pescoço, fraqueza muscular, parestesia, micção freqüente, por vezes retenção urinária, visão em­baçada e/ou diplopia (visão dupla). Muitos pacientes relatam a ocorrência de sensação de desmaio, após uma pequena refeição ou mesmo após terem comi­do um biscoito. Exames físicos de rotina e pro­vas laboratoriais usualmente são negativos e os pacientes são freqüentemente encaminhados ao clínico psi em função disto.
Embora o fator ou fatores etiológicos ainda não estejam estabele­cidos, tudo leva a crer que seja realmente uma infecção virótica. É reconhecido que vírus como o Herpes simples e Varicela-zoster permanecem no tecido desde o tempo da sua invasão inicial e podem ser isolados no nerve ganglia post-mor­ten. Também os measles virus costumam per­sistir e podem ser responsabilizados por sub-acute esclerosing panencephalits que po­de surgir muitos anos após o ataque inicial. Há hoje em dia, consideráveis opiniões e evidên­cias associando este vírus com a Esclerose Múl­tipla. Não é absurdo de todo considerar a pos­sibilidade de que outros vírus possam também persistir nos tecidos.
Recentemente, em testes de anticorpos de ro­tina, pacientes sofrendo de encefalomielite miál­gica têm mostrado títulos aumentados de cox­sackie group bi-virus. Está estabelecido também que estes vírus são os agentes etiológicos de mialgia epidêmica ou Bornholm Disease e jun­to com os echo vírus eles constituem os mais conhecidos vírus invasores do sistema nervoso central.
Isto não significa que o coxsackie vírus é o único agente da encefalomielite miálgica, desde que qualquer infecção virótica generali­zada pode ser seguida por um período de debi­lidade pós-virótica. No entanto, ele pode ser o mais importante agente microbiano invasor. Re­centes trabalhos sugerem que a chave deste problema pode estar relacionada a uma resposta imunológica anormal do organismo do pacien­te. Outras infecções viróticas que são normal­mente autolimitadas podem ter atividade pro­longada em pessoas com sistema imunológico comprometido.
Muita atenção tem sido vol­tada para pacientes com sintomas de fadiga, fa­ringite, disfunções cognitivas que duram mais de um ano e que tenham um aumento na circu­lação de anticorpos do Epstein-Barr. Tem sido então, atribuído ao vírus de Epstein-Barr, isola­do a partir de 1985 no Centro Epidemiológico de Atlanta. Muitas das fadigas severas crônicas com mais de um ano de duração, fraqueza, mal-estar geral, febrícula, inflamação da laringe, adenopatia sensível, alteração da memória, dis­túrbio da atenção, da concentração, estado de­pressivo com ausência de anomalias maiores ao exame clínico assim como laboratoriais, estado febril entre 37,5 e 38,6 graus, fraqueza muscu­lar, mialgias, fadiga prolongada e generalizada após exercícios, cefalalgias, irritabilidade, altera­ções do sono etc.
Através da combinação de um complexo de sintomas não específicos, com alto nível de an­ticorpos para o vírus de Epstein-Barr em grupos sintomáticos comparados aos grupos-controle pode-se chegar à conclusão de que existe uma síndrome virótica crônica de Epstein-Barr. No entanto, é preciso dizer que existiu uma substancial superposição nos níveis de anticor­pos encontrados nestes dois grupos estudados. Além disso, deve-se ressaltar que anticorpos pa­ra antígenos precoces podem persistir, inclusive por muitos anos em alguns pacientes com infecção por mononucleose não-complicada.
Acrescenta-se também que não há evidência para a ocorrência do aumen­to da replicação do vírus ou de defeitos na imu­nidade celular na síndrome crônica pelo vírus de Epstein-Barr. Muitos autores concluem que em vista da natureza não-específica dos sintomas, várias dúvidas têm surgido sobre o papel cau­sal do vírus (Strauss & cols., 1985; Holmes & cols., 1988). O fato destas doenças obscuras causa­rem tantos sintomas não-específicos levou à re­comendação de considerar estes quadros co­mo uma Síndrome de Fadiga Crônica [Primária] (Holmes, 1988) que pode ter como base (apesar de como já citado, não existirem evidências concretas) uma replicação ativa do vírus. O que é mais pro­vável é que com o tempo esta síndrome prove ter causas múltiplas somáticas e psicossomá­ticas (Jwartz, M., 1988).
Recentemente muita atenção passou a ser dada à queixa de fadiga entre cuidados primá­rios de saúde. Segundo o The National Ambu­latory Medical Cares Survey,  Summary, a fadiga é um dos sete mais comuns sintomas encontrados em cuidados primários. No entan­to, poucas pesquisas e estudos retrospectivos e controlados têm sido feitos para identificar realmente o que isso significa. Segundo Koren­ke & cols., em amostragens de 1159 adultos entre­vistados em clínicas de cuidados primários, 276 pacientes (24%) apontaram a fadiga como seu maior problema. A fadiga é, na verdade, difícil de ser estudada, tanto pelas suas peculiarida­des, subjetividades e obstáculos para quantifi­cá-Ia, como também, porque muitas vezes é vis­ta com uma queixa menor. No entanto, a fadi­ga crônica incapacita freqüentemente muitos pacientes, além da grande freqüência de absen­teísmo ao trabalho, baixa produção e uma sé­rie de problemas psicológicos, familiares e so­ciais que o sintoma pode gerar nesses pacien­tes.
Segundo vimos, várias doenças podem pro­vocar fadiga crônica, apesar da grande maioria dos pacientes sofrer do que pode ser chamado de fadiga primária, em virtude de nenhuma ou­tra causa ser encontrada que possa ser respon­sabilizada pelos sintomas. São pacientes que apresentam consistentes e poderosos achados em testes psicométricos combinados com au­sência de alterações físicas e laboratoriais; es­tá comprovado que os fatores emocionais de­sempenham um importante papel nestes casos. Os clínicos em geral subestimam as limitações funcionais destes pacientes resultando em um tra­tamento inadequado e uma insatisfação por par­te dos pacientes (41-42 Wartma Artm. A.N. & cols., 1983; Pinholet & cols., 1987).
Pacientes com fadiga são mais sedentários que os grupos-controle. Exercícios podem ser benéficos na depressão e na ansiedade (Taylor & cols., 1985), mas não parecem apresentar gran­des benefícios em casos de fadiga. Vários tes­tes têm sido desenvolvidos para melhor avaliar os déficits cognitivos da fadiga como também para melhor identificar a fadiga entre pacientes vistos em cuidados primários de saúde. Entre pacientes psiquiátricos utiliza-se o Diagnostic Interview Schedule e atualmente outros scree­nings para melhor identificar estes pacientes já estão sendo desenvolvidos por Goldberg & cols., em estudos da Organização Mundial de Saúde.
Excluindo as causas orgânicas citadas, como também as causas psíquicas conhecidas, on­de a fadiga existe, como, por exemplo, depres­são maior (endógena), neurose depressiva (melhor dizendo, depressão neurótica), transtornos distí­micos, ciclotímicos, hipocondria e somatização, existe um grupo significativo de pacientes, cu­jas queixas de fadiga prolongada e fadiga ao me­nor esforço físico e intelectual são acompanha­das de uma série de sintomas, conforme já men­cionamos e que varia de paciente para pacien­te, mas que geralmente são cefaléias, mal-estar geral, mialgias, artralgias, dores na nuca, mal-es­tar gastrintestinal, dores musculares, sensações vertiginosas, distúrbio da atenção com dificul­dade de fixação, memorização e evocação, pen­samento lentificado, morosidade na ação. Este cortejo sintomatológico compromete a perso­nalidade do indivíduo como um todo, que pas­sa a se estruturar ao redor destes sintomas co­mo também afeta a sua vida social, familiar e profissional.
Em busca de uma explicação comum situa­da ao nível do sistema nervoso central, muitos es­tudos passaram a ser desenvolvidos. As primei­ras hipóteses concentraram-se no sistema do­paminérgico pelo fato deste envolver-se em sín­dromes de diversas origens que cursam com de­sinteresse, anedonia e astenia. O estudo de Puech, Simon e Boissier mostrou que certos neurolépticos bloqueadores dopaminérgicos, is­to é, que antagonizam os efeitos dopaminérgi­cos da morfina, poderiam se mostrar desinibi­dores em clínica, sendo capazes de potenciali­zar os efeitos produzidos pela apomorfina so­bre o comportamento animal. No entanto, es­ta potencialização dar-se-ia somente em doses baixas.
Surgiu a questão de saber se os efeitos clínicos desinibidores estariam ligados à facili­tação da transmissão dopaminérgica. O interes­se por este assunto é anterior, pois já sabíamos da descrição dos chamados sintomas negativos da esquizofrenia, classicamente descritos na sín­drome de dissociação com pobreza afetiva, as­sim como desinteresse, apatia, anedonia, alte­rações da atenção, da memória, falta de inicia­tiva, lentidão psicomotora, pobreza de discur­so, acinesia e hipertonia. A maior parte dos neu­rolépticos utilizados na prática clínica mostra­ram-se ineficazes sobre estes sintomas negati­vos, porém, nos anos 60, observou-se que al­guns deles tinham ação positiva sobre estes sin­tomas.
Esta propriedade já havia sido chamada por Deniker & Ginester de efeito desinibidor. No entanto, os estudos sobre estes efeitos ain­da são raros e o primeiro instrumento de medi­da de sintomas negativos começa a surgir so­mente após os anos 80. Yves Lecrubier diz que o termo antideficitário é proposto para descre­ver esta propriedade terapêutica e que se refe­re não somente a uma categoria nosográfica da­da, pois seria transnosológica. Segundo este au­tor, certos pacientes, os quais ele chama de de­ficitários, parecem apresentar esta síndrome, pois se queixam de uma fadiga permanente, crô­nica com diminuição do dinamismo, lentidão, di­ficuldades da memória, dificuldade da concen­tração, falta de iniciativa, embotamento afetivo: pensa-se que este quadro estaria associado a uma atividade dopaminérgica reduzida.
Estes pacientes foram classificados de depressivos neuróticos e pela DSM III como distímicos, mas, no entanto, nunca responderam aos antidepres­sivos tricíclicos apesar de apresentarem resul­tados moderados com os inibidores da monoa­minoxidase, IMAO. Carnoy, Sobrie, Puech & Si­mon procuraram observar estudos com mode­los animais compatíveis com a sintomatologia negativa encontrada nos esquizofrênicos e con­sideraram a possibilidade de uma resposta de­ficitária a um estímulo de recompensa, (rewar­ding estimule) ser a base para alguns dos sin­tomas do quadro da doença.
O termo anedonia tem sido usado para des­crever um estado no qual o valor de recompen­sa de estímulos habitualmente reforçadores está bloqueado. A anedonia é um componente inte­gral dos sintomas negativos na esquizofenia: uma resposta deficiente a estímulos recompen­sadores pode assim ser encarada como expla­nação plausível para alguns aspectos da doen­ça (Crow, 1980; Mackay, 1980; Andreasen & 0l­sen, 1982), Por outro lado, em razão de os neu­rolépticos, em diversos estudos animais, redu­zirem as taxas de operatividade, isto foi impu­tado a um estado de anedonia (Wise, 1982). Is­to pode ter importantes implicações em relação à suposta hiperativa transmissão da dopamina (DA) na esquizofrenia (Lecrubier & cols., 1980; Cart­ton & Manowitz, 1984), da mesma maneira que sugere que sintomas negativos, especialmen­te a anedonia, podem estar associados a uma reduzida atividade dopaminérgica.
Suportes complementares a estas idéias vie­ram da evidência clínica, indicando que sinto­mas negativos e positivos apareciam em extremos opostos de um continuum. A partir disto tentaram desenvolver modelos animais fidedignos para estudar esta hipótese.
"Decidimos investigar se baixas doses de agonistas DA (por exemplo, apomorfina), que se supõe reduzam a transmissão DA através da estimulação de DA auto-receptores (Roth, 1979; Skiboll & cols., 1979), podem também produzir dé­ficits de recompensa em ratos. A apomorfina é conhecida como causando debilitação compor­tamental, inclusive hipocinesia ou sedação (Ki Chiara & cols., 1976; Costall & cols., 1981; Summers & cols., 1981; Misslin & cols., 1984), foram feitas ten­tativas para determinar o envolvimento relativo de efeitos motores versus efeitos do reforço em déficits de recompensa induzidos pela apomor­fina. Finalmente, a propriedade de vários neu­rolépticos de reverter esses déficits de recom­pensa foi avaliada."
Em conclusão, uma resposta deficiente a es­tímulos de recompensa é proposta como um fa­tor subjacente crítico para alguns aspectos (por exemplo, anedonia) da sintomatologia negati­va de esquizofrenia. O presente estudo indica que em ratos, as baixas doses de apomorfina que se pensa reduzirem a transmissão de DA po­dem, como os neurolépticos, induzir a déficits comportamentais que provavelmente envolvem um valor de incentivo diminuído dos estímulos associados com reforço positivo.
Embora seja ingênuo esperar uma correlação precisa entre a capacidade da apomorfina (neurolépticos) de modificar o comportamento operativo em roe­dores e a sintomatologia extremamente comple­xa da doença humana, o presente estudo sugere que alguns sintomas negativos da esquizofre­nia, tais como respostas deficientes a estímu­los de recompensa, estejam provavelmente as­sociados à transmissão diminuída de DA. Isto pode se estender ao nível de seus substratos bioquímicos - a relatada oposição entre sinto­matologia negativas e positivas (Mac-Kay, 1989; Andreasen & Olsen, 1982), Além disso, al­guns neurolépticos, eficazes em reverter os dé­ficits de recompensa induzidos pela apomorfi­na, têm sido apontados como capazes de fazer melhorar preferencialmente os sintomas negativos (Petit & cols., 1984; Alfredsson & cols., 1985),
Embora sejam necessários ensaios clínicos adi­cionais para avaliar o grau de relevância de nos­so modelo animal, os resultados aqui relatados levantam a questão de se o bloqueio dos recep­tores DA pós-sinápticos é ou não é um pré-re­quisito para a melhora de esquizofrênicos com sintomas negativos.
Em 1987, Yves Lecrubier em um artigo intitu­lado Multiple Pharmacological Mechanisms and Clinical Targets for Neuroleptics: Should a more operational classification be considered?, afirma que os efeitos desinibidores de alguns neurolépticos, há longo tempo descritos, po­dem melhorar os sintomas negativos, através de modificações hipodopaminérgicas funcionais. Segundo este autor, este efeito "energizante" pode ser observado em pacientes não-esquizo­frênicos, que mostrem sintomas negativos. Pro­põe chamar de psicastênicos pacientes anedô­nicos, mas não propriamente deprimidos, con­siderando-os portadores de uma síndrome hi­podopaminérgica.
Ele realizou um estudo procurando melhor de­finir estes doentes, sua sintomatologia e diag­nóstico. A hipótese dele é que existiria uma sub­população de pacientes classificados na DSM III como distímicos que apresentariam uma sín­drome onde o perfil sintomatológico pudesse ser individualizado de maneira operatória (atra­vés de critérios) que apresentassem uma reati­vidade terapêutica original. Puech, Simon & Boissier já haviam estudado as benzamidas e uma comparação de suas ações usando os efei­tos induzidos pela 6-apomorfina. Alguns neu­rolépticos foram identificados como possuindo em baixas doses, este efeito desinibidor e, por­tanto, sensibilizador da dopamina, entre eles o sulpiride (Equilid), pimozide (Orap) e mais recentemente a ami­sulprida (Socian).
Em estudos controlados com place­bo com amisulprida em pa­cientes que apresentavam o diagnóstico de dis­tímicos, com queixa predominante de fadiga (o provável subgrupo de Lecrubier), encontrou-se uma resposta favorável nos pacientes compatí­veis com o diagnóstico da CID-10, F48.0 (Neu­rastenia), com doses variando de 50mg a 150mg. Em função destes estudos, hipóteses de trabalho foram levantadas. Necessário se faz, portanto, identificar melhor os pacientes que apresentam certa queixa de fatigabilidade crô­nica seguida da sintomatologia já mencionada anteriormente e que parecem não se enquadrar em nenhum dos grupos da DSM III-R a não ser, talvez, um subgrupo do distúrbio distímico, mas que parecem se enquadrar no diagnóstico de neurastenia, de acordo com os critérios da CID-10.
Porém, em função das dificuldades de se avaliar e de se determinar com instrumen­tos precisos queixas tão subjetivas, como fadi­ga, necessário se faz a criação destes instrumen­tos para melhor identificar estes pacientes na população geral. Sabemos que a prevalência desses pacientes entre aqueles que procuram os cuidados primários de saúde é elevada (15% a 25%) o que por si, já justifica um estudo mais aprofundado desses quadros clínicos que po­dem aparecer secundariamente a uma série de patologias como esquizofrenias, depressão, Par­kinson, estado pós-virótico e todos aqueles ci­tados anteriormente, mas que podem aparecer também sem que se encontre nenhuma dessas justificativas para o quadro. Constituiria, portan­to, de uma entidade nosológica, assim como uma síndrome que poderia estar presente em várias patologias.
Parece importante também, buscar os corre­latos biológicos, principalmente os do sistema nervoso central, que envolvem uma baixa ativi­dade dopaminérgica, no sentido de abrir pers­pectivas terapêuticas para esses pacientes, in­dependente da causa desta síndrome.
Durante a história da neurastenia, vimos que ela foi abandonada pelo fato desses pacientes, ao buscarem uma explicação para os seus sin­tomas supervalorizarem o funcionamento de seus órgãos e sistemas orgânicos, o que os le­vou a serem identificados em muitos casos co­mo hipocondríacos. Segundo o enfoque que o paciente dava, quer em relação a queixas or­gânicas ou a queixas do plano psíquico, as in­terpretações variavam. Assim também, a aten­ção do próprio clínico privilegiava mais a di­mensão das queixas psíquicas ou orgânicas, chegando a diagnósticos diferentes e propos­tas terapêuticas diversas. Achamos que na ver­dade, todos são sofredores do mesmo tipo de síndrome ou de patologia.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é o papel da personalidade que moldaria o quadro da patologia do doente (pa­toplastia). Uma sintomatologia que incapacita o indivíduo numa sociedade onde o valor do tra­balho, do ganho da produção é muito importan­te, é evidente que gerará uma construção rea­cional, reativa da personalidade ao redor destes sintomas, aí entrando em jogo os fatores cultu­rais e individuais que influenciam a formação da personalidade. Acreditamos que deve ser feita uma revisão da neurastenia nos tempos de ho­je. Não foi sem razão que a neurastenia empol­gou a medicina do final do século XIX e do iní­cio deste. Sabe-se que estes pacientes existem e em grande quantidade. Sabe-se ainda que eles não estão no consultório dos clínicos psi.
Estes pacientes são crônicos, fazem queixas múltiplas e mudam freqüentemente de clínico. Fazem muitos exames, têm um custo caro em termos de saúde pública, alto índice de ab­senteísmo de trabalho, com aposentadorias. Re­presentam baixa resposta a diversas terapêuti­cas até hoje conhecidas e são dificilmente iden­tificados de maneira unitária, sendo pulveriza­dos numa série de diagnósticos, de acordo com os clínicos que os examinam. Faz-se necessá­rio, portanto, a criação desses instrumentos (screenings) para a precisa identificação destes doentes, adequada descrição clínica, identifica­ção deles na população dos pacientes que pro­curam atenção médica e mais tarde na popula­ção geral. Por outro lado, é importante o conhe­cimento da biologia desta síndrome, seja ao ní­vel muscular, da atividade dos íons, da intera­ção músculo-sistema nervoso central e aí do pa­pel dos neurotransmissores centrais. Talvez ha­ja uma explicação do porque tão diferentes pa­cientes apresentam também tanta coisa em co­mum.
A partir daí, poderemos buscar tratamentos adequados e estabelecer programas em níveis de prevenção primária para esta patologia ou síndrome. A nosso ver, com o nome de psicas­tenia, neurastenia, distimia, neurose depressi­va ou timastenia, esses pacientes existem. Pa­rece-nos que o nome que ainda mais se adequa é o de neurastenia, senão por outras razões, por uma razão histórica. Necessário, pois se faz, a re­visão da neurastenia para o benefício de gran­de parcela de pacientes que sofrem desta sín­drome de fadiga crônica, acompanhada de di­versa sintomatologia orgânica.
Valendo-se das pesquisas que eu mencionei ao longo deste artigo o laboratório farmacêutico que sintetizou a amisulprida fez um grande marketing da assim chamada Síndrome da Fadiga Crônica [Primária], que esta, além de virar moda, tornou-se um daqueles diagnósticos, tipo "saco sem fundo", como, o são a Síndrome do Pânico, a Demência de Alzheimer e o DHDA (ou TDAH).
Em função da inconsistência, até agora, deste diagnóstico, e deste fármaco, o oportunismo medicamentoso-laboratorial para com a amisulprida deu em nada. Dificilmente será encontrada hoje nas farmácias. É possível até que o laboratório a tenha parado de fabricar. Este composto químico, evidentemente, não pegou.



Bênção Pena Branca

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Salve todos os Reinos,
Salve a Força da Paz,
Salve o Reino da Luz,
Salve todos vós que buscais vossos caminhos na perfeição do Amor.
Que, neste início de século, possais reafirmar a Misericórdia e ativar a Chama da Intuição para que, centrado no Poder dos Seres Elementais da Natureza, possais atrair a totalidade da manifestação em vossa vida, agora.
Os Reinos da Natureza são responsáveis por trazer as energias de Manifestação, de Amor e de Luz, bem como as forças que reencontram a sabedoria ancestral e manifestar a totalidade de vossos pensamentos unificados que ancoram a VERDADE no Amor e na Fé.
A felicidade só é atingida por meio do exercício diário; com pensamentos, atitudes e coerências ireis reencontrar a Força pela qual viestes à Terra, ireis reencontrar o poder centrado na Luz da vossa Verdade Maior.
Em Nome e no Poder de vossos Guias Espirituais e de todas as Forças da Natureza, EU ABENÇÔO a força de vosso coração para que, por meio dele, possais libertar a real atividade da vossa INTUIÇÃO.
É chegado o momento de serdes a expressão da Felicidade, da Fé, da Verdade e a expansão de todas as Qualidades Divinas para que, assim, possais atrair a Abundância em cada momento de vossa existência.
Que possais, pois, SER a expressão máxima de vossa FELICIDADE e, então, ireis reencontrar a magnitude de vossos ideais através das Chamas da Perfeição e do Amor.
Visualizai à vossa frente uma tela branca e, nela, projetai tudo o que quiserdes MANIFESTAR.
Envolvei vossas formas-pensamento em LUZ e, por meio delas, ireis reencontrar a conexão com a vossa essência, no Amor e na Fé.
Salve todos os Reinos,
Salve a Força da PAZ,
Salve o Reino da Luz.
QUE A PAZ VERDADEIRA SEJA CULTIVADA EM VOSSA MENTE E EM VOSSO CORAÇÃO TODOS OS DIAS E SEMPRE.
EU SOU PENA BRANCA EM VÓS

15 de mar. de 2011

CARTA ABERTA : PROJETO "SIM"


A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa.


PROJETO "SIM"


SÍNDROMES MÚLTIPLAS *  Pesquisas



O direito de transdisciplinaridade diante de uma reflexão ética e bioética, a responsabilidade dos atos envolvidos no "CUIDAR", diante das situações de saúde/doença.


Aqui esbarramos nos termos que não predefinem o estágio das SÍNDROMES E TRANSTORNOS ... dos sintomas. Mesmo os aleatórios que possam surgir de um problema que envolva o SER nos diversos aspectos físicos, mentais e espirituais.

A reflexão e conscientização : uma ótica para o multidimensional do ser humano, um princípio bioético e universal _ orientando o comportamento humano _ com condições necessárias para sua existência.

A preocupação com o conjunto de medidas tomadas para dar valor a saúde e cura dos sintomas, e quadros específicos apresentados. O desafio de encontrar soluções fundamentais para quais não estejam nos protocolos médicos, científicos ou legais.:


SÍNDROMES e TRANSTORNOS


Para se compreender melhor os aspectos do projeto, destacando ao quadro multidisciplinar os temas relativos a mente humana enquanto evolução e prática, os livros de Joseph Murphty, de Dr. David Hamilton e de GJ Ballone estão recomendados em nota ao final ao texto, e outros em notas incorporados como suplemento importante, bem como indicações a técnicas quais possam auxiliar na busca fraterna de resultados com qualidade de vida a quem necessita de informações a sua auto cura.


EXEMPLOS CONSTITUCIONAIS paralelos como base comparativa:
O direito humano à alimentação está expresso nos artigo 6º da Constituição Federal de 1988.
"Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma da constituição." ( ver nota 3)


Produzir conhecimento e reconhecer o novo paradigma a ser desenvolvido em espaços de atuação e continuidade em lógica disciplinar, fortalecer e valorizar a vida.
Uma revisão neste processo de carência a muitas doenças não enquadradas no sistema de saúde.
Não se encontra uma adequação às leis, como também não se preenche os dias de esperanças... a ver tudo isto em uma balança de luz e favorável a quem realmente sofre em silêncio.
É impossível a dissociação de sintomas em série, de gastos intermináveis em ordem médica e farmacêutica de reparo às SÍNDROMES E TRANSTORNOS, falta de esclarecimento de laboratórios e biografias adequadas a gerar uma primeira ordem e respeito ao tratamento.

A interdisciplinaridade eleva o espírito e pode promover as mais diversas capacidades de integração entre profissionais e seres portadores das síndromes, possibilidade de ação e decisão criativa no envolvimento da mesma.

Pouco diagnosticadas adequadamente, mas muito transparente a existência de sintomas que elevam à riscos emergenciais, as síndromes _ são praticamente colocadas como fantasmas ou problemas de ordem emocional e psíquica.

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Exemplos de SFC [ Artigos científicos ]


Embora ainda faltem explicações para as símdromes de fibromialgia, fadiga crônica e química multipla, juntas... encontra-se em discussão sob supervisão de pesquisadores, algumas principais fontes de investigação por seleção de grupos e exclusão de problemas como vírus e sensibilidade alimentar, entre mais outros fatores como o DNA.


Para o psiquiatra Teng Chei Tung, do Hospital das Clínicas da USP, o estudo contribui para a pesquisa sobre as causas da SFC, mas não traz nada definitivo. "A maioria das pessoas tem infecções por vírus. O psiquiatra Mário Juruena, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto, explica que a doença costuma se manifestar após uma infecção. Seus estudos apontaram para um fato comum entre os portadores da síndrome: a sobreposição com outros problemas, como depressão atípica e doença afetivo-sazonal (tipo de depressão ligada às estações do ano). "Cerca de 50% dos portadores de SFC apresentam depressão atípica. O depressivo atípico tende à obesidade, tem sono excessivo e fica muito sensível a críticas", completa. A doença tem maior incidência entre mulheres. A psicóloga Rafaela Zorzanelli, que pesquisou a síndrome em seu doutorado, afirma que o diagnóstico é clinico. Um estudo feito pelo pesquisador coreano Hyong Jin Cho e publicado no "British Journal of Psychiatry" comparou diagnósticos feitos em São Paulo e Londres por médicos das redes pública e privada de saúde. O resultado mostrou que, no Brasil, há mais diagnósticos de cansaço sem explicação, enquanto na Inglaterra se reconhece mais a síndrome da fadiga crônica.


Agora novos exames estão sendo divulgados na ortomolecular ( eletrossomatograma), mas haviam exames de hipersensibilidade e intolerância alimentar ,que poderiam ser solicitados em conjunto com outros procedimentos, que normalmente ficam em torno de dor na coluna, de obesidade e de disfunções metabólicas em geral e mais agravante como desordem emocional e psíquica.
Até agora não ficou muito claro qual das síndromes ocupam primeiro lugar na estatística, sendo a Síndrome da Química Múltipla praticamente desconhecida da maioria, só perdendo para a divulgação da Fibromialgia e da Síndrome do Intestino Irritável. Além de tantos outros nomes que surgem como reflexo dos sintomas das síndromes. Respeitos também a todo Transtorno que provém das mudanças do DNA.


Os direitos não estão em cláusulas de convênios, setores públicos ou privados. Sendo incapacitante ao indivídio, cada uma das síndromes também, não é compreendida pela família ou sociedade, pelos amigos e muito menos pelos vínculos de trabalho. Agravando quando a pessoa é autônoma e não tem como recorrer a setores públicos. Os remédios apresentados em alguns casos, por estimativa causaram mais mal do que bem, os estados de depressão ocorrem em maioria diante das crises somadas ao financeiro e familiar onde a prioridade é a sobrevivência, custe o que custar... o preço que se paga pela vida é muito alto!



***

Pra onde olhar, para onde falar, para quem se dirigir?


Qual órgão público é competente para direcionar estes procedimentos, dar aos protocolos médicos e especialidades uma cultura eficiente e humanitária a título dessa transdisciplinalidade. E urgente!!!?

Quando é mulher os problemas englobam a vida social e doméstica, além do trabalho fora de casa. A responsabilidade com a vida familiar é imensa e não tem regras ou reconhecimento de parte alguma. A falta de recursos financeiros e até educativo ou psicológico amplia-se. Mas papel apenas não resolve... Em 1991 uma outra doença _ a LER, passa por muitas discussões e encontra bases nas leis. ( Nova Técnica de Incapacidade,) em 1997 uma revisão para para a busca do "perfil do doente", excluído dos ambientes de trabalho como incapacitado.


Entra em questionamento o cuidado médico para detectar e cuidar, atividades para o bem estar, intervir na educação do paciente, supervisionar.
Com isto o meio social fez empreendimento inverso ao de melhorar as condições de trabalho pra evitar os problemas e o diagnóstico de uma doença em que as atitudes são de não se falar dela, o trabalhador tenta não sentir como doente e o empregador a negar a doença.( Pesquisa DIESAT 1989) DESCRIMINAÇÃO CONTRA O DOENTE QUE SERIA ENTÃO COMO UMA VÍTIMA DE SEUS EXCESSOS.


Fundamental ter atitudes válidas para o reconhecimento como doença, bem como os verdadeiros procedimentos de cura ou atenuação, caso a caso. Voltando as técnicas possíveis, mesmo dentro das legalizações e estudos de ordem psico-sociais há muito conflito. A polêmica põe em xeque os doentes... num espelho onde se , mostram os portadores das síndromes múltiplas como perfeccionistas e exigentes. Porém, quando uma enfermidade não tem causa conhecida e seus sintomas são subjetivos, como se dá com a síndrome da fadiga crônica, fibromialgia e outras doenças cujas características e a própria existência foram contestadas, definições de caso conflitantes são praticamente inevitáveis.

Um novo estudo ressaltou como definições de caso conflitantes e podem levar a um "fogo cruzado" epidemiológico _ em que o que é visto depende de quem está fazendo a observação _ que provocou um debate ardente entre pesquisadores e defensores dos pacientes dos dois lados do Atlântico.


O estudo, publicado na "Lancet", relatava que exercícios e terapia cognitivo-comportamental poderiam ajudar as pessoas com a doença. Defensores e alguns dos principais especialistas rejeitaram as descobertas e afirmaram que o grande problema estava na definição de caso usada pelos autores. Os cientistas britânicos que conduziram a pesquisa identificaram os participantes no estudo baseados principalmente em um único sintoma: incapacitação e fadiga inexplicável durante pelo menos seis meses.Muitos pesquisadores, porém, particularmente nos Estados Unidos, sustentam que a definição abrange muitos pacientes cuja enfermidade real é depressão, não a síndrome _ e a primeira pode muitas vezes ser atenuada com psicoterapia e exercícios. Os autores da "Lancet" escreveram "sua definição de caso para incluir pessoas com quadros graves de depressão e pacientes que, claramente, sofreram um abalo no sistema imunológico e estão deprimidos porque não podem mais fazer coisas rotineiras", afirma o Dr Andreas Kogelnik, especialista em doenças infecciosas de Mountain View, Califórnia, que atende muitas pessoas portadoras da síndrome da fadiga crônica.


Ao estudar a condição, ele e outros pesquisadores excluíram pacientes cujo único sintoma é fadiga, mesmo que incapacitante, para usar uma definição de caso que inclui outros sintomas cognitivos, neurológicos e fisiológicos. Para eles, tais sintomas indicam uma desordem complexa do sistema imunológico, possivelmente causada por um vírus ou outro agente. Porém, muitos cientistas e clínicos consideram a definição de caso com sintomas múltiplos publicada em 1994 pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), nos Estados Unidos, como o padrão internacional. Além de seis meses de fadiga incapacitante inexplicada, a definição dos CDC requer ao menos quatro de oito sintomas comuns: problemas cognitivos, distúrbios do sono, dor muscular, dor nas articulações, dores de cabeça, linfonodos, dor de garganta e mal-estar após esforço físico, mesmo que o nível de atividade tenha sido mínimo.

As suspeitas também recaem sobre vacinas, afinal aí existe uma mudança no organismo muito séria.. As vacinas contêm inúmeras substâncias tóxicas como:Alumínio (sulfato ou hidróxido): para promover efetividade, com toxicidade neurológica e respiratória; Formaldeído: usado para inativar os vírus cancerígenos; Mercúrio (timerosal): usado como preservativo – é extremamente neurotóxico; Antibióticos: (anfotericina B, neomicina, kanamicina...). Sobre a Hepatite B Trombocitopenia - Síndrome da fadiga crônica

O ser em crise passa por um imenso processo convencional de busca, sem muito êxito e transcorre por medicamentos que podem até prejudicar outras áreas do corpo, colocando sua vida em risco. Passa por métodos de tratamentos agregados a fisioterapias e outras complementares, mas os casos se dividem entre os insatisfeitos e os muito debilitados. Isso em razão de hipóteses e de descobrimento tardio das síndromes, muitas vezes englobadas entre si.

***Qual a relação entre síndrome de fadiga crônica e fibromialgia? ***


A síndrome da fadiga crônica (SFC) apresenta similaridade com a fibromialgia. Os sintomas se instalam agudamente após doenças infecciosas e se caracterizam pela persistência de fadiga debilitante e desconforto após os exercícios. Cerca de 75% dos doentes com diagnóstico de síndrome da fadiga crônica apresenta fibromialgia. Entram em destaques a química múltipla e intestino irritável e muitos sintomas a mais.

Grandes pesquisas sobre Síndrome de Burnout e cita a autora Benevides-Pereira, com sintomas de dores similares. No campo de traumas Segundo Peter A. Levine, Ph.D/ RUSSELL IRA JONES ( trauma e cura.com.br) A Experiência Somática (S.E.) lida com a ativação e a descarga do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) de acordo com as estimulações (ameaças). Estas estimulações podem ser bem ou mal resolvidas, a depender se os ciclos de carga e descarga são completos ou não: ou seja, se o fluxo de energia fica bloqueado ou não no SNA. As situações traumatizantes se instalam no Sistema Somático-Emocional por meio de uma sequência de reações fisiológicas previsíveis, e quando esta sequência é completada com sucesso, o trauma é resolvido e transformado. O fluxo de energia é desbloqueado e a auto-regulação natural retorna ao sistema, restaurando a energia vital e devolvendo a saúde do corpo e da alma.

O problema está sempre intensificado e começa no fato de NÃO SE RECONHECER A DOENÇA, COMO UMA DOENÇA COM PROTOCOLO EFICIENTE DE ATENDIMENTO. Isto facilitaria a exclusão de outras doenças convencionais e outras nem tanto, e teria um quadro com abordagens para outras orientações em foco de resultados adequados a cada caso. São os próprios pacientes a testarem seus corpos e mentes para tentar alguma solução que os mantenha com dignidade de vida. Existe também os pontos de referência das possibilidades e isto ajudaria a pessoas mais jovens a prevenirem de certa forma maiores desconfortos com o avanço da idade.


Mas os pacientes ouvem uma frase chavão:


"VC TEM UMA SÍNDROME RARA, NÃO TEM CURA VAI SE ADAPTAR A VIVER COM ISSO".


O que o paciente não é convidado a saber está em direito pela constituição ...onde acima, no texto os cuidados com alimentação e saúde estão mencionados.


O paciente não conhece os muitos métodos e exames de exclusão de outras doenças, mesmo que isso ocorra às leis não amparam para custos de exames e métodos particulares ou públicos. O paciente desconhece que pode evoluir a outra doença grave ( convencional ou rara, caso a caso).


Alguns exames de ordem metabólica, digestiva, intestinal, intersticial (IES), hipersensibilidade de alimentos, neurológica e psicológica, entre muitas outras formas de se trabalhar com energias, qualidade de vida e transdisciplinas... multifuncionais e bem orientadas poderiam pelo menos valorizar a vida humana, dando-lhes condições e amparando sua "raridade", mas com a humildade de um profissionalismo eficiente em busca de soluções e dando um respiro a mais a quem "tenta viver com isto"... e no preço que fica tudo isto é improvável que exista sobrevivência.


Ninguém calcula ou quantifica a dor de outro alguém. A doença dos mil nomes, como já foi dada em estudos, ou a doença fantasma? As doenças da emoção?


Situações coadjiuvantes segundo algumas teses:


***As emoções podem traduzir-se em respostas somáticas no eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal.


Quando isso acontece, altera-se a sintonia entre o cérebro e os sistemas endócrino e imunológico, o que leva ao desencadeamento de uma série de problemas. dores crônicas: dor nas costas, cefaléias, dor pré-menstrual, fibromialgia, síndrome da fadiga crônica. Explicação: a descarga de adrenalina e cortisol na corrente sanguínea reduz a produção de endorfina e serotonina, substâncias associadas ao alívio da dor e à sensação de bem-estar, respectivamente. Vários estudos já mostraram que um evento emocionalmente desgastante pode aumentar a sensação dolorosa em até 20%.


O hipotálamo modula também as defesas do organismo, um problema de ordem emocional pode desencadear um ataque do sistema imunológico à tireóide e ao pâncreas, o órgão produtor de insulina. A descarga hormonal desregula a liberação de glicose na corrente sanguínea, o que leva ao diabetes ou à hipoglicemia. O desequilíbrio na produção de noradrenalina e cortisol aumenta ou reduz, ainda, os movimentos intestinais, agravando alguns distúrbios( distúrbios esofágicos, dispepsia, diverticulite, diarréia, constipação, gastrite, úlcera gástrica, síndrome do intestino irritável, retocolite ulcerativa) Pode ocorrer ainda uma resposta desmedida do sistema imunológico a determinados alérgenos, como a poeira, deflagrando uma crise alérgica. . distúrbios imunológicos: lúpus, artrite reumatóide, depressão imune inespecífica. Explicação: a atividade integrada entre o hipotálamo, a hipófise e a glândula supra-renal repercute diretamente no sistema imunológico. Com a falta de sintonia entre esses sistemas, as células de defesa passam a atacar outras células do organismo. (fonte: Geraldo Ballone, psiquiatra www.veja.com.br ).


Mas não resolve os antidepressivos apenas, sem pesquisar o corpo que inflama, talvez por bactérias que o sensibiliza em razão de condições alimentares e químicas. ( hipersensibilidade a glúten, caseína e corantes )

A saúde individual e a sua gestão cotidiana nunca envolveram tanta informação como atualmente. Grandes quantidades de informação sobre saúde e medicina devem ser disponibilizadas a partir de diversas fontes – sejam essas fontes profissionais de saúde, especialistas de vários tipos, instituições públicas e privadas ou grupos de doentes e/ou consumidores – através de uma multiplicidade de canais informativos, tanto a partir da mídia, como de base local ou interpessoal, em interação com médicos e outros profissionais de saúde, familiares, amigos, colegas de trabalho, etc. Este fluxo constante de informação incentiva o indivíduo a ser responsável pela sua saúde, e dos seus familiares.


No exterior, informação pormenorizada sobre as doenças, artigos e estudos assim como notícias, formas de apoio, especialmente em Portugal. (http://fibrosite.no.sapo.pt) e Espanha. O Brasil conta com alguns específicos ( ver TAG Síndromes e o site abrafibro.spaces.live.com) e a petição pública para regulamentação da lei sobre síndromes no Brasil desde 2003 (autoimunes.blogspot.com/2011/03/sindrome-de-sjogrendoenca-autoimune.html ) A comunicação e a boa informação tem poupado vidas e alguns sofrimentos, mas ainda falta a valorização dos profissionais e da rede pública e privada juntamente com autoridades e leis claras sobre a existência das síndromes.


O que está acontecendo é um fenômeno de múltiplas escolhas, afinal o que faz bem? Terapias, hormônios, alimentos, corantes, leite, soja, carbohidratos, glúten, tubérculos, antidepressivos, convencional, complementar ou alternativo? Chás e ervas medicinais? Suplementos? O que comer, como dormir, como não sentir dores e de que forma se vive sem respostas adequadas, leis fundamentadas e orientação psico-social para prevenções de excessos??? Que explicação pode dar a si mesmo e qual meios a explicar a familiares que fecham os ouvidos sutilmente!?


Afinal muitos no mercado estão querendo a "fatia do bolo" ( sem glúten, sem carbohidratos ou fermento)...mas com uma fatia financeira muito complexa que não dá ao portador uma condição adequada para conhecer a si mesmo diante dos obstáculos.

A convicção de que a mente desempenha papel importante nas doenças físicas remonta aos primórdios da medicina, incluindo o trabalho feito em laboratório e no National Institutes of Health. Novas técnicas moleculares e farmacológicas possibilitaram a identificação da intrincada rede que liga o sistema imunológico ao cérebro, circuito que permite o envio rápido e contínuo de sinais entre os dois sistemas. Substâncias químicas produzidas pelas células da resposta imunológica enviam sinais para o cérebro, que, por sua vez, envia sinais químicos para conter o sistema imune. Esses sinais também afetam o comportamento e a resposta ao stress


O sistema cerebral de resposta ao stress é ativado em situações de perigo. O sistema imunológico responde automaticamente aos patógenos e moléculas desconhecidas. Os dois são os principais recursos do corpo para manter o equilíbrio dinâmico do meio interno, denominado homeostase.
A função do sistema imunológico é barrar patógenos estranhos ao corpo e reconhecer e destruir aqueles que penetram sua barreira. É também neutralizar toxinas potencialmente perigosas, facilitar o reparo de tecidos desgastados ou lesados e eliminar células anormais. Essas respostas são tão poderosas que requerem regulação constante, para não serem excessivas ou indiscriminadas, e se manterem eficazes.
Quando o sistema imunológico se desregula, surgem doenças inflamatórias, auto-imunes as o sistema nervoso central e o imune são mais parecidos que diferentes em seu modo de receber, reconhecer e integrar vários sinais e, em seu projeto estrutural, para realizar essas tarefas.


Os dois sistemas têm elementos "sensoriais", que recebem informação do ambiente e de outras partes do corpo, e elementos "motores", que executam a resposta apropriada. O cortisol aumenta a freqüência e a intensidade dos batimentos cardíacos, sensibiliza os vasos sangüíneos à ação da noradrenalina (um hormônio similar à adrenalina) e afeta muitas funções metabólicas, que ajudam o corpo a enfrentar uma situação estressante. Além disso, o cortisol é um potente imunorregulador e agente antiinflamatório, cujo papel é crucial para evitar que o sistema imune reaja exageradamente a danos e lesões nos tecidos. Ele também inibe a liberação do CRH pelo hipotálamo - órgão responsável por manter sob controle esse componente da resposta ao stress. Portanto, CRH e cortisol ligam diretamente a resposta do corpo ao stress, regulada pelo cérebro, e sua resposta imune. Os neurônios do hipotálamo que secretam CRH enviam prolongamentos para as regiões do tronco encefálico que ajudam a regular o sistema nervoso simpático, assim como para outra área, chamada locus ceruleus.


O sistema nervoso simpático, que comanda o corpo durante o stress, também inerva os órgãos do sistema imunológico, como timo, linfonodos e baço, e ajuda no controle das respostas inflamatórias. A estimulação do locus ceruleus leva à reação de alerta comportamental, medo e vigilância aumentados.

Talvez ainda mais importante para a indução dos comportamentos relacionados ao medo seja a amígdala. É aí que os estímulos das regiões sensoriais do cérebro chegam e são discriminados como sendo de stress ou não. Os neurônios que secretam CRH no núcleo central da amígdala enviam prolongamentos ao hipotálamo, locus ceruleus e outras partes do tronco encefálico. Esses neurônios são alvo de mensageiros liberados pelas células imunes durante a resposta de defesa. Estimulando esses neurônios, os sinais imunes não apenas ativam a contenção da resposta imune mediada pelo cortisol, como também induzem a comportamentos que ajudam na recuperação de doenças ou ferimentos. Os neurônios secretores de CRH também têm conexões com as regiões do hipotálamo que regulam a ingestão de alimentos e o comportamento reprodutivo.  Além disso, outros sistemas hormonais e nervosos - como a tireóide, os hormônios sexuais femininos e de crescimento, e as vias bulbo-simpáticas (conexões entre o sistema nervoso simpático e o bulbo) - influenciam as interações do cérebro com o sistema imunológico.

A resposta imune é uma cascata elegante e finamente ajustada de eventos celulares, que tem por objetivo livrar o corpo de substâncias estranhas, bactérias e vírus. Uma das maiores descobertas da imunologia contemporânea é que as células brancas (leucócitos) do sangue produzem pequenas proteínas capazes de coordenar indiretamente as respostas de outras partes do sistema imunológico no combate aos patógenos.

Quantidades excessivas de citocinas no cérebro podem ser tóxicas aos nervos. Qualquer interrupção na comunicação entre o cérebro e o sistema imunológico acarreta aumento da suscetibilidade a doenças inflamatórias e, freqüentemente, a maiores complicações imunológicas. Deficiência de CRH pode contribuir para a letargia em pacientes com a síndrome da fadiga crônica. A depressão também se associa a doenças inflamatórias.
A secreção excessiva do cortisol nos pacientes melancólicos é resultado predominante da hipersecreção de CRH, causada por um defeito no hipotálamo, ou acima dele. Dessa forma, as manifestações clínicas e bioquímicas da melancolia refletem uma resposta generalizada ao stress que escapa da contra-regulação comum, como uma chave emperrada na posição "ligada".

Não se sabe quanto da reação ao stress é determinada geneticamente e quanto pode ser controlada conscientemente.
Os hormônios estressantes liberados do cérebro, o cortisol pelas supra-renais e as substâncias neuroquímicas pelos terminais nervosos (adrenalina e a noradrenalina), modificam a habilidade das células imunes de lutar contra agentes infecciosos e moléculas estranhas. Esses estudos fornecem evidências adicionais de que o stress afeta o curso e a gravidade de uma doença viral ou bacteriana e do choque séptico. A compreensão da comunicação entre o cérebro e o sistema imunológico fornece uma explicação fisiológica de por que essas curas às vezes eram eficazes.

A quebra da rede de comunicação leva ao aumento da sensibilidade a doenças e pode piorar seu curso. Sua restauração, seja por agentes farmacológicos ou por efeitos relaxantes de um spa, pode ser o primeiro passo no caminho da recuperação.


Há um acúmulo de evidências de que a visão de nós mesmos e dos outros, nosso estilo de lidar com o stress e nosso patrimônio genético podem afetar o sistema imunológico. Da mesma maneira, há fortes indícios de que doenças associadas a inflamação crônica afetam significativamente o humor ou o nível de ansiedade.


Por fim, essas constatações sugerem que a classificação de doenças em especialidades médicas ou psiquiátricas e as fronteiras que separam a mente e o corpo são artificiais. ( *ESTHER M. STERNBERG e PHILlP W. GOLD pesquisam o sistema imunológico e de stress no National lnstitute of Mental Health . )

Embora difícil conclusão diferenciam-se das doenças raríssimas, quais também merecem total respeito. Os sintomas de algumas doenças raras podem aparecer ao nascer ou na infância, como no caso da atrofia muscular espinal infantil, da neurofibromatose, da osteogênese imperfeita, das doenças do armazenamento lisossomal, da condrodisplasia e da síndrome de Rett. Muitas outras, como a doença de Huntington, a doença de Chron, a doença de Charcot-Marie-Tooth, a esclerose amiotrófica lateral, o sarcoma de Kaposi e o cancro da tiróide, só aparecem na idade adulta. As doenças raras caracterizam-se pela ampla diversidade de distúrbios e sintomas que apresentam e variam não só de doença para doença, mas também de doente para doente que sofrem da mesma doença.

As organizações de doenças crônicas foram criadas como resultado da experiência ganha pelos doentes e respectivas famílias ao serem tantas vezes excluídos dos sistemas de saúde, tendo que tomar conta da sua própria doença
Prezados pacientes e responsáveis por suas vidas, este texto não termina com palavras ... mas emite uma energia em busca de novas soluções onde vc é parceiro e grande motivador de uma vida em melhor qualidade para Si e para os que também e igualmente responsáveis e conscientes desejam a vc o melhor e a paz, toda saúde e todo direito de conhecer-se.

Prezados agentes de saúde e responsáveis por informações, meus ( nossos) agradecimentos mais sinceros, sem as pesquisas não teríamos nenhum passo a dar.( Literalmente paralisados e com dores além dos diversos efeitos colaterais e pressão no cotidiano)


Prezados amigos e parentes, tenham mais paciência e atitudes favoráveis com amor para encontrarem juntos de quem amam ...as melhores soluções caso a caso. A medicina e a ciência podem integrar-se com suas formas particulares de doarem seu tempo e sua compaixão.


Prezados cuidadores nas mais diversas áreas, que erraram totalmente o tratamento de seus pacientes, infelizmente por falta de vontade de pesquisar e estimular a compaixão e humanidade, além de receio de tornarem-se frágeis ou ainda apenas de afortunarem-se nas mesmices, que sejam perdoados pela frieza e irresponsabilidade de seus atos. A lei da ação e reação tem sempre uma voz em silêncio.


Há uma grande esperança no progresso científico e terapêutico. Deles se espera também uma mudança profunda.


Todos aqueles que sofrem de síndromes e respectivas famílias falam das lutas para serem ouvidos, informados e dirigidos a corpos médicos competentes, quando estes existem, a fim de serem corretamente diagnosticados. Como resultado, há esperas sem sentido, múltiplas consultas médicas e prescrição de medicamentos e tratamento impróprios ou mesmo perigosos para a saúde.

E quanto aos que respondem por leis e ordens, creio que com este pequeno foco em clipping de pesquisas e descobertas, fica muito evidente que não se trata de uma desordem meramente emotiva, não é uma doença fantasma... ela não "anda pelo corpo" e ainda está muito bem exemplificada na dor e na frustração dos que buscam uma luz. Sendo que esta carta aberta jamais busca confrontos ou desordens, mas sim uma especial e iluminada forma de liberar o silêncio das palavras, conscientemente fazer a parte que lhe cabe em comunicar e expandir qualidade de vida ( ainda que em sonhos ou rascunhos). Quando é que algo semelhante chega a seu discerrnimento, seu setor de atitudes e lhes pede humildemente uma resolução, uma documentação, um protocolo, uma lei, um benefício, uma fonte de linguagens em total silêncio das noites sem sono, dos dias sem alimentos adequados, das químicas, dos momentos de medicação que nada resultam em dignidade humana... e especialmente em alguém que poderia ser _ a si mesmo ou outro ser humano em suas carências... que em sua energia e em seu tempo ... não tenha uma pequena resposta eficiente e amorosa para doar? Nenhum procedimento de valorização? Reconhecimento? Já percebem que existe tantos a falar do mesmo tema e tantos a buscarem por um acolhimento, então que não mais exista espera longa para ouvir as propostas. O reconhecimento é um começo moral.


Em muitos casos não são diagnosticadas devido à escassez de conhecimento científico e médico. Na melhor das hipóteses, alguns dos sintomas são reconhecidos e tratados. As pessoas podem viver anos a fio em situações precárias, sem cuidados médicos competentes, uma vez que estão excluídos do sistema de cuidados de saúde com uma síndrome não diagnosticada como doença válida.

Cabe aos portadores pagarem impostos, mesmo que não tenham empregos ou não possam se movimentar a uma tarefa digna e profissional, cabe ao paciente a responsabilidade de cumprir seus deveres em geral cabe-lhes também a orientação pela ciência, fé e filosofia, agregada ao novo tempo da globalidade que permite registros sobre outros pacientes em solidão.


São estes seres humanos que não podem ficar mais sob pressão e emudecidos pela questão que pulsa... seria a falta de importância ou a irrelevância?


Esta é apenas uma folha que estava em branco numa livraria chamada Vida.


Uma energia chamada amor ao próximo a fez deslocar e planar sob sua vista consciente e aberta a valores humanos. A segmentação das especialidades médicas é uma barreira para as síndromes incapacitantes , é necessário o campo transdisciplinar. Há atraso e falha no diagnóstico, falta de informação prática acerca das mesmas , falta de referências para profissionais qualificados, falta de disponibilidade de cuidados com qualidade e de benefícios sociais, fraca coordenação dos cuidados de complementares neurológicos e odontológicos, para o paciente ( ainda não considerado como tal) fica a autonomia reduzida e imensa dificuldade na reintegração à vida social, profissional e familiar.



A transdisciplina é antiga. Das obras mais importantes do Corpus hippocraticum está o Tratado dos ares, das águas e dos lugares (século V a.C.) que, no invés de atribuir uma origem divina às doenças, discute suas causas ambientais. Sugere que considerações tais como o clima de uma população, a água ou sua situação num lugar em que os ventos sejam favoráveis são elementos que podem ajudar ao médico a avaliar à saúde geral de seus habitantes. Outras obras, como o Tratado do prognóstico e Aforismos, anteciparam a idéia, então revolucionária, de que o médico poderia predizer a evolução de uma doença mediante a observação de um número suficiente de casos.

A idéia preventiva, concebida pela primeira vez no Regime nas doenças agudas, faz fincar-pé não só na dieta, mas também no estilo de vida do paciente e em como ele influi sobre seu estado de saúde e convalescença. Seus ensinos, seu sentido de previsão e sua capacidade para a observação clínica direta quiçá influenciaram e contribuíram em grande medida para eliminação da superstição e do erro.

O pai da medicina ocidental, o médico e filósofo grego Hipócrates, gostava de repetir enquanto cuidava de seus pacientes que "o homem é uma parte integral do cosmo e só a natureza pode tratar seus males". Com isso, ele queria mostrar que as causas da doença eram naturais – e não punições divinas como se acreditava até então – e lembrar que o equilíbrio e a saúde do corpo estão diretamente ligados ao ambiente em que vivemos. Essa mesma frase voltou a soar atual nos últimos anos, ao mesmo tempo em que ocorre uma popularização dos métodos alternativos à mesma medicina ocidental que Hipócrates fundou.


“Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes: uma é você saber; a outra é você acreditar que sabe. Na primeira reside a Ciência, na segunda, a ignorância.” Hipócrates

Seja a luz que indica, seja a forma mental que se aplica, esta carta aberta está argumentando em vibrações humanas e transparentes, uma possível campanha para regulamentação oficial das síndromes, direitos válidos pela Constituição Brasileira e em busca de Validação internacional humano.

Atendendo ao acima exposto, o autor desta interpela a Dirigentes e a classe Médica no Brasil, no intuito de saber se pretende apoiar adequadamente e prestar um verdadeiro serviço aos doentes afetados pela síndrome em causa, com esforços para que elas possam ser finalmente um PROJETO, inscrita nas listas nacionais , incluindo isenção, descontos, ajudas de ordem direta ou indireta, do pagamento das prestações relacionadas com o diagnóstico e os tratamentos. Mas acima de tudo. a validação elimina os títulos pejorativos de mentirosos, preguiçosos ou inventivos. Pois a doença de foro psicológico é um luxo a que poucos podem dar-se! Sobrando de raro apenas a habilidade de se colocar no lugar do próximo.

Síndromes Crônicas EM CARTA ABERTA.
O absurdo é a razão lúcida que constata os seus limites. ~ A.Camus

NOTA IMPORTANTE E COMPLEMENTAR:


Este livro pode ser uma chance de percepção comportamental de grande ajuda.
A quem desenvolveu e a quem precisa compreender amigos e parentes com as síndromes.

**Dr_David_Hamilton

E este outro tema é muito importante quanto ao esclarecimento que está acima do psico-neuro -fisico- somático
http://www.inec-usp.org/cursos/curso%20VII/sindrome_adaptacao.htm

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=23

links importantes

SÍNDROME GENERALIZADA DE ADAPTAÇÃO

Nota 3 SAN - É a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.Estimular práticas alimentares e estilos de vida saudáveis, adequando-os aos hábitos alimentares e culturais da população atendida, a fim de contribuir com a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
Integrar as equipes multiprofissionais e intersetoriais, criadas por entidades públicas ou privadas, relacionadas a políticas, programas, cursos nos diversos níveis, pesquisas ou eventos de qualquer natureza, direta ou indiretamente ligados à alimentação e nutrição, visando à inserção dos princípios do direito humano à alimentação e da SAN. Contribuir no planejamento, implementação e análise de inquéritos e estudos epidemiológicos e nutricionais, nacionais e locais, para subsidiarem a atuação profissional e os projetos de intervenção e controle social. (Lei 11.947/05 e Resolução FNDE 38/09.)

Ver listagem sobre síndromes, sfc, fibromialgia, sindrome geral de adaptação, dor, projeto sim, e vídeos na lista de reprodução Terapiastral no youtube /Síndromes

http://www.youtube.com/watch?v=YzgniqE9okI&feature=share&list=FL2CS_7rb94oqsCHBxSUdBag


https://www.facebook.com/NevlownS/SÍNDROMES MÚLTIPLAS

A Expansão da Consciência e as Emergências Espirituais

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“O místico dança ao sol, ouvindo a música que os outros não ouvem. Insanidade? Dizem esses outros.
Se for, é uma forma muito gentil e que nos nutre”.

Rumi



Síntese baseada em duas conferências do Dr. David Lukoff, realizadas no IV (09 a 12 de outubro de 2003 em Cascais – Portugal) e no V (06 de setembro de 2005 em Campinas – SP – Brasil) Congresso Internacional da Associação Luso Brasileira de Transpessoal (ALUBRAT) e em material didático da Dinâmica Energética do Psiquismo (DEP), de autoria de Conceição Aparecida Ferraz Malta.

A real busca de todo ser humano é a obtenção de uma felicidade e paz duradouras (reais), que só serão obtidas através de um consciente re-direcionamento de seus desejos, desfazendo hábitos e crenças cristalizados nas profundezas de seu ser e encarando seus próprios apegos e repulsas, sua auto-identificação egóica e o seu profundo medo da morte.

À medida que avança nesse processo, surge um entendimento e uma re-significação de aspectos de sua personalidade, transmutando-os e levando a sua consciência a um novo patamar, uma nova dimensão interior. A cada vez que isso ocorre, podemos dizer que houve um processo de expansão da consciência, um mais abrangente estado de percepção de si mesmo e do mundo à sua volta, através da aquisição de um discernimento proveniente de suas próprias experiências.

Emergem, de si mesmo, conteúdos antes inconscientes proveniente de diversos níveis transpessoais. Essas conexões da consciência individual com o próprio inconsciente emergente podem se dar tanto de uma forma gradual, enfrentando progressivamente seus medos e sombras por um período de meses ou até anos, tempo necessário para que a pessoa se perceba modificada quanto a seus padrões, valores e visão de mundo, ou através de um influxo expansivo (emocional e energético) e geralmente abrupto da consciência, de tal intensidade que a rotina do dia-a-dia passa a ser por demais opressiva: as Emergências Espirituais.

“As emergências espirituais podem ser definidas como estágios críticos, experimentalmente difíceis e de uma transformação psicológica profunda, que envolve todo o ser da pessoa. Tomam a forma de estados incomuns de consciência e envolvem emoções intensas, visões e outras alterações sensoriais, pensamentos incomuns, assim como várias manifestações físicas”.

Stanislav Grof 1

Aqui, o termo emergência é usado tanto no sentido de crise (urgência) quanto no sentido de ascensão a novos níveis de consciência (surgimento). Na psiquiatria convencional, esses estados geralmente são diagnosticados como distúrbios mentais, mas, se convenientemente entendidos e acompanhados, podem levar a efeitos curativos e altamente benéficos para a pessoa. Na realidade, esses momentos são crises, durante as quais, o processo de crescimento e mudança se torna caótico e muito intenso, ocasionando uma reação do ego a essa experiência.

Essa imersão nas profundezas do inconsciente, se defrontando com sentimentos difíceis e penosos, pode causar opressão, sentimentos de medo, solidão, a impressão de se estar ficando louco ou até fazer surgir preocupação com o tema ‘morte’. Esses sintomas provêm da própria experiência egóica de profunda autopercepção consciente: as ‘noites escuras’ mencionadas por São João da Cruz.

Quando essa experiência, conscientemente, tem um nível de intensidade e profundidade que fica claro para si mesmo, freqüentemente leva, de uma forma dramática, a novos reinos de experiências místicas ou ao despertar de potencialidades adormecidas. Aflora então uma dimensão sagrada com sentimentos de eternidade e amor, êxtase ou paz, ou uma suprema sensação de unidade com toda a criação que pode, por si mesma, gerar grande pânico caso exista uma grande auto-identificação egóica.

“O místico dança ao sol, ouvindo a música que os outros não ouvem. Insanidade? Dizem esses outros. Se for, é uma forma muito gentil e que nos nutre”.

Rumi

Esses estados mentais, conhecidos e vivenciados pelos místicos, freqüentemente são confundidos com desordens psiquiátricas, mas enquanto o místico sabe o que fazer acerca do que está vivenciando o doente psiquiátrico se desintegra mentalmente na experiência. Essas mesmas experiências podem ser vividas por usuários de drogas alucinógenas, sendo experiências muito difíceis de descrever por quem as vive, pois toda e qualquer palavra não consegue fazer sentido nem descrevê-la corretamente. Fazem parte dessa dimensão sagrada as seguintes experiências:

Sensação intensa de êxtase, alegria e celebração ou sofrimento, medo e perdição;

Sensação noética, entendida como uma nova percepção da mesma realidade ou o acesso a novos conhecimentos: insights com relação à natureza da realidade ou do cosmos;

Capacidade perceptiva visual, auditiva e etc. aumentadas;

‘Alucinações’ visuais, auditivas, olfativas, etc., ou ilusões com temas relacionados à mitologia ou à dimensão arquetípica;

Perda do Self-object que é a sensação de não estar limitado ao seu corpo, perdendo-se a sensação de um ‘eu’ separado;

Sensação distorcida do tempo (como experimentar a eternidade em um instante);

Sensação de ser transportado de uma realidade normal para uma nova realidade;

Sensação de comunicação e comunhão com o Divino (Deus, anjos, santos, seres de luz, etc.).

Apesar de serem sensações totalmente individuais e únicas, Grof & Grof categorizam e descrevem alguns tipos:

Experiências de dissolução do ego (de pico): sensação de bem-estar associada com uma percepção de unidade com a humanidade, com a natureza (uma árvore, por exemplo), com o cosmos, com Deus;

Despertar da kuṇḍalinī: sensação espiral de calor (ou frio) subindo pela coluna a partir de sua base coccígea, trazendo inúmeras repercussões psíquicas à medida que ascende e energiza centros psico-energéticos específicos (cakras), descritos na literatura vêdica hindu;

Experiências de Quase-morte: acontecem quando há morte clínica do corpo físico (parada cárdio-respiratória e cerebral), mas a consciência permanece ativa. Estudos mostram que essas pessoas passam por, no mínimo, três estados psicológicos. Inicialmente ocorre uma resistência e luta devido ao temor de perder o controle, perder a vida. Aceito o inevitável, surgem lembranças na forma de revisão de toda a vida passada, nos mínimos detalhes: fora do espaço-tempo, cada pessoa vê toda a sua vida lhe passar como num filme, mostrando-lhe todas as causas e efeitos que estiveram em ação na sua vida, vendo-se de fato sem as Máscaras. Ela sente e conhece toda a justiça de todo o sofrimento que o afligiu. É um insight retrospectivo da vida que se levou. Em seguida, para alguns, vem uma experiência mística de êxtase e transcendência.

Emergência de Memórias de Vidas Passadas: surgem pensamentos que podem ser categorizados como lembranças, devido à sensação de se ter participado deles. A filosofia Yoga (Yoga darśana) afirma que todos os nossos pensamentos, desejos, sentimentos e ações ficam registrados na memória inconsciente profunda (karmāśayaḥ), a qual não se extingue após a morte do corpo físico. Para quem não aceita a possibilidade de reencarnação, essa experiência pode ser encarada como um acesso à dimensão transpessoal do Inconsciente Coletivo.

Integração Bem x Mal: percepção ampliada de unidade, em que se transcendem as noções de certo ou errado, ou bem e mal, pois se percebe o ‘bem’ dentro de cada ‘mal’ e o ‘mal’ dentro de cada ‘bem’. Então se passa a perceber que todas as experiências são internas, que tudo somente consiste de percepções mentais com seus sentimentos associados. Quando se é consciente de que todas as dores e alegrias são apenas os próprios processos mentais, e se consegue inibi-los, é plantada a semente da equanimidade.

Crises Xamânicas: geralmente estão associadas com o surgimento de doenças desconhecidas (geralmente de cunho neurológico ou psiquiátrico) que levam a uma total inconsciência (ou estado de coma) ou a sofrimentos físicos (ou psicológicos) intensos. Nesse estado surgem sonhos repletos de mensagens (o tema subjacente geralmente é o da morte e renascimento), premonições, visões de morte ou aniquilação pessoal, geralmente envolvendo um encontro de forças de decadência e destruição seguidas de reconstituição física. Então, de forma inexplicável, se desperta curado. A doença torna-se, assim, um veículo para um plano mais elevado de consciência, em que o xamã percebe que a energia dele é muito maior do que ele percebia e, aliando sua experiência ao conhecimento sagrado recém-adquirido, ele passa a curar realizando mudanças no mundo dos homens. Em culturas nativas é compreendido que a crise xamânica reflete o mais alto chamado e nela está sua natureza curadora e benevolente. O mesmo é verdadeiro sobre o despertar da kuṇḍalinī, como é descrito na literatura do Yoga, sendo enfatizado, em ambas as literaturas, que resistir ao processo pode ser muito perigoso.

Percepções Extra-sensoriais: surge a capacidade de poder acessar às três dimensões temporais (gerando retrocognição, clarividência e pré-cognição) e ter visão à distância, tópicos estudados pela parapsicologia, podendo fazer também, à semelhança do xamã, ‘viagens’ por outras dimensões do espaço (mundos paralelos) e até interferir diretamente sobre a matéria (fenômenos de telecinese). Essas capacidades tanto podem ser conseqüência de práticas espirituais como serem espontâneas e precursoras do processo de abertura espiritual. A literatura do Yoga é repleta de descrições acerca dessas capacidades obtidas (siddhis).

Mediunidades e Canalizações: a capacidade de se comunicar, através do pensamento, psicografia ou audição superfísica, com seres de outras dimensões transpessoais de consciência.

Experiências com OVNIS: David Lukoff relatou, em sua palestra no IV Congresso Internacional da Associação Luso Brasileira de Transpessoal (ALUBRAT), que cerca de 1% da população norte-americana relata ter sido vítima de abdução e 15% relata ter visto OVNIs. A pesquisa ufológica no Brasil é particularmente séria e os fenômenos de comunicação, em geral, são os mesmos envolvidos na mediunidade e canalização, embora os relatos de encontros físicos e seqüestros por espaçonaves também sejam freqüentes e motivo de fortes alterações psicológicas e espirituais.

Estados de Possessão: David Lukoff ressalta que 80% das religiões do planeta crêem em possessões, havendo sérios estudos a esse respeito na comunidade espírita brasileira. Em geral a pessoa sente-se invadida por um tipo de energia estranha e hostil, acarretando os mais diversos transtornos psicológicos e espirituais.

As experiências de emergências espirituais podem ser desencadeadas por:

Fatores físicos: doenças, acidentes, esforço físico extremo, insônia, experiência sexual intensa;

Fatores Emocionais: perdas de pessoas, fracassos, experiências com alucinógenos, psicoterapias experienciais, pânico;

Fatores Espirituais: meditações ou outras práticas espirituais ativadoras.

Há semelhança, em vários níveis da fenomenologia, com diversas psicoses, mas, ao contrário dessas últimas, as emergências espirituais (ou crises de transformação), em geral, apresentam um bom prognóstico. Os critérios para isso são:

Bom funcionamento prévio (bom relacionamento pessoal, escolar, etc.) e ser desencadeado por estresse;

Os sintomas aparecem agudamente (3 meses ou menos);

Atitude exploratória positiva: atitude curiosa sobre a própria experiência, se outros passaram pelo mesmo, e não uma atitude de medo, paranóia ou desorganização conceitual a respeito;

Não ser um significativo risco para si e para os outros.


Diferenciação dos quadros


(1) Psicoses
(2) Emergências Espirituais

(1) Deterioração da consciência e da memória.
(2)Mudanças na memória e consciência, mas sem deterioração.

(1)Confusão e desorientação.
(2)Capacidade de se comunicar preservada.

(1)Antecedentes de dificuldades interpessoais.
(2)Antecedentes normais.

(1)Desorganização, descontrole, incoerência.
(2)Distinção entre o interno e o externo; coerência nos insights, sincronicidades.

(1)Confusão e abandono de si.
(2)Aceita ajuda e preserva cuidados com a própria alimentação e higiene.

(1)Desconfiança e hostilidade.
(2)Confiança e ausência de auto e hetero-agressividade


Vejamos então cinco orientações que podem nortear a conduta, perante um cliente com uma crise de emergência espiritual:

Acolher e criar um continente terapêutico. Mostrar que sua experiência está inserida no contexto de experiências espirituais, como forma de dar a ela um mapa cognitivo do que está acontecendo e ajudá-la a encarar, sem medo, a própria crise. Aqui, é essencial o preparo do profissional, de forma que ele possa acolher o cliente de uma forma compassiva e compreensiva, aceitando o quer que venha do seu inconsciente. A atitude, em geral, é considerar que as pessoas estão ‘malucas’ demais para falarem. É o oposto, falar ajuda a sair do mental e trazer a pessoa para a realidade física:

Contar a história – a maior parte desses clientes, ao ser internado num hospital psiquiátrico, não consegue a atenção dos demais, aliás, nem podem contar suas histórias;

Investigar heranças simbólicas, espirituais e culturais que a pessoa tenha; e

Criar uma nova mitologia pessoal através dos símbolos pesquisados.

Reduzir a estimulação ambiental e inter-relacional, bem como parar com todas as práticas espirituais que porventura possam ser associadas com a crise. Deve-se encorajar atividades artísticas, como desenho, fotografia, pintura (mandalas), argila, dança ou poesia, inclusive nas sessões terapêuticas, como forma de fazer ‘ground’, mantê-lo no aqui-e-agora presente. Encorajar o paciente a expressar suas vivências de alguma forma, particularmente pela arte. auxilia a expressar o que se pensa e se sente, permitindo ao cliente certa distância da experiência. Ajuda muito manter o contato visual com o paciente (ground de olho), para ele não fugir para seu mundo interno;

Atividades físicas leves, como caminhadas na natureza, jardinagem, etc., também são muito bem vindas, como forma de acalmar o cliente, gastar a energia excedente que aflora e manter o contato da mente com a dimensão física da realidade, ‘enraizando-o’;

Recomenda-se instituir uma mudança alimentar para uma forma mais ‘pesada’ (que inclua integrais, lácteos, leguminosas e carnes), pois o jejum leva algumas pessoas a esses estados. Frutas, sucos e saladas não são alimentos que enraízam. Deve-se também evitar o açúcar, o café e o álcool;

A medicação pode ser útil em casos específicos (embora seja controverso o seu uso), para reduzir a intensidade da experiência a níveis aceitáveis.


BIBLIOGRAFIA

As referências bibliográficas acham-se assim indicadas: xx:yy, onde ‘xx’ é o número da referência contido na BIBLIOGRAFIA (no final do livro) e ‘yy’ é a página onde se encontra.

Azevedo, Cláudio; A Caminho no Ser: Uma Visão Transpessoal

Quando precedendo ‘xx’ estiver escrito YS, a obra referenciada é o Yoga Sūtra de Patāñjalī, BG quando for Bhagavad Gītā, VC quando for o Viveka Chūdāmani, TB quando for o Tattvabodhaḥ e SS quando a obra referenciada for o Śiva Sūtra (obra de referência no Śivaísmo de Cachemira). Nesses casos ‘xx’ é o capítulo e ‘yy’ é o sūtra.

1. Grof, Stanislav & Bennet, Hal Zina; Mente Holotrópica: Novos conhecimentos sobre a psicologia e pesquisa da consciência; Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1.992.

A emergência do novo paradigma: comunidade planetária e cósmica

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A consciência da crise planetária em reconhecimento

• Os recursos tem limites, pois nem todos são renováveis;
• O crescimento indefinido para o futuro é impossível;
• O modelo de sociedade e o sentido de vida que os seres humanos projetaram para si, pelo menos nos últimos 400 anos, estão em crise;
• O modelo em termos de lógica do cotidiano era e continua sendo: o importante é acumular grande numero de meios de vida, de riqueza material, de bens e serviços para desfrutar a curta passagem pelo planeta;
• A ciência, que conhece os mecanismos da Terra, e a técnica, que faz intervenções nela para benefício humano, nos ajudam a realizar os propósitos deste processo, com a máxima velocidade possível;
• Nesta pratica cultural, o ser humano se entende como um ser sobre as coisas, jamais como alguém que está junto com as coisas, como membro de uma comunidade maior, planetária e cósmica.

Levando adiante este nosso sentido de ser e, se dermos livre curso à lógica produtivista, poderemos chegar a efeitos irreversíveis para a natureza e a vida humana, como aparentemente todos sabem.

Mudança de comportamento na ciência

Neste contexto dramático, a ecologia está sendo evocada. O que se visa não é o meio ambiente, mas o ambiente inteiro. Um ser vivo não pode ser visto isoladamente como um mero representante de sua espécie, mas deve ser vislumbrado e analisado sempre em relação ao conjunto das condições vitais que o constituem e no equilíbrio com todos os demais representantes da comunidade dos viventes em que se apresenta.

Tal concepção fez com que a ciência deixasse os laboratórios e se inserisse organicamente na natureza, onde tudo convive com tudo formando uma imensa comunidade ecológica. Um saber das relações, interconexões, interdependências e intercâmbios de tudo com tudo em todos os pontos e em todos os momentos.

Não pode ser definida em si mesma, fora de suas implicações com outros saberes. Ela não é um saber de objetos de conhecimento, mas de relações entre os objetos de conhecimento. É um saber de saberes, entre si relacionados.

Deve articular-se em quatro eixos que se interpenetram:

Ecologia ambiental - Esta primeira vertente se preocupa com o meio ambiente, para que não sofra excessiva desfiguração, com qualidade de vida e com a preservação das espécies em extinção. Ela vê a natureza fora do ser humano e da sociedade. Procura tecnologias novas, menos poluentes, privilegiando soluções técnicas. Ela é importante porque procura corrigir os excessos da voracidade do projeto industrialista mundial, que implica sempre custos ecológicos altos. Se não cuidarmos do planeta como um todo, podemos submetê-lo a graves riscos de destruição de partes da biosfera e, no seu termo, inviabilizar a própria vida no planeta.

Ecologia social - Insere o ser humano e a sociedade dentro da natureza. Preocupa-se não apenas com o embelezamento da cidade, com melhores avenidas, com praças ou praias mais atrativas. Mas prioriza o saneamento básico, uma boa rede escolar e um serviço de saúde decente. A injustiça social significa uma violência contra o ser mais complexo e singular da criação que é o ser humano, homem e mulher. Ele é parte e parcela da natureza.

A ecologia social propugna por um desenvolvimento sustentável. É aquele em que se atende às carências básicas dos seres humanos hoje sem sacrificar o capital natural da Terra e se considera também as necessidades das gerações futuras que têm direito à sua satisfação e de herdarem uma Terra habitável com relações humanas minimamente justas.

Entretanto, o tipo de sociedade construída nos últimos 400 anos impede que se realize um desenvolvimento sustentável. É energívora, montou um modelo de desenvolvimento que pratica sistematicamente a pilhagem dos recursos da Terra e explora a força de trabalho.

No imaginário dos pais fundadores da sociedade moderna, o desenvolvimento se movia dentro de dois infinitos: o infinito dos recursos naturais e o infinito do desenvolvimento rumo ao futuro. Esta pressuposição se revelou ilusória. Os recursos não são infinitos. A maioria está se acabando, principalmente a água potável e os combustíveis fósseis. E o tipo de desenvolvimento linear e crescente para o futuro não é universalizável. Não é, portanto, infinito. Se as famílias chinesas quisessem ter os automóveis que as famílias americanas têm, a China viraria um imenso estacionamento. Não haveria combustível suficiente e ninguém se moveria.

Carecemos de uma sociedade sustentável que encontra para si o desenvolvimento viável para as necessidades de todos. O bem-estar não pode ser apenas social, mas tem de ser também sociocósmico. Ele tem que atender aos demais seres da natureza, como as águas, as plantas, os animais, os microorganismo, pois todos juntos constituem a comunidade planetária, na qual estamos inseridos, e sem os quais nós mesmos não viveríamos.

Ecologia mental - Chamada também de ecologia profunda, sustenta que as causas do déficit da Terra não se encontram apenas no tipo de sociedade que atualmente temos, mas também no tipo de mentalidade que vigora, cujas raízes alcançam épocas anteriores à nossa história moderna, incluindo a profundidade da vida psíquica humana consciente e inconsciente, pessoal e arquetípica.

Há em nós instintos de violência, vontade de dominação, arquétipos sombrios que nos afastam da benevolência em relação à vida e à natureza. Aí dentro da mente humana se iniciam os mecanismos que nos levam a uma guerra contra a Terra. Eles se expressam por uma categoria: a nossa cultura antropocêntrica.

O antropocentrismo considera o ser humano rei/rainha do universo. Pensa que os demais seres só têm sentido quando ordenados ao ser humano. Eles estão aí disponíveis ao seu bel-prazer. Esta estrutura quebra com a lei mais universal do universo, a solidariedade cósmica. Todos os seres são interdependentes e vivem dentro de uma teia intrincadíssima de relações. Todos são importantes.

Não há isso de alguém ser rei/rainha e considerar-se independente sem precisar dos demais. A moderna cosmologia nos ensina que tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as circunstâncias. O ser humano esquece esta realidade. Afasta-se e se coloca sobre as coisas em vez de sentir-se junto e com elas, numa imensa comunidade planetária e cósmica. Importa recuperarmos atitudes de respeito e veneração para com a Terra.

Isso somente se consegue se antes for resgatada a dimensão do feminino no homem e na mulher. Pelo feminino o ser humano se abre ao cuidado, se sensibiliza pela profundidade misteriosa da vida e recupera sua capacidade de maravilhamento. O feminino ajuda a resgatar a dimensão do sagrado. O sagrado impõe sempre limites à manipulação do mundo, pois ele dá origem à veneração e ao respeito, fundamentais para a salvaguarda da Terra. Cria a capacidade de religar todas as coisas à sua fonte criadora e função religadora.

Ecologia integral - Por fim, a quarta parte de uma nova visão da Terra. É a visão inaugurada pelos astronautas a partir dos anos 60, quando se lançaram os primeiros foguetes tripulados. Eles vêem a Terra de fora da Terra. De lá, de sua nave espacial ou da Lua, como testemunharam vários deles, a Terra aparece como resplandecente planeta azul e branco que cabe na palma da mão e pode ser escondido pelo polegar humano.

Daquela perspectiva, Terra e seres humanos emergem como uma única entidade. O ser humano é o próprio planeta enquanto sente, pensa, ama, chora e venera. A Terra emerge como o terceiro planeta de um Sol que é apenas um entre 200 bilhões de outros de nossa galáxia, que, por sua vez, é uma entre 200 bilhões de outras do universo. Cosmos que, possivelmente, é apenas um entre outros milhões paralelos e diversos do nosso. E tudo caminhou com tal calibragem que permitiu a nossa existência aqui e agora. Caso contrário não estaríamos aqui.

Os cosmólogos, vindos da astrofísica, da física quântica, da biologia molecular, numa palavra, das ciências da Terra, nos advertem que o inteiro universo se encontra em cosmogênese. Isto significa: ele está em gênese, se constituindo e nascendo, formando um sistema aberto, sempre capaz de novas aquisições e novas expressões. Portanto ninguém está pronto. Por isso, temos que ter paciência com o processo global, uns com os outros e também conosco mesmo, pois nós, humanos, estamos igualmente em processo de antropogênese, de constituição e de nascimento.

Três grandes emergências ocorrem na cosmogênese e antropogênese:

(1) a complexidade/diferenciação;
(2) a auto-organização/consciência;
(3) a religação/relação de tudo com tudo.

A partir de seu primeiro momento, após o Big-Bang, a evolução está criando mais e mais seres diferentes e complexos (1). Quanto mais complexos, mais se auto-organizam, mais mostram interioridade e possuem mais e mais níveis de consciência (2) até chegarem à consciência reflexa no ser humano.

O cosmos, pois, como um todo, possui uma profundidade espiritual. Para estar no ser humano, o espírito estava antes no universo. Agora ele emerge em nós na forma da consciência reflexa e da amorização. E, quanto mais complexo e consciente, mais se relaciona e se religa (3) com todas as coisas, fazendo com que o universo seja realmente uni-verso, uma totalidade orgânica, dinâmica, diversa, tensa e harmônica, um cosmos e não um caos.

As quatro interações existentes, a gravitacional, a eletromagnética e a nuclear fraca e forte, constituem os princípios diretores do universo, de todos os seres, também dos seres humanos. A galáxia mais distante se encontra sob a ação destas quatro energias primordiais, bem como a formiga que caminha sobre minha mesa e os neurônios do cérebro humano com os quais faço estas reflexões.



Tudo se mantém religado num equilíbrio dinâmico, aberto, passando pelo caos que é sempre generativo, pois propicia um novo equilíbrio mais alto e complexo, desembocando numa ordem, rica de novas potencialidades.

Comunidade planetária. O que é um paradigma?

Sentido amplo: "Constelação de opiniões, valores, métodos etc, participados pelos membros de uma determinada sociedade", fundando um sistema disciplinado mediante o qual esta sociedade se orienta a si mesma e organiza o conjunto de suas relações.

Sentido restrito: Os exemplos de referencia, as soluções concretas de problemas, tidas e havidas como exemplares e que substituem as regras explicitas na solução dos demais problemas da ciência normal.

Características do novo paradigma - A complexidade:

Lógica não linear - O real, em razão da teia de suas relações, é por sua natureza complexo.
O todo e a parte - O todo é mais que a soma das suas partes e, nas partes, se concretiza o todo (holograma).

Aqui estão os limites do paradigma clássico fundado na física dos corpos inertes e na matemática: só consegue estudar seres vivos reduzindo-os a inertes, vale dizer, destruindo-os. Faz-se necessário outros métodos adequados à complexidade que mantenha vivos os organismos vivos. Há a demanda de outra lógica que faça justiça à complexidade do real.

Existem hoje pelo menos cinco realizações da lógica:

• Lógica da identidade: Estuda a coisa nela mesma sem considerar o jogo de relações que a cerca. É linear e simples. É a lógica dos sistemas autoritários e de dominação, pois tende a enquadrar todos os que não são ela no seu esquema e no seu âmbito de influência;

• Lógica da diferença: Esta reconhece a não identidade, vale dizer, a alteridade, seus direitos de existir, sua autonomia e singularidade. É a pressuposição para qualquer diálogo pessoal e intercultural, para qualquer sistema político que aponte para a participação e inclusão do diferente;

• Lógica dialética: Esta procura confrontar a identidade com a diferença, incluindo-as num processo dinâmico, no qual a identidade aparece como uma tese (proposição), a diferença como uma antítese (contraproposição) das quais resulta a síntese que as inclui num nível mais alto e mais aberto a novos confrontos e inclusões. Qualquer pensamento criativo, sistema de comunicação e convivência humana comunitária ou política pressupõe uma lógica dialética. Os contrários também têm seus direitos assegurados e seu lugar na constituição do todo dinâmico e orgânico. A contradição pertence à realidade e o pensamento deve fazer-lhe justiça;

• Lógica da complementariedade/reciprocidade: Ela prolonga a lógica dialética. Nela apareceram articulados, formando um campo de forças, matéria e antimatéria, partícula e onda, matéria e energia, carga positiva e negativa das partículas primordiais etc. Mais que ver as oposições como na lógica dialética, importa ver as complementaridades/reciprocidades no sentido de formação de campos de relação cada vez mais dinâmicos, complexos e unificados.

Ela funciona em todos os grupos que valorizam as diferenças, as oposições dialéticas, a escuta atenta das varias posições e acolham as contribuições donde quer que venham. É através desta lógica que se estabelecem relações criativas entre os sexos, as raças, as ideologias, as religiões e se valorizam os diferentes ecossistemas num mesmo nicho ecológico;

• Lógica dialógica ou pericorética: Por esta se procura o diálogo em todas as direções e em todos os momentos. Por isso, supõe atitude o mais inclusiva possível e a menos produtora de vitimas. A lógica do universo dialógico, em que "tudo interage com tudo em todos os pontos e em todas as circunstâncias".

Crise do paradigma civilizacional

Em nossa tradição ocidental, conhecemos três grandes modelos cosmológicos:

-cosmologia antiga;
-moderna;
-contemporânea.

A cosmologia antiga via o mundo como um conjunto unitário, hierarquizado, sagrado e imutável. Sua metáfora é a escada dos seres. Na culminância está Deus, como o ser supremo, criador de todo o universo. Poderíamos também dizer que é uma cosmologia teocêntrica.

Paradigma clássico - Caracteriza-se por seus famosos dualismos, como a divisão do mundo entre material e espiritual, a separação entre a natureza e a cultura, entre ser humano e mundo, razão e emoção, feminino e masculino, Deus e mundo e atomização dos saberes científicos. Utilitarista e antropocêntrica, a crise atual é crise da civilização hegemônica. Crise do paradigma dominante. Modelo de relações mais determinante de nosso sentido de viver preponderante.

Qual o sentido primordial das sociedades mundiais hoje? É o progresso, a prosperidade, o crescimento ilimitado de bens materiais e de serviços.

Como se alcança este progresso? Mediante a utilização, exploração e potenciação de todas as forças e energias da natureza e das pessoas. O grande instrumento é a ciência e a técnica (tecnociência) que produz industrialismo, a informatização e a robotização. Estes instrumentos não surgiram por pura curiosidade, mas da vontade de poder, de conquista e de lucro.

Os pais fundadores de nosso paradigma moderno: Galileu Galilei, René Descartes, Francis Bacon, Isaac Newton e outros. A cosmologia moderna elaborada a partir da física de Newton, da astronomia de Copérnico e Galileu, bem como do método cientifico de Descartes, é dualista. O mundo é dividido em dois, o do material e do espírito.

Descartes ensinava "que nossa intervenção na natureza é para fazermo-nos ‘mestre e possuidores da natureza’."

Francis Bacon dizia que "Devemos subjugar a natureza, pressioná-la para nos entregar seus segredos, amarrá-la a nosso serviço e fazê-la nossa escrava."

Portanto, as ciências da natureza analisarão o mundo da matéria, enquanto deixarão para a filosofia e a teologia o mundo do espírito. O homem, na sua unicidade de realização e frustração, cientificamente não interessa. Só realmente conta o que é nele e no mundo mensurável. O resto é subjetivo e desinteressante do ponto de vista da ciência moderna.

Criou-se o mito do ser humano desbravador, prometeu indomável, com faraonismo de suas obras. A metáfora dessa cosmologia é a máquina. Deus vem representado como o grande arquiteto que planejou as leis desta máquina. Estas seguem o seu curso sem precisar mais da referencia da sua origem. Cabe ao ser humano conhecê-las e ordená-las para seu projeto. Essa cosmologia é antropocêntrica. Numa palavra: "O ser humano está sobre as coisas para fazer delas condições e instrumentos da felicidade e do progresso humano".

A partir dos anos 20, com a teoria da relatividade de Einstein, com a física quântica de Bohr, o princípio de indeterminabilidade de Heisenberg, com as contribuições da física teórica de I. Prigogine e I. Stengers, bem como as conquistas da psicologia do profundo (S. Freud e C. G. Jung). Da psicologia transpessoal (A. Maslow, P. Weil), da biogenética, da cibernética e da ecologia profunda surgiu uma nova cosmologia. A metáfora dessa cosmologia é a do jogo, da rede, do rizoma, do hipertexto e da dança. O cosmo não é totalizador, é distributivo.

Portanto, o suporte teórico tem vindo de muitos saberes que caracterizam a visão atual a partir da física quântica, da biologia combinada com a termodinâmica, da psicologia transpessoal, do conjunto de saberes que vem das ciências da Terra e da ecologia onde a realidade cósmica é representada como rede complexa de energias que se consolidam e que então se chamam matéria ou se mostram como energia pura formando campos energéticos e mórficos. Como uma dança , um rizoma, ou um jogo onde todos se inter-retro-relacionam, formando a religação universal. Essa cosmologia é participante. Elucidam os processos subjacentes da vida e evolução da consciência.

Consciência - Caracteriza-se por ser cósmica e pessoal ao mesmo tempo. É diferente de raciocínio. Apresenta-se como um fenômeno quântico. É a forma mais alta de vida.

Física quântica - Teoria científica elaborada nos primeiros anos do século XX, que ultrapassa a visão clássica do átomo (como a ultima partícula indivisível da matéria) para se deter na análise das partículas elementares que entram na formação do átomo. O núcleo é composto de prótons e nêutrons, por sua vez compostos de quarks e cerca de outras 100 subparticulas, topquark, que é a menor de todas. O conjunto das partículas é chamado hádrons.

Na teoria quântica, passou-se das partículas às ondas de energia, porque elas configuram energia densificada, chamada de quantun = quanta = pacotes de ondas. O que existe é um campo energético (teoria quântica relativística dos campos). Representa uma espécie de quadro resultante das interações continuas das partículas entre si. O efeito dessa teia permanente é o campo.

Bosons= dimensão energia/onda;
Fermions= dimensão matéria/partícula
"Boson é a relação e fermion é a coisa relacionada. Tudo, e também nós, humanos, somos compostos deles, na nossa dimensão individual e corporal."

Toda realidade fenomênica é quântica. Se apresenta sob dois aspectos: onda e partícula, simultaneamente. Partícula e onda = campo.

Campo - provém de algo ainda mais básico, não perceptível por nenhum instrumento, mas deduzido pela dinâmica do campo que continuamente remete a algo mais fundamental que ele. É chamado de vácuo quântico, não é vazio como a palavra vácuo sugere. Representa o campo dos campos. O oceano de forças no qual tudo acontece e do qual tudo emerge para fora. O que emerge aparece ora como onda energética, ora como partícula material, ora como sendo onda e partícula simultaneamente e de forma complementar. Tudo sai do vácuo quântico e tudo retorna a ele.

A consciência portanto, representa um holismo relacional. A essência da consciência é uma totalidade permanente e indivisível, ou uma unidade coerente que resulta do conjunto das relações, que um ponto estabelece com tudo o que está a seu redor que vem do passado e se anuncia para o futuro.

Holismo - unidade na diversidade e diversidade na unidade
Condensados Bose-Einstein = quando a unidade atinge certo nível muito complexo, conseqüência de maior sobreposições de onda (bosons) emerge a matéria viva.

Condensados Bose-Einstein de tipo Fröhlich - os bosons se sobrepõem totalmente, formando um campo permanente de unidade. Essa unidade relacionada é holística, está em contato com o meio, recebe todo tipo de informações e as ordena em sua unidade básica. É o surgimento da consciência humana.

Einstein comprovou que massa e energia são conversíveis. A energia pode virar matéria e a matéria pode virar energia. Fröhlich identificou as vibrações da consciência humana nos neurônios, há mais de 20 anos.

Sistema Prigogine do tipo Fröhlich - os sistemas vivos são abertos, tomam matéria desestruturada do meio, estabelecem com ela uma dialogação e, pela capacidade auto-organizadora própria de todos seres vivos, cria-se uma ordem nova mais alta.
A diferença entre os seres vivos e inertes reside no grau de densificação das relações, gestando uma unidade indivisível, sinfônica: a consciência humana. A diferença entre um e outro não é de princípio, mas de grau.

Genealogia da consciência

Começou na sua forma mais rudimentar, na unidade primordial das primeiras duas partículas elementares que interagiram e se relacionaram. Foi ascendendo, na medida que cresciam o leque de relações, num diálogo dinâmico com o meio (com os férmions) até chegar à complexidade suprema que se traduz em consciência reflexa. Desde então, o campo da consciência (bósons) e o campo da matéria (férmions) estão num permanente diálogo, causando ordens cada vez mais ricas, abertas e mais aceleradas em todos os campos da cultura, da sociedade, das religiões e da inteira humanidade.

Quando a consciência se transforma em ato de comunhão com o todo e de amornização com cada expressão de ser, o universo chega a si mesmo e se realiza mais plenamente. A aliança ecológica de interação e reconciliação é selada.

É o macrocosmo, totalmente interligado ao nanocosmo e as demais etapas intermediárias. Portanto, cuide-se sempre, pois você é portador de muito universos, talvez infinitos, que dependem de sua existência e assim sucessivamente.
http://www.ufo.com.br/noticias/a-emergencia-do-novo-paradigma-comunidade-planetaria-e-cosmica

Spiral Metamorphosis