O sentido primordial do autor focaliza-se no “Tao”, que significava, originalmente “Caminho”; Tao é o modo, ou processo do universo, a ordem da natureza, a realidade última e indefinível; é o processo cósmico, a dinâmica na qual todas as coisas se acham envolvidas e pelo que se tornam indissociáveis; tal processo alcança especial relevo, no aspecto da realização dessa consciência “original”, por meio do “não-saber” - da descoberta e da consequente negação de todo propósito separatista (o “não-pensamento”, ou desconhecimento ou “inocência” relativos a toda a afectação que brote do juízo, do conhecimento da dualidade de bem e mal) que constitui um estado de virtude por excelência, anterior que é à consciência, caracterizado como é por uma anulação das distinções dos contrários psicológicos, bem como da subjectividade primordial inerente aoeu e tu - nós e eles. A essência da sua mensagem consiste em fazer-nos perceber que só podemos colher de verdade por meio de uma abertura total ao momento - que comporta todo o tempo, porquanto outro não existe, excepto enquanto ilusão - e jamais pela força da vontade, enquanto projecção dos opostos psicológicos. E isso faz toda a diferença. A via do apego, a via da imagem, da sensação, são condutoras ao reforço da ilusão. Por tudo isso consiste numa mensagem que aponta para uma atitude de questionamento geral e de indagação sobre os fundamentos da separação que conduzirá finalmente ao silêncio interior onde o sentido da unidade e do sagrado se fazem ouvir.
... [ A física quântica tem que ver com o acto de medir ou a atribuição de números e valores em aproximação a escalas convencionais de grandeza-padrão; medição essa que desde logo infere no campo da observação e interpretação humana, e serve de modelo para a acção da criação, uma vez que na justa medida do que queremos e esperamos ou pedimos ou desejamos realizar também vemos implementado, talvez para nossa felicidade ou surpresa ou mesmo consternação. Tal forma toda a lei e verdade, porquanto a realidade começa por ser a ilusão do que percebemos e imaginamos – que difere de indivíduo para indivíduo, porque nenhuma perspectiva é partilhada exactamente nos mesmos moldes nem tampouco uma mesma coisa é vista exactamente da mesma forma por dois indivíduos que a observam – o que infere por seu turno indirectamente na existência de “realidades” paralelas e na existência multidimensional duma ordem infinita de possibilidades e de disposição. Isto vem igualmente derrubar o absolutismo de filosofias e teologias que defendem a inelutável autoridade de leis como a da Causa e Efeito, por meio do que somos confrontados com noções de Carma ou punição e a do merecimento. Não que isso seja completamente distorcido no seu sentido pois que acaba por encontrar eco num fundo de verdade que obtém da parte da interpretação colectiva, expressões culturais, religiosas, etc., mas duma consideração mal direccionada.
Por outro lado, Deus, ou a veracidade de qualquer questão que transcenda a análise jamais poderão ser comprovados em laboratório, essencialmente porque precisam ser “interpretados” por meio duma “estrutura” de concepção.
Por um lado, isso constitui a “ponte” que toda a crença estabelece. A observação é crítica à definição da sua realidade e acção. As “ondas” de luz são convertidas por meio da interacção do observador (quando as frequências atingem os instrumentos) instantaneamente e em simultâneo em partículas, frequências vibratórias que podem de seguida ser amplificadas. Com o observador o processo de “conversão” é análogo. Tanto pode tratar-se do inspirado, ou do crente nas imagens de uma fé particular, como do iconoclasta iluminado; ambos estabelecem a ponte com as frequências incorpóreas do nada em existência e ser e nesse processo convertem a própria “massa” numa gama de vibrações mais refinada – o crente converte a inspiração em termos de “estrutura” inteligível, (ícone, imagem) e o iluminado em termos de experiência pura.... ]