Os seres humanos conseguem perceber tantas cores devido à nossa retina que possui células chamadas cones, de três tipos, cada uma excitada por um comprimento de onda diferente. Sendo assim quando abrimos os olhos, os sinais de luz atingem esses cones, que os transformam em sinais eletro químicos, que por sua vez são enviados ao cérebro.
Quando isso acontece, o cérebro combina estes sinais para produzir a sensação que nós chamamos de cor. A visão é um processo complexo, mas o cálculo dessas cores é bem simples: cada cone te da a capacidade de diferenciar cerca de 100 tons, então o número total de combinações é de ao menos 100³, ou um milhão de cores. Se eliminarmos um tipo de cone, ou seja, passar de tricromata para dicromata, o número de combinações cai para um fator de 100, ou seja apenas 10.000.
Agora que você entendeu como tudo isso funciona, quando os pesquisadores descobriram tudo isso, eles começaram a suspeitar que entre nós existiam pessoas com quatro tipos de cones diferentes, capazes de ver uma gama de cores invisível para nós. Na teoria um tetracromata poderia ver cem milhões de cores. E como a percepção das cores é uma experiência pessoal, eles não teriam forma de ver além do que consideramos os limites da visão.
A caça aos tetracromatas
Então por mais de 20 anos, a neurocientista da Universidade de Newcastle, Gabriele Jordan, e os seus colegas de pesquisa tem procurado pessoas com essa capacidade de super-visão. Três anos atrás, Jordan encontrou uma médica vivendo no norte da Inglaterra, conhecida somente como “cDa29″ na literatura científica, é a primeira tetracromata conhecida pela ciência. E com certeza não será a última.
E como um tetracromata vê o mundo? A mulher “cDa29″ não conseguiu comunicar sua experiência para os pesquisadores, da mesma forma que é impossível descrever a experiência do vermelho para uma pessoa dicromata. Nunca saberemos se nosso mundo tons diferentes para que o tetracromatismo seja útil.
Você é tetracromata?
Então veja a figura abaixo. No centro desses círculos existem letras com cores que somente um tetracromata consegue enxergar.Se você conseguir ver letras no centro de algum destes círculos, provavelmente você é um tetracromata. Se você ver as letras e não acreditar que é diferente, basta chamar alguma outra pessoa, ela vai te dizer que os círculos estão completamente vazios.
onte: Discover Magazine
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Tetracromatismo ou tetracromacia é a condição de possuir quatro canais independentes para receber informações de cores, ou possuir quatro tipos diferentes de células cone no olho. Organismos com tetracromacia são chamados de tetracromatas.
Em organismos tetracromatas, o espaço sensorial de cores é quadri-dimensional, significando que para repetir o efeito sensorial de um espectro luminoso arbitrariamente escolhido dentro de seu espectro visível é necessária a mistura de pelo menos quatro diferentes cores primárias. Sobre o
tricromatismo normal em humanos, a gama de cores que podem ser feitas com estas cores primárias não cobre todas as cores possíveis.
Alega-se que cerca de doze porcento (12%) das mulheres possuem essa visão e pouquíssimos homens. As pessoas que possuem essa visão enxergam cerca de noventa e nove milhões (99.000.000) de cores a mais que as que possuem a visão tricromática.
Concetta Antico é uma pintora australiana e é tetracromata. Trata-se de uma condição fisiológica em que os seus olhos possuem mais um tipo de cones receptores de luz, fazendo com que seja capaz de ver cerca de 100 vezes mais cores do que a maioria dos humanos. Segundo o Popular Science, uma folha verde para ela possuí tons adicionais de laranja, roxo e vermelho nas extremidades. Já o verde escuro é acompanhado de violeta, turquesa e azul.
Concetta Antico
O facto de ter nascido com mais um cone receptor de luz nos seus olhos faz com que seja capaz de distinguir cerca de 100 milhões de cores diferentes em vez do habitual 1 milhão. Para além das cores, Concetta consegue ainda ter outras nuances e percepção diferente de certas dimensões.
A genética
Os investigadores especularam, durante anos, se o tetracromatismo realmente existia. Caso essa condição fosse confirmada, ela poderia ocorrer apenas em mulheres, devido aos genes responsáveis pela visão das cores. Isso porque as pessoas com visão normal contam com três cones preparados para identificar comprimentos de onda das cores azul, vermelho e verde, e esses cones estão associados ao cromossoma X.
As mulheres contam com dois desses cromossomas (XX), enquanto os homens têm apenas um (XY), e mutações no cromossoma X podem afetar a capacidade de uma pessoa detectar mais ou menos cores. Isto justifica o facto de existir uma maior probabilidade de homens nascerem com daltonismo, condição que ocorre em dicromatas, ou seja, indivíduos portadores de apenas dois tipos de cones. A teoria afirma ainda que o tetracromatismo acaba por ser mais frequente em mulheres pois trata-se de uma condição em que os dois cromossomas X tem de estar mutados.
O caso de Concetta acabou por ser confirmado em 2012 e isso levou a uma artigo publicado neste mesmo ano que avançava que cerca de 1% da população sofre desta condição. Contudo o diagnóstico desta condição é difícil porque não são alterações tão significantes como o daltonismo, por exemplo.
Curiosidades
Os casos de tetracromatismo, na sua maioria, não levam a alterações na forma de perceber as cores porque as pessoas que possuem essa condição acabam por não treinar o cérebro para prestar atenção a essas condições. Este fenómeno é também o ponto de interesse de muitos dos trabalhos de investigação que têm sido feitos na área. O caso de Concetta é raro, porque foi capaz de treinar o cérebro para tirar partido do tetracromatismo. Citando Concetta: “I was different than a regular 5-year-old — I was painting at age 7, I was so fascinated with color”, em inglês para “Eu era diferente de uma criança normal de 5 anos – Eu pintava aos 7 anos e estava fascinada pela cor”.
Concetta é um artista e professora de arte por mais de 20 anos e dá aulas de arte a daltónicos. Para além disso, tem ajudado a investigação a perceber como funciona e ocorre esta condição. Criou ainda uma plataforma online para pessoas em todo o mundo descobrirem se são tetracromatas.
Faça o teste. Se vir algum símbolo (letra ou número) nos círculos coloridos acima poderá ser um raro caso de tetracromatismo.
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Um ser humano normal, sem nada que o distingua, pode perceber um milhão de cores diferentes. Conseguimos perceber tantas cores devido à nossa retina possuir células chamadas cones, de três tipos, cada uma excitada por um comprimento de onda diferente. Quando abrimos os olhos, os sinais luminosos atingem estes cones, que os transformam em sinais eletroquímicos, que por sua vez são enviados ao cérebro. O cérebro combina estes sinais para produzir a sensação que chamamos de cor.
A visão pode ser um processo complexo, mas o cálculo das cores é simples: cada cone confere a capacidade de perceber cerca de uma centena de tons, então o número total de combinações é de pelo menos 100³, ou um milhão. Se eliminarmos um tipo de cone, ou seja, passar de tricromata para dicromata, o número de combinações cai por um fator de 100, para meros 10.000. Quase todos os mamíferos, incluindo os cães e macacos do Novo Mundo, são dicromatas. A riqueza de cores que vemos é rivalizada apenas pelos pássaros e alguns insetos, capazes de perceber parte da região ultravioleta do espectro.
A partir do momento que o mecanismo da percepção das cores foi desvendado, os pesquisadores passaram a suspeitar que entre nós haviam pessoas com quatro tipos de cones diferentes, capazes de ver uma gama de cores invisível para nós. Teoricamente, um tetracromata poderia ver cem milhões de cores. E como a percepção das cores é uma experiência pessoal, eles não teriam forma de ver além do que consideramos os limites da visão.
Caçando tetracromatas
Ao longo de duas décadas, a neurocientista da Universidade de Newcastle,
Gabriele Jordan, e colegas de pesquisa têm procurado pessoas que tem esta capacidade de super-visão. Dois anos atrás, Jordan finalmente encontrou uma – uma médica vivendo no norte da Inglaterra, conhecida somente como “cDa29″ na literatura científica, é a primeira tetracromata conhecida da ciência. E certamente não será a última.
A primeira pista para a existência de tetracromatas surgiu em um trabalho sobre alguns homens daltônicos, feito pelo cientista holandês H. L. de Vries, em 1948. De Vries resolveu testar também as filhas de um dos daltônicos e descobriu que elas podiam detectar uma gama maior de tons de vermelho que a média das pessoas. Isto levou à descoberta de que, quando daltônicos tinham dois cones normais e um cone mutante, a mãe e as filhas tinham um cone mutante e três cones normais, ou seja, quatro cones.
O gene associado ao desenvolvimento dos cones está no cromossomo X, por isto um homem com esta alteração é dicromata – ele só tem um cromossomo X, e vai manifestar qualquer mutação nos genes passados pela sua mãe -, enquanto a mulher pode ser afetada (podendo ou não apresentar o tetracromatismo) ou apenas ser portadora do gene.
A Dra. Jordan se interessou sobre tetracromatismo e concluiu que, tanto quanto o daltonismo é comum, o tetracromatismo também deve ser, com cerca de 12% das mulheres sendo tetracromatas. A primeira tentativa para encontrar estas mulheres foi selecionar mães de daltônicos que têm um cone mutante e testá-las, mas nenhuma demonstrou perceber mais tons de vermelho que a média das pessoas, o que os levou a concluir que o cone mutante estava inativo nestas mulheres.
Em 2007, a Dra. Jordan desenvolveu métodos mais poderosos para identificar mulheres com visão tetracromática, testando 25 mulheres, todas com um quarto cone. Uma delas, identificada como “cDa29″, respondeu corretamente as perguntas que visavam identificar o fênomeno – depois de 20 anos de pesquisas, um tetracromata verdadeiro foi encontrado.
Potencial perdido
A estimativa da Dra. Jordan leva a um mistério: se tetracromatas são tão comuns quanto daltônicos, por que conhecemos daltônicos, mas não conhecemos tetracromatas? O pesquisador de visão Jay Neitz, da Universidade de Washington (EUA), acredita que todas as mulheres com quatro cones têm potencial para visão tetracromática, mas precisam desenvolver ou despertar esta capacidade. “A maior parte das coisas que vemos coloridas são feitas por pessoas que estão tentando criar cores que funcionam para tricromatas. Talvez nosso mundo inteiro esteja sintonizado com o mundo dos tricromatas”, opina.
Talvez nosso mundo não tenha tons de cores suficientes para o tetracromatismo ser de algum proveito. Neste caso, os tetracromatas poderiam desenvolver a capacidade se visitassem um laboratório periodicamente, para fazer testes e treinar a percepção.
E como um tetracromata vê o mundo? A mulher “cDa29″ não conseguiu comunicar sua experiência para os pesquisadores, da mesma forma que é impossível descrever a experiência do vermelho para uma pessoa dicromata.
Fonte: hypescience