2 de ago. de 2010

O que é o sono e que são os sonhos?



O que é o sono e que são os sonhos? Pergunta a mim senhor sábio? Pois eu não posso lhe dar nenhuma resposta. O senhor tem Freud e seus discípulos, que dizem haver decifrado todos os mistérios do sono! Bom proveito!

Estas minhas palavras são dirigidas às mentes simples: O sono é o estado durante o qual a Alma perde, por algum tempo, sua vida individual, para submergir-se no mar da luz Universal, a qual está animada por duas correntes contrárias: Luz Branca e Luz Negra, ou, como dizem outros: Magnetismo ativo e Magnetismo passivo. Por este motivo, todos os sábios espiritualistas aconselham que é preciso empregar, com grande vigilância, a hora que precede o sono. O sono é um banho na Luz da Vida ou nas trevas da morte. "Quem adormece com pensamentos de Santidade, banha-se nos méritos dos santos; mas, aquele que se entrega ao sono com pensamentos de luxúria, banha-se no mar lodoso do erotismo". (Levy).

A noite é o melhor terreno para semear. Quem nela semeia ânsias de saber, despertará na Sabedoria Divina.
"A almofada é boa conselheira", quer também dizer: "à noite..."
Os maus pensamentos agitam o sono, e uma consciência limpa é a melhor almofada, se tem dito. O que o homem irradia durante a vigília, não cessa durante o sono. Santo Agostinho disse: "Só conquista a virtude da castidade, quem impõe a modéstia a seus sonhos". Nossos sonos são, muitas vezes, o reflexo de nossos desejos mais secretos.

Adonai dormiu e sonhou... Sonhou? - uma voz dizia:
- Vamo-nos!
- É hora?
- Que fazes aqui, Georgette?
- Quero estar contigo.
- Agora não posso. Tenho que ir-me...
- Leva-me contigo!
Adonai consultou sua companheira com um olhar, e disse a Georgette:
- Tu não podes vir. Depois te verei.
- Olha! São meus enfermos!
- Não temos tempo a perder. Vamos! Acelera tuas vibrações.

E, de repente, apesar de não haverem movido de seus lugares, achavam-se em uma florescente e populosa cidade.
Adonai deteve-se um momento para contemplar aqueles luminosos monumentos, e perguntou à sua companheira:
- Já chegamos?
- Sim, é a cidade etérea dos grandes sábios de todos os ramos da ciência! Aqui estão as Universidades submergidas, onde ensina-se tudo aos homens. Aqui aprende-se como a mente opera, e de que maneira a forma do pensamento age no cérebro. Na vida corporal, raríssimos são os seres que compreendem que, quando o pensamento chega a certo grau de irradiação mental, este comunica sua energia vibratória à vida celular do cérebro. É por este meio que nos pomos em contato até com outros sistemas planetários, para descobrir seus mistérios. Nossa cura mental é como um mapa de nosso sistema solar.
O cérebro é sua miniatura dentro do crânio.
- Isto quer dizer - disse Adonai - que cada pensamento é captado pela aura mental e enviado à vida celular do cérebro e, daqui, a todo o organismo.
- Esta é a verdade, e por isto aqui viemos, para estudar a Medicina Universal, e aprender as causas das enfermidades, assim como a maneira de evitá-las e curá-las.
- E como faremos para recordar tudo, ao voltarmos ao corpo?
É muito difícil nas primeiras lições; mas algo nos ficará de cada uma. Com o tempo e a prática, chegaremos a reunir um caudal apreciável de conhecimentos.
- Que idioma usam aqui para ensinar? - disse Adonai.
A companheira sorriu e respondeu:
- É o idioma da compreensão e do sentir. Quando lançamos um beijo, no ar, ao ser querido, que idioma usamos?
Detiveram-se a contemplar, e "sentiam" ver os globos de luz, que afluíam de horizontes longínquos, e se detinham na cidade etérea.
- Não estamos na Europa? Perguntou Adonai.
- Não, estamos sobre uma república da América do Sul. E, antes de terminar a frase, um "sol" iluminou e eclipsou todas as demais luzes presentes.
- Chegou o Mestre ascendido.
A Universidade não era um lugar ou um edifício determinado, era como um espaço cercado e rodeado de cores e matizes. Assemelhava-se a um aposento de cristal transparente, que dava a sensação de que, os que estavam dentro podiam ver os que estavam fora, porém, a visão de fora para dentro era impossível. Adonai contemplou com atenção, os presentes, e sentiu, como se fora no corpo físico, um abalo de surpresa e de alegria: a seu lado estava Aristóteles. A alegria era como um mar, no qual ambos se banhavam.
- Olha - pensava - dizendo Aristóteles a Adonai - Já te disse antes que teu elo estava conectado com o meu e eu com outro.

Adonai sentiu - vendo o ser que estava com Aristóteles, e que era S...
O gozo do jovem era indefinível e, sobretudo quando percebeu de longe à As...
- Pai - pensou - dizendo Adonai - Eu conheço muitos aqui presentes. Sinto como irradiam sua satisfação para mim...
- Sim, meu filho, e sempre o faziam... Agora o Mestre desta classe está fazendo ascender o Mestre Individual de cada ser aqui presente à sua aura mental, para que funcionem todas as suas energias latentes e esquecidas. Todos os novos, como tu, que chegam à classe, têm que submeter-se a isto, e assim abrir-se-ão os arquivos esquecidos e se recobrará a sabedoria perdida. O futuro do homem depende de sua aura Mental.
Os rituais são para por o homem em contato com seu mundo interior, onde se acha o instinto, que é a memória da natureza.
- Olha, o Mestre dá início à aula: Aí, está um enfermo materializado no mundo da alma, ou melhor, dito, a Alma de um homem enfermo. Sinta o que o Mestre ensina.
O Mestre falava com pensamentos:
- "A primeira condição que o Anjo exige do médico, para ensinar-lhe as causas das enfermidades, como diagnósticá-las com exatidão e como curá-las, é a pureza do pensamento e o amor ao enfermo. Porém, se o enfermo não obedece à Lei do Íntimo, o Anjo o abandona aos átomos da morte, que destroem o corpo". Ao pensar isto, o Mestre materializou um enfermo, da mesma forma que havia feito com o anterior; mas, neste caso, o corpo anímico e os pensamentos do paciente desobedeciam às Leis da Natureza. O Mestre o aconselhava amor, perdão e domínio pessoal; mas aquele pobre homem não escutava conselho algum e dava rédea aos pensamentos de vingança, ódio e gratificação de suas paixões.
O Mestre continuou:
- Assim, a enfermidade começou neste corpo, atraída pelas ânsias exageradas, pelas emoções desarmônicas e desejos desenfreados, para mais tarde, refletir-se no corpo físico. O curador, com seu Anjo, cura primeiro as almas enfermas, impessoalmente, para dedicar, em seguida, sua atenção ao físico. Há certos sons vocais e notas, cuja entonação produzem as vibrações necessárias para reestabelecer a harmonia da Natureza, no corpo enfermo. Cada centro magnético rege uma região determinada do corpo e manifesta, nela, uma cor e um som próprio. Estes ao serem bem entoados, ajustam o Centro correspondente a seu verdadeiro ritmo.
"Olhai isto": O Mestre alçou sua mão direita, traçou um sinal sobre um novo enfermo e, logo, entoou certas vogais. Imediatamente manifestaram-se cores cambiantes, as quais penetravam no corpo fluídico do paciente, que se reestabelecia, à medida que se produziam certas sacudidas internas que lhe devolviam os átomos da saúde. Em seguida, o Mestre continuou:
- "O Médico-curador deve ser positivo, para triunfar sobre os átomos da enfermidade. O verdadeiro médico-curador é amor e sacrifício; todas as noites viaja com o corpo mental à nossas universidades, para aprender mais e dar mais saúde a seus enfermos. A Mãe Natureza põe em mãos deste seu filho a espada flamígera que consome, com seu fogo, o que é indesejável e desarmônico".
Ao dizer isto, o Mestre estendeu a mão direita e um raio flamígero, em forma de espada, se deixou ver, com sua língua de fogo, consumia todas as luzes e emanações perturbadoras que saíam e envolviam o paciente. Depois, continuou:
- "O curador, antes de tudo, deve utilizar as duas energias: solar e lunar. Estas energias fluem, para vitalizar e conservar são a cada ser. O Mago as absorve a vontade e as dirige a seus enfermos, para reestabelecê-los".
Aqui temos um ser pessimista, desanimado, medroso e com todas as derivações destes defeitos. Este deixou, há um bom tempo, de utilizar a energia solar e, por tal motivo, tem o estômago, o fígado, os intestinos e o coração doentes. O sangue está desvitalizado e todo o corpo necessita de energia e vida.
Tende em conta que todos estes transtornos são produtos dos defeitos que dominam o paciente. O remédio é, pois, curar primeiro seu corpo psíquico, com o poder mental e o pensamento e, administrar-lhe, em seguida, a energia solar, para alimentar seus sistemas nervoso simpático e central. Como médico, pode administrar certos tônicos, mas, como curador, deve injetar no paciente a energia solar positiva, como o remédio mais eficaz, trabalhando sempre impessoalmente, incognitamente.

O médico espiritual descobre, localiza o órgão enfermo dentro do corpo, mediante uma análise sensitiva, porém, ele não crê em enfermidades locais, sintomáticas, embora dirija sua energia ao órgão, e o utilize como canal, para curar o conjunto.

Para diagnosticar e localizar a enfermidade, é necessário identificar-se com o paciente desta maneira: "Com ansiedade, atrai ao corpo um átomo psíquico, parasitário, disse": "Aqui está o câncer, motivado por emoções e tensões contínuas e permanentes. Este estado tensional de ansiedade, atrai ao corpo um átomo psíquico, parasitário, que se introduz na região ou órgão mais débil do homem. O domínio desta praga, que em tempos futuros tomará mais auge, se fará por meio de outros átomos parasitários, mais fortes, que se encontram na própria Natureza, e que anulam os efeitos do parasita canceroso".
- "O médico deve saber que a enfermidade começa em um corpo mais sutil que o físico, para refletir-se, depois, neste. Na Alma ou corpo dos desejos aninham-se todas as enfermidades por motivo de ódio, luxúria, inveja, glutonice, etc... Estes vícios perturbam, primeiramente, os centros de nosso sistema nervoso, e obstruem as correntes vitais diminuindo a energia física. Eles abrem uma brecha na aura defensora da harmonia e da saúde".

"O pensamento tem seu tipo de onda, com a qual imprime no ser, seu caráter, e pode provocar transtornos na vida atômica e celular".

"O pensamento cura e enferma. A aspiração, a inspiração e os pensamentos puros, são os únicos meios que mantêm o homem equilibrado e são; ativam a secreção glandular e depuram as impurezas do organismo".

"Certas vogais e sons fazem vibrar as glândulas e, lhes dão assim, o poder de eliminar certas impurezas do organismo, aumentando sua capacidade funcional. As letras têm seu poder, e o Verbo-Som tem sua magia".

"Deveis fazer esforços para recordar e gravar em vossas mentes o que aprendeis durante o sono, sobretudo as causas de certas enfermidades e a maneira de curá-las".

"O enxerto de glândulas animais, animaliza, um tanto, a Alma e, desta maneira, o órgão enxertado deixa de obedecer ao mandato do EU SOU e seguirá como uma brecha no corpo de desejos, para ligar o homem à animalidade".

"Já vos foi dito: o pecado é enfermidade e a enfermidade é pecado. O pecado é a desobediência, consciente ou inconsciente, às leis naturais".

"O homem é trino, por ter três centros de vida: a cabeça é o centro da vida pensante; no peito está a vida pela respiração; no abdome, pela alimentação. Por isto pode-se dizer que o homem adoece pelo pensamento, pela respiração e pelo alimento. O corpo é o Templo do Espírito, é o Templo de Deus".
"Aprendei e ensinai a comer".
"Aprendei e ensinai a respirar".
"Aprendei e ensinar a pensar".
"E assim podereis ser Curadores e verdadeiros médicos".
"Deveis saber que a avareza, a mesquinhez e seus derivados debilitam o sistema vital e criador".
"Olhai".
Materializou um avaro com seus corpos vital e astral feito pedaços, e esses sofrimentos internos se refletiam no corpo físico. O coração e o sangue não funcionavam em uníssono com a Lei vibratória da Natureza!...
Depois continuou:
"A inveja debilita o estômago, os intestinos e o sangue. A luxúria ataca o cérebro, a memória, os olhos e debilita a vontade, etc..."
O ódio enferma o fígado e o coração. A gula enferma a garganta, o estômago, o fígado, o pâncreas (diabetes).
"O medo e o egoísmo transtornam o cérebro, a mente, o coração, o estômago, o fígado e os sistemas circulatório e respiratório".
"A tuberculose é o fruto do abuso nos vícios, e na violação das leis divinas e naturais".

"A cólera produz a paralisia parcial do sistema capilar. Diz-se: "está vermelho de ira, "branco" de raiva. Tudo é sinônimo da supressão temporal da ação de grande motor da circulação e, tais perturbações, influem, seriamente, no coração e no espírito".p> "O corpo é o instrumento da mente. Ele não depende de nenhum credo, culto ou escola; assim como os vícios podem enferma-los, também, as virtudes, as emoções positivas do ânimo, o júbilo, a fé, a esperança, etc., aumentam a vitalidade e fortalecem o sistema físico, pondo-lhe em condições de rechaçar o ataque das enfermidades".

"O curador trata, primeiramente, de expulsar de seu enfermo as emoções negativas, com seu poder mental e divino, para curar, depois, seu corpo físico".
"Icterícia, queda dos dentes, desordens uterinas, erisipelas, eczemas, impetigos, etc., etc., têm por canal o medo, o qual causa a obsessão em certas idéias ou pensamentos destrutivos".

O Mestre sempre ensinava apresentando os enfermos modelos, para que os discípulos pudessem relacionar a enfermidade e seus efeitos no corpo físico.

O Mestre tratou de desvelar o homem e seu corpo. Explicou, com seus modelos viventes, as causas e os efeitos. Descobriu a mente em suas três fases. Suas lições, depois do preâmbulo anterior, tornaram-se sistemáticas.

As lições em curso tratavam dos seguintes temas:
As células do corpo e como funcionam. (Sempre com visão clara das demonstrações vivas, para que os discípulos pudessem contemplar o trabalho e desenvolvimento de cada célula, da mente celular e como funciona).
O Sistema Nervoso e seu admirável funcionamento.
Anatomia e Fisiologia no ser vivo. Patologia explicada de igual forma, etc...
Depois o Mestre repetia sempre:
- "O médico que não dá seu corpo como alimento e seu sangue como bebida para seus enfermos, será sempre um curandeiro e um traficante da saúde" o Curador deve vigiar seus pacientes até no sono".

Em outra ocasião, outro médico disse:
- "Os sábios antigos conheciam mais acerca das leis fundamentais da Natureza e do ser humano, do que se admite na atualidade".
"Há sabedoria e há ciência: Esta rodeia o templo da sabedoria e aquela penetra no templo. Uma é superficial, e faz muito barulho; a outra é profunda, silenciosa, e foge do bulício popular".
"As estantes da medicina atual estão cheias de livros, os quais estão repletos de teorias, nomes, sistemas, patentes de drogas e remédios. Por isto, o médico atual assemelha-se ao comerciante de tecidos da moda: gaba os fabricados hoje, até conseguir vendê-los e, amanhã, colocará no artigo velho uma etiqueta com nome novo, e anunciará como a última moda".

"Recordai-vos do que foi dito há séculos: Há duas espécies de conhecimentos; há uma ciência médica e uma sabedoria médica. A compreensão animal pertence ao homem medíocre, porém, a compreensão dos mistérios divinos pertence ao espírito divino nele".

"A chave para curar a enfermidade acha-se na compreensão da lei fundamental, que dirige a Natureza do homem e, para isto, é preciso uma medicina que conheça o homem em seus três aspectos ou mundos. Os sábios antigos sabiam acerca de sua verdadeira natureza mais do que tem sonhado as escolas de medicina".

"O sentimos pelos materialistas, porém, o homem é mais do o corpo físico que estamos vendo. Vossos corpos estão adormecidos, e estais aqui presentes. Deveis seguir assistindo as aulas, até chegar à compreensão de que todo o saber está dentro de vós próprios. Nós, que estamos ensinando, somos simples guias para a Fonte Divina e Universal, que está dentro de cada ser".


(Texto retirado da obra O Batismo da Dor, do dr. Jorge Adoum)

Palavras de Osho

http://www.palavrasdeosho.com/

"Não estou aqui para dar respostas. Estou aqui para provocar em vocês um ponto de interrogação, o ponto de interrogação final."
(em www.osho.org.br)

Depressão

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Antigamente se chamava melancolia; hoje se chama depressão e é considerada um dos maiores problemas psicológicos dos países desenvolvidos. Ela é descrita como uma sensação de desespero ou um estado sem esperança, uma perda de auto-estima sem nenhum entusiasmo ou interesse pelo ambiente. Em adição, existem sintomas físicos de falta de apetite, falta de sono e uma perda da energia sexual. Os tratamentos com eletrochoque foram largamente abandonados hoje em dia e as drogas e a terapia verbal parecem ser igualmente efetivas - ou não efetivas. Explicações para a depressão têm variado do químico para o psicológico.

O que é a depressão? É uma reação a um mundo depressivo, um tipo de hibernação durante `o inverno de nosso descontentamento'? É a depressão somente uma reação à repressão - ou opressão - ou é apenas uma forma de auto-repressão?

O homem sempre viveu com esperança, um futuro, um paraíso em algum lugar distante. Ele nunca viveu no presente - sua era de ouro ainda está por vir. Isto o manteve entusiasmado porque grandes coisas iam acontecer; todos os seus desejos iam ser preenchidos. Havia grande prazer na antecipação. Ele sofria no presente; ele era miserável no presente. Mas tudo isto era completamente esquecido nos sonhos que iam ser preenchidos no amanhã. O amanhã sempre foi doador de vida.

Mas a situação mudou. A velha situação não era boa porque o amanhã - que preencheria os sonhos dele - nunca se tornou verdade. Ele morreu esperando. Mesmo em sua morte ele estava esperando por uma vida futura - mas ele verdadeiramente nunca experimentou nenhuma alegria, nenhum significado. Mas isto era tolerável. Era somente uma questão de hoje; ela irá passar e o amanhã é certo que vai chegar. Os profetas religiosos, messias, salvadores estavam lhe prometendo todos os prazeres - que são condenados aqui - no paraíso. Os líderes políticos, os ideólogos sociais, os utopistas estavam lhe prometendo a mesma coisa - não no paraíso mas aqui na terra - em alguma momento distante no futuro, quando a sociedade passar por uma revolução total e não houver mais pobreza, nem classes, nem governo e o homem for absolutamente livre e tiver tudo o que ele precisa.

Ambos estão basicamente preenchendo a mesma necessidade psicológica. Para aqueles que eram materialistas, as utopias ideológicas, políticas, sociológicas eram atraentes; para aqueles que não eram tão materialistas, os líderes religiosos atraíam. Mas o objeto de atração era exatamente o mesmo: tudo o que você pode imaginar, pode sonhar, pode desejar, será totalmente preenchido. Com estes sonhos, as misérias do presente parecem ser muito pequenas.

Havia entusiasmo no mundo; as pessoas não estavam deprimidas. A depressão é um fenômeno contemporâneo e ela aconteceu porque agora não existe amanhã. Todas as ideologias políticas falharam. Não existe nenhuma possibilidade de que o homem seja mesmo igual, nenhuma possibilidade de que haja um tempo onde não exista governo, nenhuma possibilidade de que todos os sonhos sejam preenchidos.

Isto veio como um grande choque. Simultaneamente o homem se tomou mais maduro. Ele pode ir a uma igreja, a uma mesquita, a uma sinagoga, a um templo - mas estas são somente conformidades sociais, porque ele não quer, em tal estado depressivo e negro, ser deixado sozinho; ele quer estar com a massa. Mas basicamente ele sabe que não existe paraíso; ele sabe que nenhum salvador virá.

Os hindus esperaram cinco mil anos por Krishna. Ele prometeu não somente que voltaria mais uma vez, ele prometeu que sempre que houvesse miséria, sofrimento, sempre que o vício estivesse acima da virtude, sempre que pessoas bondosas e simples e inocentes fossem exploradas pelos astutos e pelos hipócritas, ele viria. Mas por cinco mil anos nenhum sinal foi visto dele.

Jesus prometeu que ele voltaria e quando perguntado quando, ele disse: "Em breve". Eu posso esticar "Em breve", mas não por dois mil anos; isto é demais. .

A idéia de que nossa miséria, nosso sofrimento, nossa angústia será levada embora não é mais atraente. A idéia de que existe um Deus que cuida de nós parece ser simplesmente uma piada. Olhando para o mundo, não parece como se alguém estivesse cuidando.

De fato, na Inglaterra existem quase trinta mil pessoas que são adoradoras do diabo - somente na Inglaterra, uma pequena parte do mundo. E vale a pena examinar a ideologia deles com relação à sua pergunta. Eles dizem que o diabo não está contra Deus, o diabo é filho de Deus. Deus abandonou o mundo e agora a única esperança é persuadir o diabo para tomar conta pois Deus não está tomando conta. E trinta mil pessoas estão adorando o diabo como um filho de Deus... e a razão é que eles sentem que Deus abandonou o mundo - ele não mais se preocupa com ele. Naturalmente, o único jeito é apelar para o seu filho; se de algum modo ele pode ser persuadido por meio de rituais, preces, adoração, talvez a miséria, a escuridão, a doença possam ser removidas. Este é um esforço desesperado.



A realidade é que o homem sempre viveu na pobreza. Tem uma coisa bela na pobreza: ela nunca destrói a sua esperança, ela nunca vai contra os seus sonhos, ela sempre traz entusiasmo para o amanhã. Pode-se ser cheio de esperança, acreditando que as coisas serão melhores: este período negro já está passando, logo haverá luz. Mas esta situação mudou. Nos países desenvolvidos... e lembre-se o problema da depressão não está nos países não desenvolvidos - nos países, pobres as pessoas ainda são esperançosas - ela está apenas nos países desenvolvidos, onde eles podem ter tudo o que sempre desejaram. Agora o paraíso não irá mais funcionar; nem uma sociedade sem classes pode ajudar. Nenhuma a utopia será melhor. Eles atingiram a meta - e este atingir a meta é a causa da depressão. Agora não existe mais esperança: o amanhã será negro e o dia depois de amanhã será ainda mais negro.

Todas estas coisas que eles sonharam eram muito belas. Eles nunca olhara para as implicações. Agora que eles as têm, eles as receberam com a implicações. Um homem é pobre, mas ele tem um apetite. E é melhor ser pobre ter um apetite do que ser rico e não ter um apetite. O que você irá fazer co todo o seu ouro, com toda a sua prata, com todos os seus dólares? Você não pode comê-los. Você tem tudo, mas o apetite para o qual você esteve se esforçando todo o tempo desapareceu. Você teve sucesso - e eu disse repetidas vezes que nada fracassa como o sucesso. Você atingiu um lugar que você gostaria de atingir, mas você não estava consciente dos subprodutos. Você tem milhões de dólares, mas você não pode dormir...

Quando um homem atinge os objetivos que ele acalentou, então ele se torna consciente de que existem muitas coisas em volta deles. Por exemplo, por toda a sua vida você tenta ganhar dinheiro, pensando que um dia, quando você o tiver, você viverá uma vida relaxada. Mas você esteve tenso por toda a sua vida – a tensão se tornou a sua disciplina - e no fim de sua vida, quando você conquistou todo o dinheiro que você quis, você não pode relaxar. Toda uma vida disciplinada com tensão e angústia e preocupação não irá relaxá-lo. Assim você não é um ganhador, você é um perdedor. Você perde o seu apetite, você destrói a sua saúde, você destrói a sua sensibilidade, sua delicadeza. Você destrói o seu senso estético - porque não existe tempo para todas estas coisas que não produzem dólares.

Você está correndo atrás de dólares - quem tem tempo para olhar as rosas e quem tem tempo para olhar os pássaros voando, e quem tem tempo de olhar a beleza dos seres humanos? Você adia todas estas coisas de maneira que um dia, quando você tiver tudo, você irá relaxar e desfrutar. Mas com o tempo você teve tudo, você se tornou um certo tipo de pessoa disciplinada - que está cego para as rosas, que está cego para a beleza, que não pode desfrutar a música, que não pode entender a dança, que não pode entender a poesia, que só pode entender os dólares. Mas tais dólares não dão satisfação.

Esta é a causa da depressão. É por isto que ela ocorre somente nos países desenvolvidos e somente nas classes mais ricas dos países desenvolvidos - nos países desenvolvidos existem pessoas pobres também, mas elas não sofrem de depressão - e agora você não pode dar ao homem nenhuma esperança para remover a sua depressão porque ele tem tudo, mais do que você pode prometer. Sua condição é realmente lastimável. Ele nunca pensou nas implicações, ele nunca pensou nos subprodutos, ele nunca pensou no que estava perdendo ganhando dinheiro. Ele nunca pensou que perderia tudo aquilo que o poderia fazer feliz simplesmente porque ele sempre empurrou todas estas coisas para o lado. Ele não tinha tempo e a competição era dura e ele tinha que ser duro. No final ele descobre que o seu coração está morto, sua vida é sem sentido. Ele não vê nenhuma possibilidade no futuro de qualquer mudança, porque: "O que mais existe...?"

Eu costumava ficar em Sagar na casa de um homem muito rico. O velho homem era muito bonito. Ele era o maior fabricante de bidi (cigarro indiano) em toda a índia. Ele tinha tudo o que você pode imaginar, mas ele era absolutamente incapaz de desfrutar qualquer coisa. Desfrute é algo que tem que ser nutrido. É uma certa disciplina, uma certa arte - a maneira de desfrutar - e leva tempo para se entrar em contato com as grandes coisas da vida. Mas o homem que está correndo atrás do dinheiro passa ao lado de tudo que é uma porta para o divino, e ele chega no fim da estrada e não há nada na sua frente exceto a morte.

Toda a sua vida ele foi miserável. Ele tolerou e ignorou isto na esperança de que as coisas iriam mudar. Agora ele não pode ignorar e não pode tolerar porque amanhã existe somente a morte e nada mais. E o acúmulo de miséria de toda a vida que ele ignorou, o sofrimento que ele ignorou, explode em seu ser.

O homem mais rico, de um modo, é o homem mais pobre no mundo. Ser rico e não ser pobre é uma grande arte. Ser pobre e ser rico é o outro lado da arte. Existem pessoas que são pobres as quais você achará imensamente ricas. Elas não têm nada, mas elas são ricas. Suas riquezas não estão em coisas mas em seus tudo mas são absolutamente pobres e vazias e ocas. Bem dentro existe somente um cemitério.



Não é uma depressão da sociedade, porque então ela afetaria os pobres também; é simplesmente uma lei natural e o homem agora tem que aprender isto. Até agora não havia necessidade, porque ninguém tinha atingido um ponto onde ele tinha tudo, enquanto dentro havia completa escuridão e ignorância.

A primeira coisa na vida é encontrar sentido no momento presente.

O sabor básico do seu ser deveria ser de amor, de alegria, de celebração. Então você pode fazer tudo; os dólares não irão destruir isto. Mas você coloca tudo de lado e simplesmente corre atrás de dólares achando que os dólares podem comprar tudo. E então um dia você descobre que eles não podem comprar nada - e você devotou toda a sua vida aos dólares.

Esta é a causa da depressão. E particularmente no ocidente a depressão está sendo muito profunda. No oriente existiram pessoas ricas, mas havia uma certa dimensão disponível. Quando a estrada da riqueza chegava a um fim, eles não permaneciam parados lá; eles se moviam para novas direções. Esta nova direção estava no ar, disponível por séculos. No oriente o pobre estava em uma condição muito boa e o rico estava em uma condição tremendamente boa. O pobre aprendeu o contentamento assim eles não se preocupavam em correr atrás da ambição. E o rico entendeu que um dia você tem que renunciar tudo isto e ir em busca da verdade, em busca do significado.

No ocidente, no final, a estrada simplesmente acaba. Você pode voltar, mas voltando não irá ajudar sua depressão. Você precisa uma nova direção. Gautama Buda, Mahavira, ou Parshvanath - essas pessoas estavam no pico da riqueza e então elas viram que ela é quase uma carga. Alguma coisa a mais tem que ser encontrada antes que a morte tome posse de você - e elas foram corajosas o suficiente para renunciar tudo. Suas renúncias foram mal entendidas. Elas renunciaram a tudo isto porque elas não queriam se preocupar um simples segundo mais com o dinheiro, com o poder - porque elas viram o topo e não há nada lá. Elas foram ao mais alto degrau da escada e descobriram que ela não leva a nenhum lugar; é somente uma escada levando a nenhum lugar. Enquanto você está em algum lugar no meio ou mais baixo que o meio, você tem uma esperança porque existem outros degraus mais alto que você. Chega um momento quando você está no degrau mais alto e só existe o suicídio ou a loucura - ou hipocrisia; você continua sorrindo até que a morte acaba com você, mas bem no fundo você sabe que está desperdiçando a sua vida.

No oriente, a depressão nunca foi um problema. O pobre aprendeu a desfrutar o pouco que ele tinha e o rico aprendeu que ter todo o mundo aos seus pés não significa nada - você tem que ir em busca do significado, não do dinheiro. E eles tinham precedentes; por milhares de anos as pessoas foram em busca da verdade e a encontraram. Não há necessidade de ficar desesperado, em depressão, você apenas tem que se mover para uma dimensão desconhecida. Eles nunca a exploraram, mas quando eles começam a explorar a nova dimensão - ela significa uma jornada interior, uma jornada para eles próprios - tudo o que eles haviam perdido começa a retomar.

O ocidente precisa de um grande movimento de meditação muito urgente -talentosas - porque elas conquistaram poder, elas conquistaram dinheiro, elas conquistaram o que elas queriam... os mais altos graus de educação. Estas são as pessoas de talento e elas estão se sentindo desesperadas.

Isto será perigoso porque as pessoas mais talentosas não estão mais entusiasmadas com a vida e as sem talento estão entusiasmadas com a vida mas elas nem mesmo têm talento para ter poder, dinheiro, educação, respeitabilidade. Elas não têm os talentos, assim elas estão sofrendo, se sentindo em desvantagem. Elas estão se tomando terroristas, elas estão se voltando em direção da violência desnecessária somente por vingança - porque elas não podem fazer mais nada. Mas elas podem destruir. E os ricos estão quase prontos para enforcarem-se em alguma árvore porque não existe razão para viver. Seus corações pararam de bater há muito tempo. Eles são apenas cadáveres - bem decorados, bem reverenciados, mas verdadeiramente vazios e fúteis.

O ocidente está realmente em uma condição muito pior do que o oriente, apesar de que para aqueles que não entendem parece que o ocidente está em uma melhor condição do que o oriente porque o oriente é pobre. Mas pobreza não é um problema tão grande quanto é o fracasso da riqueza; assim um homem é realmente pobre. Um pobre comum pelo menos tem os seus sonhos, esperanças, mas o homem rico não tem nada.

O que é preciso é um grande movimento de meditação atingindo cada pessoa.

E no ocidente estas pessoas que estão deprimidas estão indo aos psicanalistas, terapeutas e todos tipos de charlatões que estão eles mesmos deprimidos, mais deprimidos que seus pacientes - naturalmente, porque todo o dia eles estão escutando a respeito de depressão, desespero, ausência de significado. E vendo tantas pessoas talentosas em tal estado, elas próprias começam a perder os seus espíritos. Elas não podem ajudar; elas mesmas precisam de ajuda.

A função da minha escola será a de preparar pessoas com energia meditativa e enviá-las para o mundo apenas como exemplo para aqueles que estão deprimidos. Se eles podem ver que existem pessoas que não estão deprimidas - mas pelo contrário, que estão imensamente alegres - talvez uma esperança possa nascer dentro deles. Agora eles podem ter tudo e não há necessidade de se preocuparem. Eles podem meditar.

Eu não ensino a renúncia da sua riqueza ou de qualquer outra coisa. Deixe que tudo seja do jeito que é. Somente adicione uma coisa a mais na sua vida. Até agora você apenas tem adicionado coisas na sua vida. Agora adicione algo para o seu ser - e isto criará a música, isto criará o milagre, isto criará a mágica, isto criará uma nova vibração, uma nova juventude, um novo frescor.

Não é insolúvel. O problema é grande, mas a solução é muito simples.

Desafio de um Relacionamento Amoroso Flexível


Se qualquer relacionamento quiser permanecer sempre fresco, sempre jovem, sempre novo, então o homem tem que aprender o segredo de flexibilidade. O marido e esposa que vivem juntos durante anos estão fadados a ficarem entediados - a mesma face, a mesma geografia, a mesma topografia. Por quanto tempo você pode continuar perscrutando a mesma mulher ou o mesmo homem? - a menos que você seja tão idiota que continua esquecendo o que aconteceu diariamente, a menos que você não tenha nenhum mecanismo de memória. E, às vezes, até mesmo uma pessoa muito inteligente pode não ter seu mecanismo de memória funcionando bem.

(...)

Uma relação flexível onde você vem, fica próximo, e depois se afasta, ainda não foi desenvolvida. Esse é um dos infortúnios de humanidade. Eu gostaria de contribuir para o futuro com um conceito de relação flexível - não fixa e morta.
Rabindranath Tagore, em um dos seus romances, Aakhari Kavita, que quer dizer "O Último Poema"... – não é um livro de poesia, é um romance; só o nome é "O Último Poema" – , o herói no romance quer se casar com uma mulher altamente culta e educada, muito rica e muito bonita. A mulher está disposta, mas com uma condição.

A condição - ela tem um grande lago, exatamente ao lado do seu palácio - é essa: "Eu lhe farei outro palácio no outro lado do lago, milhas distante; você não pode enxergar um palácio a partir do outro palácio. Eu lhe darei um barco, mas nós moraremos em casas separadas e nunca convidaremos um ao outro - sempre deixaremos isto ser acidental. Você está andando de barco, eu estou andando de barco e, de repente, nos encontramos no lago. Você faz um passeio matutino, eu faço um passeio matutino e, de repente, nos encontramos debaixo das árvores - mas nenhum convite. Deste modo nossa relação sempre permanecerá jovem, sempre fresca, sempre uma lua de mel - uma lua de mel contínua.”.

O homem não pôde entender. Ele disse, "Que tipo de casamento é esse? A menos que vivamos juntos, isso não é nenhum casamento!" A mulher disse, "Então, você decide. Mas eu não posso viver com você, porque sei que o fato de vivermos juntos irá matar o que é muito importante entre nós. E eu não quero matar isso. Mesmo que você se case com outra pessoa, não importa. Eu me lembrarei de você em meus sonhos, em minhas recordações, e destes momentos dourados que se passaram entre nós, mas não permitirei uma relação fixa."

Rabindranath está lhe dando a idéia de um relacionamento flexível. De fato, uma não-relacionamento, só um caso de amor que continua sem parar - e você nunca vai ao cartório para se casar.

A menos que esteja distante, você não pode estar próximo. Se você permanecer sempre distante, o amor morrerá. Se você permanecer sempre próximo, o amor morrerá. O amor só pode sobreviver em um relacionamento continuamente fluido - nenhuma escravidão, nenhuma prisão, nenhum encarceramento.

Eu amei muito aquele romance. Não é um romance mas talvez um sonho para a humanidade futura.

OSHO. The Messiah, vol. 2 #22

Osho

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Sinta Mais. Pense Menos

Pense menos, sinta mais. Intelectualize menos, intua mais.

Pensar é um processo decepcionante, ele faz você sentir que está fazendo grandes coisas. Mas você está apenas construindo castelos no ar. Pensamento nada mais são do que castelos no ar.

Sentimentos são mais materiais, mais substanciais. Eles o transformam. Pensar sobre amor não vai ajudar, mas sentir amor está fadado a mudá-lo. Pensar é muito apreciado pelo ego, porque o ego se nutre de ficções. O ego não pode digerir qualquer realidade, e o pensar é um processo fictício...

Mude da mente para o coração, do pensar para o sentir, da lógica para o amor. E a segunda mudança é do coração ao ser - porque ainda há uma camada mais profunda em você, onde os sentimentos não podem alcançar. Lembre-se destas três palavras: mente, coração, ser. O ser é a sua natureza pura. Em volta do ser está o sentimento e em volta do sentimento está o pensamento. O pensar está muito longe do ser, mas o sentir está um pouco mais perto; ele reflete alguma glória do ser. É como num por do sol, o sol sendo refletido pelas nuvens e as nuvens enchendo-se de belas cores.

Elas mesmas não são o sol, mas elas estão refletindo a luz do sol. Os sentimentos estão mais próximos do ser, assim eles refletem alguma coisa do ser. Mas tem que ir-se além dos sentimentos também. E entào o que é ser?

Não é nem pensar, nem sentir, é puro não-ser. Você apenas é.

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Osho, o que é angustia?
É apenas um outro nome para a ansiedade?

 A angústia tem algo da ansiedade, mas ela não é apenas ansiedade. É muito mais, muito mais profunda.

 Ansiedade quer dizer que você está preocupado com um determinado assunto, num estado de indecisão. Você não sabe se deve ou não fazer certa coisa, qual será a forma certa de fazê-la, o que escolher... - há tantas formas. Você está sempre numa encruzilhada. Todos as formas parecem similares; certamente, levando a algum lugar. Mas será que levam à meta que você está aspirando?

 A ansiedade é essa condição de fazer ou não fazer, de escolher isto ou escolher aquilo. Mas o objeto da ansiedade é claro: você está indeciso sobre as formas de fazer, indeciso sobre duas pessoas, indeciso sobre dois empregos.

 A angústia não tem nenhum objeto determinado.

 A angústia é sentida por pessoas muito raras. A ansiedade é sentida por todos: tratase de uma experiência comum. A angústia é sentida somente pelos gênios, pelos mais altos picos de inteligência. Ela não tem nenhum objeto determinado: não há nada para você escolher entre duas alternativas, nenhum "isto ou aquilo". Não existe nenhuma questão de escolha. Então, qual é o problema com a angústia?

 Vou tentar explicar. É um pouco difícil de compreender, mas não impossível. Nasce uma rocha, nasce uma árvore, nasce um leão, nasce uma águia... - mas estes diferem do homem. A diferença é esta: neles, o ser precede a existência.

 Por exemplo, uma pedra. Ela é viva, ela cresce. Os Himalaias ainda estão crescendo - trinta e poucos centímetros a cada ano. Alguém pode dizer a ele: "Ora, isso não tem sentido, você já é o mais alto. Não se dê tanto trabalho!". Deve ser algo perturbador: milhares de quilômetros, milhares de picos, o trabalho deve ser enorme. Até mesmo crescer trinta e poucos centímetros a cada ano, não é nenhuma coisinha para os Himalaias. "E agora não há mais necessidade. Por maior que você se torne, você somente permanecerá a montanha mais alta do mundo. Você já ultrapassou todas as montanhas, deixou-as muito lá atrás.".

 Mas os Himalaias continuam crescendo, ele é um ser vivo. As montanhas não compreendem. O homem não compreende... - o que dizer das montanhas?!

 Uma rocha, uma árvore, um leão, uma águia... - a essência deles precede a existência. O que eles vão ser, eles já estão programados para ser. Aquela é a essência deles. Uma rosa vai ser uma rosa. Mesmo antes das flores surgirem, você sabe que aquelas flores não vão ser cravos-de-defunto. A árvore é de rosas; a essência da rosa já está ali - simplesmente a existência tem que acontecer. O programa básico já é provido pela natureza, tem apenas de ser manifesto.

 Será bom lembrarmos aqui de uma certa descoberta em décadas passadas, que aconteceu na União Soviética. Um simples fotógrafo amador, mas um verdadeiro gênio criativo - usando suas câmeras, seus estúdios, a química e a fotografia - estava tentando descobrir diferentes modos de trazer algo novo para a fotografia. E, por acaso, ele fez uma das maiores descobertas da história humana: a fotografia Kirlian.

 Ele pode tirar uma foto de um botão de rosa. Ele refinou seus instrumentos de tal modo, que a pessoa põe o botão de rosa em frente de sua câmera, e ele tira a foto da flor que o botão vai se tornar. Ele capta a essência que ainda não está manifesta, mas que, de algum modo, está manifesta, porque a câmera a capta. Nossos olhos não são capazes de captá-la. E quando a rosa floresce é estranho, mas ela é exatamente igual a que a foto mostrou.

 De algum modo, a energia da rosa que mais tarde se torna visível para nossos olhos, estava se movendo no mesmo padrão em que flor iria se tornar. Era uma flor de energia, apenas puros raios de luz e cor, mas exatamente na mesma forma, preparando a base para a manifestação. A câmara capta esses raios e lhe dá uma cópia da futura rosa. Talvez, amanhã ou depois de amanhã, ela se torne disponível a seus olhos. Isso quer dizer que a rosa, antes de se tornar existente, já existe em essência. Desse modo, a afirmação: a essência precede a existência.

 No homem, a existência precede a essência.

 Primeiramente, ele nasce e depois, ele começa a descobrir o que ele pode ser. Essa é a angustia.

 Ele não tem nenhum programa, nenhuma diretriz determinada, dada pela natureza, nenhum mapa a seguir. Ele é deixado apenas como pura existência. Ele tem de descobrir tudo sobre si mesmo. A vida é um desafio a cada momento; assim, a todo momento ele tem de escolher. Sempre que ele tem de escolher, há ansiedade - mas a ansiedade é particular.

 A angústia é uma estado geral do ser humano. Ele está em angústia desde o nascimento até a morte, porque ele não tem meio de saber qual é o seu destino, onde ele irá parar.

É claro, muito poucas pessoas sentem angústia, porque muito poucas pessoas são assim tão cônscias de si mesmas, de suas existências, de para onde estão indo, do que estão se tornando, do que vai acontecer. Elas vivem muito interessadas no trivial.

 O trivial cria ansiedade.

 E sempre que há escolha, há ansiedade.

 Assim, todo mundo, a cada passo, a cada momento de sua vida, encara a ansiedade. A ansiedade é comum, um acontecimento diário.

 A angústia é muito profunda.

 As duas palavras vêm da mesma raiz; daí, a questão. Na angústia, há alguma ansiedade, porque você está preocupado, interessado. Mas o interesse não é relativo a qualquer trabalho, a qualquer coisa, a qualquer coisa em particular - não, é uma vaga sensação geral de: "O que sou eu?".

 Um dos maiores visionários indianos desta era, Raman Mahrishi, tinha somente uma mensagem para todo mundo. Ele era um homem simples, não era um erudito. Ele saiu de casa quando tinha dezessete anos de idade - não tinha muita instrução. Era uma mensagem simples. A quem quer que chegasse até ele - e as pessoas vinham de todas as partes do mundo - tudo o que ele dizia era: "Sente-se num canto, em qualquer lugar...".

 Ele morava numa colina, Arunachal, e ele tinha determinado a seus discípulos que fizessem cavernas na colina. Havia muitas cavernas. "Vá e sente-se numa caverna, e apenas medite nisto: ‘Quem sou eu?'. Tudo o mais são apenas explicações, experiências, esforços para traduzir essas experiências em linguagem. A única coisa verdadeira é esta questão: Quem sou eu?".

 Eu entrei em contato com muitas pessoas, mas jamais entrei em contato com Raman Maharishi - ele morreu quando eu era muito novo.

 Eu não pude ver Raman, mas encontrei muitas pessoas que tinham sido discípulos dele, mais tarde, quando eu estava viajando. Quando fui até Arunachal, eu me encontrei com seus discípulos mais íntimos, que já estavam muito velhos então. E não encontrei nem um único que tivesse compreendido a mensagem daquele homem.

 Não era uma questão da língua, porque eles todos sabiam o Tamil: era uma questão de uma perspectiva e de uma compreensão totalmente diferentes. Raman tinha dito: "Olhe para dentro e descubra quem é você.". E o que faziam aquelas pessoas quando eu fui lá? Elas transformaram aquilo numa cantilena! Elas se sentavam e entoavam: "Quem sou eu? Quem sou eu? Quem sou eu?" - exatamente como qualquer outro mantra.

 Há pessoas que estão fazendo seus Japas : "Rama, Rama, Rama", ou "Hari Krishna, Hari Krishna, Hari Krishna"... Em Arunachal, eles estavam usando essa mesma tecnologia para uma coisa totalmente diferente, que Raman jamais teria pensado. E eu disse aos discípulos dele: "O que vocês estão fazendo não é o que ele pretendia. Repetindo 'Quem sou eu?', vocês acham que alguém vai responder? Vocês continuarão a repetir isso por toda a vida e nenhuma resposta virá.".

 Eles disseram: "Por um lado estamos fazendo o que compreendemos que ele pretendia. Por outro lado, não podemos dizer que você está errado, porque passamos a nossa vida toda cantando quem sou eu, quem sou eu, quem sou eu?..." - claro que em Tamil, na língua deles - "mas nada aconteceu.".

 Eu disse: "Vocês podem continuar cantando isso durante muitas vidas mais - nada vai acontecer. Não é uma questão de cantar 'quem sou eu?'. Vocês não têm de pronunciar nem uma única palavra, têm simplesmente de ficar silenciosos e ouvir. No começo, vocês descobrirão, como moscas voando ao seu redor, milhares de pensamentos, desejos, sonhos - sem nenhuma relação, irrelevantes, insignificantes. Vocês estão no meio da multidão, num zumbido. Simplesmente fiquem quietos e sentem-se nesse bazar que é a sua mente.".

'Bazar' é uma linda palavra. O inglês tomou-a emprestado do Oriente, mas talvez eles não saibam que ela vem de 'zumbir': um bazar é um lugar que está continuamente fazendo barulho. E sua mente é o maior bazar que existe. Na mente de cada um, num crânio tão pequeno, cada um de vocês está carregando um enorme bazar. E vocês ficarão surpresos de saber que muitas pessoas residem dentro de você - tantas idéias, tantos pensamentos, tantos desejos, tantos sonhos! Vá observando e sente-se silenciosamente no meio do bazar.

 Se você começar a dizer "quem sou eu?", você se torna parte do bazar - você começou a zumbir. Não seja um zumbidor: simplesmente fique em silêncio. Deixe continuar aquele bazar todo: você permanece o centro do ciclone.

 Sim, é preciso ter um pouco de paciência. Não é previsível a que horas vai parar o burburinho dentro de você. Mas uma coisa pode ser dita com certeza: ele vai parar numa hora ou noutra. Depende de você, quanto de bazar você tem, por quantos anos você o tem carregado, por quantas vidas você o carregou, quanto nutrimento você lhe deu, e quanto de paciência você tem para se sentar silenciosamente no meio dessa multidão louca ao seu redor - enlouquecendo-o, puxando-o de todos os lados.

 Você está ciente da ansiedade. Mas você não está ciente da angústia ainda.

 Em primeiro lugar, quando você sentir angústia, você sentirá em tremendo tormento, uma profunda depressão... - um abismo insondável se abrindo diante de você, e você caindo nele. É terrível no começo, mas somente no começo.

 Se você puder ser paciente, só um pouquinho paciente, e permitir o que quer que aconteça, logo, logo, você ficará ciente de uma nova qualidade em seu ser: tudo o que está acontecendo está ao seu redor, não está acontecendo em você. É algo externo, não interno. Até mesmo sua própria mente é algo do exterior.

 No centro mais recôndito, há somente uma coisa. Esta coisa é: o testemunhar, a observação, a atenção, a consciência.

 E é a isso que eu chamo de meditação.

 Sem a angústia você não pode meditar.

 Você tem de passar através do fogo da angústia. Ele queimará o lixo e o deixará mais limpo e rejuvenescido.

 E o seu ser não está muito distante. Ele está aí, muito perto, mas simplesmente o zumbido de todos os pensamentos não lhe permite ouvi-lo, vê-lo, senti-lo.

 A angústia é a indagação dentro da própria pessoa, pondo a interrogação nela mesma.

 Vocês têm perguntado coisas como "quem é Deus?" e "quem criou o mundo?". Todas essas perguntas são apenas para mentes retardadas. Uma mente madura tem somente uma questão. Nem mesmo duas, apenas uma única questão: "Quem sou eu?".

 E isso também você não tem de perguntar verbalmente, você tem apenas de estar no estado de questionamento. Você não tem de repetir "quem sou eu?", você tem apenas de estar presente, atento, olhando... não perguntando verbalmente, mas perguntando existencialmente.

 E essa questão existencial é terrível no começo, dolorosa no começo, mas traz todas as bênçãos no final.

 Gautama, O Buda, disse: "Meu caminho no começo é amargo, mas no fim é muito doce.".

 Que caminho? Ele não está falando sobre a religião budista - embora seja dessa forma que os monges budistas irão interpretar. Ele está falando sobre o caminho do qual eu estou falando - o caminho que o leva para dentro.

& Sim, ele é amargo no começo, mas doce no fim. Ele é como a morte no começo e é a vida eterna no fim.

& E todas as bênçãos da existência são suas.

& Você fica tão abençoado que pode abençoar toda a existência.

& Esse é o significado da palavra ‘Bhagwan’; O Abençoado.

&O Abençoado nasce da angustia.

Osho, From Personality to Individuality, #6

Cem Recomendações para a Vida

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1 - Descubra seu maior defeito e disponha-se a corrigi-lo.

2 - Escolha até três exemplos de vida e determine-se a segui-los.

3 - Tenha força e sabedoria para resistir às tentações do mundo.

4 - Cultive a força da tolerância de forma a compreender, aceitar, assumir responsabilidades, ter determinação e melhorar as circunstâncias externas. Então, passe a cultivar a tolerância pela vida, a tolerância por todos os darmas e a tolerância pelos darmas não-surgidos de maneira a transformar o cultivo da tolerância em força e sabedoria.

5 - Aprenda a se adaptar à pressão externa e não se deixe afetar por ela.

6 - Seja ativo e destemido. Pense antes de agir.

7 - Envergonhe-se do que ignora, do que é incapaz,
do que o torna impuro e rude.

8 - Faça com freqüência algo que toque o coração das pessoas.

9 - Sinta-se bem sob qualquer circunstância, siga as condições corretas, esteja sempre livre de aflições e faça tudo com alegria no coração.

10 - Ser corajoso e virtuoso é ter a capacidade de admitir os próprios erros.

11 - Aprenda a aceitar perdas, falsas acusações,
contratempos e humilhações.

12 - Não inveje aqueles que praticam boas ações ou dizem boas palavras.
Tenha sempre na mente, bondade e beleza.

13 - Não empurre os outros para a beira do abismo; ao contrário, dê-lhes espaço para recuar — um dia eles poderão lhe ajudar.

14 - Sirva àqueles que desejam fazer o bem, compartilhe um objetivo. Favoreça os outros e respeite seus anseios.

15 - Seja amável e humilde ao relacionar-se com as outras pessoas. Expresse bondade em seu semblante e em sua fala.

16 - A capacidade de doar traz abundância verdadeira.

17 - Importe-se apenas com o que é certo ou errado;
não se fixe em perdas e ganhos.

18 - Deixe de lado pensamentos egoístas e dedique-se à justiça,
à verdade e ao bem comum.

19 - Viaje pelo mundo sob o céu estrelado. Vivencie a prática da procissão de mendicância pelo menos uma vez na vida.

20 - Abra mão de todas as suas posses ao menos
uma ou duas vezes na vida.

21 - A cada quatro ou cinco anos, empreenda uma viagem sozinho.

22 - Não se deixe cegar pelo amor. Não se traia por dinheiro.

23 - Não bata de frente com as coisas — aprenda a arte de ser sutil.

24 - Não há êxito sem persistência, diligência e determinação.

25 - Desenvolva autoconfiança, expectativas em relação
a si mesmo e metas pessoais.

26 - Procure ouvir boas palavras e jamais esqueça o que elas significam.

27 - Não desperdice o seu tempo. Faça planos e use o tempo com sabedoria.

28 - Seja sempre sensato, pois a sensatez é imparcial e igual para com todos.

29 - Lembre-se dos erros cometidos.
Tenha-os sempre em mente para não repeti-los.

30 - Seja qual for a sua função, desempenhe-a bem.
Não olhe para os lados.

31 - Faça tudo com boa intenção, verdade, sinceridade e beleza.

32 - Não se apegue ao passado. Olhe sempre adiante.

33 - Lute sempre pelos seus objetivos e vá longe.

34 - Planeje sua carreira, use seu dinheiro com sabedoria, purifique seus sentimentos e não se apegue a fama e riqueza.

35 - Desenvolva compreensão e visão corretas.
Não se deixe levar cegamente pelos outros.

36 - Renuncie a apegos insensatos e aceite a verdade com mente humilde.

37 - Não faça intrigas nem espalhe rumores. Não se deixe influenciar por eles.

38 - Aprenda a desenvolver sua mente, reformar seu caráter,
recuar e dar guinadas em na vida.

39 - Cultive méritos por meio de doações que estejam de acordo com sua capacidade, função, disposição e condição.

40 - Creia profundamente no Darma e contemple todas as virtudes.
Nunca faça o mal; pratique sempre o bem.

41 - Não culpe os céus nem os outros por sua infelicidade,
pois tudo tem sua causa e seu efeito.

42 - Pense no bom e belo ao invés de pensar no que é triste e penoso.

43 - Conquiste ao menos três tipos de habilitação ao longo da vida, como, por exemplo, para guiar automóveis, cozinhar, digitar, cuidar de enfermos, exercer a medicina, o magistério, o direito, a arquitetura etc.

44 - Aprenda a articular bem a fala e a escrita. Aprenda a ouvir, a apreciar, a pensar, a cantar, a pintar e a desenvolver habilidades. Quanto mais se aprende, melhor. Aprenda, ao menos, metade disso tudo.

45 - Leia ao menos um jornal por dia, para se manter em dia com o mundo.

46 - Leia pelo menos dois livros por mês.

47 - Mantenha uma rotina diária.

48 - Cultive hábitos regulares de sono e alimentação.

49 - Pratique exercícios físicos.

50 - Mantenha-se longe de cigarro, álcool, pornografia e drogas.
Administre e controle sua própria vida.

51 - Pratique meditação por, pelo menos, dez minutos todos os dias.

52 - Passe, pelo menos, metade de um dia sozinho,
uma vez por semana.

53 - Ao menos uma vez por mês, pratique o vegetarianismo,
para nutrir seu coração de compaixão.

54 - Ajude os outros e faça o bem sem esperar nada em troca.

55 - Compartilhe sua alegria e compaixão com os demais.

56 - Mantenha a capacidade de se auto-avaliar sob qualquer circunstância.

57 - Reze pelos desafortunados, onde quer que você esteja.

58 - Seja preciso em suas observações. Considere todos os ângulos e seja tolerante e compreensivo em relação aos outros.

59 - Aprecie a vida, cuide dela e não a maltrate jamais.

60 - Use seu dinheiro e suas posses com sabedoria.
Não desperdice nem gaste demais.

61 - Em tempos de alegria, contenha a sua fala;
no infortúnio, não despeje sua raiva sobre os outros.

62 - Não enalteça seus próprios méritos nem aponte os erros alheios.

63 - Não inveje nem suspeite. Méritos advêm das
realizações e da ajuda aos outros.

64 - Não seja ganancioso em relação às posses alheias,
nem mesquinho em relação às suas.

65 - Demonstre coerência entre atitude e pensamento.
Não seja iluminado na teoria e ignorante na prática.

66 - Não fique sempre pedindo ajuda aos outros.
Busque ajuda dentro de si mesmo.

67 - Faça de sua própria conduta um bom exemplo.
Não espere benevolência dos outros, mas de si mesmo.

68 - Cultivar bons hábitos é a melhor maneira de manter
uma vida íntegra e saudável.

69 - É melhor ser não-inteligente do que não-compassivo.

70 - A mente otimista é contemplada com um futuro brilhante.

71 - Construa seu próprio destino. Corra atrás das
oportunidades ao invés de esperar que elas caiam do céu.

72 - Controle suas emoções e seu humor: não se deixe levar por eles.

73 - Elogio e ofensa fazem parte da vida. Não se apegue a eles
— conserve sempre a paz interior.

74 - A doação de órgãos ajuda a prolongar a vida além
de propiciar recursos para as vidas de outros seres.

75 - Ouça o que os outros têm a dizer e
anote a essência do que eles dizem.

76 - Olhe para si mesmo antes de acusar os outros. Somente uma avaliação honesta de seus méritos e de méritos lhe dá o direito de julgar os demais.

77 - Cumpra suas promessas.

78 - Não viole o direito dos outros para beneficiar a si próprio.
Favorecer os demais, às vezes, é imperioso.

79 - Não sinta prazer em ridicularizar os outros.
Ao contrário, aprenda a fazê-los felizes.

80 - Não critique, por inveja, a benevolência do outro.
Respeite-o e siga seu bom exemplo.

81 - Não use de traição para obter vantagens.

82 - Os privilégios devem, antes de tudo,
ser oferecidos às outras pessoas.

83 - Aprenda a aceitar as desvantagens.
Saiba que, na verdade, elas são vantagens.

84 - Não se apegue a perdas e ganhos. Não faça comparações entre o que você e os outros têm ou deixam de ter.

85 - Seja sincero, impetuoso e educado.

86 - Harmonia, paz e tranqüilidade são a chave para o
relacionamento com as pessoas.

87 - Respeito, reverência e tolerância são a
tríade para manter boas relações com o mundo.

88 - A raiva não resolve problemas. Somente uma mente tranqüila e pacífica pode ajudar você a lidar com a vida.

89 - Relacione-se com pessoas virtuosas e bons mestres.

90 - Não contamine os outros com sua tristeza,
nem leve preocupações para a cama.

91 - Busque prazer e alegria em tudo o que faz,
e transmita isso a todos.

92 - Seja grato aos benevolentes e aos que prestam auxílio.
Deixe-se tocar por seus atos virtuosos.

93 - Dê um toque de serenidade a tudo o que você fizer na vida.

94 - Não existe dificuldade ou facilidade absolutas. O esforço transforma dificuldade em facilidade, enquanto a indolência torna o fácil difícil.

95 - Ajude seus vizinhos e sua comunidade e participe dos eventos locais. Assim, você se tornará um voluntário da humanidade.

96 - Só a humildade gera o bem.
A arrogância não traz nada mais que desvantagem.

97 - Aproxime-se de mestres virtuosos.
Ouça-os, seja leal e não os desacate.

98 - Ajudar os outros é ajudar a si mesmo.
Ter consideração pelos outros significa cuidar e amar a si próprio.

99 - Dê aos jovens oportunidades e ofereça-lhes
orientação sempre que necessário.

100 - Cuide de seus pais e seja amoroso com eles.

Ecologia e o Coração Humano Dalai Lama

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Segundo os ensinamentos budistas, há uma interdependência muito próxima entre o meio ambiente natural e os seres sencientes que nele habitam. Alguns de meus amigos me disseram que a natureza humana básica é um tanto violenta, mas eu disse que não concordo. Se examinarmos os diferentes tipos de animais, por exemplo, aqueles cuja própria sobrevivência depende de tirar outras vidas, como tigres ou leões, aprendemos que a sua natureza básica dota-lhes com dentes e garras afiadas. Animais pacíficos, como corças, que são totalmente vegetarianas, são mais gentis, possuem dentes menores e não têm garras. Desse ponto de vista, nós seres humanos temos uma natureza não violenta. Quanto à questão da sobrevivência humana, os seres humanos são animais sociais. Para sobreviver, precisamos de companheiros. Sem outros seres humanos não há possibilidade alguma de sobrevivência; esta é a lei da natureza.

Como acredito profundamente que os seres humanos são basicamente gentis por natureza, sinto que devemos não só manter relações gentis e pacíficas com a comunidade de seres humanos, mas também que é muito importante estender a mesma atitude gentil para com o meio ambiente natural. Do ponto de vista moral, devemos nos preocupar com todo o nosso meio ambiente.

Além disso, há um outro ponto de vista, não é só uma questão de ética, mas uma questão de nossa própria sobrevivência. O meio ambiente é muito importante não só para esta geração, mas também para as gerações futuras. Se explorarmos o meio ambiente de maneira extrema, embora possamos conseguir algum dinheiro ou outro benefício com isso agora, em longo prazo nós próprios sofreremos e as gerações futuras também sofrerão. Quando o meio ambiente muda, as condições climáticas também mudam. Quando elas mudam dramaticamente, a economia e muitas outras coisas também mudam. Até a nossa saúde física será fortemente afetada. Então, isto não é só uma questão moral, mas também uma questão de nossa própria sobrevivência.

Portanto, para o sucesso da proteção e conservação do meio ambiente natural, penso que é importante primeiro de tudo fazer com que um equilíbrio interno aconteça dentro dos próprios seres humanos. O abuso do meio ambiente, que resultou em tais danos à comunidade humana, surgiu da ignorância quanto à importância do meio ambiente. Penso que é essencial ajudar as pessoas a compreender isto. Precisamos ensinar às pessoas que o meio ambiente tem uma relação direta com o nosso próprio benefício.



Eu estou sempre falando da importância do pensamento compassivo. Como disse antes, até do seu próprio ponto de vista egoísta, você precisa de outras pessoas. Então, se desenvolver a preocupação pelo bem estar de outras pessoas, compartilhar o sofrimento dos outros, e ajudá-los, no fim você se beneficiará. Se pensar só em si mesmo e se esquecer dos outros, no fim você perderá. Isso também é como a lei da natureza.

É muito simples: se você não sorrir para as pessoas, mas olhar de forma carrancuda, eles vão responder de maneira similar, não vão? Se lidar com outras pessoas de uma maneira muito sincera e aberta, eles se comportarão de forma similar. Todo mundo quer ter amigo e não quer ter inimigo. A forma correta de fazer amizades é ter um coração caloroso e não só dinheiro ou poder. Amigos do poder e amigos do dinheiro são coisas diferentes: eles não são amigos verdadeiros. Amigos verdadeiros devem ser verdadeiros amigos do peito, concordam? Eu estou sempre dizendo às pessoas que os amigos que aparecem quando você tem dinheiro e poder não são seus verdadeiros amigos, mas amigos do dinheiro e do poder, porque assim que o dinheiro e o poder desaparecerem, estes amigos também estão prontos para partir. Eles não são confiáveis.

Amigos humanos autênticos ficam ao seu lado quer você tenha sucesso ou esteja sem sorte e sempre dividem as suas dores e cargas. A maneira de fazer tais amizades não é tendo raiva, nem tendo boa educação ou inteligência, mas tendo um bom coração.

Para aprofundar o pensamento, se você precisa ser egoísta, então que seja sabiamente egoísta, e não tacanhamente egoísta. A chave é o senso de responsabilidade universal; esta é a verdadeira fonte da força, a verdadeira fonte da felicidade. Se a nossa geração explora tudo que há disponível — as árvores, a água, e os minerais sem qualquer cuidado com as próximas gerações ou o futuro, então estamos errados, não estamos? Mas se tivermos um senso genuíno de responsabilidade universal como nossa motivação central, então as nossas relações com nossos vizinhos, tanto os nacionais quanto os internacionais serão promissoras.



Uma outra questão importante é: O que é consciência e o que é a mente? No mundo ocidental, durante os últimos um ou dois séculos, houve grande ênfase em ciência e tecnologia, que trata principalmente da matéria. Atualmente alguns físicos nucleares e neurologistas dizem que quando investigamos partículas de uma forma muito detalhada, há algum tipo de influência do lado do observador, o sabedor. O que é este sabedor? Uma resposta simples é: um ser humano, o cientista. Como este cientista sabe? Com o cérebro, os cientistas ocidentais identificaram até agora apenas umas centenas. Agora, quer chame isto de mente, cérebro, ou consciência, há uma relação entre cérebro e mente e também entre mente e matéria. Penso que isto é importante, Acredito que é possível manter algum tipo de diálogo entre a Filosofia Oriental e a Ciência Ocidental com base neste relacionamento.

Em qualquer caso, atualmente nós seres humanos estamos muito envolvidos com o mundo externo, enquanto negligenciamos o mundo interno. Precisamos de desenvolvimento científico e desenvolvimento material para sobreviver e para aumentar o benefício e a prosperidade geral, mas precisamos igualmente de paz mental. No entanto, nenhum médico pode aplicar uma injeção de paz mental, e nenhum mercado pode vendê-la. Se você for até um supermercado com milhões e milhões de dólares, você pode comprar qualquer coisa, mas se for até lá e pedir paz mental, as pessoas vão rir. É se pedir a um médico a paz mental autêntica, não a simples sedação que consegue tomando algum tipo de pílula ou injeção, o médico não poderá ajudá-lo.

Até os atuais computadores sofisticados não podem dar paz mental. A paz mental deve vir da mente. Todo mundo quer felicidade e prazer, mas se compararmos prazer físico e dor física com prazer mental e dor mental, chegamos à conclusão de que a mente é mais efetiva, predominante e superior. Assim, vale a pena adotar certos métodos para aumentar a paz mental, e para fazer isto é importante saber mais a respeito da mente. Quando falamos de preservação do meio ambiente, isso está relacionado a muitas outras coisas. O ponto chave é ter um senso autêntico de responsabilidade universal, baseado em amor e compaixão, e consciência clara.
(Extraído de My Tibet, Thames and Hudson Ltd., London, 1990, pág. 53-54. Traduzido por Marly Ferreira.)

Fonte: http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/ecologia.php

Pensamentos Dalai lama

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Pensamentos

Minha mensagem é a prática do amor, da compaixão e da bondade. Estas qualidades são muito úteis para vivermos nosso cotidiano mais harmoniosamente, e também muito importantes para a sociedade humana como um todo.

Uma profunda compaixão é a raiz de todas as formas de adoração.

Onde quer que eu vá, sempre aconselho as pessoas a serem altruístas e bondosas. Tento concentrar toda a minha energia e força espiritual na disseminação da bondade. É o que há de mais essencial.

A bondade é o que realmente importa. A bondade, o amor e a compaixão combinados são sentimentos que levam à essência da fraternidade. São os alicerces da paz interior.

Com sentimentos de ódio e rancor, é muito difícil alcançar a paz interior. Neste sentido, as religiões e crenças são convergentes. Em todas as grandes religiões do mundo, a ênfase é no espírito de fraternidade.

São os inimigos que verdadeiramente nos ensinam a vivenciar sentimentos de compaixão e tolerância. As guerras surgem porque não há compreensão do lado humano das pessoas. Ao invés de conferências e encontros políticos, por que não convocar as famílias a fazerem um piquenique para que se conheçam mutuamente, enquanto suas crianças brincam juntas?

Nos tempos antigos, quando havia uma guerra, o embate era corpo a corpo. O vitorioso entrava em contato direto com o sangue e o sofrimento do inimigo durante a batalha. Hoje, as guerras adquiriram uma proporção muito mais horrenda. Um homem, sentado em uma sala, aperta um botão e mata milhões de pessoas instantaneamente, sem ao menos ver o sofrimento humano que infligiu. A mecanização da guerra e a automação do conflitos humanos são, cada vez mais, uma ameaça à paz mundial.

Sempre acreditei que a determinação humana e a verdade prevaleceriam sobre a violência e a opressão. No mundo de hoje, em todos os lugares, há mudanças importantes ocorrendo, que poderão afetar profundamente nosso futuro e o futuro da humanidade, bem como nosso planeta. Decisões corajosas por parte de vários líderes mundiais propiciam a resolução pacífica de conflitos. A esperança de haver paz, preservação do meio ambiente e uma abordagem mais humana aos problemas do mundo parece estar mais presente que nunca.

Ninguém pode prever o que acontecerá em algumas décadas ou séculos, por exemplo, qual o impacto que o desflorestamento terá sobre o clima, o solo, as chuvas. Temos muitos problemas porque as pessoas estão centradas em seus próprios interesses, em ganhar dinheiro e não estão pensando no bem-estar da comunidade como um todo. Não estão pensando na Terra a longo prazo, e nos efeitos ambientais adversos sobre o homem. Se nós, da atual geração, não refletirmos sobre estas questões agora, as gerações futuras não terão como lidar com elas.

Muitos de nós juntam-se sob o mesmo sol resplandecente, falando línguas diversas, vestindo indumentárias diferentes e até mesmo possuindo crenças distintas. Contudo, nós todos somos idênticos como seres humanos e individualmente únicos. Desejamos todos, indistintamente, a felicidade e não o sofrimento.

Mesmo que não possamos resolver certos problemas, não devemos nos frustrar. Como humanos devemos enfrentar a morte, a velhice e doenças, que, tal qual um furacão, são fenômenos naturais que fogem ao nosso controle. Devemos enfrentá-los, não podemos evitá-los. São sofrimentos que já bastam em nossa vida. Por que criarmos mais problemas por apego à nossa ideologia ou porque pensamos de maneira diferente? É inútil e triste! Milhões de pessoas sofrem com esse tipo de problema. É um verdadeiro desperdício, visto que podemos evitar o sofrimento adotando uma atitude diferente e reconhecendo a humanidade à qual as ideologias deveriam servir.

Rancor, ódio, ciúme: não é possível encontrar a paz com eles. Podemos resolver muitos de nossos problemas por meio da compaixão e do amor. Só assim nos desarmaremos e encontraremos a verdadeira felicidade. Uma das maiores virtudes é a compaixão. A compaixão não pode ser comprada numa loja de departamentos ou fabricada por máquinas. Ela advém do crescimento interior. Sem paz de espírito, é impossível haver paz no mundo.

Na nossa vida, cultivar a tolerância é muito importante. Com tolerância, pode-se facilmente superar as dificuldades. Caso você tenha pouca ou nenhuma tolerância, ficará irritado com as mínimas coisas. Em situações difíceis, terá reações extremadas. Em minha vida, já refleti muito a respeito desta questão e sinto que a tolerância é algo que deve ser praticado no mundo inteiro, no seio da sociedade humana. Mas, quem nos ensina tolerância? Pode ser que seus filhos o ensinem a cultivar a paciência, mas é seu inimigo quem irá ensinar-lhe a prática da tolerância. O inimigo é seu mestre. Mostre-lhe respeito, ao invés de ódio. Dessa forma, a verdadeira compaixão irá brotar de seu interior e essa compaixão é a base de tudo aquilo que você é e acredita.

Bens e compensações materiais são absolutamente necessários à sociedade humana, a um país, a uma nação. Ao mesmo tempo, o progresso material e a prosperidade somente não podem levar à paz interior. A paz interior vem de dentro. Portanto, nossa atitude perante a vida, perante os outros e principalmente em relação às nossas dificuldades conta muito. Quando duas pessoas enfrentam o mesmo problema, atitudes mentais distintas fazem com que o problema seja de mais fácil resolução para uma pessoa do que para outra. Desta forma, o que realmente nos diferencia é a perspectiva interna de cada um.

Se colocarmos os níveis de consciência mais sutis a nosso serviço, estaremos expandindo nossa mente. Assim sendo, as virtudes originárias da mente podem se expandir ilimitadamente.

A compaixão e o amor são as virtudes mais preciosas da vida. Por serem muito simples, são difíceis de serem colocados em prática. A compaixão só poderá ser plenamente cultivada à medida que se reconhece que cada ser humano é parte da humanidade e pertencente à família humana, independente de religião, raça, cultura, cor e ideologia. A verdade é que não há diferença alguma entre os seres humanos.

Sem amor, a sociedade humana encontra-se em situação difícil. Sem amor, iremos enfrentar problemas terríveis no futuro. O amor é o centro da vida.

Se tiver amor e compaixão por todos os seres sencientes, em especial por seus inimigos, este é o verdadeiro amor e a verdadeira compaixão. O amor e compaixão, nutridos por seus amigos, esposa e filhos, não são verdadeiros em sua essência. São apego, e esse tipo de amor não pode ser infinito.

Insisto em afirmar que as principais religiões do mundo — budismo, cristianismo, judaÍsmo, confucionismo, hinduismo, islamismo, jainismo, sikhismo, taoismo, zoroastrismo — possuem os mesmos ideais de amor, o mesmo objetivo de beneficiar a humanidade por meio da prática espiritual, e a mesma determinação de aprimorar seus praticantes como seres humanos. Todas as religiões pregam preceitos morais para o aperfeiçoamento da mente, do corpo e da fala. Todas nos ensinam a não mentir, roubar ou tirar a vida de outras pessoas. A essência de todos os preceitos morais preconizados pelos grandes mestres da humanidade é o não-egoísmo. Esses mestres tinham como objetivo remir os praticantes de ações negativas, frutos da ignorância, e conduzi-los ao caminho do bem.

Se percebemos a humanidade como sendo una e singular, iremos constatar que as diferenças são secundárias. Com atitude de respeito e preocupação pelo próximo, experimentamos a felicidade. Só assim criamos a verdadeira harmonia e fraternidade. À sua maneira, tente cultivar a paciência. Modifique sua atitude. As mudanças vêm com a prática. A mente humana tem esse potencial. Aprenda a treiná-la.

A nossa sombra interior, a que chamamos de ignorância, é a raiz de todo o sofrimento. Quanto mais luz houver, menos a sombra se manifestará. A luz é o único caminho para a salvação, para alcançar o nirvana.

Deve haver um equilíbrio entre o progresso espiritual e o material. Atinge-se esse equilíbrio por meio de princípios calcados no amor e na compaixão. O amor e a compaixão são a essência de todas as religiões, que têm muito a aprender entre si. O objetivo primordial de todas as religiões é criar seres humanos mais tolerantes, mais compassivos e menos egoístas.

Os seres humanos são dotados de uma natureza tal que não deveriam apenas possuir bens materiais, mas deveriam antes possuir sustento espiritual. Sem o sustento espiritual, torna-se difícil adquirir e manter a paz de espírito.

Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade.

Fonte: http://www.dharmanet.com.br/dalai/

Bondade e Compaixão



ESTA NOITE, gostaria de falar a vocês sobre a importância da bondade e da compaixão. Ao discutir esses temas, não me vejo como budista, Dalai Lama ou tibetano, mas sim como um ser humano e espero que vocês, no auditório, pensem em si mesmos dessa maneira. Não como americanos, ocidentais ou membros de um determinado grupo, pois essas condições são secundárias. Se interagirmos como seres humanos, podemos chegar a esse nível. Caso eu diga "sou monge" ou "sou budista", as afirmações serão, em comparação com a minha natureza de ser humano, temporárias. Ser humano é básico. Uma vez nascido assim, não se poderá mudar até a morte. Outras condições, ser ou não instruído, rico ou pobre, são secundárias.

Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns são criados essencialmente por nós mesmos, com base em diferenças de ideologia, religião, raça, situação econômica ou outros fatores. Chegou, portanto, o momento de pensarmos em níveis mais profundos. Em nível humano, condição essa que deveremos apreciar e respeitar em todos os que nos cercam. Devemos construir relacionamentos baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade, independentemente de diferenças culturais, filosóficas ou religiosas.

Todos os seres humanos são iguais. Feitos de carne, ossos e sangue. Todos queremos a felicidade e evitar o sofrimento e temos direito a isso. Em outras palavras, é importante compreender a nossa igualdade. Pertencemos todos a uma família humana. O fato de brigarmos uns com os outros deve-se a razões secundárias, e todas essas discussões são inúteis. Infelizmente, durante muitos séculos, os seres humanos usaram todos os métodos para ferir uns aos outros. Muitas coisas terríveis aconteceram, resultando em mais problemas, mais sofrimento e desconfiança. E, consequentemente, em mais divisões.

O mundo hoje está cada vez menor em vários aspectos, particularmente o econômico. Os países estão mais próximos e interdependentes e, nesse quadro, torna-se necessário, pensar mais em nível humano do que em termos do que nos divide. Assim, falo a vocês apenas como um ser humano e espero, sinceramente, que vocês estejam escutando com o pensamento: "Sou um ser humano e estou ouvindo outro ser humano falar".

Todos queremos a felicidade; nas cidades, no campo, mesmo em lugares remotos, as pessoas trabalham com o objetivo de alcançá-la, entretanto, devemos ter em mente que viver a vida superficialmente não solucionará os problemas maiores.

Há muitas crises e medos à nossa volta. Por meio do grande desenvolvimento da ciência e da tecnologia, atingimos um estado avançado de progresso material, que é necessário. Não podemos, no entanto, comparar o progresso externo com nosso progresso interior. As pessoas queixam-se do declínio da moralidade e do aumento da criminalidade, mas esses problemas não serão resolvidos, se não procurarmos desenvolver nosso interior.

No passado remoto, se houvesse uma guerra, os efeitos seriam geograficamente limitados, porém hoje, em função do progresso, o potencial de destruição ultrapassou o concebível. No ano passado estive em Hiroshima, no Japão. Mesmo tendo informações a respeito da explosão nuclear lá ocorrida, era muito diferente estar no local, ver com meus próprios olhos e encontrar pessoas que realmente sofreram com aqueles acontecimentos. Fiquei profundamente emocionado. Uma arma terrível tinha sido usada. Embora possamos considerar alguém como inimigo, temos de levar em conta que essa pessoa é um ser humano e que tem direito a ser feliz. Olhando para Hiroshima e refletindo a respeito, fiquei ainda mais convencido de que a raiva e o ódio não são meios para solucionar problemas.

A raiva não pode ser superada pela raiva. Quando uma pessoa tiver um comportamento agressivo com você e a sua reação for semelhante, o resultado será desastroso. Ao contrário, se você puder se controlar e tomar atitudes opostas "compaixão, tolerância e paciência", não só se manterá em paz, como a raiva do outro diminuirá gradativamente. Do mesmo modo, problemas mundiais não podem ser solucionados pela raiva ou pelo ódio. Sentimentos como esses devem ser enfrentados com amor, compaixão e pura bondade.

Pensem em todas as terríveis armas que existem, mas que, por si mesmas, não podem iniciar uma guerra. Por trás do gatilho há um dedo, movido pelo pensamento, não por sua própria força. A responsabilidade permanece em nossa mente, de onde se comandam as ações. Portanto, controlar em primeiro lugar a mente é muito importante. Não estou falando de meditação profunda, mas apenas de cultivar menos raiva e mais respeito aos direitos do outro. Ter uma compreensão mais clara da nossa igualdade como seres humanos.

Ninguém quer a raiva, ninguém quer a intranqüilidade, mas por causa da ignorância somos acometidos por sentimentos como esses. A raiva nos faz perder uma das melhores qualidades humanas, o poder de discernimento. Temos um cérebro bem desenvolvido, coisa que outros mamíferos não têm. Esse órgão nos permite julgar o que é certo e o que é errado. Não apenas em termos atuais, mas em projeções para daqui dez, vinte ou mesmo cem anos. Sem nenhum tipo de pré-cognição, podemos utilizar nosso bom senso para determinar o certo e o errado. Imaginar as causas e seus possíveis efeitos. Contudo, se nossa mente estiver ocupada pela raiva, perderemos o poder de discernimento e nos tornaremos mentalmente incompletos. Devemos salvaguardar essa capacidade e, para tanto, temos de criar uma companhia de seguros interna: autodisciplina, autoconsciência e uma clara compreensão das desvantagens da raiva e dos efeitos positivos da bondade. Se refletirmos a respeito dessas questões com freqüência, podemos incorporar a idéia e, então, controlar a mente.

Por exemplo: pode ser que você seja uma pessoa que se irrita facilmente com pequenas coisas. Com desenvolvida compreensão e conscientização, isso pode ser controlado. Se você fica geralmente zangado por dez minutos, tente reduzi-los para oito. Na semana seguinte, reduza para cinco e, no próximo mês, para dois. Depois, passe para zero. É assim que desenvolvemos e treinamos nossa mente. É o que penso e também o que pratico.

É perfeitamente claro que todos necessitam de paz interior, que só pode ser alcançada por meio da bondade, do amor e da compaixão. O resultado é uma família em paz, felicidade entre pais e filhos, menos brigas entre casais. Em uma nação, essa atitude pode criar unidade, harmonia e cooperação com saudável motivação. Em nível internacional, precisamos de confiança e respeito mútuos, discussões francas e amistosas, com motivações sinceras e um esforço conjunto no sentido de resolver problemas. Tudo isso é possível.

Precisamos, porém, mudar interiormente. Nossos líderes têm feito o melhor que podem para resolver nossos problemas, mas, quando um é resolvido, surge outro. Tenta-se solucionar este, surge mais um em outro lugar. Chegou o momento então de tentar uma abordagem diferente.

É certamente difícil realizar um movimento mundial pela paz de espírito, mas é a única alternativa. Caso houvesse outro método mais fácil e prático, seria melhor, porém não há. Se com armas pudéssemos chegar à paz duradoura, muito bem. Transformaríamos todas as fábricas em produtoras de armamentos. Gastaríamos todos os dólares necessários, se conseguíssemos a definitiva paz, mas tal é impossível.

As armas não permanecem empilhadas. Uma vez desenvolvidas, alguém irá usá-las. O resultado é a morte de criaturas inocentes. Portanto, a única maneira de atingirmos uma paz mundial duradoura é por meio da transformação interior. E, mesmo que essa transformação não ocorra durante esta vida, a tentativa terá sido válida. Outros seres humanos virão; a próxima geração e as seguintes. E o progresso pode continuar. Sinto que, apesar das dificuldades práticas, e, mesmo correndo o risco de que tal visão seja considerada pouco realista, vale a pena o esforço. Assim, aonde quer que eu vá, expresso essas idéias e sinto-me muito motivado porque mais pessoas têm sido receptivas a elas.

Cada um de nós é responsável por toda a humanidade. Chegou a hora de pensarmos nas outras pessoas como verdadeiros irmãos e irmãs e nos preocuparmos com seu bem-estar. Mesmo que você não possa se sacrificar inteiramente, não deverá esquecer-se das dificuldades dos outros. Temos de pensar mais sobre o futuro em benefício de toda a humanidade. Se você tentar dominar seus sentimentos egoístas e desenvolver mais bondade e compaixão, em última análise, você é quem irá sair beneficiado. É o que chamo de egoísmo sábio. Pessoas egoístas tolas só pensam em si mesmas, e o resultado é negativo. Egoístas sábios pensam nos outros, ajudam da melhor forma e também colhem os benefícios. Essa é minha simples religião. Não há necessidade de templos ou de filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso coração são nossos templos. A filosofia é a bondade.

Fonte: http://www.dharmanet.com.br/dala

O caminho de meio


S.S. o Dalai Lama

      Nagarjuna presta homenagem ao Buddha Shakyamuni, enaltecendo-o como o mestre que formulou a filosofia do vazio, segundo a qual todas as coisas e eventos carecem de existência intrínseca ou identidade intrínseca; e que, apesar de carecerem de identidade e existência, ainda funcionam com sua capacidade de produzir efeitos e assim por diante. Pode-se entender isso pela compreensão da natureza dependente ou interdependente da realidade. Nagarjuna homenageia o Buddha Shakyamuni, que propôs a doutrina do vazio da realidade intrínseca ao ensinar a natureza dependente dos fenômenos.
      De um modo geral, encontramos na literatura Madhyamaka várias formas de raciocínio que visam a estabelecer a ausência de existência intrínseca e identidade intrínseca dos fenômenos. Incluem a tentativa de analisar como as coisas surgem em termos nominais e conceituais; ao examinarmos essa natureza, chegamos à conclusão de que as coisas carecem de realidade intrínseca. Além disso, encontramos as formas de argumentação conhecidas como "exame de identidade e diferença dos fenômenos". Também encontramos outros tipos de argumentação ou raciocínios que examinam os fenômenos pela perspectiva causal, isto é, pela perspectiva de sua capacidade de produzir efeitos e assim por diante.
      Entre todas essas formas de raciocínio, no entanto, a mais poderosa é a do raciocínio da origem dependente, empregado por Nagarjuna. Quando uma coisa ou evento determinado é considerado, através de sua natureza de origem dependente, como desprovido de realidade, existência e identidade intrínseca, descobrimos que não estamos negando a existência dos fenômenos; estamos tentando compreender sua existência e identidade em termos de seus relacionamentos com outros fenômenos. Num certo sentido, pode-se dizer que a existência e a identidade afloram em relação a outros fenômenos.
      O que há de tão singular nessa forma de raciocínio baseado na natureza interdependente da realidade, é o fato de que possui a capacidade de chegar ao "caminho do meio". É uma posição livre do extremo do absolutismo, porque não está ligada a algum tipo de realidade intrínseca; contudo, ao mesmo tempo, também está livre do extremo do niilismo, porque não nega a existência e identidade dos fenômenos. Aceita-se uma existência formal, que é dependente, que é emergente e que é compreendida em termos de sua interação e inter-relacionamento.
      Assim, no Ingresso no Caminho do Meio (sânsc. Madhyamakavatara), encontramos Chandrakirti declarando que, depois que a compreensão da existência e da identidade dos fenômenos é desenvolvida, com base na noção da natureza interdependente da realidade, e como identidade e existência são derivadas desse inter-relacionamento, isso permite à pessoa entender o conceito buddhista fundamental da causalidade, em que nossa compreensão da natureza da realidade deriva do reconhecimento da mera condicionalidade. Dessa maneira, é possível refutar a idéia de fenômenos sem produção e sem causa, porque as coisas passam a existir através da interação com outros fatores, em decorrência de causas e condições. E através dessa percepção sobre a natureza interdependente da realidade, também é possível refutar a idéia da criação por alguma espécie de ser absoluto e independente, porque se compreende a causalidade em termos de mera condicionalidade. Da mesma forma, é possível refutar a idéia de que uma coisa pode passar a existir como dependente de causas idênticas a ela. É possível se livrar de todos esses extremos e aceitar a idéia da causalidade em seu verdadeiro sentido.
      Mas quando tentamos compreender o que significa mera condicionalidade, ou como coisas e eventos surgem em total dependência de outras causas e condições, há muitas áreas problemáticas que temos de lembrar.
      Vamos tomar como exemplo nossos próprios agregados, os skandhas. Se examinarmos o contínuo do agregado mais sutil, a consciência, e também o senso do "eu", ou do "ego", vamos verificar que a identidade pessoal baseia-se no contínuo do agregado sutil, o senso geral do "eu" que é desprovido de qualificações, seja como um ser humano, como uma pessoa de origem étnica específica etc. Em suma, não há qualificação. O mero senso do "eu" ou mera identidade, aquele "eu" ou senso do ego que deriva do contínuo do agregado sutil, não tem princípio em relação a esse contínuo. Portanto, não se pode dizer que o "ego" ou "eu" associado à nossa identidade como um ser humano é específico de uma única vida. Não podemos dizer que é um ser humano; não podemos dizer que é um animal. Mas podemos dizer que é um ser.
      Em termos do contínuo, podemos dizer que o eu junto com a base do senso do eu, que é o agregado sutil, deriva de seu momento anterior, que por sua vez deriva de um momento anterior e assim por diante, porque há um processo contínuo. Contudo, não podemos dizer que é um produto do karma, porque o karma, em termos de seu processo contínuo, não tem participação na continuação do processo. É simplesmente um fato natural que esse contínuo leva adiante.
      Mas se examinarmos num nível um pouco mais rude, por exemplo, no nível da existência humana, então temos o corpo humano e a identidade humana, que levam a pessoa a dizer: "Sou um ser humano". Esse senso do eu, assim como os agregados em que a identidade se baseia, pode ser considerado um produto do karma. Isso acontece porque ao falarmos de "corpo humano" e "existência humana" estamos nos referindo à conseqüência ou fruto do karma positivo, as ações virtuosas acumuladas no passado. Portanto, o karma desempenha um papel.
      Vamos verificar o caso de um corpo humano. Embora possamos dizer, de modo geral, que é um produto do bom karma, se quisermos traçar a origem material, a causa substancial que é a origem material, a causa substancial que é a origem material de nosso corpo, podemos fazê-lo através do princípio causal que é a instância anterior ou os fluidos regenerativos parentais, depois seguir mais e mais longe. Portanto, podemos traçar a origem material até um ponto — vamos tomar como exemplo este sistema universal específico — em que encontramos o espaço totalmente vazio. Segundo a cosmologia buddhista, antes da evolução de um sistema universal específico, todas as substâncias materiais eram inerentes ao que é conhecido como "partículas espaciais". Ou seja, em termos do processo do contínuo material, é um fato natural, uma lei natural, que o princípio causal impulsiona substâncias materiais para prosseguirem seu contínuo. Mais uma vez, não há papel para o karma aqui.
      A questão agora é a seguinte: em que ponto, em que estágio, o karma entra em cena? No estágio do espaço vazio, as partículas espaciais prosseguirão no contínuo material, que darão origem a várias estruturas compostas de partículas, levando a uma estrutura molecular, segundo a teoria científica. Com uma complexidade cada vez maior, chegará um ponto em que a composição das partículas materiais fará uma diferença para os indivíduos que habitam o mundo. Em outras palavras, o material se tornará diretamente relevante para a experiência de dor e de prazer das pessoas. É nesse estágio, em minha opinião, que o karma começa a desempenhar um papel. Quero que vocês pensem a respeito dessas áreas problemáticas.
      Por causa dessa complexidade, encontramos na literatura buddhista vários cursos de raciocínio e quatro princípios fundamentais, que acredita-se estarem arraigados no mundo natural. Os três primeiros são o princípio da lei natural, o princípio da dependência e o princípio das funções. Depois, com base nesses três princípios, pode-se aplicar a lógica. A menos que haja certas bases que possam ser usadas, não é possível adquirir o raciocínio ou a lógica.
      Pode-se dizer que a razão pelas quais podemos avaliar as leis da química é porque há determinados princípios, conhecidos como "o princípio da dependência" e o "princípio das funções". Quando determinadas substâncias materiais interagem, dão origem a propriedades emergentes. Isso nos permite avaliar as funções que podem ser realizadas coletivamente, através da interação. Assim podemos avaliar as leis da química.
      Cabe aqui a pergunta: "Por que há no mundo natural, como se fossem fatos determinados, o reino material e o reino mental — o reino espiritual ou o reino da consciência?". Não há uma resposta racional. É apenas um fato.
      À luz dessas considerações filosóficas, chegamos à conclusão de que as coisas e eventos, em última análise, carecem de existência intrínseca ou identidade intrínseca. Só possuem existência e identidade em relação a outros fatores, causas e condições. Portanto, a percepção que apreende coisas e eventos como tendo uma existência intrínseca, possuindo uma identidade e posição intrínseca, é o estado de ignorância. Na verdade, é um estado de conceito equivocado. Assim, ao gerarmos percepção sobre a natureza vazia dos fenômenos, poderemos ver diretamente através da ilusão desse conceito equivocado. Afinal, essa concepção se opõe diretamente ao estilo de absorção do conhecimento errado. Em conseqüência, esse estado mental distorcido pode ser removido ou eliminado. Por esse motivo, acredita-se que não apenas a ignorância, como também os estados ilusórios derivados, enraizados nesse estado fundamental de ignorância, podem ser removidos.
      Levando essa discussão adiante, Maitreya, em seu Sublime Contínuo (sânsc. Uttaratantra) dá três razões sobre a base em que se pode concluir que o estado búddhico impregna as mentes de todos os seres sencientes. Primeiro, ele diz que as atividades do Buddha irradiam-se no coração de todos os seres sencientes. Isso pode ser compreendido de maneiras diferentes. Primeiro, é a de que em cada ser senciente há uma semente de virtude e que se pode considerar a semente de virtude como um ato do Buddha completamente iluminado. E compadecido. Mas pode-se perceber também, em termos mais profundos, que todos os seres sencientes possuem o potencial para a perfeição. Portanto, há uma espécie de ser aperfeiçoado inerente em todos os seres sencientes, irradiando-se. Segundo, no que se relaciona com a suprema natureza da realidade, há uma total igualdade entre o estado samsárico e o nirvana. Terceiro, todos possuímos uma mente que carece de realidade intrínseca e existência independente, o que nos permite remover os aspectos negativos e os estados ilusórios que a obscurecem. Por esses motivos, Maitreya conclui que todos os seres sencientes possuem a essência do estado búddhico.
      Contudo, para ativar essa semente inerente em nosso coração ou mente devemos desenvolver a compaixão. Através do cultivo da compaixão universal a pessoa será capaz de ativar essa semente, o que a torna mais inclinada para o caminho Mahayana. Para isso, a prática da paciência e da tolerância é crucial.

(S.S. o Dalai Lama. A arte de lidar com a raiva: o poder da paciência.
Tradução de A. B. Pinheiro de Lemos da tradução de Geshe Thubten Jinpa.
Rio de Janeiro: Campus, 2001. Pág. 171-176)

Fonte: site www.dharmanet.com.br