1 de nov. de 2011

Eutimia - humor normal

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=252
Eutimia é o equilíbrio do humor, quando a consciência se acompanha de sentimentos equilibrados, nem exaltados e nem deprimidos.


A palavra grega Eutimia significa equilíbrio do humor (eu=normal; timo=humor). A partir da última CID (Classificação Internacional das Doenças) aparece o termo Distimia (dis=alteração) classificado como um dos tipos de Transtorno Persistente do Humor, onde a principal característica é a tendência constitucional do paciente em viver sob uma tonalidade afetiva tendendo à depressão, durante a maior parte do tempo. Por isso está incluída nos transtornos ditos Persistentes.

Saber exatamente quando o termo Eutimia aparece na história dos sintomas humanos é difícil mas, na obra do filósofo romano Sêneca (4aC-65dC) podemos ter uma idéia da importância do equilíbrio do humor na vida das pessoas.

Em A Tranqüilidade da Alma, Sereno pede à Sêneca uma orientação sobre importante questão existencial, uma espécie de inconstância da alma que o incomodava. Sêneca responde que "o objeto de tuas aspirações é, aliás, uma grande e nobre coisa, e bem próxima de ser divina, pois que é a ausência da inquietação.

Os gregos chamam este equilíbrio da alma de "euthymia" e existe sobre este assunto uma muito bela obra de Demócrito. Eu o chamo "tranqüilidade" pois é inútil pedir palavras emprestadas para nosso vocabulário e imitar a forma destas mesmas: é a idéia que se deve exprimir, por meio de um termo que tenha a significação da palavra grega, sem no entanto reproduzir a forma."

Portanto, pode ter sido esta uma das primeiras vezes que a psiquiatria conheceu a palavra Eutimia, para a qual Sêneca encontra como correspondente latino a idéia de tranqüilidade ou a ausência de inquietação.

Em seguida, Sêneca diz o que entende por tranqüilidade "Vamos, pois, procurar como é possível à alma caminhar numa conduta sempre igual e firme, sorrindo para si mesma e comprazendo-se com seu próprio espetáculo e prolongando indefinidamente esta agradável sensação, sem se afastar jamais de sua calma, sem se exaltar, nem se deprimir. Isto será tranqüilidade".

Nesta afirmativa, definitivamente Sêneca considera a Eutimia (ou sua tranqüilidade) como um estado de espírito equilibrado, entre sem se exaltar, sem se deprimir e sem se afastar da calma. Essa idéia de equilíbrio sensato deve ter sido baseado na definição de Aristóteles sobre a virtude, que para ele era a eqüidistância entre dois vícios, um por excesso e outro por falta.

Sêneca descreve pessoas vitimadas pela inconstância do humor, portanto, pessoas que se afastam da Eutimia, como se fosse um discurso atual, mostrando que os estados emocionais que angustiam atualmente o homem moderno não são, definitivamente, monopólio de nosso tempo.

"Para todos os doentes o caso é o mesmo: tanto tratando-se daqueles que se atormentam por uma inconstância de humor, seus desgostos, sua perpétua versatilidade e sempre amam somente aquilo que abandonaram, como aqueles que só sabem suspirar e bocejar. Acrescenta-lhes aqueles que se viram e reviram como as pessoas que não conseguem dormir, e experimentam sucessivamente todas as posições até que a fadiga as faça encontrar o repouso: depois de ter modificado cem vezes o plano de sua existência, eles acabam por ficar na posição onde os surpreende não a impaciência da variação mas a velhice, cuja indolência rejeita as inovações. Ajunta, ainda, aqueles que não mudam nunca, não por obstinação, mas por preguiça, e que vivem não como desejam, mas como sempre viveram."

Vemos claramente neste texto os atuais tipos psicológicos dos depressivos clássicos, que amam aquilo que abandonaram, os deprimidos ansiosos, que se viram e reviram, os distímicos mal adaptados que rejeitam inovações e não suportam o amadurecimento e os depressivos introvertidos, apáticos por natureza. Não há espaço para transcrever tanto de Sêneca, mas apenas mais um trecho, onde diz:

"Há, enfim, inúmeras variedades do mal, mas todas conduzem ao mesmo resultado: o descontentamento de si mesmo. Mal-estar que tem por origem uma falta de equilíbrio da alma e das aspirações tímidas ou infelizes, que não se atrevem a tanto quanto desejam, ou que se tenta em vão realizar e pelas quais nos cansamos de esperar. É uma inconstância, uma agitação perpétua, inevitável, que nasce dos caracteres irresolutos..."

De fato, falando dA Tranqüilidade da Alma, Sêneca fala do perfil afetivo da personalidade e das alterações humorais que afligem os portadores de transtornos afetivos. Se o sentido atribuído por Sêneca à tranqüilidade está claro, que sentido ele atribuía à Alma?

Vinte séculos depois de Sêneca, Karl Jaspers também entendia a Alma humana como sendo o atributo mental responsável pela consciência existencial do ser e da realidade. É a parte sublime e sensível de nosso ser, a parte que transcende o objeto, a parte que abstrai e vai além do significado simples das coisas, diz respeito mais ao significante e ao subjetivo que ao significado e objetivo. Na realidade, percebemos a vida pelos órgão dos sentidos (senso-percepção) mas, de fato, sentimos a vida através da Alma.

Em termos qualitativos poderíamos avaliar a Alma da mesma forma como avaliamos a qualidade da consciência e, entre tantas variáveis que influem na qualidade da consciência, teríamos de destacar também as disposições individuais que caracterizam a maneira das pessoas representam o mundo e a si próprias. Dependendo da maneira como nossa consciência representa a existência, nossa e do mundo, reagiríamos emocionalmente vivendo dessa ou daquela maneira. Mesmo sobre predisposições Sêneca alertava para a necessidade de "examinar se nossas disposições naturais nos tornam mais aptos para a ação ou aos trabalhos sedentários e à contemplação pura".

No âmago da questão vivencial, vamos concluir que nossa existência é sentida mais pelas representações que temos de nosso mundo e pelos sentimentos desencadeados por essas representações, do que da vida e do mundo em si mesmos. Assim sendo, a responsabilidade por nossos sentimentos não pode recair exclusivamente sobre o teor dos fatos, objetos e acontecimentos. Esses sentimentos dependem fortemente da Alma do sujeito que vivencia tais acontecimentos, dependem daquilo que esses acontecimentos representam exatamente ao sujeito.

Uma flor pode representar algo diferente para diferentes pessoas, representações que ultrapassam o significado do simples objeto flor; pode representar um mimo comemorativo, uma paixão, uma mercadoria comercial, um objeto de estudo científico...

De modo geral podemos dizer que o valor representativo dos objetos (o significante das coisas), nasce e flui do sujeito em direção ao objeto e não ao contrário, como somos levados a crer. Os acontecimentos podem estimular sentimentos diferentes em diferentes pessoas; um selo perdido, por exemplo, pode estimular sentimentos diferentes entre um filatelista e um botânico, assim como a morte de uma árvore terá representações diferentemente entre os dois. Quando temos consciência de que estamos tomando algum medicamento, seu efeito pode não depender apenas do real valor terapêutico do mesmo, dependerá também daquilo que o medicamento representa para o sujeito.

Sendo a Eutimia o equilíbrio do humor (ou equilíbrio afetivo), podemos considerar que, neste estado, a consciência da realidade vivida se acompanharia de sentimentos equilibrados, nem exaltados e nem deprimidos, portanto, como queria Sêneca, com tranqüilidade. Dessa forma, Tranqüilidade da Alma será um estado ou uma certa disposição de nosso espírito (ou consciência) para com a vida, de forma a atribuirmos para as coisas e para os fatos da vida valores compatíveis com nosso bem estar.

No ser humano a relação entre a consciência e o sentimento é tão íntima que, à cada consciência deve corresponder, obrigatoriamente, algum sentimento. A neurociência tem se esforçado em explicar o aspecto neurológico da consciência, sendo o modelo das assembléias neuronais um dos mais creditados atualmente. Segundo esse modelo, os neurônios são capazes de se associarem rapidamente, formando grupos (assembléias) funcionais para realizarem uma determinada tarefa. Uma vez que esta tarefa esteja terminada, o grupo é dissolvido e os neurônios novamente ficam aptos a se engajarem em outras assembléias para cumprirem uma nova tarefa e assim, continuamente, as consciências vão se sucedendo . Evidentemente os sentimentos vão acompanhando as consciências que temos da nossa realidade.

A dúvida (entre muitas) que os psiquiatras experimentam é acerca da valorização emocional e pessoal dessa consciência. Seria a atribuição da Alma de valorizar tudo aquilo que é vivido, simultânea ou posterior à consciência que se tem do vivido? Em termos mais neurocientíficos, os sentimentos seriam anteriores, simultâneos ou posteriores às assembléias neuronais constituídas?

Se nossos sentimentos, sejam eles de alegria, tristeza, prazer, ansiedade, angústia, medo, tédio, júbilo, etc., fossem simples respostas de nosso afeto à sucessão de fatos e acontecimentos da realidade, então seríamos levados à crer que tais sentimentos seriam simultâneos ou posteriores e proporcionais à consciência que temos da realidade. Se isso fosse verdade haveria obrigatoriedade em experimentarmos sentimentos agradáveis em resposta aos estímulos (consciências) agradáveis e, inversamente, sentimentos desagradáveis aos estímulos desagradáveis.

Mas não é isso que se observa na clínica. Há pessoas que, ao tomarem consciência do vivido, podem experimentar sentimentos depressivos, angustiosos ou ansiosos, de forma quase totalmente emancipada do valor objetivo dos fatos, objetos e eventos. Essa não-concordância dos sentimentos aos acontecimentos explica porque uma promoção profissional, por exemplo, para alguns é recebida com sentimentos de satisfação e para outros com sentimentos de medo ou de desespero. Também poderia responder porque o nascimento de um filho pode ser acompanhado de grande alegria, de angústia patológica ou depressão pós-parto, dependendo da pessoa que vive esse acontecimento.

Teriam, essas pessoas que não gozam da Eutimia, que não gozam da tranqüilidade da Alma, disposições afetivas específicas para que a consciência do vivido já se lhes apresentasse predominantemente de modo sofrível, temerário ou negativo? Assim sendo então, e parece ser, disporíamos de sentimentos prévios, ou matizes sentimentais prévias, anteriores à assembléia neuronal (consciência) e à espreita do quer que tomássemos conhecimento consciente para, independente do valor objetivo daquilo conscientizado, colorir à essa consciência com sentimentos predispostamente delineados.

Trazendo tão complexo tema para a simplicidade da cultura popular, poderíamos fazer a mesma indagação perguntando se "é a situação que faz o ladrão ou se, de fato, o ladrão já está feito e esperando o melhor momento para roubar?"


para referir:
Ballone GJ -Eutimia- in. PsiqWeb, Internet - disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.



REFERÊNCIAS
1. Os Pensadores, Vol. V, Abril Cultural, S. Paulo, 1973, p.192

2. SÊNECA, Sobre a Brevidade da Vida, trad. William Li, Novalexandria, S.Paulo, 1993.

3. AERTSEN A, DIESMANN M, GRŸN S, ARNDT M, GEWALTIG MO.: Coupling dynamics and coincident spiking in cortical neural networks. In: Supercomputers in Brain Research: pp 213-223. Herrmann H, et al.(eds). Singapore, World Scientific Publ., 1995.

4. AERTSEN A, ERB M, PALM G.: Dynamics of functional coupling in the cerebral cortex: a model-based interpretation. Physica D 75:103-128, 1994









http://www.psiquiatriageral.com.br/psicopatologia/sindromehumor.htm

SÍNDROME DA ALTERAÇÃO DO HUMOR


Prof. Aida Santin
Monitora Betina Kruter

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Afetos e humores referem-se a diferentes aspectos da emoção. O afeto é comunicado através da expressão facial, inflexão vocal, gestos e postura. O afeto visa indicar se uma pessoa está satisfeita, aflita, desgostosa ou em perigo.
Portanto, alegria, tristeza, raiva e medo são afetos básicos que servem a uma função comunicativa em humanos, bem como em outros mamíferos.
Os afetos tendem a ser expressões de curta duração, refletindo contingências emocionais momentâneas. Os humores transmitem emoções mais prolongadas, sua natureza mais constante significa que eles são vividos por um tempo suficiente para serem sentidos internamente.
As emoções normais de tristeza e alegria devem ser diferenciadas das síndromes patológicas depressiva e maníaca. A tristeza, ou depressão normal, é uma resposta universal a derrotas, decepções ou adversidades. A alegria está predominantemente ligada a conquistas, ao sucesso.  

Síndrome: conjunto de sinais e sintomas que costumam aparecer juntos e pode ser determinada por diversas etiologias. Luto: é um estado emocional normal que se caracteriza pelo conjunto de sinais e sintomas que ocorrem como resposta a separações e perdas significativas. No DSM IV, o luto é descrito por sintomas (acentuado prejuízo funcional, preocupação mórbida com desvalia, ideação suicida, sintomas psicóticos ou retardo psicomotor) que persistem por não mais do que 2 meses após a perda de um ente querido.

Três grandes grupos de sintomas estão alterados nas síndromes depressiva e maníaca: afeto, cognição e percepção, atividade e comportamento. Destes é o afeto (humor) talvez o menos variável nos estados depressivos. Cognição e percepção mudam profundamente, bem como a atividade e o comportamento.
Afeto: Os estados mórbidos do humor são caracterizados pelos seguintes aspectos: (1) quando a intensidade é exagerada e está fora das proporções esperadas; (2) não respondem ao apaziguamento; (3) são mantidos por maior tempo do que o esperado; (4) tem efeito sobre o estado mental global, sendo o julgamento seriamente influenciado pelo humor; (5) são inadequados para a circunstância, assim: apatia, anedonia, insensibilidade para eventos agradáveis, hipersensibilidade para eventos desagradáveis, alegria excessiva.
Cognição e Percepção: Virtualmente toda a atividade mental está de forma marcadamente diminuída na depressão e aumentada na mania. Por definição, quando pacientes com depressão e mania apresentam obscurecimento da consciência, delírios e alucinações, fala-se que esses apresentam depressão com psicose ou mania com psicose. No entanto, pensamentos suicidas, ruminações mórbidas e pensamentos hipocondríacos são comuns nos estados depressivos. No estado maníaco, são características a onipotência no pensamento e a grandiosidade.
Atividade e comportamento: O pensamento e a expressão verbal, a atividade e o comportamento estão quase sempre lentificados na depressão. Fadiga, falta de atividade (adinamia), prejuízo na vontade de querer (avolia), e profundas alterações nos padrões de sono e alimentação podem estar presentes na síndrome depressiva. Na síndrome maníaca, há aceleração de todas as funções, o pensamento e a expressão verbal, a atividade e o comportamento estão acelerados.

   
SÍNDROME DEPRESSIVA

Lista de Sinais e Sintomas:

a. Humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades: O humor é descrito pela pessoa como triste, deprimido, desesperançado, desencorajado. A expressão facial e corporal mostra-se deprimida. O paciente pode ter queixas somáticas, como dores corporais. Alguns referem aumento da irritabilidade (raiva persistente, tendência para responder a eventos com ataques de ira ou culpando os outros, ou um sentimento exagerado de frustração por questões menores). A perda de interesse ou prazer está quase sempre presente, pelo menos em algum grau. A pessoa apresenta menor interesse por passatempos, tem menos prazer com qualquer atividade anteriormente considerada agradável. Pode haver redução do interesse ou desejo sexual.
b. Alterações do apetite ou peso, sono e atividade psicomotora: O apetite geralmente está reduzido, muitos se forçam a comer. Pode também haver um aumento do apetite. A alteração do sono mais freqüente é a insônia. Os pacientes também podem apresentar hipersônia noturna ou diurna. As alterações psicomotoras incluem a agitação (incapacidade de ficar sentado quieto, ficar andando sem parar, agitar as mão, puxar ou esfregar a pele, roupas ou objetos) ou o retardo psicomotor (discurso, pensamento ou movimentos corporais lentificados, fala com volume diminuído, fala menos). As outras pessoas devem perceber a alteração psicomotora, não sendo somente um relato do paciente.
c. Diminuição da energia: O paciente pode relatar fadiga persistente sem esforço físico. As tarefas leves parecem exigir um esforço substancial. Pode haver diminuição na eficiência para realizar tarefas.
d. Sentimentos de desvalia ou culpa: Pode incluir avaliações negativas e irrealistas do próprio valor, sentimentos de culpa e ruminações acerca de pequenos fracassos do passado. Essas pessoas geralmente interpretam mal eventos triviais ou neutros do cotidiano, como evidências de defeitos pessoais, e têm um senso exagerado de responsabilidade pelas adversidades. Esses sentimentos podem assumir proporções delirantes.
e. Dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões: As pessoas podem distrair- se facilmente e ter dificuldade de memória.
f.  Pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio: Esses pensamentos variam desde uma crença de que seria melhor estar morto até pensamentos transitórios porém recorrentes sobre cometer suicídio ou planos específicos para se matar.



SÍNDROME MANÍACA

Lista de Sinais e Sintomas

a. Humor elevado: Eufórico, incomumente bom, alegre ou excitado. Humor expansivo:Entusiasmo incessante e indiscriminado por interações interpessoais, sexuais ou profissionais (ex. pode ter longas conversas com estranhos em locais públicos). Humor instável.
b. Auto estima inflada ou grandiosidade: Tipicamente presente, indo desde uma autoconfiança sem crítica até uma acentuada grandiosidade que pode alcançar proporções delirantes. Os indivíduos podem oferecer conselhos sobre questões acerca das quais não possuem qualquer conhecimento especial. Podem, sem experiência ou talento qualquer, começar a escrever um romance, uma sinfonia.
c.  Necessidade de sono diminuída: A pessoa acorda várias horas antes do habitual, sentindo-se cheia de energia. Pode passar dias sem dormir, sem sentir-se cansado.
d.  Pressão por falar: A fala é pressionada, alta, rápida, difícil de interromper. 
e.  Fuga de idéias: Com mudanças abruptas de um assunto para o outro. Experiência subjetiva de que os pensamentos estão correndo: Os pacientes descrevem como se estivessem assistindo dois ou três programas de TV simultaneamente. 
f.  Distratibilidade: Incapacidade de filtrar estímulos externos irrelevantes. 
g.  Maior envolvimento em atividades dirigidas a objetivos: Participação em múltiplas atividades (sexuais, profissionais, políticas ou religiosas). Há um aumento da sociabilidade (renovar antigas amizades, telefonar para amigos ou pessoas a qualquer hora do dia). Apresentam agitação ou inquietação psicomotora, andam sem parar, mantém múltiplas conversas simultaneamente. 
h.  Expansividade, otimismo injustificado, grandiosidade e fraco julgamento levam aoenvolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para conseqüências dolorosas, como surtos de compras, direção imprudente, investimentos financeiros tolos e comportamento sexual incomum para a pessoa. 

Síndrome Depressiva
Estados depressivos caracterizados por uma lentificação e diminuição em quase todos os aspectos das emoções e do comportamento: velocidade do pensamento e fala, energia, sexualidade e habilidade para sentir prazer. A severidade da doença varia amplamente.
O humor é usualmente desolado, pessimista e desesperado. Acompanha um profundo senso de futilidade, muitas vezes precedido pela crença de que a habilidade de experimentar prazer definitivamente se foi. O mundo físico e o emocional são experimentados como monocromáticos, como sombras cinzas e negras. Aumento da irritabilidade, raiva, idéias, turbulência emocional e ansiedade estão muitas vezes correlacionadas ao humor depressivo.
Os sintomas podem variar desde uma leve diminuição da atividade física e mental, com pequenas distorções cognitivas e da percepção, ao profundo estupor depressivo, delírios, alucinações e obscurecimento da consciência.  
Síndrome Maníaca
Estados maníacos se caracterizam tipicamente por humor elevado, fala abundante e rápida, pensamentos acelerados, nível de atividades física e mental elevado, mais energia (com uma correspondente diminuição da necessidade de sono), irritabilidade, aumento da sensibilidade e sexualidade, paranóia e impulsividade.


No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 4a edição - DSM IV (Diagnostic and Statistic Manual of Mental Disorders) da Associação Americana de Psiquiatria - as síndromes de alteração do Humor são classificadas assim:



EPISÓDIOS DE HUMOR

1. Episódio Depressivo Maior - um período mínimo de 2 semanas, durante as quais há um humor deprimido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes o humor pode ser irritável ao invés de triste. O indivíduo também deve apresentar quatro sintomas adicionais extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou no peso, no sono e na atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa; dificuldades para pensar, concentrar-se ou tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. Os sintomas devem persistir na maior parte dos dias, praticamente todos os dias. O episódio deve ser acompanhado por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. O episódio não deve decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma droga de abuso ou um medicamento. Também não deve decorrer de uma condição médica geral e nem ser melhor explicado por luto.  

2. Episódio Maníaco - É definido por um período distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável. Este período de humor anormal deve durar pelo menos uma semana (ou menos se a hospitalização for exigida). A perturbação do humor deve ser acompanhada por pelo menos 3 sintomas adicionais de uma lista que inclui: auto-estima inflada ou grandiosidade, necessidade de sono diminuída, pressão por falar, fuga de idéias, distratibilidade, maior envolvimento em atividade dirigidas a objetivos ou agitação psicomotora, e envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para conseqüências dolorosas. Se humor irritável, pelo menos 4 dos sintomas adicionais devem estar presentes. Os sintomas não satisfazem os critérios para um episódio misto, que se caracteriza pelos sintomas tanto de um episódio maníaco quanto de um episódio depressivo maior, ocorrendo quase todos os dias, por pelo menos uma semana. A perturbação deve ser suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou para exigir hospitalização, ou é marcada pela presença de aspectos psicóticos. O episódio não deve decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma droga de abuso, um medicamento, outros tratamentos somáticos para a depressão ou exposição a toxina. Também não deve decorrer de uma condição médica geral.

3. Episódio Misto - Satisfazem-se os critérios para episódio maníaco e depressivo quase todos os dias, por no mínimo uma semana. A perturbação deve ser suficientemente severa para causar prejuízo acentuado no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo ou para exigir hospitalização, ou é marcada pela presença de aspectos psicóticos. O episódio não deve decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma droga de abuso ou um medicamento ou decorrer de uma condição médica geral.
4. Episódio Hipomaníaco - É definido como um período distinto, durante o qual existe um humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável, com duração mínima de 4 dias. A perturbação do humor deve ser acompanhada por pelo menos 3 sintomas adicionais de uma lista que inclui: auto-estima inflada ou grandiosidade, necessidade de sono diminuída, pressão por falar, fuga de idéias, distratibilidade, maior envolvimento em atividade dirigidas a objetivos ou agitação psicomotora, e envolvimento excessivo em atividades prazerosas com um alto potencial para conseqüências dolorosas. Se o humor é irritável, pelo menos 4 dos sintomas adicionais devem estar presentes. Comparado com um episódio maníaco, um episódio hipomaníaco não é suficientemente severo para causar prejuízo acentuado no funcionamento social, profissional ou outras áreas importantes da vida do indivíduo ou para exigir hospitalização e não existem aspectos psicóticos. O episódio não deve decorrer dos efeitos fisiológicos diretos de uma droga de abuso ou um medicamento ou decorrer de uma condição médica geral.
   


TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
1. Transtorno Depressivo Maior - um ou mais episódios depressivos maiores (2 semanas de humor deprimido ou perda de interesse, acompanhada por pelo menos quatro sintomas adicionais de depressão).
2. Transtorno Distímico - pelo menos 2 anos de humor deprimido na maior parte do tempo, acompanhado de sintomas adicionais de depressão, que não satisfazem os critérios para um episódio depressivo maior.
3. Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação - não satisfaz critérios para transtorno depressivo maior, transtorno distímico, transtorno de ajustamento com humor deprimido ou transtorno de ajustamento misto de ansiedade e depressão.



TRANSTORNOS BIPOLARES
1. Transtorno Bipolar I - um ou mais episódios maníacos ou mistos, geralmente acompanhados por episódios depressivos maiores.
2. Transtorno Bipolar II - um ou mais episódios depressivos maiores, acompanhado por pelo menos um episódio hipomaníaco.
3. Transtorno Ciclotímico - pelo menos 2 anos com numerosos períodos de sintomas hipomaníacos, que não satisfazem critérios para um episódio maníaco, e numerosos períodos de sintomas depressivos, que não satisfazem critérios para um episódio depressivo maior.
4. Transtorno Bipolar Sem Outra Especificação - não satisfazem critérios para qualquer transtorno bipolar específico



OUTROS TRANSTORNOS DO HUMOR
1.      Transtorno do Humor Devido a uma Condição Médica Geral
2.      Transtorno do Humor Induzido por Substância
3.      Transtorno do Humor Sem Outra Especificação




BIBLIOGRAFIA

1. ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV). Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul, 1995, 4a ed.

2. KAPLAN, H.; SADOCK, B.; GREBB, J. Compêndio de Psiquiatria: Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul, 1997, 7a.