Cochonilha – Você come insetos?
Além de comê-las, você também as utiliza quando usa xampus, sombras, batons, tintas, corantes de roupas, detergentes, etc. Além do corante carmim (“Dactylopius coccus”) que vai do laranja ao vermelho, as cochonilhas também fazem parte da produção de medicamentos (“Ceroplastes ceriferus”), verniz (“Llaveia axin”), cera (“Ceroplastes ceriferus”) e laca (“Laccifer lacca”).
Corantes são substâncias que apenas “colorem” os alimentos com a finalidade de melhorar o seu aspecto, fazendo com que tenham uma aparência mais próxima aos dos produtos naturais, deixando-os portanto, mais “apetitosos” aos olhos do consumidor. Não acrescentam nem sabor nem odor, apenas cor.
Bilhões de cochonilhas (são necessárias 70 mil fêmeas para se obter apenas meio quilo de corante. Para colorir uma bola de sorvete de morango são necessários, no mínimo, 40 insetos.) são criadas em laboratórios, fervidas, (elas são mortas por imersão em água quente ou por exposição ao calor de um forno) assadas, tostadas, esmagadas, maceradas, para dar origem ao corante vermelho ou corante carmim e esse corante é classificado como “natural” – o termo “corante natural” é extensivo aos produtos obtidos de animais (!).
Esse aditivo é normalmente especificado como “corante natural carmim de cochonilha”, “corante natural” , “C.I. 75470”, “E 120”, “vermelho 3”, “carmim” , “cochineal”, “ corante C.I.” , “INS 120” ou “corante natural ácido carmínico”. Ele não é tóxico ou cancerígeno como muitos corantes vermelhos artificiais, no entanto, pode provocar reações alérgicas, chegando mesmo a causar choque anafilático em alguns consumidores.
A longo prazo pode causar danos digestivos, metabólicos e neurológicos. E, o mais espantoso é que nas embalagens não está escrito qual é a matéria prima desse corante, isto é, que é de insetos. O consumidor não sabe o que está ingerindo. Declarar os ingredientes dos alimentos industrializados é lei federal mas as indústrias somente colocam os nomes científicos nos rótulos.
A cochonilha é um parasita de cactos, medindo de 3 a 5 milímetros de comprimento, nas cores marrom ou amarela. Cochonilhas são parentes próximas das cigarrinhas, cigarras e dos pulgões. A base do corante é o ácido carmínico, retirado dos corpos e ovos desses insetos. Os predadores naturais deles são a joaninha e alguns tipos de vespa.
O inseto é originário do México, Peru e América Central e seu corante é conhecido e utilizado desde as civilizações asteca e maia, principalmente para tingir tecidos. Durante o período colonial mexicano, a cochonilha se tornou o segundo produto em valor exportado do México, superado apenas pela prata. Esse corante era consumido em larga escala na Europa mas durante o século XIX a demanda diminuiu e quase parou no século XX, devido à forte concorrência de produtos industrializados, enquanto o corante cochonilha era produzido artesanalmente por indígenas.
Apenas nos últimos anos a cochonilha voltou a ser comercialmente viável (não tóxica e não cancerígena). O corante carmim consumido no Brasil é, praticamente todo, proveniente do Peru.
E por que não usar beterrabas como corante vermelho? Porque o produto feito com as cochonilhas, um pó avermelhado, tem características “interessantes” para a indústria de alimentos: é muito estável ao calor, à oxidação e a variações de acidez (pH), isto é, não estraga facilmente. A quantidade de cada aditivo considerada “segura” para cada tipo de alimento é determinada pela “FAO”, (“Food and Agriculture Organization” – “Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura”) e pela “OMS” (“Organização Mundial de Saúde”).
A legislação brasileira em relação aos corantes, além de seguir as recomendações da “FAO” e “OMS”, possui a regulamentação do uso de aditivos para os alimentos realizada pela “ANVISA” (“Agência Nacional de Vigilância Sanitária”). A resolução “CNNPA no 44” estabeleceu as condições gerais de elaboração, classificação, apresentação, designação, composição e fatores essenciais de qualidade dos corantes empregados na produção de alimentos e bebidas.
Eticamente não é aceitável a morte de milhões desses animais apenas para dar “cor” a alguns alimentos para humanos se deleitarem. Veganos e várias organizações em defesa dos direitos dos animais alertam para o fato de ser essa matança brutal e extremamente fútil. Importantíssimo é conhecer todo esse processo de fabricação e boicotar alimentos que contenham o corante carmim. Além disso, para aditivos alimentares há muitos testes feitos em animais escravos (inclusive desenvolvimento de tumores), procurando as implicações desse corante na saúde humana, o que é bárbaro, moralmente inaceitável, além de inútil.
http://www.anda.jor.br/06/11/2014/cochonilha-voce-come-insetos
http://biologiateista.blogspot.com.br/2013/07/corante-extraido-de-inseto-e-utilizado.html
http://www.fotosantesedepois.com/alergia-a-gelatina/
Corante extraído de inseto é utilizado em iogurtes, biscoitos e doces sabor morango
As áreas brancas do tipo vegetal acima são colônias de Dactylopius coccus de onde é extraído um corante vermelho |
"O corante natural carmim de cochonilla é fabricado a partir de um inseto, o Dactylopius coccus. O extrato do corante é obtido a partir do processamento do corpo seco de fêmeas desta espécie. O termo cochonilla é empregado para descrever tanto os insetos desidratados como o corante derivado deles. Cerca de 300 toneladas de cochonilla na forma dessecada é produzida anualmente.
[...] São necessários cerca de 70 mil insetos esmagados e fervidos para produzir apenas 450 gramas deste corante, usado em alimentos como biscoitos, sorvetes, iogurtes, e também em tintas, roupas e cosméticos. Por ser extraído de um animal, o corante carmim de cochonilla é classificado como natural.
Apesar de difícil, é possível encontrar iogurtes sem corantes. Para escolher melhor, não deixe de ler os ingredientes no rótulo. Além disso, procure bater um iogurte natural (branco) com a fruta que deseja. Pode ser morango, mamão. Assim você evita tantos aditivos químicos na alimentação e come de forma mais saudável." [1]
Bactérias do gênero Acinetobacter |
Estudo conduzido por pesquisadores do Centro de Ciências Genômicas da Universidad Nacional Autónoma de México[2]
relataram várias espécies de bactérias vivendo em simbiose (associação
de dois organismos vivos onde ambos se beneficiam) com o inseto Dactylopius coccus
de onde é extraído o corante natural carmim de cochonilla. Dentre os
vários grupos, as bactérias do gênero Acinetobacter devem receber
destaque por viver no interior deste inseto usado pela indústria
alimentícia.
"Acinetobacter é um gênero de bactéria Gram-negativa que pertence ao filo Proteobacteria. Não-móveis, as espécies de Acinetobacter são oxidase-negativas, e se apresentam em pares. [...] Acinetobacter também são uma importante fonte de infecções hospitalares, quando atingem principalmente pacientes imunologicamente debilitados." [3]
Pesquisadores que estudam alergias no Hospital Virgen Del Camino em Pamplona, Espanha[4], concordam que o corante vermelho natural Carmim (E120), extraído de fêmeas secas do inseto Dactylopius coccus, pode causar reações de hipersensibilidade. Em seu estudo, o grupo relata o caso de um trabalhador de 35 anos que não atua na extração do referido corante,
mas desenvolveu asma e alergia após ingerir um doce de cor vermelha
contendo o corante natural carmim. No artigo, os autores afirmam que o
corante natural carmim de cochonilla pode induzir alergia alimentar e
asma.
No Brasil, a cochonilha é também uma praga de jardim. A primeira
evidência de que a planta está infestada é o aparecimento de bolinhas
brancas que parecem ser de algodão nos caules, próximos às folhas. Elas
sugam a planta, roubando sua seiva, alojando-se principalmente na parte
inferior das folhas e dos brotos. Para defender-se da predação por
outros insetos, produz ácido carmínico, que extraído de seu corpo e ovos
é utilizado para fazer o corante alimentício que leva seu nome. O
corante de cor vermelho-escura é utilizado em larga escala pela
indústria cosmética (shampoo, batons, etc.) e alimentícia, emprestando
sua cor a biscoitos sabor morango, gelados de frutas vermelhas, leites
de soja sabor morango, geléias, sobremesas, sendo também utilizado em
medicamentos e roupas. Pode causar reações alérgicas em algumas pessoas.
Normalmente especificado como “Corante natural carmim de Cochonilha”,
C.I. 75470 ou E120 as composições dos produtos.[5]
Referências:
- CINTRA, L. Quantos morangos tem um iogurte de morango? Super Interessante, 30 jul. 2013. Disponível em: <http://super.abril.com.br/blogs/ideias-verdes/quantos-morangos-tem-um-iogurte-de-morango/> Acesso em: 30 jul. 2013.
- RAMÍREZ-PUEBLA, ST. et al. Molecular phylogeny of the genus Dactylopius (Hemiptera: Dactylopiidae) and identification of the symbiotic bacteria. Environ. Entomol., v. 39, n. 4, p. 1178-1183, 2010. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22127169> Acesso em 30 jul. 2013.
- WIKIPEDIA. Acinetobacter. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Acinetobacter> Acesso em: 30 jul. 2013.
- ACERO, S et al. Occupational asthma and food allergy due to carmine. Allergy, v. 53, n. 9, p. 897-901, 1998. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/9788693> Acesso em: 30 jul. 2013.
- ROGERS, H. O corante carmim de cochonilha e os biscoitos recheados sabor morango. Blog Arquivo Adventista. Fev. 2012. Disponível em: <http://arquivoadventista.blogspot.com.br/2012/02/o-corante-carmim-de-cochonilha-e-os.html> Acesso em: 30 jul. 2013.
Veja Outros
http://nutricaoeassuntosdiversos.blogspot.com.br/2012/08/veja-os-alimentos-que-podem-causar.html
http://docplayer.com.br/2518237-Alergia-as-proteinas-do-leite-de-vaca.html