A VERDADE VIBRA EM UMA DETERMINADA FREQUÊNCIA.
Segundo o "Gnosis", transmitido por Boris Mouravieff, existem dois tipos de seres humanos: Homem adâmico e homem pré-adâmico. Um tipo com alma potencial, e outro não tem alma individual. Apenas o primeiro tem a capacidade intrínseca de evoluir esotericamente e construir o centro magnético através da fusão de parte inferior com os centros superiores. Este último não tem a possibilidade em seu ciclo evolutivo atual para elevar-se para os centros superiores e sem acesso a um maior conhecimento / consciência / amor.
Olhando para o modelo dos chakras indiano, pode-se dizer que o homem pré-adâmico só existe nos três chakras inferiores, sem qualquer acesso às mais altas, enquanto o homem adâmico também existe na maior parte dos centros mais baixos, mas tem a capacidade de ativar e elevar-se para centros superiores através do trabalho esotérico consciente. Por enquanto, vamos limitar-nos a repetir que o homem adâmico contemporâneo, tendo perdido contato com seus centros superiores e, portanto, com o seu verdadeiro "eu", parece praticamente o mesmo que o seu homólogo pré-adâmico. No entanto, ao contrário deste último, ele ainda tem seus centros superiores, que garantem que ele tem a possibilidade de seguir o caminho da evolução esotérica. Neste momento, o homem pré-adâmico está privado dessa possibilidade, mas vai ser dado a ele e a humanidade se desenvolver como deveria durante a era do Espírito Santo.
Supressão e distorção do conhecimento esotérico é um dos meios de controle das massas aqui no planeta Terra. Isso vem acontecendo há milhares de anos. Ao entrarmos na era de transição, um conhecimento mais profundo sobre a nossa realidade e o mundo está vindo à superfície novamente, mas apenas aqueles capazes de ver realmente irão reconhecê-lo. A Verdade vibra em uma determinada frequência e que exige um certo estado de "Ser" para ver, compreender e, mais importante, aplicá-lo. Isto é conseguido através do trabalho esotérico.
www.grandeorienteiluminista.org.br
Adam Kadmon
(O Homem Celestial) Os cabalistas consideram as dez sephiroth e os Caminhos como uma unidade indivisível, para formar aquilo que se denomina Adam Kadmon,ou o Homem Celestial. Podemos supor que as sephiroth são os princípios cósmicos operativos no macrocosmo — universais, e correspondentemente, então, ao “Assim acima como é abaixo” —, elas têm seus reflexos no homem como características. Neste capítulo tentaremos correlacionar as sephiroth com os princípios que existem no homem e nos esforçaremos em traçar as correspondências e os paralelismos entre os diversos sistemas da psicologia mística. Se o estudante recordar perfeitamente algumas das importantes atribuições dadas nos capítulos anteriores terá muito pouca dificuldades para compreender o que se segue.
O que é o homem? É simplesmente pele, carne, ossos e veias?
Não! Aquilo que constitui o verdadeiro homem é a Alma; e aquilo que se chama pele, carne, ossos e veias, tudo isto é simplesmente um véu — uma cobertura exterior, porém não do Homem em si mesmo. Quando o homem se põe em marcha, se despoja de todas essas vestimentas com as quais estava vestido. E são todos estes ossos e tendões e as diferentes partes do corpo estão formadas nos segredos da Sabedoria Divina, atrás da Imagem Celestial. A pele tipifica os céus que são infinitos em extensão, cobrindo todas as coisas como uma vestimenta... Os ossos e as veias simbolizam o carro divino, os poderes internos do Homem. Porém estas são as vestimentas exteriores, pois na parte interior está o profundo mistério do Homem Celestial (Zohar). Esta citação do Sepher haZohar é a base sobre a qual se construiu um sistema coerente de psicologia ou pneumatologia, que pode parecer realmente muito estranho àqueles que não estejam familiarizados com as ideias gerais sustentadas pelo misticismo. Porém a ideia de um homem interno que usa uma mente e um corpo como instrumentos para a obtenção de experiência e, dessa forma, autoconsciência, é inerente a cada sistema místico que viu a luz do sol. As classificações da natureza do homem usada pelas diversas escolas de misticismo estão tabuladas no esquema adjunto, usando as dez sephiroth como a base para a comparação (figura 8, página 103)
Em suas análises do homem, os cabalistas encontraram que, de mãos dadas com o corpo físico, o homem teria uma consciência-desejo automática, ou formadora de hábitos, que lhe dava ímpeto e vontade em certas condições. Cuidava-se das funções de seu organismo, ao qual raramente se prestava atenção consciente, tais como a circulação do sangue, o pulsar do coração e os movimentos involuntários do diafragma que produzem a inspiração e expiração da respiração. Eles também notaram a faculdade da razão e da crítica, o poder pelo qual um homem vai desde as premissas à conclusão. E acima e além disto estava a entidade espiritual que usava este corpo, que utilizava este desejo e esta consciência racional.
Também deveria estar bastante claro para a análise ordinária, que no homem aparece estas três “vidas” distintas. Para explicar o parágrafo anterior em uma forma ligeiramente diferente, podemos dizer que há a vida do corpo, com sua multidão de desejos e instintos e com toda a maravilhosa maquinaria do corpo em funcionamento. Alguns cabalistas denominaram este aspecto do homem como Nephesch, a alma animal — não redimida. Depois está sua personalidade — o Ruach, um “Eu” constantemente mutável e inquieto, que conhecemos e pelo qual somos conscientes de nós mesmos. Finalmente, uma consciência superior, transcendendo a todas estas e abrangendo-as ao mesmo tempo, é oNeschamah, o Ego Verdadeiro.
A Nephesch foi parcialmente investigada por Freud, Adler e Jung, e além de todas as teorias, seus fatos observados concordam com a tradição cabalística. O Ruach tem merecido a atenção dos filósofos e o Neschamah parece ter sido tristemente esquecido.
Figura 7
IX
Inglês da
Coluna VIII
O Ponto, ou Mônada
O Self Criativo
O Self Intuitivo
O Intelecto
Subconsciência ou Consciência Automática
Corpo Físico
VIII
RabbiAzariel (revisado)
Yechidah
Chiah
Neschamah
Ruach
Nephesch
Guph
O Self Intuitivo
O Intelecto
Subconsciência ou Consciência Automática
Corpo Físico
VIII
RabbiAzariel (revisado)
Yechidah
Chiah
Neschamah
Ruach
Nephesch
Guph
VII
Egípcios
Khabs
Khu
Ab
Sekhem
Ba
Khat
Egípcios
Khabs
Khu
Ab
Sekhem
Ba
Khat
VI
Hatha Yoga
Chakra Sahasrara
Chakra Ajna
Chakra Visuddhi
Chakra Anahata
Chakra Svaddisthana
Chakra Manipura
Chakra Muladhara
V
Raja Yoga
Atma
Karano-padhi
Suksh-mopadhi
Sthulo-padhi
IV
Vedanta
Atma
Ananda-maykosa
Vijnana-maykosa
Mano-maykosa
Prana-mayakosa
Anna-mayakosa
Chakra Sahasrara
Chakra Ajna
Chakra Visuddhi
Chakra Anahata
Chakra Svaddisthana
Chakra Manipura
Chakra Muladhara
V
Raja Yoga
Atma
Karano-padhi
Suksh-mopadhi
Sthulo-padhi
IV
Vedanta
Atma
Ananda-maykosa
Vijnana-maykosa
Mano-maykosa
Prana-mayakosa
Anna-mayakosa
III
Teosofia
Atma
Buddi
Manas Superior
Manas
Kama
Prana
Linga-Sarira
Sthula-Sarira
II
Astrologia
Netuno (♆)
Urano (♅)
Saturno (♄)
Júpiter (♃)
Marte (♂)
Sol (☉)
Vênus (♀)
Mercúrio(☿)
Lua (☽)
Terra (△▽△▽)
I
Árvore da Vida
Kether
Chokmah
Teosofia
Atma
Buddi
Manas Superior
Manas
Kama
Prana
Linga-Sarira
Sthula-Sarira
II
Astrologia
Netuno (♆)
Urano (♅)
Saturno (♄)
Júpiter (♃)
Marte (♂)
Sol (☉)
Vênus (♀)
Mercúrio(☿)
Lua (☽)
Terra (△▽△▽)
I
Árvore da Vida
Kether
Chokmah
Binah
Chesed
Geburah
Tiphareth
Netzach
Hod
Yesod
Malkuth
1 a 10
A divisão anterior se chama a tríplice classificação do homem e é semelhante ao conceito cristão ortodoxo do Corpo, Alma e Espírito. Nesta relação se poderia acrescentar, todavia, outro princípio postulado pela cabala: o Neschamah desta classificação corresponderia ao conceito hindu de Jevatma, a alma ou o si mesmo condicionado. Nesta mesma filosofia teremos o conceito de Paramatma, o Eu Superior (Self Supremo), tendo um paralelismo no texto zohárico chamado Zureh, um protótipo celestial, espiritual e perfeito que nunca abandona sua morada no Olam Atsiluth(veja o capítulo sete). Os zoharistas concebem o Zureh relacionado de alguma forma com o Neschamah por laços espirituais e magnéticos. Isaac Myers tem umas referências muito interessantes que faz a este respeito. Diz que por devoção, a vontade mágica elevará a Neschamah até seuZureh, unindo-se então. “A alma superior prototípica se excita e, por influência mística, se encadeia entre si.” Esta ideia cai dentro do misticismo da cabala, onde a doutrina do êxtase desempenha um papel determinante e pertence, portanto, a um capítulo posterior.
♦ ♦ ♦
Os cabalistas têm outra maneira de olhar a constituição do homem — desta vez sob um ponto de vista mais prático. Está baseado naquilo que se chama a fórmula do Tetragrammaton, que consiste em atribuir as quatro letras YHVH (יהוהּ) às diversas partes do homem.
A primeira sephirah, Kether, a Coroa, não costuma incluir-se neste método particular; ou, quando o está, se chama simplesmente Deus, ou o objetivo da vida na qual um homem aspira unir-se.
Yod (י) se atribui a Chokmah e é denominado o Pai. Nos sistemas hindus corresponderia ao Atma, o Si mesmo. A Mãe é Binah, o Shechinah Celestial, e a primeira He (ה) é sua letra. O Envoltório Causal deveria ter o equivalente da ioga. A seguinte é o Filho, que está em Tiphareth, mas na realidade o agregado hexagonal de seis sephiroth tem sua base ou centro em Tiphareth. A letra do Filho é Vau (ו) — correspondendo ao conceito geral ao Sukshmopadhi, ou o Corpo Sutil. Agora, Malkuth, o Reino, é denominada a Virgem Não Redimida, e é a Nephesch, a alma animal do Homem, ou o Sthulopadhi. É a letra He final (הּ).
O Filho é o Augoeides, Aquele que Brilha com Luz Própria, a Alma Espiritual do Homem. Também é, de acordo com outro sistema, o Sagrado Anjo Guardião; e o objetivo desta classificação particular é que a Virgem não redimida, a “Nephesch”, deve desposar o Noivo Celeste, o Filho do Pai de Tudo, que está em Tiphareth. Este processo se denomina o êxito do Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. É a boda alquímica, as núpcias místicas da Noiva e o Noivo Celestiais.
Esta união faz da Virgem uma mulher grávida (Aimah, que é Binah), e finalmente a ela se une o Pai — e ambos, por esta razão, são absorvidos pela Coroa. Esta aparente obscuridade pode classificar-se de forma considerável: a He final é a Nephesch ou subconsciência. Normalmente a mente consciente de um, Vau ou o Filho, está em terrível conflito com o si mesmo subconsciente, e o resultado é a confusão e desorganização de toda a consciência. O primeiro objetivo de uma pessoa deve ser reconciliar o ego consciente com a mente subconsciente e situar o fator de equilíbrio entre os dois. Esta ideia é elaborada por Jung em seu comentário O Segredo da Flor de Ouro, de R. Wilhelm.
Quando esta fonte corrente de conflito desaparece ou, como este velho simbolismo diz, quando Vau (ו) e He final (הּ) se casam, um está em posição de obter o Entendimento, que é Binah, a primeira He (ה), e a Mãe. Desde o Entendimento que é Amor, pode surgir a Sabedoria. A Sabedoria é Yod (י), o Pai, Chokmah. Com a união em um mesmo de Sabedoria e Entendimento, pode adivinhar-se o propósito da vida e também o objetivo previsto ao final da mesma, e os passos que conduzem à consumação da União Divina podem se estabelecer sem perigo, sem medo e sem os conflitos ordinários da personalidade.
Posso acrescentar, só de passagem, que uma fórmula mágica muito influente se deriva desta classificação.
♦ ♦ ♦
Figura 9: A Constituição do Homem
Existe outra classificação, um pouco mais filosófica, que muitos preferem. Deriva, essencialmente, de O Comentário as Dez sephiroth, escrito em hebraico pelo rabino Azariel ben Menaham, já mencionado. Distinguiu-se como filósofo, cabalista e Talmudeista e foi aluno de Isaac o Cego, o fundador da Escola Cabalística de Gerona. Seu comentário, antes mencionado, está escrito de forma notavelmente lúcida e acadêmica, e a classificação é extremamente satisfatória.
Sua classificação fazia do homem uma entidade que possuía seis aspectos diferentes. Não se deve acreditar grosseiramente que o rabino Azariel supunha que estas seis divisões do homem podiam ser separadas e qualquer uma delas ser afastada. As seis divisões são apenas aspectos de “uma” entidade cuja natureza é a consciência. O Homem, como um todo, compreendendo suas diversas funções e poderes e as sephiroth formam uma Unidade Integral.
Rabino Azariel caracterizou a Tríade de sephiroth das Supremas como o denominado Homem Imortal. Kether é a Mônada, o centro não ampliado e indivisível de força espiritual e consciência — o “Yechidah”, que se traduz por “o Único”, ou o Si Mesmo Real, que é o Peregrino Espiritual Eterno, que se encarna de vez em quando “para disfrutar entre os vivos” (veja figura na página 106). É o ponto quintessencial de consciência, fazendo o homem idêntico a qualquer outra faísca de divindade e, ao mesmo tempo, diferente em relação ao seu ponto de vista individual. Alguns lhe chamam de Khabs ou a Estrela, do qual foi escrito: “Adora, portanto, o Khabs e contempla sua luz derramada sobre ti.” É o Atma dos hindus, a Superalma Universal, ou Si Mesmo no coração de cada ser, a Eterna Fonte de Vida, Luz, Amor e Liberdade.
Nesta série particular de correspondências, a Kether se atribui o planeta Netuno, que é o vice-regente, por dizê-lo de alguma maneira, da Noite, a personificação do Espaço Infinito. Está, dessa forma, remoto, só, perdido em sonhos, cochilos, aspirações e santidade, — suspenso sobre as coisas cósmicas — longe e além das coisas insignificantes da Terra. Também se atribui aqui o mais alto dos chakras, o Sahasrara, que no sábio iluminado se compara a um belo lótus de mil e uma pétalas.
Na descida até a manifestação e a matéria, o Yechidah adiciona a si mesmo um veículo criativo de uma natureza ideal, a Chiah, que é a Vontade ou impulso criativo do Ponto de Vista Original. Seu título teosófico é Buddhi,o veículo espiritual direto de Atma. O termo vedanta é Anandamayakosa,o Envoltório de Bênção, e no Raja Yoga é Karanopadhi, ou o instrumento ou veículo causal. Seu chakra ou centro nervoso astral é o Ajna, de duas pétalas, situado no cérebro, perto da glândula pineal, que alguns ocultistas afirmam ser um Terceiro Olho atrofiado, o órgão físico de clarividência espiritual verdadeira ou intuição. Seu planeta é Urano, simbolizando o altruísmo e o poder mágico do homem, capaz de maldades sem nome, o mesmo que de bondades, porém vital e necessário ao seu ser; além disso, está capacitado para a redenção, e quando está redimido constitui o maior poder para o bem possível.
O terceiro aspecto da entidade imortal é a “Neschamah” ou Intuição, a faculdade para a compreensão da Vontade da Mônada. Em teosofia este é o Supremo ou Buddi-Manas, que juntamente com o Atma-Buddi é o deus de alta e nobre categoria que se encarna nas formas grosseiras das raças primitivas da humanidade para dotá-los de mente. Os Manasaputras têm ambas as relações, as de Mercúrio e as do Sol. Os vedantistas chamam este princípio de Vijnanamayakosa, o Envoltório de Conhecimento; e seu chakra correspondente na ioga é o Visuddi, que se supõe localizado no corpo sutil, na coluna vertebral, em um ponto localizado na laringe.
Esta Trindade da Mônada espiritual original, seu veículo criativo e a intuição, formam uma Unidade Integral sintética que, filosoficamente falando, pode denominar-se o Ego Transcendental. É uma Unidade em uma única forma, e seus atributos se resumem nas três hipóteses hindus, mais reais talvez nas sephiroth, que as partes do homem de Sat, Chit, Ananda; o Ser Absoluto, a Sabedoria e a Bem-aventurança.
“Mais abaixo” do homem real existe essa parte dele que é perecedora — denominada o si mesmo inferior. “Mais abaixo” e “inferior” se usam claramente em um sentido metafísico, o leitor não deve imaginar que as partes do homem enumeradas aqui estão sobrepostas umas com as outras como, por exemplo, as capas de uma cebola. Todas estão interpretadas entre si, e ocupam a mesma posição pelo qual se refere ao espaço exterior. O aforismo de Madame Blavatsky referido aos quatro mundos encaixa aqui perfeitamente; estes diversos princípios estão em coadunação, porém não consubstancialidade.
As sephiroth superiores podem ser consideradas como reais e ideais, e as sete inferiores como atuais, e o espaço em branco, entre o conceito mental de ideal e atual, pode considerar-se que corresponde ao Abismo, onde todas as coisas existem em potencialidade — porém sem significado em si mesmas. O Abismo é a fonte de todas as impressões e o armazém, por assim dizer, dos fenômenos.
Mais abaixo do Abismo está o Ruach, o Intelecto, essa parte da consciência individualizada de uma pessoa que se torna consciente das coisas, as deseja e intenta consegui-las. É uma “máquina” criada, desenvolvida ou inventada pelo Si Mesmo para investigar a natureza do Universo. É essa parte de um mesmo que consiste em sensações, percepções e pensamentos, emoções e desejos. Blavatsky chama este princípio deManas, ou melhor dizendo, Manas inferior — esse aspecto do Manas “mais próximo” à natureza cármica —, e no Vedanta se conhece como oManomayasoka ou o Envoltório Mental; o Raja Yoga inclui nele várias das características da Nephesch, chamando-lhe de Sukshmopadhi ou corpo sutil. Seu chakra astral é o Anahata, que está no coração físico, ou próximo dele.
O Ruach compreende a quarta, quinta, sexta, sétima e oitava sephiroth, cujas atribuições são, respectivamente, Memória, Vontade, Imaginação, Desejo e Razão. (Veja a figura 10, página 109.)
Figura 10: As Faculdades do Ruach
A Memória é a matéria da mesma consciência. É, para usar uma metáfora, o almofariz da arquitetura da mente, essa faculdade integrante que combina todas as diversas sensações e impressões.
A Vontade é um princípio incolor movido pelo desejo, e incomparável ao mesmo. É o poder do Si Mesmo Espiritual em ação. Na vida ordinária não é, como deveria ser, o servente do homem, mas aquele que o governa com uma barra de ferro, obrigando-o a essas coisas das que ele tenta fugir.
A Imaginação é uma faculdade muito mal compreendia, a maioria das pessoas pensa nela com uma fantasia completa, usada enquanto se sonha desperto. Na realidade, entretanto, é a faculdade rainha, pois com a Vontade ela é o importantíssimo princípio usado nas operações de Magia ou Cabala Prática.
A Emoção ou o princípio teosófico de kama (o “id” de Sigmund Freud) é esse elemento de desejo ou emoção que pode ser totalmente dominado pela Nephesch, ou controlado pelo Neschamah.
Já consideramos a faculdade de raciocinar que tem o “Ruach” em um capítulo anterior — “O Fosso”. Em seu Oceano de Teosofia, William Quan Judge, um dos antigos fundadores da Sociedade Teosófica e um cooperador de Madame Blavatsky, escreveu que essa razão e a fria faculdade lógica não é senão o aspecto mais inferior de Manas. E isto é óbvio se tomarmos como ponto de referência a Árvore da Vida. A Razão é unicamente a oitava sephirah. As partes superiores do Ruach são uma Imaginação que quando se espiritualiza, junto com a Vontade, se convertem nessas duas faculdades de suprema importância para a Magia, como já foi dito antes. Porém são, todavia, Ruach.
Seus equivalentes espirituais são Chokmah e Binah, Sabedoria e Entendimento; o Chaiah e Neschamah, o Self Verdadeiro Criativo e o Self Intuitivo. A assunção de que o Ruach é o aspecto inferior do Pensador se viu corroborada pela história da filosofia. Para a análise da essência do intelecto se mostra tão inacessível como o é a natureza dos corpos externos, e alguns filósofos observando este fato e a experiência de que a mente não era senão uma sequência de estados de consciência e uma aparição associada de várias relações, consideraram que a existência da Alma não estava provada — confundindo a ideia de uma Alma com o instrumento que a mente usa. Hume e Kant demonstraram sua inerente natureza autocontraditória, porém o primeiro não percebeu um princípio integrante permanente que atua mediante as impressões.
Por conseguinte, argumentou — com seu Ruach, que é incompetente para discutir sobre tal ponto, já que sua natureza é autocontraditória, que a Alma, não sendo uma impressão ou uma sensação, nem uma entidade à que se possa observar, tendo-a ali para a análise quando se faz uma introspecção, não existia; esquecendo todo o tempo, ou não consciente do fato, o que é a Alma, ou como diriam os cabalistas, o Homem Verdadeiro por cima do Abismo, que está fazendo a introspecção e examinando os conteúdos de seu próprio Ruach.
O Ruach é o ego falso ou empírico. É essa parte de nós que se chama “Eu” e é justamente esse princípio que não é “Eu”. Seus modos mudam com o passar dos anos. Mais ainda, seus conteúdos nunca são os mesmos de um momento a outro. A destruição do atrativo cativeiro que o Ruach exerce sobre nós, permitindo dessa forma que a luz do Neschamah e os princípios mais elevados brilhem para iluminar nossas mentes e nossas vidas cotidianas, é uma das mais importantes tarefas do misticismo. De fato, a abnegação deste falso ego (bitol hoyesh) é o êxito essencial de todo o desenvolvimento espiritual.
Alguns cabalistas postulam uma sephirah chamada Daath ou “Conhecimento”, que é o filho de Binah e Chokmah, ou uma sublimação do Ruach, que se supõe aparecer no Abismo no curso da evolução do homem como a faculdade desenvolvida. Contudo se trata de uma falsa sephirah, e o Sepher Yetzirah, antecipando-se, nos avisa o mais enfaticamente possível que: “Dez são as inefáveis sephiroth. Dez e não nove. Dez e não onze. Compreende com Sabedoria e entenda com cuidado.” É uma sephirah não existente porque, por alguma razão, quando se examina o Conhecimento, vemos que contém a si mesmo — como a progênie de Ruach — o mesmo elemento de autocontradição, e estando situada no Abismo, dispersão e, portanto, autodestruição. É falsa porque, tão logo como o conhecimento se analisa de forma crítica e lógica, se desfaz na poeira e na areia do Abismo.
A unidade das diversas faculdades mencionadas, contudo, constitui o Ruach, que é denominada a Alma Humana.
O seguinte princípio é a Nephesch, a parte densa do espírito, o elemento vital que está en rapport com Guph, o corpo e a origem de todos os instintos e desejos da vida física. É a parte animal da alma, esse elemento dela que se põe, a maioria das vezes, em contato com as forças materiais do universo real exterior.
A Nephesch é, na realidade, um princípio dual; seus dois aspectos consistem em:
a) o que os hindus chamam de Prana, o elemento elétrico, dinâmico e vivificante que é a vida;
b) o Corpo Astral (Tselem). Estão considerados em dois, na cabala, com o título de Nephesch, porque a ação do prana é desconhecida e impossível sem o meio do corpo astral. Há uma parte no Zohar que se refere às vestimentas com as quais a Alma ou o Incorpóreo se vestem, e fala do corpo astral em termos muito peculiares:
Uma túnica exterior que existe e não existe; é vista e não vista. Com essa túnica a Nephesch se veste e viaja, de um lado a outro do mundo.
Em outro lugar há postulados inequívocos do corpo astral:
No livro do Rei Salomão encontra-se: Que no momento da realização da visão inferior, o Sagrado, bendito seja, envia um “deyooknah”, um fantasma ou sombra fantasmal como a cópia de um homem. Está desenhado à Imagem Divina (tselem)... e nesse tselem se cria o filho do homem... neste tselem se desenvolve, cresce, e neste tselem, novamente, abandona esta vida.
O postulado do Corpo Astral aumenta com a consideração de que no corpo físico encontramos um “algo” além de matéria; algo mutante, é verdade, porém indubitavelmente a mesma coisa desde o nascimento até a morte.
A Nephesch está em Yesod, a Lua (☽), a base cujo atributo é a Estabilidade na Mudança. Este “algo” ao qual nos referimos é a Nephesch, sobre a qual o corpo físico é moldado, pois a cabala considera o corpo transitório e em uma condição de fluxo perpétuo. Não é nunca o mesmo de um momento a outro, e dentro de um período de sete anos terá uma série de partículas completamente novas. Porém, apesar desta constante liberação de átomos, etc., existe algo que persiste desde o nascimento até a morte, mudando um pouco seu aspecto, porém permanecendo o mesmo, dando ao corpo uma aparência mais ou menos consistente durante toda a sua vida.
Este duplo astral ou Corpo de Luz, como também é chamado, também está composto de matéria em um estado totalmente diferente daquela do corpo físico; é sutil, magnética e elétrica. A Nephesch forma um vínculo entre o corpo e o Ruach, e se tentarmos desenhar em nossas mentes a imagem de um homem desde o seu nascimento até a sua morte, incorporando à imagem todos os traços e peculiaridade da infância, maturidade e senilidade, tudo ampliado no tempo, esse conceito expressará a ideia de um corpo astral, ou o Pranamayakosa do vedanta.
O princípio de Guph, o corpo físico, é atribuído a Malkuth, o Reino, a esfera dos quatro elementos, e é demasiado conhecido para necessitar de mais comentários ou descrições. Somente acrescentarei que a influência predominante da alma sobre o corpo, sendo o corpo interpenetrado e transbordante em todas as suas partes pelo Homem Real, e dependendo dele como a fonte de sua vida, são as implicações das ideias do Zoharsobre a alma. O Sepher Yetzirah faz um grupo elaborado de atribuições da Árvore apresentando as diversas funções físicas do homem, porém estas não são de muita importância para o nosso propósito presente.
Tenho me abstido de discutir aqui os diversos problemas e doutrinas da chamada Cabala Doutrinal, como a Evolução do Universo e do Homem, a Reencarnação, a Causalidade aplicada à Retribuição, porque, havendo postulado originalmente a incapacidade do Ruach para tratar adequadamente tais problemas, não seria útil dedicar-se a uma exposição destes pontos. Particularmente seria assim, tendo em conta os conceitos zoháricos e pós-zoháricos de Gilgolem, a Reencarnação.
Grande quantidade de pensamento solto e de assunção injustificada caracteriza a literatura cabalística no que se refere a este aspecto da doutrina esotérica, e opino que, apenas mediante um conhecimento profundo e bem assimilado de filosofias comparativas e ensinamentos esotéricos, se pode conseguir qualquer significado ou satisfação intelectual de, por exemplo, Gilgolem, do rabino Isaac Luria. Em qualquer caso, esta doutrina e as outras já mencionadas somente podem ser resolvidas e compreendidas por uma pessoa que chegou a uma compreensão de sua Verdadeira Vontade, conhecendo-se a si mesmo e sabendo que é uma Entidade Imortal, uma Estrela que persegue seu livre caminho através dos céus infinitos desde uma eternidade a outra, não simplesmente de forma racional, senão como resultado do esh ho Ruach, a experiência intuitiva e espiritual.
A Árvore da Vida em uma Esfera
Chesed
Geburah
Tiphareth
Netzach
Hod
Yesod
Malkuth
1 a 10
A divisão anterior se chama a tríplice classificação do homem e é semelhante ao conceito cristão ortodoxo do Corpo, Alma e Espírito. Nesta relação se poderia acrescentar, todavia, outro princípio postulado pela cabala: o Neschamah desta classificação corresponderia ao conceito hindu de Jevatma, a alma ou o si mesmo condicionado. Nesta mesma filosofia teremos o conceito de Paramatma, o Eu Superior (Self Supremo), tendo um paralelismo no texto zohárico chamado Zureh, um protótipo celestial, espiritual e perfeito que nunca abandona sua morada no Olam Atsiluth(veja o capítulo sete). Os zoharistas concebem o Zureh relacionado de alguma forma com o Neschamah por laços espirituais e magnéticos. Isaac Myers tem umas referências muito interessantes que faz a este respeito. Diz que por devoção, a vontade mágica elevará a Neschamah até seuZureh, unindo-se então. “A alma superior prototípica se excita e, por influência mística, se encadeia entre si.” Esta ideia cai dentro do misticismo da cabala, onde a doutrina do êxtase desempenha um papel determinante e pertence, portanto, a um capítulo posterior.
♦ ♦ ♦
Os cabalistas têm outra maneira de olhar a constituição do homem — desta vez sob um ponto de vista mais prático. Está baseado naquilo que se chama a fórmula do Tetragrammaton, que consiste em atribuir as quatro letras YHVH (יהוהּ) às diversas partes do homem.
A primeira sephirah, Kether, a Coroa, não costuma incluir-se neste método particular; ou, quando o está, se chama simplesmente Deus, ou o objetivo da vida na qual um homem aspira unir-se.
Yod (י) se atribui a Chokmah e é denominado o Pai. Nos sistemas hindus corresponderia ao Atma, o Si mesmo. A Mãe é Binah, o Shechinah Celestial, e a primeira He (ה) é sua letra. O Envoltório Causal deveria ter o equivalente da ioga. A seguinte é o Filho, que está em Tiphareth, mas na realidade o agregado hexagonal de seis sephiroth tem sua base ou centro em Tiphareth. A letra do Filho é Vau (ו) — correspondendo ao conceito geral ao Sukshmopadhi, ou o Corpo Sutil. Agora, Malkuth, o Reino, é denominada a Virgem Não Redimida, e é a Nephesch, a alma animal do Homem, ou o Sthulopadhi. É a letra He final (הּ).
O Filho é o Augoeides, Aquele que Brilha com Luz Própria, a Alma Espiritual do Homem. Também é, de acordo com outro sistema, o Sagrado Anjo Guardião; e o objetivo desta classificação particular é que a Virgem não redimida, a “Nephesch”, deve desposar o Noivo Celeste, o Filho do Pai de Tudo, que está em Tiphareth. Este processo se denomina o êxito do Conhecimento e a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião. É a boda alquímica, as núpcias místicas da Noiva e o Noivo Celestiais.
Esta união faz da Virgem uma mulher grávida (Aimah, que é Binah), e finalmente a ela se une o Pai — e ambos, por esta razão, são absorvidos pela Coroa. Esta aparente obscuridade pode classificar-se de forma considerável: a He final é a Nephesch ou subconsciência. Normalmente a mente consciente de um, Vau ou o Filho, está em terrível conflito com o si mesmo subconsciente, e o resultado é a confusão e desorganização de toda a consciência. O primeiro objetivo de uma pessoa deve ser reconciliar o ego consciente com a mente subconsciente e situar o fator de equilíbrio entre os dois. Esta ideia é elaborada por Jung em seu comentário O Segredo da Flor de Ouro, de R. Wilhelm.
Quando esta fonte corrente de conflito desaparece ou, como este velho simbolismo diz, quando Vau (ו) e He final (הּ) se casam, um está em posição de obter o Entendimento, que é Binah, a primeira He (ה), e a Mãe. Desde o Entendimento que é Amor, pode surgir a Sabedoria. A Sabedoria é Yod (י), o Pai, Chokmah. Com a união em um mesmo de Sabedoria e Entendimento, pode adivinhar-se o propósito da vida e também o objetivo previsto ao final da mesma, e os passos que conduzem à consumação da União Divina podem se estabelecer sem perigo, sem medo e sem os conflitos ordinários da personalidade.
Posso acrescentar, só de passagem, que uma fórmula mágica muito influente se deriva desta classificação.
♦ ♦ ♦
Figura 9: A Constituição do Homem
Existe outra classificação, um pouco mais filosófica, que muitos preferem. Deriva, essencialmente, de O Comentário as Dez sephiroth, escrito em hebraico pelo rabino Azariel ben Menaham, já mencionado. Distinguiu-se como filósofo, cabalista e Talmudeista e foi aluno de Isaac o Cego, o fundador da Escola Cabalística de Gerona. Seu comentário, antes mencionado, está escrito de forma notavelmente lúcida e acadêmica, e a classificação é extremamente satisfatória.
Sua classificação fazia do homem uma entidade que possuía seis aspectos diferentes. Não se deve acreditar grosseiramente que o rabino Azariel supunha que estas seis divisões do homem podiam ser separadas e qualquer uma delas ser afastada. As seis divisões são apenas aspectos de “uma” entidade cuja natureza é a consciência. O Homem, como um todo, compreendendo suas diversas funções e poderes e as sephiroth formam uma Unidade Integral.
Rabino Azariel caracterizou a Tríade de sephiroth das Supremas como o denominado Homem Imortal. Kether é a Mônada, o centro não ampliado e indivisível de força espiritual e consciência — o “Yechidah”, que se traduz por “o Único”, ou o Si Mesmo Real, que é o Peregrino Espiritual Eterno, que se encarna de vez em quando “para disfrutar entre os vivos” (veja figura na página 106). É o ponto quintessencial de consciência, fazendo o homem idêntico a qualquer outra faísca de divindade e, ao mesmo tempo, diferente em relação ao seu ponto de vista individual. Alguns lhe chamam de Khabs ou a Estrela, do qual foi escrito: “Adora, portanto, o Khabs e contempla sua luz derramada sobre ti.” É o Atma dos hindus, a Superalma Universal, ou Si Mesmo no coração de cada ser, a Eterna Fonte de Vida, Luz, Amor e Liberdade.
Nesta série particular de correspondências, a Kether se atribui o planeta Netuno, que é o vice-regente, por dizê-lo de alguma maneira, da Noite, a personificação do Espaço Infinito. Está, dessa forma, remoto, só, perdido em sonhos, cochilos, aspirações e santidade, — suspenso sobre as coisas cósmicas — longe e além das coisas insignificantes da Terra. Também se atribui aqui o mais alto dos chakras, o Sahasrara, que no sábio iluminado se compara a um belo lótus de mil e uma pétalas.
Na descida até a manifestação e a matéria, o Yechidah adiciona a si mesmo um veículo criativo de uma natureza ideal, a Chiah, que é a Vontade ou impulso criativo do Ponto de Vista Original. Seu título teosófico é Buddhi,o veículo espiritual direto de Atma. O termo vedanta é Anandamayakosa,o Envoltório de Bênção, e no Raja Yoga é Karanopadhi, ou o instrumento ou veículo causal. Seu chakra ou centro nervoso astral é o Ajna, de duas pétalas, situado no cérebro, perto da glândula pineal, que alguns ocultistas afirmam ser um Terceiro Olho atrofiado, o órgão físico de clarividência espiritual verdadeira ou intuição. Seu planeta é Urano, simbolizando o altruísmo e o poder mágico do homem, capaz de maldades sem nome, o mesmo que de bondades, porém vital e necessário ao seu ser; além disso, está capacitado para a redenção, e quando está redimido constitui o maior poder para o bem possível.
O terceiro aspecto da entidade imortal é a “Neschamah” ou Intuição, a faculdade para a compreensão da Vontade da Mônada. Em teosofia este é o Supremo ou Buddi-Manas, que juntamente com o Atma-Buddi é o deus de alta e nobre categoria que se encarna nas formas grosseiras das raças primitivas da humanidade para dotá-los de mente. Os Manasaputras têm ambas as relações, as de Mercúrio e as do Sol. Os vedantistas chamam este princípio de Vijnanamayakosa, o Envoltório de Conhecimento; e seu chakra correspondente na ioga é o Visuddi, que se supõe localizado no corpo sutil, na coluna vertebral, em um ponto localizado na laringe.
Esta Trindade da Mônada espiritual original, seu veículo criativo e a intuição, formam uma Unidade Integral sintética que, filosoficamente falando, pode denominar-se o Ego Transcendental. É uma Unidade em uma única forma, e seus atributos se resumem nas três hipóteses hindus, mais reais talvez nas sephiroth, que as partes do homem de Sat, Chit, Ananda; o Ser Absoluto, a Sabedoria e a Bem-aventurança.
“Mais abaixo” do homem real existe essa parte dele que é perecedora — denominada o si mesmo inferior. “Mais abaixo” e “inferior” se usam claramente em um sentido metafísico, o leitor não deve imaginar que as partes do homem enumeradas aqui estão sobrepostas umas com as outras como, por exemplo, as capas de uma cebola. Todas estão interpretadas entre si, e ocupam a mesma posição pelo qual se refere ao espaço exterior. O aforismo de Madame Blavatsky referido aos quatro mundos encaixa aqui perfeitamente; estes diversos princípios estão em coadunação, porém não consubstancialidade.
As sephiroth superiores podem ser consideradas como reais e ideais, e as sete inferiores como atuais, e o espaço em branco, entre o conceito mental de ideal e atual, pode considerar-se que corresponde ao Abismo, onde todas as coisas existem em potencialidade — porém sem significado em si mesmas. O Abismo é a fonte de todas as impressões e o armazém, por assim dizer, dos fenômenos.
Mais abaixo do Abismo está o Ruach, o Intelecto, essa parte da consciência individualizada de uma pessoa que se torna consciente das coisas, as deseja e intenta consegui-las. É uma “máquina” criada, desenvolvida ou inventada pelo Si Mesmo para investigar a natureza do Universo. É essa parte de um mesmo que consiste em sensações, percepções e pensamentos, emoções e desejos. Blavatsky chama este princípio deManas, ou melhor dizendo, Manas inferior — esse aspecto do Manas “mais próximo” à natureza cármica —, e no Vedanta se conhece como oManomayasoka ou o Envoltório Mental; o Raja Yoga inclui nele várias das características da Nephesch, chamando-lhe de Sukshmopadhi ou corpo sutil. Seu chakra astral é o Anahata, que está no coração físico, ou próximo dele.
O Ruach compreende a quarta, quinta, sexta, sétima e oitava sephiroth, cujas atribuições são, respectivamente, Memória, Vontade, Imaginação, Desejo e Razão. (Veja a figura 10, página 109.)
Figura 10: As Faculdades do Ruach
A Memória é a matéria da mesma consciência. É, para usar uma metáfora, o almofariz da arquitetura da mente, essa faculdade integrante que combina todas as diversas sensações e impressões.
A Vontade é um princípio incolor movido pelo desejo, e incomparável ao mesmo. É o poder do Si Mesmo Espiritual em ação. Na vida ordinária não é, como deveria ser, o servente do homem, mas aquele que o governa com uma barra de ferro, obrigando-o a essas coisas das que ele tenta fugir.
A Imaginação é uma faculdade muito mal compreendia, a maioria das pessoas pensa nela com uma fantasia completa, usada enquanto se sonha desperto. Na realidade, entretanto, é a faculdade rainha, pois com a Vontade ela é o importantíssimo princípio usado nas operações de Magia ou Cabala Prática.
A Emoção ou o princípio teosófico de kama (o “id” de Sigmund Freud) é esse elemento de desejo ou emoção que pode ser totalmente dominado pela Nephesch, ou controlado pelo Neschamah.
Já consideramos a faculdade de raciocinar que tem o “Ruach” em um capítulo anterior — “O Fosso”. Em seu Oceano de Teosofia, William Quan Judge, um dos antigos fundadores da Sociedade Teosófica e um cooperador de Madame Blavatsky, escreveu que essa razão e a fria faculdade lógica não é senão o aspecto mais inferior de Manas. E isto é óbvio se tomarmos como ponto de referência a Árvore da Vida. A Razão é unicamente a oitava sephirah. As partes superiores do Ruach são uma Imaginação que quando se espiritualiza, junto com a Vontade, se convertem nessas duas faculdades de suprema importância para a Magia, como já foi dito antes. Porém são, todavia, Ruach.
Seus equivalentes espirituais são Chokmah e Binah, Sabedoria e Entendimento; o Chaiah e Neschamah, o Self Verdadeiro Criativo e o Self Intuitivo. A assunção de que o Ruach é o aspecto inferior do Pensador se viu corroborada pela história da filosofia. Para a análise da essência do intelecto se mostra tão inacessível como o é a natureza dos corpos externos, e alguns filósofos observando este fato e a experiência de que a mente não era senão uma sequência de estados de consciência e uma aparição associada de várias relações, consideraram que a existência da Alma não estava provada — confundindo a ideia de uma Alma com o instrumento que a mente usa. Hume e Kant demonstraram sua inerente natureza autocontraditória, porém o primeiro não percebeu um princípio integrante permanente que atua mediante as impressões.
Por conseguinte, argumentou — com seu Ruach, que é incompetente para discutir sobre tal ponto, já que sua natureza é autocontraditória, que a Alma, não sendo uma impressão ou uma sensação, nem uma entidade à que se possa observar, tendo-a ali para a análise quando se faz uma introspecção, não existia; esquecendo todo o tempo, ou não consciente do fato, o que é a Alma, ou como diriam os cabalistas, o Homem Verdadeiro por cima do Abismo, que está fazendo a introspecção e examinando os conteúdos de seu próprio Ruach.
O Ruach é o ego falso ou empírico. É essa parte de nós que se chama “Eu” e é justamente esse princípio que não é “Eu”. Seus modos mudam com o passar dos anos. Mais ainda, seus conteúdos nunca são os mesmos de um momento a outro. A destruição do atrativo cativeiro que o Ruach exerce sobre nós, permitindo dessa forma que a luz do Neschamah e os princípios mais elevados brilhem para iluminar nossas mentes e nossas vidas cotidianas, é uma das mais importantes tarefas do misticismo. De fato, a abnegação deste falso ego (bitol hoyesh) é o êxito essencial de todo o desenvolvimento espiritual.
Alguns cabalistas postulam uma sephirah chamada Daath ou “Conhecimento”, que é o filho de Binah e Chokmah, ou uma sublimação do Ruach, que se supõe aparecer no Abismo no curso da evolução do homem como a faculdade desenvolvida. Contudo se trata de uma falsa sephirah, e o Sepher Yetzirah, antecipando-se, nos avisa o mais enfaticamente possível que: “Dez são as inefáveis sephiroth. Dez e não nove. Dez e não onze. Compreende com Sabedoria e entenda com cuidado.” É uma sephirah não existente porque, por alguma razão, quando se examina o Conhecimento, vemos que contém a si mesmo — como a progênie de Ruach — o mesmo elemento de autocontradição, e estando situada no Abismo, dispersão e, portanto, autodestruição. É falsa porque, tão logo como o conhecimento se analisa de forma crítica e lógica, se desfaz na poeira e na areia do Abismo.
A unidade das diversas faculdades mencionadas, contudo, constitui o Ruach, que é denominada a Alma Humana.
O seguinte princípio é a Nephesch, a parte densa do espírito, o elemento vital que está en rapport com Guph, o corpo e a origem de todos os instintos e desejos da vida física. É a parte animal da alma, esse elemento dela que se põe, a maioria das vezes, em contato com as forças materiais do universo real exterior.
A Nephesch é, na realidade, um princípio dual; seus dois aspectos consistem em:
a) o que os hindus chamam de Prana, o elemento elétrico, dinâmico e vivificante que é a vida;
b) o Corpo Astral (Tselem). Estão considerados em dois, na cabala, com o título de Nephesch, porque a ação do prana é desconhecida e impossível sem o meio do corpo astral. Há uma parte no Zohar que se refere às vestimentas com as quais a Alma ou o Incorpóreo se vestem, e fala do corpo astral em termos muito peculiares:
Uma túnica exterior que existe e não existe; é vista e não vista. Com essa túnica a Nephesch se veste e viaja, de um lado a outro do mundo.
Em outro lugar há postulados inequívocos do corpo astral:
No livro do Rei Salomão encontra-se: Que no momento da realização da visão inferior, o Sagrado, bendito seja, envia um “deyooknah”, um fantasma ou sombra fantasmal como a cópia de um homem. Está desenhado à Imagem Divina (tselem)... e nesse tselem se cria o filho do homem... neste tselem se desenvolve, cresce, e neste tselem, novamente, abandona esta vida.
O postulado do Corpo Astral aumenta com a consideração de que no corpo físico encontramos um “algo” além de matéria; algo mutante, é verdade, porém indubitavelmente a mesma coisa desde o nascimento até a morte.
A Nephesch está em Yesod, a Lua (☽), a base cujo atributo é a Estabilidade na Mudança. Este “algo” ao qual nos referimos é a Nephesch, sobre a qual o corpo físico é moldado, pois a cabala considera o corpo transitório e em uma condição de fluxo perpétuo. Não é nunca o mesmo de um momento a outro, e dentro de um período de sete anos terá uma série de partículas completamente novas. Porém, apesar desta constante liberação de átomos, etc., existe algo que persiste desde o nascimento até a morte, mudando um pouco seu aspecto, porém permanecendo o mesmo, dando ao corpo uma aparência mais ou menos consistente durante toda a sua vida.
Este duplo astral ou Corpo de Luz, como também é chamado, também está composto de matéria em um estado totalmente diferente daquela do corpo físico; é sutil, magnética e elétrica. A Nephesch forma um vínculo entre o corpo e o Ruach, e se tentarmos desenhar em nossas mentes a imagem de um homem desde o seu nascimento até a sua morte, incorporando à imagem todos os traços e peculiaridade da infância, maturidade e senilidade, tudo ampliado no tempo, esse conceito expressará a ideia de um corpo astral, ou o Pranamayakosa do vedanta.
O princípio de Guph, o corpo físico, é atribuído a Malkuth, o Reino, a esfera dos quatro elementos, e é demasiado conhecido para necessitar de mais comentários ou descrições. Somente acrescentarei que a influência predominante da alma sobre o corpo, sendo o corpo interpenetrado e transbordante em todas as suas partes pelo Homem Real, e dependendo dele como a fonte de sua vida, são as implicações das ideias do Zoharsobre a alma. O Sepher Yetzirah faz um grupo elaborado de atribuições da Árvore apresentando as diversas funções físicas do homem, porém estas não são de muita importância para o nosso propósito presente.
Tenho me abstido de discutir aqui os diversos problemas e doutrinas da chamada Cabala Doutrinal, como a Evolução do Universo e do Homem, a Reencarnação, a Causalidade aplicada à Retribuição, porque, havendo postulado originalmente a incapacidade do Ruach para tratar adequadamente tais problemas, não seria útil dedicar-se a uma exposição destes pontos. Particularmente seria assim, tendo em conta os conceitos zoháricos e pós-zoháricos de Gilgolem, a Reencarnação.
Grande quantidade de pensamento solto e de assunção injustificada caracteriza a literatura cabalística no que se refere a este aspecto da doutrina esotérica, e opino que, apenas mediante um conhecimento profundo e bem assimilado de filosofias comparativas e ensinamentos esotéricos, se pode conseguir qualquer significado ou satisfação intelectual de, por exemplo, Gilgolem, do rabino Isaac Luria. Em qualquer caso, esta doutrina e as outras já mencionadas somente podem ser resolvidas e compreendidas por uma pessoa que chegou a uma compreensão de sua Verdadeira Vontade, conhecendo-se a si mesmo e sabendo que é uma Entidade Imortal, uma Estrela que persegue seu livre caminho através dos céus infinitos desde uma eternidade a outra, não simplesmente de forma racional, senão como resultado do esh ho Ruach, a experiência intuitiva e espiritual.
A Árvore da Vida em uma Esfera
http://hadnu.org/publicacoes/73/795-capitulo5adam-kadmon