24 de fev. de 2011

A MENTE E O SIGNIFICADO DA VIDA

http://pedropaulomonteiro.com/mente.htm
Pedro Paulo Monteiro

AO APERTAR SUA MÃO, O QUE VOCÊ SENTE? A sensação está na mão ou no cérebro? Lembro-me de que essa pergunta foi o início de uma discussão na aula de Fisiologia do curso de pós-graduação em Neurologia. De um lado, os defensores da neurofisiologia mecanicista; do outro, os adeptos da neurociência filosófica. Embora todos fossem alunos do mesmo curso, a turma se dividiu. Profissionais costumam discutir para sustentar suas opiniões.


Eu quis acalorar a discussão usando um koan que havia lido em um livro budista. O koan é um enigma zen usado na prática Rinzai para se atingir a iluminação. Ele não pode ser resolvido pelo raciocínio lógico. Para tentar resolvê-lo, o aprendiz deve ir além do raciocínio dedutivo. Existem vários koans; o que usei foi um bastante conhecido: “Qual o som de uma única mão ao bater palmas?” O silêncio de ambos os grupos foi imediato; ninguém conhecia os koans, e, portanto, acreditaram que eu estivesse achincalhando a discussão. Alguns saíram da sala me acusando de irônico. Não quis ser sarcástico; apenas acreditei que pudéssemos pensar o cérebro de outro modo que não fosse pelo pensamento linear. Mesmo porque a própria pergunta se parecia com um koan e não podia ser respondida de modo linear. Se, na Neurologia, pudéssemos usar koans zen, poderíamos fazer essa pergunta da seguinte maneira: “Ao apertar sua mão, onde está a sua mão, no cérebro ou em A mente e o significado da vida 310806.pmd 21 31/8/2006, 11:15 22 você?” Pode parecer brincadeira, mas, se filosofarmos um pouco mais, será que poderíamos responder, com certeza, onde está o nosso corpo? Na Neurologia, nem sempre foi possível obter respostas claras para os grandes enigmas. Desde Descartes (1596-1650), que acreditava que os movimentos da alma lançavam os espíritos em direção aos poros das paredes dos ventrículos cerebrais, para depois viajarem pelos nervos colocando a vontade da alma em prática, Thomas Willis (1621-1675), “viciado em abrir cabeças” como ele próprio se denominava, que insistia em descobrir os lugares secretos da mente, passando por Franz Joseph Gall (1757–1828) com sua incrível frenologia, até semana passada (março de 2006), quando escutei de um renomado neurocirurgião, e professor catedrático de uma conceituada universidade federal brasileira, acerca de uma cirurgia realizada por ele: “Eu retirei grande parte do cérebro, porém as estruturas nobres foram preservadas”. Isso só me faz refletir com tristeza que pouco se mudou. Muda-se o cenário, mas continua o mesmo paradigma. As respostas continuam sendo interpretações lógicas, de cunho dedutivo. Quando fiz o curso de Neurologia, estava na efervescente década das pesquisas do cérebro. Novas descobertas surgiam todos os dias, e, com elas, as refutações brotavam abundantes. Tínhamos novos modos de olhar e compreender o incompreensível. Cada livro tentava ser mais didático do que o outro. Para ser de fácil entendimento, tudo era simplificado. Enveredar pela trilha da mente sempre foi uma viagem fantástica. Na primeira parte deste livro, pretendo caminhar pelas absurdas, porém não menos válidas, tentativas dos diversos pesquisadores do cérebro na busca da sede da alma. Atravessaremos os pensamentos desses grandes homens e veremos que a mente não é o cérebro. Para abordar a mente, proponho trafegar em minha própria história, pois não poderia escrever sobre a mente na terceira pessoa. Assim, em vários momentos trarei fragmentos de minhas lembranças e fatos construídos em minha própria história. A meu ver, as árduas tentativas em compreender a mente sempre foram, e continuarão sendo, a busca do significado da vida. Quando comecei a me interessar pela neurologia, foi no sentido de buscar respostas para as minhas reflexões. Meus pensamentos sempre foram inconstantes acerca do que é o viver, o adoecer, e o morrer. Pelo fato de querer ser terapeuta (muito diferente de ser fisioterapeuta), o meu interesse sempre esteve no sujeito e não no objeto. Infelizmente, não consegui encontrar mestres que me fornecessem A mente e o significado da vida 310806.pmd 22 31/8/2006, 11:15 23 respostas fundamentais, mesmo que apenas fossem aproximações da natureza do real. Atualmente alcancei o entendimento de que ser humano é ser sujeito e, conseqüentemente, é ser enigma, estranho, indeterminado. Estudar neurologia não me possibilitou atingir respostas confortáveis, pois ela sempre esteve direcionada aos problemas, aquilo que não funciona bem, conhecer procedimentos para solucionar patologias. Demorei muito tempo para entender que a doença é uma peça do teatro da mente, com enredo bem escrito e personagens bem trajados. O corpo, nesse caso, é o palco em que todos podem assistir à encenação. Lembro-me de Carlos, meu primeiro paciente neurológico, um rapaz de 22 anos. Nós tínhamos a mesma idade na época. Ele sofrera um acidente de moto. Estava em alta velocidade quando entrou debaixo de um caminhão carregado de tijolos. Ele teve diversas fraturas na coluna cervical, deixando-o com uma lesão medular severa. Carlos não conseguia mexer nenhuma parte do corpo senão o pescoço. Mesmo assim, não tinha muita amplitude de movimento, porque teve de ser submetido à cirurgia de estabilização da coluna cervical. Numa das sessões terapêuticas, ele estava muito nervoso e esbravejava, sendo extremamente grosseiro com as pessoas. Quando cheguei perto dele, achei que deveria confortá-lo e, cheio de mim mesmo, fui logo lançando minha “filosofia de botequim”. É uma pena não poder lembrar meu próprio rosto, mas, com certeza, eu tentava dissimular minha fragilidade. Eu disse, com a minha mão repousando no ombro dele: “Não fique assim, eu sei o quanto é difícil para você”. O olhar dele foi inesquecível. Lembro-me, como se fosse hoje, daqueles olhos verdes de raiva. Eram olhos penetrantes e violentos. Ele parou de esbravejar por um instante e disse calmamente: “Você sabe o que é ter uma lesão medular e ficar paralisado do pescoço para baixo? Sabe o que é depender de outras pessoas para fazer as coisas para você? Sabe o que é perder o próprio corpo para sempre? Se não sabe, pare de falar merda e cale a boca seu babaca!” Aquilo veio com tanta intensidade que o meu corpo ficou anestesiado. Não pude agüentar; todas as minhas couraças profissionais se desarmaram, e fiquei totalmente nu. A minha vulnerabilidade acabava de ser violentada por palavras certeiras. Tive de me despedir e dizer à mãe dele que não podia tratá-lo naquele dia; voltaria dali a dois dias. Quando entrei no meu carro, chorei copiosamente. Não podia entender o que estava acontecendo. Sentia uma mistura de sentimento de humilhação, fragilidade, insignificância, impotência, incompetência. O ego profissional se esfacelou, não sobrando nada. Depois de alguns minutos, olhei-me no espelho retrovisor do carro e disse a mim mesmo: “Se eu não souber tratar de gente como gente, eu desisto aqui e agora”. Dali para frente, eu resolvi buscar outros conhecimentos que pudessem me formar melhor; precisava aprender a calar caso desconhecesse os sentimentos alheios. Não tive a oportunidade de estar com ele novamente; Carlos morreu dois dias após o ocorrido, por overdose de cocaína. Essa imagem mental andará comigo por muitas léguas. Carlos me ensinou, naquele ínfimo momento, o que não aprendi em anos na faculdade. É preciso renovar o aprendido desde sempre. Como dizia o grande poeta português Fernando Pessoa: Procuro despir-me do que aprendi, Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu... Se esquecer é mais difícil do que lembrar, nada melhor do que aprender a ser incapaz num mundo “tão competente”, repleto de fachadas. Quase 20 anos após esse fato, percebo ainda que competência profissional nada mais é do que história de heroísmo criada para satisfazer a egos esburacados. Muitos profissionais da saúde carregam o fardo do mito do herói, acreditam ser o salvador; tudo pode ser solucionado, bastando, para isso, se atirar nas pesquisas de ponta. Somos construídos no modelo do auto-engano para nos sentirmos seguros. Quando tratamos de gente, tudo ocorre de modo tão complexo que é impossível saber a origem e o fim de um processo. O humano é indeterminado, porquanto impossível de se desvelar por completo. O desdobramento de uma história só pode ocorrer no contexto presente. Mesmo assim, tudo não passa de história criada por nossas mentes.
A meu ver, se as histórias não fossem criadas, muitos não suportariam o tranco do dia-a-dia da profissão. Porém, até aonde vai o auto-engano para nos sentirmos satisfeitos? A Neurologia é tão enigmática quanto os koans. Buscar respostas não é o mesmo que ter certeza de possui-las. Ao se aproximar de certezas, cai-se em paradoxos. “A natureza resguarda o ventre escuro donde gera incansavelmente o que vemos, ouvimos, degustamos e dizemos.”A ciência se constitui na procura de respostas, e não em conclusões absolutas. Atualmente os grandes cientistas aceitam que suas teorias são apenas descrições da realidade. Recebemos a herança amarga da certeza. Desde Aristóteles, viver na incerteza e ser transitório se tornou inaceitável. O incompreendido foi fragmentado e analisado a fim de se obter clareza. Quanto mais se corta e isola, mais se afasta do contexto. O que não é contextual não pode ser real. Em nossos dias, os detalhes são enaltecidos, e o que pode ser visto e analisado é considerado verdadeiro, enquanto o invisível se tornou somente crença. O ego cartesiano é exaltado em detrimento da natureza do vir-a-ser heraclitiano. O limite do conhecimento passou a ser inaceitável para as mentes que se alimentam de poder. Isso é tão freqüente que, nos discursos diários, perder o poder de conhecer passou a significar perder o próprio paraíso. Muitos afirmam que a divindade habita egos. Quanto maior a certeza, maior o jogo das sombras. A dança das imagens mentais engana, de modo que não conseguimos perceber que estamos sendo joguetes na mão da mãe natureza. Viver é encenar roteiros escritos por nós mesmos. Assim, pretendo mostrar, na segunda parte deste livro, que somos livres para criar nossas histórias. Nada pode ser trazido para dentro de nós a não ser em forma de imagens. São essas imagens mentais que nos fazem ser quem somos e ver o mundo como vemos. Assistir ao espetáculo da vida é construir mentalmente o próprio espetáculo enquanto ele se desenrola. No processo do vir-a-ser, nada sabemos, só podemos criar histórias para a nossa satisfação. O que nos faz humanos é ser munidos de consciência e, portanto, saber que sabemos. Na terceira parte, quero enveredar pela consciência a fim de trazer à luz o que nos torna conhecedores de nossa própria realidade. Porém, conhecer a realidade de maneira objetiva se tornou um problema profundo, principalmente após as descobertas da nova física. Ser parte daquilo que observamos revelou nossa limitação, e a pretensão de conhecer o mundo de modo impessoal passou a ser um grande equívoco. Nunca estaremos livres de nossas lentes e sempre vamos estar à mercê de nossos filtros. A mente humana é um teatro em que são encenados símbolos, e o resultado final de cada ato é o corpo (fresh symbol), paisagem de nós mesmos. O corpo nos fornece a nitidez de nossa experiência. Só a experiência é real? Dentro de nós, existe uma potência, um modus operandi do vir-a-ser. Isto é, na mente, existe o que queremos que exista. Ter uma mente é ter uma escolha. Na potência, tudo pode ser construído; porém, a construção será sempre inacabada, incerta e imperfeita. A dúvida engendra um movimento à frente, rumo à evolução da espécie humana. O real é apenas um conceito, símbolo criado por nós mesmos. A sensibilidade do corpo permite a ele reagir ao ambiente, aprender e acumular experiências. A estrutura humana evoluiu e aprendeu a decifrar a realidade baseada principalmente na compleição fornecida pelos sentidos. O que não se pode sentir passou a ser visto como irreal. Contudo, a evolução da mente humana propiciou a articulação de códigos simbólicos. Daí surgiram expressões artísticas, escopos religiosos, filosofias existenciais, aventuras reflexivas. Novos jogos da natureza se estabeleceram, e passamos a transcender o corpo para atingir o numinoso. Quanto maior o conhecimento, maior o questionamento, e mais nos chafurdamos no lodo da dúvida de quem somos nós, por que somos como somos, se o que está na mente é real, se podemos acreditar naquilo que sentimos, e se desconfiar do real é duvidar de nossa própria existência. O propósito deste livro não é preencher lacunas, e sim abrir espaços para outras construções criativas. O humano é inacabado; portanto, seria impossível determinar o indeterminado. De qualquer modo, é possível produzir novos conceitos, novas maneiras de ver o invisível. A ciência da física das partículas elementares tem se mostrado um instrumento hábil no auxílio do conhecimento daquilo que nossas sondas sensoriais não podem captar. A teoria da incerteza de Heisenberg já minimizou muitas de nossas pretensões científicas. Porém, muitos ainda não querem acreditar nisso, deixando de lado o micro para se voltar apenas ao macro. Quando retiramos parte do real, ele deixa de ser real. Viver na dúvida é também uma possibilidade. Ficar menos poderoso é também sofrer menos. Quando o poder acaba, termina também o sofrimento de não almejá-lo. Na incerteza e no inacabado, está a história de todos nós humanos. Enquanto vivermos, estaremos em busca de desdobrar conhecimento em significado. Isso nos gera a motilidade, um movimento interno de origem desconhecida que nos propicia coragem em continuar na senda do desvelamento. Não podemos viver sem significado. Fomos dotados de consciência; no entanto, é preciso desvelar, cumprir, criar, decidir. Enfrentamos momentos difíceis, nos quais somos convencidos a comprar alicerces prontos. Sem decisão, não há responsabilidade; sem responsabilidade, não há vida. Sem a oportunidade de escolha, ficamos à deriva, somos cerceados à opinião das massas. Atravessamos uma época difícil cujas condutas destrutivas, em decorrência do paradigma competitivo, nos geraram medo de apostar no novo; a lei da sobrevivência se firmou no modelo equivocado do vencer pela eliminação do adversário; a incerteza, que sempre produziu saídas criativas, se transformou em desesperança e posturas apáticas; a experiência da beleza passou a ser vendida em lojas de departamento, enquanto a televisão e as redes virtuais da internet nos enganam com promessas de um mundo seguro e sólido; as religiões criam modelos de heróis salvadores baseados na cultura cinematográfica de Hollywood; a transcendência ao numinoso se tornou caminho simples a partir do auxílio de substâncias alucinógenas; o cérebro se transformou em uma máquina computacional cujo programa pode ser construído de acordo com as exigências do freguês; as universidades se interessam pelo conhecimento vendido; assim, o importante é obter o certificado, um ticket que permite a livre passagem para o mundo profissional. Enfim, chegamos à era do paradigma pós-humano, referenciado no avanço tecnológico cujos instrumentos modernos fornecem todas as certezas, quantificando e somando medidas precisas, fundamentadas em uma lógica linear que tudo pode. Nessa etapa, acredita-se que o humano em si é insuficiente, e a forma biológica, inadequada às demandas do meio. Por isso, é necessário reprojetar o humano de maneira competente a fim de que ele se torne uma máquina exímia, sem erros ou perturbações. Estamos mais próximos da ficção do que daquilo que podemos denominar de real. Nos dias de hoje, o simulacro se tornou verdade absoluta. Pensar o humano sem refletir acerca da mente e da consciência não faz sentido. Para lograr o conhecimento, será preciso se deparar com o invisível, o intangível. Porém, o que elude a percepção merece atenção? A meu ver, sem descrever o invisível, é impossível atingir o visível, a matéria, o corpóreo. Sem corpo, não há mundo, só sonho sem forma. Como reaver a forma perdida? Pela re-volta e pela responsabilidade. Voltar para dentro em busca de si mesmo a fim de responder às demandas da vida. Esse é o propósito crucial de todo ser vivo. No visível, tudo se mostra simples, porém repleto de buracos. Ao enveredarmos pela senda do autoconhecimento, nos deparamos com algo mais profundo e observamos que o visível é somente a ponta do iceberg. O veladotem muito a nos ensinar. Por isso, não basta conhecer o cérebro para saber quem somos. Repetirei, diversas vezes, que o cérebro não é a mente, pois a proposta deste livro é buscar sentido e elucidar equívocos. Convido o leitor a ir além do neocórtex. Não devemos aquiescer ao velado sem tentar desdobrá-lo. Mesmo que saibamos que a mente constrói histórias para nos satisfazer, é preciso se revoltar e ser responsável. Se a afirmação de alguns cientistas quânticos estiver certa, quem sabe encontraremos aqui respostas apaziguadoras para o nosso caminho. Se tudo sai antes de nós para depois podermos perceber o que está fora, quem sabe descobriremos que o significado da vida está no interlúdio da concretização; no espaço entre o eu e o não-eu, no trânsito da relação humana. Portanto, quero propor, neste livro, uma viagem pelos escombros de minha própria mente. Não quero enunciar caminhos sem que eu possa estar neles. Não posso conceber a mente do outro, pois nela existe algo a mais, inacessível a minha compreensão. Sendo assim, quero propor aqui uma jornada por minha própria história, lembranças da infância de um garoto curioso que buscava atravessar a janela do quarto a fim de descobrir o que existia fora, desafiando o próprio aprendizado, arriscando perder as raízes maternas. Um garoto que buscou esculpir paisagens belas e sensíveis para viver melhor. Creio que somos capazes de romper com todas as forças que nos aprisionaram, mesmo que essas forças sejam familiares. Nascemos sozinhos e viveremos sozinhos, porque ser é um vir-a-ser contínuo. Não há como escapar de nós mesmos senão pelo modelo do auto-engano. As sensações e as manifestações de meu corpo, de toda uma época, estão vivas. Envelhecer me permitiu ter uma perspectiva totalmente diferente do tempo. Por isso, buscar respostas em mim mesmo é convidar o leitor a estar ao meu lado, desvendar a si mesmo. Ninguém constrói caminhos para estar isolado; quero compartilhar com você minha trajetória e meus questionamentos, mesmo sabendo da presença infinita de minha solidão.


http://pedropaulomonteiro.com/curriculo.htm

 No Zen-budismo, um Koan é uma narrativa, um

diálogo, uma questão ou uma afirmação que contém

aspectos que são imediatamente inacessíveis à razão.

O Koan tem como objetivo propiciar a Illuminação do

aspirante a zen-budista. O Koan é um problema que o

discípulo do Zen deverá resolver, mas cuja solução não

poderá ser atingida apenas pelo pensamento

intelectual. O Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua

Portuguesa assim define um Koan: no Zen-budismo, o

Koan é uma sentença ou pergunta de caráter

enigmático e paradoxal, usado em práticas monacais

de meditação com o objetivo de dissolver o raciocínio

lógico e conceitual, conduzindo o praticante a uma

súbita Illuminação intuitiva.



Os métodos mais usados no Zen com vista à

Illuminação (Satori, em japonês) são o trabalho sobre

a respiração, a postura e os Koans. O Zen-budismo

japonês divide-se essencialmente em duas escolas:

Soto e Rinzai. A primeira valorizou os dois primeiros

métodos; já a segunda deu ênfase essencialmente ao

método dos Koans.



Enfim, os Koans mais famosos foram compilados por

Mumon Ekai (1183 – 1260), da Escola Rinzai, sob o

título de Wu-men kuan (Mumonkan) – a Porta sem

porta (Mu, a barreira do Supremo Conhecimento). Eles

são as portas para a verdade e para a libertação. Mas,

não são portas já abertas, mas portas a abrir. Daí, que

no próprio Mumonkan se possa ler:

O Grande Caminho não tem porta,
Milhares de estradas lá vão dar.
Aquele que atravessa esta Porta sem porta
Caminha livremente entre o céu e a Terra.



Aquele que tiver se libertado dos pensamentos ilusórios

e realizado a unidade entre o interior e o exterior será

como um mudo que teve um sonho, mas que não o

pode comunicar aos outros. O céu ficará aturdido e a

Terra tremerá.





 1º Koan:

Mal comeces a pensar se 'tem' ou 'não tem' és um

homem morto.



2º Koan:

Aquele que passa a Porta sem porta marchará de mão

dadas com toda a linhagem de Patriarcas, olhando com

o mesmo olho e ouvindo com o mesmo ouvido.



3º Koan:

Batendo duas mãos uma na outra temos um som. Qual

é o som de uma única mão?



4º Koan:

Quem pensa que entendeu se questiona.
Quem pensa que não entendeu questiona os outros.
Quem entendeu não diz nada.
E quem não entendeu também não diz nada!



5º Koan:

Antes de os teus pais terem nascido, qual era a tua

natureza original?



6º Koan:

Qual é o som do silêncio?



7º Koan:

A própria mente desencaminha a mente; acautela-te

contra a mente.



8º Koan:

Não use o arco e flecha de outrem.
Não cavalgue o cavalo de outra pessoa.
Não discuta as falhas de outro.
Não se meta nos negócios de uma outra pessoa.



9º Koan:

Um Mestre oferece um melão a um discípulo, e

pergunta: — Que te parece o melão? Tem bom gosto?

— Sim, sim! Muito bom gosto! – responde o discípulo.

O Mestre, então, faz outra pergunta: — O que tem

bom gosto: o melão ou a língua?



10º Koan:

Como se pratica a esgrima sem espada?



11º Koan:

Quem é você?



12º Koan:

Suba uma escada de 99 de graus até o último degrau.

Agora, suba mais um degrau...



13º Koan:

Qual era o seu rosto original – aquele que você possuía

antes de nascer?



14º Koan:

Todos os fenômenos são impermanentes. Tudo que

nasce deve finalmente morrer. O que nasce e o que

morre?



15º Koan:

Não siga o passado; não se perca no futuro. O passado

não existe mais; o futuro ainda não chegou.

Observando profundamente a vida como ela é, aqui e

agora, é que permanecemos equilibrados e livres.



16º Koan:

Um cão tem uma natureza de Buddha? Se você disser

que sim, eu vou bater em você. Se você disser não, eu

vou bater em você. Vá e descubra a resposta. E,

qualquer que seja a sua resposta, eu vou bater em

você!



17º Koan:

Um homem, viajando em um campo, encontrou um

tigre. Ele correu, com o tigre em seu encalço.

Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes

expostas de uma vinha selvagem em suas mãos, e

pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do

abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem

olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro

tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustinha. Mas, ao

olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro

branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste momento,

seus olhos perceberam um belo morango vicejando

perto. Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o

morango com a outra e o comeu. — Que delícia! — ele

disse.



18º Koan:

Nan-In, um Mestre japonês durante a Era Meiji,1

recebeu um professor universitário, que veio lhe

inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso

intelectual sobre suas dúvidas.

Nan-In, enquanto isso, servia o chá. Ele encheu

completamente a xícara de seu visitante, e continuou a

enchê-la, derramando chá pela borda.

O professor, vendo o excesso se derramando, não

pode mais se conter e disse:

— Está muito cheia! Não cabe mais chá!

Então, o Mestre Nan-in disse: — Como esta xícara,

você está cheio de suas próprias opiniões e

especulações. Como eu posso lhe demonstrar o Zen

sem que você primeiro esvazie a sua xícara?



19º Koan:

Um grande shogun japonês, chamado Nobunaga,

decidiu atacar o inimigo, embora ele tivesse apenas um

décimo do número de homens que seu oponente.

Mesmo assim, ele sabia que poderia ganhar, mas seus

soldados tinham dúvidas. No caminho para a batalha,

ele parou em um templo Shintó, e disse aos seus

homens:

— Após eu visitar o relicário eu jogarei uma moeda. Se

a cara sair, iremos vencer; se sair a coroa, iremos com

certeza perder. O destino nos tem em suas mãos.

Nobunaga entrou no templo e ofereceu uma prece

silenciosa. Então, saiu e jogou a moeda. A cara

apareceu. Seus soldados ficaram tão entusiasmados

para lutar, que acabaram ganhando a batalha

facilmente.

Após a batalha, seu segundo em comando comentou

orgulhoso:

— Ninguém pode mudar a mão do destino!

— Realmente não — disse Nobunaga, mostrando-lhe

reservadamente a moeda, que tinha sido duplicada,

possuindo a cara impressa nos dois lados.



20º Koan:

Um orgulhoso guerreiro, chamado Nobushige, foi até o

Mestre Hakuin, e perguntou-lhe: — Se existe um

paraíso e um inferno, onde estão?

— Quem é você? — perguntou Hakuin.

— Eu sou um samurai! — o guerreiro exclamou.

— Você? Um guerreiro? — riu-se Hakuin. — Que

espécie de governante teria tal guarda? Sua aparência

é a de um mendigo!

Nobushige ficou tão raivoso que começou a

desembainhar sua espada, mas Hakuin continuou:

— Então, você tem uma espada! Sua arma

provavelmente está tão cega que não cortará minha

cabeça...

O samurai desembainhou a espada e avançou pronto

para matar, gritando de ódio. Neste momento, Hakuin

anunciou:

— Acaba de se abrir o Portal do Inferno!

Ao ouvir estas palavras, e percebendo a sabedoria do

Mestre, o samurai embainhou sua espada, e fez-lhe

uma profunda reverência.

— Acaba de se abrir o Portal do Paraíso — disse

suavemente o Mestre Hakuin.



21º Koan:

Um homem queria ficar rico e, todos os dias, pedia a

Deus que atendesse às suas súplicas. Em um dia de

inverno, ao voltar da oração, avistou, presa no gelo do

caminho, uma polpuda carteira de dinheiro. No mesmo

instante, julgou-se atendido. Mas, como a carteira

resistisse aos seus esforços para retirá-la, urinou em

cima dela, a fim de derreter o gelo que a retinha. E, foi

então que despertou na cama toda molhada!



22º Koan:

Mestre Tokuan (cujo nome significa pepino) estava

morrendo. Um discípulo se aproximou, e perguntou-lhe

qual era o seu testamento. Takuan respondeu que não

tinha testamento. Mas o discípulo insistiu:

— Não tendes nada? Nada para dizer?

— A vida não passa de um sonho2 — disse o Mestre

Tokuan.

E expirou.



23º Koan:

Um renomado Mestre Zen dizia que seu maior

ensinamento era este: Buddha é a sua Mente. De tão

impressionado com a profundidade implicada neste

axioma, um monge decidiu deixar o monastério e se

retirar em um local afastado para meditar nesta peça

de sabedoria. Ele viveu vinte anos como eremita

refletindo no grande ensinamento.

Um dia, ele encontrou outro monge, que viajava na

floresta próxima à sua ermida. Logo, o monge eremita

soube que o viajante também havia estudado com o

mesmo Mestre Zen.

— Por favor, diga-me: você conhece o grande

ensinamento do Mestre — perguntou ansioso o monge

eremita.

Os olhos do monge viajante brilharam. E disse: — Ah!

O Mestre foi muito claro sobre isto. Ele disse que seu

maior ensinamento era: Buddha não é a sua mente.



24º Koan:

Certa vez, o Mestre taoísta Chuang Tzu sonhou que era

uma borboleta, voando alegremente aqui e ali. No

sonho, ele não tinha mais a mínima consciência de sua

individualidade como pessoa. Ele era realmente uma

borboleta. Repentinamente, ele acordou, e se

descobriu deitado em sua cama, uma pessoa

novamente.

Mas, então, ele pensou para si mesmo:

'Antes, fui um homem que sonhava ser uma borboleta

ou, agora, sou uma borboleta que sonha ser um

homem?'



25º Koan:

O primeiro-ministro da Dinastia Tang era um herói

nacional pelo seu sucesso tanto como homem de

Estado quanto como líder militar. Mas, a despeito de

sua fama, poder e riqueza, ele se considerava um

humilde e devoto buddhista. Freqüentemente ele

visitava seu Mestre Zen favorito para estudar com ele,

e eles pareciam se dar muito bem. O fato de ser era

primeiro-ministro aparentemente não tinha efeito em

sua relação, que parecia ser simplesmente a de um

reverendo Mestre e seu respeitoso estudante.

Um dia, durante sua visita usual, o primeiro-ministro

perguntou ao Mestre: — Mestre, o que é o egoísmo, de

acordo com o Buddhismo?

O rosto do Mestre ficou vermelho, e num tom de voz

extremamente desdenhoso e insultuoso, gritou em

resposta:

— Que tipo de pergunta estúpida é esta?

Tal resposta, tão inesperada, chocou tanto o

primeiro-ministro, que, imediatamente, arrogante e

com raiva, retorquiu:

— Como ousa me tratar assim?

Neste momento, o Mestre Zen sorriu e disse: — Isto,

Excelência, é egoísmo!



26º Koan:

O Certa vez Chuang Tzu e um amigo caminhavam à

margem de um rio.

— Veja os peixes nadando na corrente — disse Chuang

Tzu. — Eles estão realmente felizes...

— Você não é um peixe — replicou arrogantemente seu

amigo. — Então, você não pode saber se eles estão

felizes!

— Você não é Chuang Tzu — disse Chuang Tzu. —

Então, como você pode afirmar que eu não sei que os

peixes estão felizes?



27º Koan:

Após dez anos de aprendizagem, Tenno atingiu o título

de Mestre Zen. Em um dia chuvoso, ele foi visitar o

famoso Mestre Nan-In. Quando ele entrou no mosteiro,

o Mestre, imediatamente, recebeu-o com uma questão:

— Você deixou seus tamancos e seu guarda-chuva no

alpendre?

— Sim, Mestre — respondeu Tenno.

— Então, diga-me — continuou o Mestre: — Você

colocou seu guarda-chuva à esquerda de seu calçado

ou à direita?

Tenno não soube responder, percebendo, afinal, que

ainda não havia alcançado a plena atenção. Ele, então,

se tornou aprendiz do Mestre Nan-In, e estudou sob

sua orientação por mais dez anos.



28º Koan:

Um monge pôs-se a caminho de uma longa

peregrinação para encontrar Buddha. Ele levou muitos

anos em sua busca até alcançar a terra onde se dizia

que vivia o Senhor Buddha. Ao cruzar o sagrado rio que

cortava este país, o monge olhava em torno, enquanto

o barqueiro conduzia o bote. Ele percebeu algo

flutuando que vinha em sua direção. Quando o objeto

chegou mais perto, ele viu que era um cadáver – e que

o morto era ele mesmo! O monge perdeu todo o

controle e deu um grito de dor à visão de si mesmo,

rígido e sem vida, flutuando suavemente na corrente

do grande rio. Neste instante percebeu que ali estava

começando sua busca pela liberação... E, então, ele

soube, definitivamente, que sua busca por Buddha

havia terminado.3



29º Koan:

O amanhã não é real. É uma ilusão. A única realidade é

o agora. O verdadeiro sofrimento é viver ignorando

este 'Dharma'.



30º Koan:

O Santo Dharma – o Primeiro Princípio – é um vasto

vazio, sem nada santo dentro dele.



31º Koan:

Dois peregrinos estavam perdidas no deserto. Estavam

morrendo de inanição e sede. Finalmente, avistaram

um alto muro. Do outro lado, podiam ouvir o som de

quedas d'água e de pássaros cantando. Acima, podiam

ver os galhos de uma árvore frutífera atravessando e

pendendo sobre o muro. Seus frutos pareciam

deliciosos. Um dos homens subiu o muro e

desapareceu no outro lado. O outro, em vez disso,

saciou sua fome com as frutas que sobressaíam da

árvore, ali mesmo, e retornou ao deserto para ajudar

outros perdidos a encontrar o caminho para o oásis.



32º Koan:

Dois monges estavam lavando suas tigelas no rio

quando perceberam um escorpião que estava se

afogando. Um dos monges, imediatamente, pegou-o e

o colocou na margem. No processo, ele foi picado. Ele

voltou para terminar de lavar sua tigela, e, novamente,

o escorpião caiu no rio. O monge salvou o escorpião, e

novamente foi picado. O outro monge, então,

perguntou:

— Amigo, por que você continua a salvar o escorpião

quando você sabe que sua natureza é agir com

agressividade, picando-o?

— Porque — respondeu o monge — agir com

compaixão é a minha natureza.



33º Koan:

O monge perguntou ao Mestre:

— Como posso sair do 'Samsara'?

O Mestre respondeu:

— Quem te colocou nele?4



34º Koan:

O pensamento lógico não pode ser usado para obter a

Compreensão; apenas com a sensibilidade da

não-mente alcança-se a Verdade.5



35º Koan:

Quando estiver com fome, coma. Quando estiver

cansado, durma.



36º Koan:

Buscar o Estado Búddhico apenas fazendo meditação é

matar o Buddha.



37º Koan:

Terminaste a refeição? Então, vai lavar tuas tigelas!



38º Koan:

Não façais nada violento; praticai somente o aquilo que

é justo e equilibrado.



39º Koan:

O 'Samsara' é como um caroço de manga, que

plantamos para comer o fruto. Quando a grande árvore

cresce e dá frutos, as pessoas os comem, para, em

seguida, plantar os caroços. E dos caroços nascem

grandes mangueiras, que, novamente, dão frutos.

Deste modo, a mangueira não tem fim. E assim, da

mesma forma, nascemos aqui, morremos ali...

Nascemos... Morremos... Nascemos... Morremos... Isto

é 'Samsara'.



40º Koan:

Não é o mesmo nome, o mesmo espírito e o mesmo

corpo que nascem depois da morte. Este nome, este

espírito e este corpo criam a ação. Pela ação ou Karma,

nascem outro nome, outro espírito e outro corpo.







Koan Vegetariano





Humildemente, vou dar minha contribuição com um

pequeno diálogo koânico sobre o vegetarianismo.

O Católico: — Você é vegetariano?

O Ateu: — Sim; sou.

O Católico: — Como você sabe, eu sou católico. Na

Bíblia, não há qualquer passagem que recomende o

vegetarianismo. O próprio Jesus comia peixe.

O Ateu: — Comia? Tem certeza? Bem, cada um come o

que quer. Mas, quem sou eu para julgar Jesus! Jesus é

Jesus; eu sou eu. E nós dois somos um.


1. O Período Meiji ou Era Meiji do Japão constitui-se

em um período de quarenta e cinco anos do reinado do

Imperador Mutsuhito (Quioto, 3 de novembro de 1852

– Tóquio, 30 de julho de 1912), o 122º imperador do

Japão na lista tradicional de sucessão, que se estendeu

de 8 de setembro de 1868 a 30 de julho de 1912.

Nesta fase, o Japão conheceu uma acelerada

modernização, vindo a se constituir em uma potência

mundial.

2. Aqui, novamente, me lembrei de Émile Dantinne

(Sâr Hieronymus, Sacerdos in Æternum) ao fazer a sua

Grande Iniciação em Huy, no dia 21 de maio de 1969,

com a idade de 85 anos. Ao seu lado, como descreve

Marco Antonio Coutinho, velando por ele, sua filha

Marie-Louise pôde ouvi-lo sussurrar as últimas

palavras; — A gente não sabe nada. E partiu para

sondar o insondável que nos dá a mão por sobre o

muro.

3. Até aqui, evitei comentar os koans, pois o

entendimento é pessoal e deverá provir do interior.

Mas, este merece uma rápida ponderação. Enquanto

buscarmos a guarida de deuses e de avatares, de

mestres ascensos e de hierofantes, de sapientíssimos e

de eruditos, do lado de fora, aqui, ali, lá e acolá, não

seremos mais do que cadáveres viventes. Isto, talvez,

poderá se afigurar meio duro de ler, mas não posso

escrever de outra maneira, pois, enquanto

dependermos deste ou daquele, disto ou daquilo... A

Santa Sabedoria – a Santa SOPhIa – está disponível

para todos – no Coração de cada um. Precisamos

compreender que a Santa SOPhIa é intransferível e

intransmissível. Ou, por trabalho e mérito, nós A

conquistamos... Ou, dormindo e pedindo, ignorantes

continuaremos. E não adianta fazer como o monge que

perguntou ao Mestre: — Como posso sair do

'Samsara'? Enfim, somos nós quem criamos o

'Samsara'; somos nós que dele deve(re)mos nos

desvencilhar. Ou, de tanto (re)encarnar, acabaremos

criando um calo na alma!
  

Terapia por Ondas Cerebrais

Rating:★★★★★
Category:Other


Vinte e quatro horas por dia, células nervosas em seu cérebro estão gerando impulsos elétricos que flutuam ritmicamente em padrões distintos chamados padrões de onda cerebral – padrões estes muito correlacionados com seus pensamentos, suas emoções, seu jeito de ser e o funcionamento dos vários sistemas do seu corpo.

Existem quatro categorias de padrões de onda cerebral. O mais rápido é chamado padrão de onda cerebral beta, padrão de uma pessoa normal acordada e consciente. Beta está associado com concentração, excitação, alerta e cognição. Porém, em níveis mais rápidos, beta está associado com ansiedade, desarmonia e doença. Talvez a habilidade de se “auto-frear” daqueles níveis pode ser benéfica.

Conforme você fica mais relaxado, a atividade de suas ondas cerebrais diminui, o que chamamos de padrão de onda cerebral alfa – um estado de relaxamento profundo frequentemente ligado ao estado entre dormindo e acordado. Alfa está frequentemente associado com o que é conhecido como super-apredizagem – a habilidade de aprender, processar, guardar e re-acessar grande quantidade de informação rápida e eficiente.

As ondas teta são mais lentas. Teta é mais bem conhecido como a onda cerebral do estado de sono com sonhos, mas também está associado com vários outros estados benéficos, incluindo criatividade aumentada, alguns tipos de super-aprendizagem, habilidades de memória aumentadas e o que chamamos de experiências integrativas (onde encontramos amplas mudanças positivas na maneira como vemos nós mesmos, os outros ou determinada situação de vida).

Experiências súbitas, que vêm “de repente”, quando você tem um “insight”, ou uma grande idéia aparece repentinamente, estão acompanhadas por uma descarga de ondas teta em seu cérebro. Poderá perceber provavelmente que estando nesse estado você pode aumentar sua efetividade!

Aqui está outra característica interessante do estado teta: Dr. Thomas Budzynski, um notável pesquisador do assunto, tem dito que críticas e auto-sabotagem freqüente no lado esquerdo do cérebro são submetidas a um estado teta, e que em termos de fazer mudanças positivas em crenças ou hábitos, “muito trabalho é feito rapidamente”. E o melhor de tudo, teta é também um estado de tremendo alívio de estresse. No padrão de onda cerebral teta mais lento, o cérebro libera grandes quantidades de endorfinas para relaxamento que – como você verá (ou mesmo sentirá) quando tentar – mandará seu estresse embora.

O padrão mais lento de onda cerebral é o delta, o padrão de onde cerebral do sono sem sonhos. Geralmente as pessoas estão adormecidas em delta, mas há evidências de que é possível permanecer alerta nesse estado – um estado muito profundo, como um transe, não-físico que você terá de ter a experiência para apreciar. Em certas freqüências de delta o cérebro libera muitas substâncias altamente benéficas, incluindo hormônio de crescimento, o que ordinariamente fazemos em quantidades cada vez menores conforme ficamos mais velhos, resultando em muitas sintomas da velhice, incluindo perda de tônus muscular, ganho de peso, perda de estamina e muitas doenças associadas com a idade.

A biofísica subjacente à bioquímica do corpo desempenha um papel significante na regulação de todos os processos da vida. Os médicos aprendem que há aproximadamente 75 milhões de células no corpo humano, cada uma com um potencial através de sua membrana celular, semelhante a uma bateria. Essas terapias por ondas cerebrais trabalham movendo elétrons através do corpo e do cérebro a uma freqüência variável de acordo com o apropriado, relembrando o corpo o seu padrão saudável. Com isso, há a normalização da atividade elétrica do cérebro e do sistema nervoso.

Formatos de terapias por ondas cerebrais oferecidos:

• Centerpoint Holosync (programa de CD)
CD diário de sessões de ondas cerebrais para fazer em casa.

• Rhythm Point (terapia por indução)
Essas terapias envolvem o balanceamento das ondas cerebrais alfa, beta, delta e teta, tratando pontos padrão específicos no corpo e é feito durante uma sessão de colorpuntura (esogetic colorpunture).

• Synapsis Wave (terapia por indução)
Existem terapias específicas de ondas cerebrais. São aplicadas percintas condutoras nos punhos do paciente (completamente não-invasivo) e as ondas do Synapsis Wave percorrem de acordo com o padrão adequado de tratamento por 20 – 40 minutos. A maioria dos programas requer que o paciente relaxe com os olhos fechados. Esse tipo de terapia pode ser realizado no consultório ou o paciente pode adquirir uma unidade para uso doméstico.

Atualmente, os 19 programas a seguir estão disponíveis:

1. PROGRAMA DE RELAXAMENTO 1
Programa básico para relaxamento do organismo. Há oscilação das ondas alfa e teta na maior parte do tempo, atingindo um estágio de semi-acordado.
Útil para: agitação, stress de conflito, distúrbios autonômicos, problemas cardiovasculares psicossomáticos, dores por tensão e muito mais.

2. PROGRAMA PARA SONO 1
Para dificuldades em pegar no sono e/ou dormir durante a noite. Para todos os estados de agitação associados com insônia ou aqueles que somente o programa de relaxamento não resolve sozinho.

3. PROGRAMA PARA CRIANÇA 1
Para stress físico e psicológico entre 6 – 12 anos. Também para resolução de conflito em adultos (não resolvido). De outra maneira é indicado para medos e fobias da infância, enurese noturna, problemas de aprendizado, alergias e fragilidade do sistema imune (não indicado para crianças menores de 6 anos).

4. PROGRAMA PARA STRESS A
Programa básico para resolver tensões fisiológicas (espasmos).
Indicações: fase inicial de terapia para stress, tensões psicológicas e situações de conflito (emocional).

5. PROGRAMA PARA STRESS X
Para regulação do sistema imune.
Indicações: doenças sistêmicas imunes degenerativas, síndromes reumáticas, cânceres (como um adjuvante), alergias, micoses, diátese linfática e profilaxia imune.

6. PROGRAMA PARA STRESS 10
Programa básico para desequilíbrio endócrino. Indicado para impotência/frigidez, complexo de sintomas endócrino-autonômicos, distúrbios na libido, osteoporose, durante a puberdade e menopausa, etc.

7. PROGRAMA PARA STRESS 11
Indução básica em caso de enxaquecas e cefaléias. Também indicado para todos os tipos de espasmos, dores em ombros e pescoço e cólicas abdominais em crianças.

8. PROGRAMA PARA DEPRESSÃO 1 (LEVE)
Para depressões sem medo, fadiga e convalescença.
Obs.: nunca usar este programa durante a fase maníaca da depressão porque está sendo ativado.

9. PROGRAMA PARA DEPRESSÃO 2
Para fases maníacas de depressão, agitação e estados de ansiedade, para relaxamento profundo. Também indicado para altos níveis de colesterol, triglicérides e gama-GT, assim como para queixas gastrintestinais.

10. PROGRAMA PARA DEPRESSÃO 3
Para depressões relacionadas a menopausa, ciclo menstrual e puberdade: para tratamento de disfunções endócrinas.

11. PROGRAMA PARA DESENVOLVIMENTO MENTAL **
Para “afiar” o intelecto e ativar a função cerebral em todas as freqüências. Também indicado para arteriosclerose e como adjuvante no tratamento de pacientes com doença de Parkinson e Alzheimer.

12. PROGRAMA PARA APRENDIZAGEM **
Oscila num raio de freqüência entre 5 – 14Hz, o qual é a base para o método de super-aprendizagem.
Indicações: dificuldade de aprendizado, falta de concentração, baixa acuidade visual, esquecimento, distúrbios de coordenação, arteriosclerose e ansiedade.

13. PROGRAMA PARA MEMÓRIA **
Em combinação com o programa cerebral (desenvolvimento mental) e o programa de aprendizagem, para reforço das habilidades intelectuais.
Outras indicações: estimulação da criatividade e aumento da circulação cerebral.

14. PROGRAMA DE RELAXAMENTO 2
Para todas as situações agudas de stress conflitual, stress relacionado a cefaléias e vertigem, sintomas gastrintestinais que são um resultado de stress.
Obs.: alternar com os programas para criança 1 e 2, quando os pais se queixam sobre o stress de seus filhos na escola.

15. PROGRAMA PARA SONO 2
Outra alternativa para problemas relacionados ao sono, quando o programa para sono 1 não dá resultado.
Indicado para queixas como ansiedades, depressões, cefaléias e enxaquecas. Dores nas articulações, vertigem, dificuldade de concentração, esgotamento mental e stress permanente do sistema nervoso, medo ou falha.
Obs.: alternar com programa para stress 10 para queixas menstruais e menopausa.
16. PROGRAMA PARA SONHO
Estimulação da atividade do sonho. Terapia para resolução de conflito mental. Quando as ondas teta curam o corpo.

17. PROGRAMA PARA DEGENERAÇÃO
Terapia básica para todas as doenças degenerativas. Doenças das articulações e coluna vertebral, mudanças reumáticas, programa básico para doenças que causam dor, alternar com programa para problemas de aprendizagem e arteriosclerose.

18. PROGRAMA PARA DESPERTAR
Exaustão, convalescença, fadiga esmagadora, queixas da velhice, susceptibilidade às mudanças climáticas, síndromes de esgotamento no trabalho a qualquer idade, adjuvante para doenças graves e vale a pena tentar em doenças sistêmicas.

19. PROGRAMA PARA CRIANÇA 2
Programa básico para todas as situações degenerativas, sintomas psicológicos, história de doenças na infância após 9 anos (especialmente se recorrente). Ambos os programas para criança são usados como parte de uma terapia para resolução do conflito, especialmente quando há distúrbios de lateralidade.



** Todos os programas devem ser feitos com o paciente mantendo os olhos fechados, com exceção desses com asteriscos, os quais são programas baseados em ondas beta.

Obs.: nenhum programa do Synapsis Wave deve ser administrado em crianças abaixo de 6 anos de idade, devido aos ritmos cerebrais delas serem diferentes.

http://www.salgadosaude.com.br/artigos/terapia-por-ondas-cerebrais/

Microfisioterapia Salgado Saúde

http://www.salgadosaude.com.br/saiu-na-imprensa/
http://www.salgadosaude.com.br

Corpo e mente

http://www.salgadosaude.com.br/tratamentos-disponiveis/

http://www.salgadosaude.com.br/afonsosalgado/

Miguel Nicolelis




o Cérebro e Deus

Questões em sincronismos

Rating:★★★★★
Category:Other
O que fazer para entender os desafios da vida?


Ação, paz Interior, dignidade, contingência, e, saber que a força da ideia de uma intuição na esfera mental afasta qualquer fantasma.

http://murmex.multiply.com/journal/item/158/O_que_fazer_para_entender_os_desafios_da_vida





reply
(carlosmettal )
até agora a dificuldade encontrada para que esse pensamento assim o seja de todo por verdadeiro é a aceitação do próximo quanto ao instante de interioridade interpessoal. na alquimia nos teletransportamos para a presença e local desejado em nossa forte idéia imantada na verdade única do ser, a energia canalizada e potencializada através da positividade e constante pensar no mesmo ponto, na mesma direção, no mesmo foco, no mesmo desejo...é um exercício fenomenal...tenho viajado por mundos e lugares. bom dia sempre!



22 de fev. de 2011

SQM e suas variantes SÍNDROME QUÍMICA MÚLTIPLA

Síndrome da Fadiga Crônica-Atualização
1 - Definição:

Síndrome de Fadiga Crônica (síndrome da fadiga crônica) é uma condição clínica caracterizada por uma série de sintomas constitucionais e neuro-psiquiátricas que ocorre com diferentes manifestações. Os critérios atuais a definem como um cansaço físico e mental, de início súbito, que é exarcebado exageradamente por atividades físicas.

O paciente deve apresentar fadiga "inexplicada" por mais de 6 meses acarretando moderada incapacidade física e mental.

Sintomas:

Os sintomas mais comuns são fadiga generalizada, dor de cabeça, memória fraca com dificuldade de concentração, mialgias, artralgias, perturbação do sono e humor irritável. Além disso faz parte do quadro enxaquecas ocasionais, linfadenopatias, cansaço após o sono, depressão, fibromialgias e síndrome do cólon irritável. Este quadro leva a uma substancial diminuição dos trabalhos ocupacionais, profissionais, sociais, educacionais e até das próprias atividades pessoais.

2 - Critério- diagnóstico para síndrome da fadiga crônica :

1. Fadiga

Avaliado clinicamente, fadiga persistente e inexplicada, ou recidivante, persistente durante seis meses ou mais, 

  • de início recente e definitivo;
  • não é resultado de esforço contínuo;
  • não é aliviado substancialmente através do descanso;
  • resulta em redução significativa em níveis prévios de atividades profissionais, educacionais, sociais ou pessoais 
e

2. Outros Sintomas

Quatro ou mais dos sintomas seguintes que são simultâneos, persistentes durante seis meses ou mais e o qual não precede a fadiga: 

  • Memória a curto prazo ou concentração prejudicada;
  • Dor de garganta;
  • Linfonodos doloridos ( cervicais ou axilares);
  • Dor muscular- mialgias;
  • Dor poliarticular sem artrite;
  • Enxaquecas com um padrão diferente, ou severidade; 
    • Acordar cansado; 
    • Fraqueza pós exercício que dura mais de 24 horas.
 3 - Laboratório:

Em primeiro lugar não existe diagnóstico patognomônico para a síndrome da fadiga crônica. O propósito da investigação laboratorial é excluir outras causas que provoquem fadiga. No entanto para a maioria dos pacientes é suficiente realizarmos o seguinte:

    1.  História médica e exame físico.

  • Exame de Sanidade Mental, para afastar desordem neurológica ou psiquiátrica.
  • Exames de Sangue, Hemograma Completo, VHS, cálcio, fósforo, prova de funções hepáticas , renais e tiroideanas, além de um exame de urina completo.
  • Outros testes podem ser sugeridos por exemplo uma Ressonância Magnética Nuclear para afastar Esclerose Múltipla.
  • Exemplos de condições médicas que podem explicar a fadiga e afastar o diagnóstico de síndrome da fadiga crônica.

    1- Condições médicas tal como hipotiroidismo, apnéia do sono, nascolepsia, medicamentos e ingestão de tóxicos.

    2 - Diagnóstico prévio de outras enfermidades Hepáticas e Neoplasias.

    3 - Desordens psiquiátricas importantes tais como depressão, doença bipolar, esquizofrenia, e anorexia nervosa.

    4 - Obesidade Severa.

    5 - Doenças hematológicas, cardio respiratórias, neuromusculares e metabólicas.

    4 - FATORES DE RISCO

    Vinte e cinco pacientes com síndrome da fadiga crônica foram estudados no CDC em Atlanta nos Estados Unidos e foram comparados a um grupo-contrôle em idade, sexo e raça similares. Os pacientes foram ainda subdivididos quanto ao tempo de início da enfermidade, se abrupto ou gradual.

    Vários fatores de risco foram avaliados num painel de sinais e sintomas bem amplos. O resultado mostrou que estatisticamente os pacientes com síndrome da fadiga crônica referiam uma sobrecarga emocional maior, sintomas nasais persistentes, infecções de ouvido e ingestão de vitaminas do complexo B durante o ano antes do início da doença mais do que os pacientes do grupo-contrôle. As mulheres que sofreram histerectomia eram também mais suscetíveis.

    Alguns pacientes que referiram um início gradual da SFC foram mais suscetíveis de apresentar um quadro de stress emocional significativo, procedimentos dentários, episódios de sinusite, exposição a pesticidas e uma história de histerectomia, mais do que aqueles que referiam a enfermidade de início súbito. Neste estudo a atividade da SFC não pode ser correlacionada com a presença de asma brônquica, exposição a sol, a ventos, a tintas ou outros químicos, ingestão de leite não-fervido, viagens, ou determinadas profissões.

    A conclusão é de que existe uma subdivisão da síndrome da fadiga crônica entre aqueles em que ela surge de início súbito e a de curso crônico. E estudos futuros baseados nestes subgrupos certamente virão a contribuir para a identificação dos fatores de risco baseado em stress, exposição a pesticidas e uma completa e minunciosa história médica e dentária.

    5 - PESTICIDAS - Definição e Classificação

    São substâncias ou misturas de substâncias de natureza química quando destinadas a prevenir destruir ou repelir direta ou indiretamente, qualquer forma de agente patogênico ou de vida animal ou vegetal que seja nociva a animais, plantas seus produtos e subprodutos e ao homem. Os pesticidas podem ser acidentalmente inalados, deglutidos ou absorvidos pela pele. Podem ser classificados desde extremamente tóxicos (classe I A) até produtos de improvável ação nociva sob uso controlado. Os primeiros grupos de Pesticidas são organoclorados, organofosforados, carbonatos, piretróides, fumigantes e rodenticidas.

    Estas substâncias chegam ao organismo humano por meio de inalação, absorção cutânea e ingestão acidental. O aparelho respiratório é a mais importante via através da qual as substâncias tóxicas penetram no organismo. A maior parte das substâncias tóxicas entram em contato com as pessoas em seu local de trabalho sob a forma de aerodispersóides: poeiras, fumos, gases, vapores, etc... Os especialistas estimam que 90% das intoxicações ocupacionais decorram da inalação. Já a pele representa 16% do peso corporal e desempenha papel essencial na proteção do organismo contra os agentes ambientais. No homem a média de superfície cutânea é avaliado em cerca de 2 m 2.

    Diversos solventes orgânicos particularmente os organo clorados, são usados na remoção de graxas e tinturas das mãos e braços. Estes produtos são irritantes ao contato, são absorvidos rapidamente, apresentam toxicidade moderada ou acentuada e são bio acumulativos.

    Esta prática é, sem dúvida perigosa. Cada tóxico absorvido pelo organismo poderá afetar um ou mais órgãos. Há possibilidade remota da ingestão de pesticidas, principalmente com a ingesta acidental e com a falta de cuidados higiênicos individuais. Sâo mais comuns entretanto por inalação ou absorção cutânea.

    Podemos dividir em 2 tipos a classificação dos sintomas de envenenamento por Pesticidas, quanto ao tempo de exposição: em agudo e crônico, e quanto ao grau de exposição: em leve, moderado e severo. No caso em questão estamos interessados em avaliar uma possível asociação entre envenenamento leve ou moderado por pesticida e síndrome de fadiga crônica. 

    Os sintomas vão desde aqueles que provocam efeitos muscarínicos - bradicardia, broncoespasmo, salivação, lacrimejamento, vômito, diarréia e miose - e os aqueles que provocam efeitos nicotínicos que incluem - taquicardia, hipertensão, fasciculação, midríase, fraqueza e paralisia respiratória. Os efeitos no sistema nervoso central inclui, depressão, agitação, confusão, delírio, coma, convulsão e morte.

    5.a - Exposição humana a agentes tóxicos 

    Como dissemos acima a síndrome da fadiga crônica pela sua definição, exclui por enquanto o critério relativo a exposição à substâncias químicas tóxicas. No entanto como sua etiologia ainda não está definida pode-se especular perfeitamente que alguma substância estranha - um tóxico por exemplo - ao corpo humano seja ultimamente responsável pela sua etiologia. Para que isto aconteça , é necessário realizar um completo histórico do paciente e devemos ter cuidados para não desconsiderarmos aqueles que não tem conhecimento de terem sido exposto a agentes tóxicos. Solventes e pesticidas de organofosforados são excretados rapidamente pelo corpo e níveis séricos correspondentes só podem serem medidos imediatamente depois da exposição . É possível, porém, medir persistentes concentrações de organoclorados como hexacloro-benzeno (HCB) diclorodifenil-tricloroetano (DDT, ou seu metabólico 1,1-dichloro-2,2-bis (p-clorofenil,eteno, DDE) no soro ou amostras de biópsia tissular. DDT e HCB são pesticidas de hidrocarbonetos clorados que formam um grupo extremamente estável de compostos lipofílicos e tem sido utilizados extensivamente ao redor do mundo para controle de peste desde os idos de 1940’s.

    Este organoclorados não degradam prontamente no meio ambiente e são bioacumulatados pelas cadeias de alimentos. Os organoclorados podem ser absorvidos pelo corpo por vários vias inclusive ingestão, absorção pela pele e inalação devido à natureza lipofílica deles, este organoclorados podem acumular nas membranas das células onde alteram a integridade da membrana e podem inibir as ligações protéicas. Os organoclorados se acumulam em altos níveis em tecidos adiposos podem também atravessar a barreira hemato-encefálica podendo provocar algum distúrbio na atividade neurológica. 

    As fontes destes contaminantes são desconhecidas mas podem refletir uma contaminação profissional ou ambiental. A detecção de DDE em todos os sujeitos examinados em alguns lugares da Austrália é consistente com o uso difundido de DDT na natureza e seus derivado no ambiente. O HCB também tem sido usado extensivamente na Austrália como um fungicida para a proteção de grãos armazenados. Sua ocorrência como um contaminante na produção de outros solventes clorados (tetracloretos de carbono por exemplo) e na produção de nitroso-emborrachado para pneus tem sido detectado. HCB e DDT são armazenados em gordura animal onde eles são muito freqüentes e estes tecidos adiposos de animais compõem uma fonte dietética importante de organoclorados na Austrália. 

    Os sintomas desenvolvidos por exposição prolongada a níveis baixos de organoclorados podem ser graduais e podem não estar associados necessariamente com insultos químicos. Porém, os trabalhadores com contato com inseticidas foram informados dos riscos relativamente elevado de problemas mentais que incluem neurose, depressão e problemas com o sono e uma reação aguda de stress . Outros referiram efeitos da exposições de organoclorados associado a um risco relativo elevado de câncer de mama ;a deterioração da função imunológica; desenvolvimento de endometriose ; aumentos significantes de aberrações cromossomiais; diminuições da fertilidade masculina, diminuições na freqüência de nascimentos e aumentos em mortes de neonatal e aumentos de defeitos congênitos na descendência de homens expostos a pesticidas . 

    5.b -Exposição de Casos :

    CASO 1 

    De junho a setembro de 1994 , 216 adultos habitantes ou residentes de um condomínio de apartamentos nos estados Unidos que tiveram suas superfícies externas tratadas com chlordane foram examinadas por investigadores na Faculdade Médica da Califórnia . As 109 mulheres e 97 homens foram avaliados por uma bateria de testes neurológicos para determinar se os baixos níveis de chlordane nos apartamentos deles/delas tinham causando qualquer efeitos prejudiciais a saúde. Os testes fornecidos eram considerados indicadores sensíveis de neurotoxicidade. A idéia era para se determinar se o chlordane estava causando realmente problemas neurológicos. E o resultado do teste em adultos expostos ao chlordane foi comparado às pontuações do teste de 94 mulheres e 68 homens de Houston, sabidamente não terem sido exposto a chlordane. 

    Os resultados da prova mostraram muitos efeitos prejudiciais para a função mental com baixos níveis de chlordane no ar. Não só o resultado do teste foram significativamente mais baixo pelo tempo de reação, equilíbrio, e memória, mas a prova também mostrou alterações significativas em dificuldade de atenção, tensão exarcebada, depressão, raiva e fadiga 

    Em conclusão, declarou Dr. Kaye Kilburn,  
    " A exposição de nosso grupo de estudo foi de ar em recinto fechado, devido a evaporação de chlordane das superfícies de madeira dos apartamentos dos condomínios. 

    Chlordane é um inseticida introduzido em 1948 e age como um toxico com muitos dos sinais e sintomas parecidos com o envenenamento dos produzidos pelo DDT. È trágico que a exposição ainda está ocorrendo com um material ao que o Conselho de Pesquisa Nacional em 1982 caracterizou como um perigo em qualquer dose: não se pode determinar um nível de exposição para um nível específico do termiticides cyclodiene abaixo do qual não ocorrerá nenhum efeito biológico. Todo esforço deveria ser feito para minimizar a exposição. Também em 1986 o EPA informou que chlordane era freqüentemente o mais usado dos termiticidas, porem a partir de 1987 debaixo de um acordo com EPA, o fabricante de Velsicol deixou de vender chlordane para uso do consumidor nos Estados Unidos, embora a companhia ainda esteja autorizada a exportar. É lamentável que chlordane foi aplicado em 30 milhões ou mais casas nos Estados Unidos antes da sua proibição definitiva ". 

    Caso 2

    Em 1986 de setembro , uma 33-mulher que possuía animais domésticos reclamou de enxaqueca periódica, náusea, vertigem, fadiga, e visão turva alem de suar e de se sentir confusa e aérea. Durante um ano, estes episódios tinham acontecido com certa freqüencia , e os sintomas foram ficando mais severos a medida que o tempo passava. De acordo com os amigos dela suas pupilas estavam freqüentemente diminuídas durante estes episódios. No princípio, ela pensou que os sintomas eram devido a tensão ou ao trabalho, e ela não procurou cuidado médico. 

    Nos 18 meses subsequentes, ela vinha tratando cachorros com um pesticida organofosforados. Durante os meses de verão, ela tinha tratado uma média de 10 cachorros por dia. O produto de pulga-mergulho que ela usou é um líquido de concentração contendo 11.6% phosmet como o ingrediente ativo (um inseticida organofosforado inibidor da colinesterase conhecido por causar irritação aguda da boca, olhos, e pele). 

    Enquanto ela diluía o concentrado em água, freqüentemente derramava alguns concentrado na pele dela. 

    Depois de consultar com HESIS, o médico da mulher diagnosticou a como intoxicação de organofosforados. A atividade de colinesterase da hemácia dela (0.84 pH) estava bem dentro do normal habitual (0.56-1.01 pH) . A mulher foi tratada com atropina oral, e os sintomas diminuíram. Durante as 2 semanas depois que voltou para trabalhar, evitou contato com soluções da pulga - imirja e permaneceu assimtomática; porém, uma hora depois que ela tratou de um cachorro com um produto que contém clorpifiro, um moderado agente inibidor da colinesterase ,os sintomas dela voltararm. Depois disso, ela evitou contato com todos os pesticida organofosforados. Sete meses depois, o nível da colinesterase da hemácia , medido pelo mesmo laboratório, estava menos de 20% (0.67 pH) do primeiro valor. 

    Caso 3

    Um das pessoas entrevistada era uma mulher de 43 anos com uma cadela de estimação que tinha estado tratando 8-12 cachorros cada dia durante 3 anos. Ela esfregou uma solução concentrada de produto de pulga-mergulho diretamente sobre áreas -infestadas por pulga nos cachorros. Durante um ano, ela tinha sofrido de vertigem periódica, cansaço, desmaios visão turva, dor de tórax, sudorese, e calafrios. Durante estes episódios, ela tinha pupilas midriáticas. Por causa dos desmaios, o médico dela pediu um parecer de um neurologista que observou as pupilas desiguais durante um destes episódios. Testes diagnósticos - inclusive eletroencefalograma e scan cerebral não revelou a causa dos sintomas .Envenenamento por pesticida não foi suspeitado até que HESIS a referiu para um médico especialista em medicina ocupacional. Três meses mais tarde ,depois que ela evitou toda a exposição dos produtos, os níveis de colinesterase das hemácias dela tinham aumentado gradualmente por mais que 30%. A maioria dos sintomas dela desapareceram também durante este período. Com base deste achado, a enfermidade dela foi diagnosticada como envenenamento de pesticida de organofosforados. 

    Investigações posteriores: 

    O CDHS está conduzindo uma investigação estadual de portadores de groomers e outros manipuladores animais. O Departamento de Califórnia de Comida e Agricultura está avaliando os perigos, uso, e etiquetando todos os produtos de controle de pulga que contêm phosmet. 

    Nota editorial: A EPA classificou phosmet na Classe de Toxicidade II por causa da toxicidade oral (LD50 = 147 mg/kg). Em uma recente revisão de dados de registro de pesticida, investigadores acharam uma falta de informação em toxicidade de inalação aguda, toxicidade de pele mutagenicidade, oncogenicidade, e o metabolismo geral de phosmet. O baixo nível de toxicidade de pele aguda (LD50 - 3,160 mg/kg) sugere uma baixa taxa de absorção na pele, mas dados quantitativos em absorção de pele - particularmente de formulações de pulga-mergulho - estão faltando. 

    A EPA requer que produtos usados contra pulga para cachorros e gatos tem que ter etiquetas que alertam os usuários para usar camisas de manga compridas, calças longas, , luvas impermeáveis, aventais impermeáveis, e botas impermeáveis . Isto porque animais que foram lavados ou foram borrifados com pesticida ficaram doentes ou morreram, EPA requer agoira que a etiqueta do produto diga claramente que um cachorro ou gato pode ser envenenado se o produto não é diluído corretamente antes de uso. Até que ponto os manipuladores de animais nos Estados Unidos são expostos ou não ficamos doente da pulga-controle pesticida é desconhecido. Criadores de animais domésticos deveriam seguir as instruções da etiqueta corretamente e deveriam usar luvas e roupa protetora como recomendado. Nota de Art Craigmill: Não é nenhuma surpresa que não seguir as direções para uso de pesticida podem conduzir a dano, contudo muitas pessoas ainda têm a habilidade sem igual de não só ignorar direções, mas também ser surpreendido quando eles ficam doentes! 

    Pesquisa de Telefone

    Em setembro de 1986, HESIS conduziu uma pesquisa pelo telefone. Vinte e quatro portadores animais de estimação na Baia de São Francisco Bay foram selecionadas aleatoriamente na área de Los Angeles pelas listas telefônicas. Por entrevistas de telefone, 12 pessoas informaram que freqüentemente usaram pulga-imirjam produtos e apresentaram sintomas quando trabalharam com os produtos. Os sintomas comumentemente mais relatados foram de enxaqueca, vertigem, náusea, cansaço, e dermatite. Duas pessoas relataram sintomas de lacrimejamento, sudorese, confusão mental consistente com inibição da colinesterase. Produtos contendo Phosmeet para controlar Pulgas foram relatados freqüentemente como estando relacionados aos sintomas. Uma pessoa reclamou de sintomas enquanto trabalhava com um produto que contém clorofenvinphos, um organofosforado classificado pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) como de Toxicidade Classe 1 (as substâncias químicas mais tóxicas são denominadas para Classificar 1). 

    A maioria das pessoa que lidam com animais domésticos informam que não usam aventais ou luvas e não usaram os pesticidas de acordo com as direções das etiquetas dos produtos. Eles aplicavam freqüentemente o produto não diluído com as mãos sem proteção e, a pele e os olhos eram freqüentemente expostos aos pesticidas.

     6 - Envenenamento Crônico por Pesticidas:

    Os efeitos dos pesticidas locais na pele pela exposição repetida de baixas concentrações provocam: bolinhas na face, braços, costas e tórax (idêntico ao aparecimento da acne, freqüentemente visto na maioria de crianças adolescentes) e pode ser uma indicação de exposição crônica da pele ao tóxico. O efeito sistêmico crônico de inalação repetida ou pela absorção pela pele de baixas concentrações de brometo de etila. 

    Todos os sinais e sintomas previamente listados abaixo de " efeitos agudos " podem acontecer em uma pessoa com envenenamento crônico. Sinais de fadiga e perda de apetite podem desenvolver são até comuns. 

    Sinais de alteração de funcionamento dos nervos podem aparecer gradualmentre de forma que uma pessoa pode aparecer bêbada ou pode aparentar ter uma mudança de sua personalidade. 

    Os efeitos sistêmicos crônicos de uma única exposição pode acarretar danos no sistema nervoso que podem durar anos e resultam em dificuldades de visão e de andar. 

    A maioria dos estudos que envolvem exposição crônica de seres humanos com pesticidas decorre de exposições a compostos diferentes e raramente podem ser atribuídos a uma só substância. Os aplicadores de Pesticida em geral apresentam cefaléias crônicas, vertigem, uma sensação de ardência olhos, e rinorréia crônica. 

    6.a - Toxicidade por organoclorados

    A exposição crônica de inseticidas organoclorados provocam danos hepáticos e tumores nos rins em animais de experimentação, bem como alterações gástricas.

    Sintomas de exposição crônica ao DDT inclui neuropatia periférica, fraqueza muscular, ansiedade, tensão, medo, perda de peso, tremores, e anemia Reações alérgicas também tem sido relatadas. A exposição crônica a este grupo de organoclorado, pode resultar também em dor de cabeça, vertigem, sonolência, mal-estar geral , irritabilidade, náusea, perda de apetite, e vomitos. Isto em parte porque todo organoclorado acumula em tecido adiposo, e pode ocorrer efeitos cumulativos. Estes sintomas podem ocorrer como sintomas progressivos severos ou como uma sensibilidade aumentada para doses agudas pequenas. Isto porque a inibição da acetilcolinesterase é permanente e pode existir um efeito cumulativo tóxico com a exposição crônica se a atividade da enzima está sendo inibida numa taxa mais rápido que o corpo sintetiza. 

    6.b - Toxicidade por Organofosforados 

    Os Organofosforados provocam um efeito retardado no sistema nervoso. Estes efeitos vão de alterações de personalidade até desordens psiquiátricas. O EEG apresenta alterações, tipo uma síndrome Parkinson-like, diminuição dos reflexos, reduzida concentração, e provocando até um retardamentro mental, alem de perda de memória, depressão, dificuldades de fala, ansiedade, irritabilidade, e polineuropatia periférica. Pode existir também uma polineuropatia periférica tóxica retardada.

    Nenhuma seqüela neurológica foi detectado em um grupo de 45 de aplicadores masculino de pesticida agrícola que tinham tido anteriormente moderada queda nos níveis de colinesterase na ausência de intoxicação por organofosforados. Holandeses expostos a uma variedade de pesticida durante 20 anos tiveram diminuições da velocidade de condução nervosa em fibras motoras e sensórias relacionados a dose manipulada.

    Bezuglyy et al notaram que exposição a inseticida crônica incluem redução de funções hepáticas e até mesmo cirroses hepáticas , arritmias cardíacas, problemas oculares e dermatite de contato. Em um estudo de 65 aplicadores de pesticida, a função renal não estava afetada. Porem as mortes por desordens mentais foram aumentadas. 

    A exposição crônica a Pesticida foi identificada como um fator de risco para o desenvolvimento da doença de Parkinson. Níveis séricos do pesticida organoclorado estavam mais elevado em um grupo de pessoas com síndrome da fadiga crônica do que em controles saudáveis (15. 9 ppb contra 6. 3 ppb; P <0. 05). Mais que 90% dos organoclorados nos pacientes sintomáticos total foram - DDE e hexachlorobenzeno.

    Produtos que controlam pulgas, particularmente pulga imerja podem conter pesticida de organofosforados potentes inibidores de colinesterase. Em 1986 e 1987, foram relatados dois casos de enfermidade humana associados com o uso de produtos de pulga-mergulho ao Departamento de Califórnia de Serviços de Saúde (CDHS) e o Departamento de Califórnia de Relações Industriais (CDIR). 

    7 - SENSIBILIDADE QUÍMICA MÚLTIPLA (SQM) 

    A Sensibilidade Química múltipla ou SQM, também conhecida como Enfermidade Ambiental, é uma enfermidade distinta que muitas vezes é diagnosticada secundariamente ao complexo da Síndrome de Fadiga Crônica- Fibromialgia. Basicamente é um reação a algumas substâncias químicas. 

    Alguns dos sintomas básicos desta enfermidade incluem espirros, dificuldades cognitivas, perturbação do sono, e problemas de coordenação motora.. A causa destes sintomas são basicamente devido à incapacidade do corpo de metabolisar várias toxinas dentro nosso organismo. A SQM é uma doença muito complexa com várias etiologias e sistemas orgânicos envolvidos. È desconhecida se esta enfermidade pode ser curada. Pacientes com SQM podem passar algum tempo com poucos ou nenhum sintoma e só então reaparecer mais tarde sem nenhuma razão ou ao menor contato ou exposição com alguma substância química que poderia ser de um simples perfume, uma loção de mão, contato com gasolina ou ar poluído (em recinto fechado ou fora). 

    O problema é que estas doenças são complexas sem cura definitiva. Como muitos pacientes podem ter vários problemas mesmo por pouco tempo, poucos são tratados e isto resulta freqüentemente em curas não definitivas e são seguidos depois por doenças ou sintomas prolongados. A SQM pode ser tornar um grande problema clínico quando é diagnosticada junto com outras enfermidades. 

    Os fatores e causas de SQM podem incluir;  
     

    1 - Exposição ou injúria química. (Exposição crônica ou há pouco tempo) 

    2 - Infecções primárias. 

    3 - Tensão. 

    4 - Insuficiência de vitamina ou de nutrientes. (Desnutrição) 

    5 - Acúmulo de toxinas 

    6 - Alergias a alimentos. 

    7 - Insuficiência circulatória. 

    8 - Reações neurológicas deficientes. 

    9 - Exposição de ar poluído. 

    10 - Isquemia cardíaca. 

    11 -Cuidado médico inadequado. 

    A melhor maneira de tratar esta enfermidade é encontrar um especialista em SQM e começar o tratamento logo que possível. Isso não quer dizer que você será curado mas agindo precocemente podemos prevenir uma diferença significativa em sua perspectiva a longo prazo. 

    Eliminando Insultos específicos e adicionando vitaminas e terapias holisticas são normalmente as primeiras condutas para combater a doença . É de responsabilidade do paciente em insistir em encontrar todos os meios para equacionar seus problemas, e fazer o que pode para ver estes problemas resolvidos. 

    8 - TRATAMENTO:

    O primeiro passo nos casos de síndrome da fadiga crônica associados com algum tipo de pesticida é, depois de identificá-lo, promover o tratamento específico. Seja pela retirada do agente causador, seja por tratamento farmacológico específico ou dos próprios sintomas de Fadiga Crônica. É um tratamento multifatorial, que pode exigir uma equipe de especialistas.

    Não existe atualmente tratamento específico para a SFC. Vários medicamentos tem sido proposto mas sempre com o intento de aliviar as manifestações da enfermidade do que atacar o problema etiológico básico propriamnete dito. Análgesicos, antinflamatórios não-hormonais, antidepressivos tricíclicos, terapias cognivas e comportamentais, bem como alguns exercícios tem sido advogados como auxiliares na terapia da SFC. Porem nenhum medicamento até agora mostrou-se uniformemente eficaz contra a enfermidade.

    Recentemente Pearn et al. descreveram casos de síndrome de fadiga crônica devido a envenenamento crônico pela ingestão de ciguatera (peixes contendo ciguatoxinas). Os casos de envenenamento agudo é dramático com parestesias, mialgias, artralgias, prostração mas já 20% dos casos de pacientes que ingerem peixes contaminados apresentam sintomas indistinguíveis da síndrome fadiga crônica. O fato de uma potente toxina dos mamíferos causar a síndrome da fadiga crônica abre uma porta para o estudo de outros agentes tóxicos provocarem uma síndrome da fadiga crônica-like.

    Recentes estudos realizados por Phioplys et al AV com Amantidina e L-Carnitina no tratamento da síndrome da fadiga crônica resultaram em evidências interessantes. Como a carnitina é essencial para a produção de energia pelas mitocôndrias, e como distúrbios da função da mitocôndria provoca fadiga, a L-Carnitina foi dado aos pacientes com síndrome da fadiga crônica e resultou em melhoria clínica estatisticamente comprovada. Amantadina não foi tolerada pelos pacientes e não promoveu nenhum benefício aos pacientes que fizeram uso deste medicamento. 

    A conclusão foi de que L-carnitina é um medicamento seguro, bem tolerado, provoca melhoria nos pacientes na maioria dos sintomas que apresentaram. Sendo assim e como não há contraindicações ao uso de L-Carnitina cremos que um teste com este medicamento merece ser testado em alguns pacientes selecionados com a SFC.

    Mais recentemente ainda o FDA aprovou um protocolo para tratar pacientes com síndrome da fadiga crônica com um medicamento novo que tem capacidade de restaurar as funções físicas e cognitivas destes pacientes. Cerca de 500.00 à 2.000.000 de pacientes sofrem da síndrome da fadiga crônica nos EEUU. O mecanismo de ação do AMPLIGEN não são conhecidos mas os estudos determinarão se os sintomas mais comum como fadiga, problemas de concentração e de memória, sintomas de gripe, artralgias, mialgias, perturbações do sono serão afetados positivamente antes de serem liberados para a venda ao público em geral. 

    Cinco Hospitais dos Estados Unidos receberam aprovação para participar do teste do protocolo de tratamento para pacientes com Síndrome da Fadiga Crônico com o - Ampligen - aprovado pelo FDA. Além dos cinco locais aprovados, uns doze locais adicionais estão sendo considerados para serem aprovados a tratar os pacientes de CFS com Ampligen, desenvolvido por HemispheRx Biopharma, Inc., e que teria o potencial de restabelelcer parte das funções físicas e cognitivas afetadas dos pacientes com Síndrome da Fadiga Crônica. 

    Esta é a primeira vez que se aprova um medicamento, em regime experimental para tratar da Síndrome da Fadiga Crônica. Os pacientes serão tratados com duas infusões da droga semanal e realizarão vários testes laboratoriais para contrôle. 

    O programa de tratamento nos E.U.A. serão dirigidos inicialmente para os pacientes mais gravemente atacados pela enfermidade. E a duração do tempo de tratamento será de 24 semanas seguido rigorosamente por avaliações médicas periódicas. 

    Entretanto, vendas do medicamento Ampligen já começou em Montreal e Vancouver sob a coordenação do Programa Canadense de Lançamento de Droga Emergencial. 

    9 - CONCLUSÃO:

    Como a síndrome da fadiga crônica é por definição uma síndrome de caráter crônico, qualquer analogia que possamos ter ou vir a fazer com agentes etiólogicos químicos ou tóxicos seria com contato prolongado no caso com os pesticidas. Várias pesquisas tem falhado na identificação de um único agente etiológico para a síndrome da fadiga crônica, entretanto existem recentemente algumas pistas que levam a supor que exista uma base molecular para o diagnóstico da síndrome da fadiga crônica.

    Em um estudo publicado por Dustanet al., níveis sericos do pesticida-organoclorado foi detectado em todas as amostras de pacientes com SFC em valores superiores a 0,4 pbb. A incidência de contaminação por hexaclorobenzeno foi de 45% maior que os níveis não-tóxicos 2,0 ppb que o observado entre grupo controle. Níveis de organoclorados (15.944 ppb) também foram encontrados elevados no grupo de síndrome da fadiga crônica. Estes níveis de organoclorados medidos no soro de pacientes com síndrome da fadiga crônica, eram mais altos que os dos outros pacientes do grupo-contrôle, sugerindo que estas substâncias químicas podem ter um papel etiológico na síndrome da fadiga crônica.

    Entretanto como em alguns estudos não houve diferença nos níveis séricos de organoclorados entre os pacientes com síndrome da fadiga crônica e os outros com história conhecida de exposição aos tóxicos, a exclusão pura e simples do conceito da síndrome da fadiga crônica baseado na exposição ao tóxico parece não ser válida. O papel da bioacumulação no desenvolvimento dos sintomas da síndrome da fadiga crônica merece investigações futuras.

    Por outro lado Mc Gregor estudou 20 pacientes com síndrome da fadiga crônica de acordo com a definição do CDC e 45 pacientes sem síndrome da fadiga crônica. Os pacientes foram submetidos a uma bateria de testes inclusive exames sangüíneos específico de espectometria em massa para metabólitos anormais presentes na urina.

    Análise multivariadas dos metabolitos na urina revelou um aumento significativo de amido-hidroxi-N-pirrolidina tiroxina (chamado de CFSUM-1,"Chronic Fatigue Syndrome Urinary Marker"), b-alanina e ácido acotínico e ácido succinico e concomitantemente uma redução nos níveis de alanina e ácido glutâmico.

    As concentrações de amido hidroxi-N-pirrolidina tiroxina (CFSUM-1), e B-alamina estavam proporcionais a incidência dos sintomas da síndrome da fadiga crônica sugerindo uma base molecular para a doença e isto pode no futuro servir como um teste diagnóstico para a síndrome da fadiga crônica. Noutro estudo dos mesmos autores foi demonstrado que os sintomas dos pacientes com elevados níveis da CFSMU 1 estavam associados com alterações do aparelho, músculo-esquelético enquanto níveis elevados de B-alamina estava associado aos problemas gastrointestinais e genitourinários.

    Em resumo a SFC é uma entidade nosológica definida mas cujo agente etiológico ainda não foi 100% comprovado. Vários autores tem sugerido diferentes causas para a SFC mas até agora nenhum foi considerado pela comunidade científica como sendo unanimidade. È certo que a o complexo de múltiplos sintomas da SFC podem ser desencadeado por alguns pesticidas como vimos anteriormente, tanto da classe dos organoclorados, organofosforados e carbamatos. Mas nos níveis de conhecimento atuais não de pode implicar os pesticidas como os únicos causadores da SFC.

    No entanto com o surgimento de medicamentos que possam combater com mais eficiência os sintomas da SFC recentemente lançados no mercado e, conjuntamente com o alerta de que os pacientes com suspeita de SFC devam daqui para a frente passsarem por um "screening" toxicológico seja na urina ou no sangue, certamente teremos contribuições valiosas tanto para se for o caso, afastarmos os pacientes das fontes dos pesticidas, como do tratamento em si contra o envenenamento crônico específico, como na descoberta e no aprimoramento de novos e modernos pesticidas com mais eficiência e menor morbidez.

    10 - Bibliografia:

  • Improving the quality of reporting of Buchwald D, Garrity D. Comparison of patients with chronic fatigue syndrome, fibromyalgia and multiple chemical sensitivities. Arch Intern Med 1994; 154: 2049-14.
  • Behan PO. Chronic fatigue syndrome as a delayed reaction to chronic low-dose organophosphate exposure. J Nutr Med 1996; 6: 341-350.
  • Dunstan RH, Donohoe M, Taylor W, et al. A preliminary investigation of chlorinated hydrocarbons and chronic fatigue syndrome. Med J Aust 1995; 163: 294- 297.
  • Hoffman RE, Stehr-Gren PA, Webb KB, et al. Health effects of long-term exposure to 2,3,7,8-etrachlorodibenzo-p-dioxin. JAMA 1986; 255: 2031-2038.
  • Pearn JH. Chronic ciguatera: one cause of the chronic fatigue syndrome. J Chron Fatigue Syndr 1996; 2: 29-34
  • Clark MR, Katon W, Russo J, Kith P, Sintay M, Buchwald D. Chronic fatigue: risk factors for symptom persistence in a 2½-year follow-up study. Am J Med. 1995;98:187-195.
  • Fukuda K, Straus SE, Hickie I, Sharpe MC, Dobbins JG, Komaroff A. The chronic fatigue syndrome: a comprehensive approach to its definition and study. Ann Intern Med. 1994; 121 : 953-959.
  • Holmes GP, Kaplan JE, Gantz NM, et al. Chronic fatigue syndrome: a working case definition. Ann Intern Med. 1988;108:387-389.
  • The Canadian MS Research Group. A randomized controlled trial of amantadine in fatigue associated with multiple sclerosis. Can J Neurol Sci. 1987;14:273-278.
  • Cohen RA, Fisher M. Amantadine treatment of fatigue associated with multiple sclerosis. Arch Neurol. 1989;46:676-680.
  • Buchwald D, Garrity D. Comparison of patients with chronic fatigue syndrome, fibromyalgia and multiple chemical sensitivities. Arch Intern Med 1994b; 154: 2049-2053. 
  • Holmes GP, Kaplan JE, Gantz NM, et al. Chronic fatigue syndrome: a working case definition. Ann Intern Med 1988; 108: 387-389. 
  • Katon WJ, Walker EA. The relationship of chronic fatigue to psychiatric illness in community, primary care and tertiary care samples. Ciba Fnd Symp 1993; 173: 193-204. 
  • Kuratsune H, Yamaguti K, Hattori H, et al. Symptoms, signs and laboratory findings in patients with chronic fatigue syndrome. Nipponrinsho 1992; 50: 2665-2672. 
  • Morte S, Castilla A, Civiera M-P, et al. Gamma interferon and chronic fatigue syndrome. Lancet 1988; 2: 623-624. 
  • Joy, R.M. (1993) Chlorinated hydrocarbon pesticidas, In: Pesticidas Nd neurological diseases, 2nd edition, (Ed. D.J. Ecobichon and R.M. Joy), CRC Press, London.
  • Srivastava, A.K., Gupta, B.N., Mathur, A.K., Mathur, N., Mahendra, P.N. and Bharti, R.S. (1991) The clinical and biochemical study of pesticide sprayers. Human and Experimental Toxicology, 10, 279-283.
  • Cascorbi, I. and Foret, M. (1990) Interaction of Xenobiotics on the glucose-transport system and the Na+/K+-ATPase of human skin fibroblasts. Ecotoxicology and Environmental Safety, 21, 38-46.
  • Foret, M. and Ahlers, J. (1988) Effects of phenol’s on growth rate and adenosine uptake of CHO cells.Ecotoxicology and Environmental Safety 16, 303-309.
  • Kanja, L.W., Skaare, J.U., Ojwang, S.B.O. and Maitai, C.K. (1992) A comparison of organochlorine pesticide residues in maternal adipose tissue, maternal blood, cord blood and human milk from mother/infant pairs. Arch. Environ. Contam. 22, 21-24.
  • Mes, J. (1992) Organochlorine residues in human blood and biopsy fat and their relationship. Bull. Environ. Contam. Toxicol. 48, 815-820.
  • Courtney, K.D. (1979) Hexachlorobenzene (HCB): A review. Environmental Research 20, 225-266.
  • Ahmad, N., Harsas, W., Marolt, R.S., Morton, M. and Pollak, J.K. (1988) Total DDT and Dieldrin content of human adipose tissue. Bull. Environ. Contam. Toxicol. 41: 802-808.
  • de Jong, G. (1991) Long term health effects of aldrin and dieldrin. Toxicology Letters Supplement, Elsevier Science Publishers B.V., Amsterdam.
  • Wolfe, M.S., Toniolo, P.G., Lee, E.W., Rivera, M. and Dubin, N. (1993) Blood levels of organochlorine residues and risk of breast cancer. Journal of the National Cancer Institute, 85, 648-652.
  • Neubert, R., Jacob-M(ller, U., Helge, H., Stahlmann, R. and Neubert, D. (1991) Polyhalogenated dibenzo-p-dioxins and dibenzofurans and the immune system. 2. In vitro effects of 2,3,7,8-tetrachlorodibenzo-p-dioxin (TCDD) on lymphocytes of venous blood from man and a non-humanprimate (Callithrix jacchus). Arch. Toxicol. 65, 213-219.
  • Rier, S.E., Martin, D.C., Bowman, R.E., Dmowski, W.P. and Becker, J.L. (1993) Endometriosis in Rhesus monkeys (Macaca mulatta) following exposure to 2,3,7,8-tetrachlorodibenzo-p-dioxin. Fundamental and Applied Toxicology, 21, 433-441.
  • Kourakis, A., Mouratidou, M., Kokkinos, G. Barbouti, A., Kotsis, A., Mourelatos, D. and Dozi-Vassiliades, J. (1992) Frequencies of chromosomal aberrations in pesticide sprayers working in plastic green houses. Mutation Research, 279, 145-148.
  • Rupa, D.S., Reddy, P.P. and Reddi, O.S. (1991) Reproductive performance in population exposed to pesticides in cotton fields in India. Environmental Research, 55, 123-128.
  • Dunstan RH, Donohoe M, Taylor W, Roberts TK, Murdoch RN & Watkins JA (1995) Chlorinated hydrocarbons and chronic fatigue syndrome Med J Aust 163:294-297.
  • Dunstan RH, Roberts TK, Donohoe M, McGregor NR Hope D, Taylor WG, Watkins JA, Murdoch RN & Butt H (1996) Bioaccumulated chlorinated hydrocarbons and red/white blood cell parameters. Biochem Molec Med,58:77-84. 
  • Dr. Horácio Arruda Falcão, ex-Professor de Nefrologia da UFRJ, Fellow em 
    Nefrologia pelo Massachusetts General Hospital, Fellow do American College of Physicians (FACP)