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3 de out. de 2011

DIRIGINDO-SE À FONTE



Quando surge um sentimento de ódio contra uma pessoa, ou um sentimento de amor por alguém, que fazemos? Nós o projetamos sobre a pessoa. Se você sente raiva de mim, esquece completamente de si mesmo nessa raiva, apenas eu me torno o seu objeto. Se sente amor por mim, você esquece completamente de si mesmo; só eu me torno o objeto. Você projeta seu amor, seu ódio ou outra coisa qualquer sobre mim. 

Você se esquece completamente do centro interior do seu ser; o outro torna-se o centro. Este sutra diz que, quando o ódio, o amor ou outro sentimento qualquer a favor ou contra alguém surgir, "Não o projete na pessoa em questão". Lembre-se, você é a fonte.

Eu o amo. O sentimento mais comum é de que você é a fonte do meu amor. Mas, na verdade, não é assim. Eu sou a fonte. Você é apenas a tela onde projeto meu amor. Você é só uma tela; eu projeto meu amor em você e digo que você é a fonte do meu amor. Não é o que acontece. 
Isso é ficção. Eu lanço a minha energia de amor e a projeto em você. Nessa energia amorosa projetada em você, você se torna encantador. 

Talvez não o seja para outra pessoa. Talvez seja absolutamente repulsivo para outro. Por quê? Se você fosse a fonte do amor, então todos deveriam sentir amor por você. Mas você não é a fonte. Eu projeto amor e então você se torna encantador; outro projeta ódio e você se torna repulsivo. E outra pessoa não projeta nada - é indiferente, talvez nem mesmo olhe para você. O que está acontecendo? Estamos projetando nossos próprios estados para os outros.

É por isso que, se você está em lua de mel, a lua parece tão linda, milagrosa, maravilhosa. Parece que o mundo inteiro é diferente. E, na mesma noite, para o seu vizinho, esta noite milagrosa pode não estar existindo. O filho dele morreu, então a mesma lua é triste, intolerável. 

Mas, para você, é encantadora,fascinante. Por quê? A lua é a fonte ou é apenas uma tela na qual você está-se projetando?

Este sutra diz: "Quando um sentimento contra ou a favor de alguma pessoa surgir, não o coloque na pessoa em questão" (ou no objeto em questão). Permaneça centralizado. Lembre-se de que você é a fonte, por isso não se dirija para o outro: dirija-se à fonte. Quando sentir raiva, não se dirija ao objeto. Vá para o ponto de onde provém a raiva. Não vá à pessoa a quem ela está sendo dirigida, mas sim para o centro de onde ela vem. Dirija-se para o centro; vá para dentro; use a sua raiva, o seu amor, ou qualquer outra coisa como uma jornada em direção ao centro interior até a fonte. Dirija-se à fonte e permaneça centralizado aí.
Tente! Esta é uma técnica psicológica muito científica, alguém o insultou; a raiva de repente explode; você está fervendo. A raiva está fluindo em direção à pessoa que o insultou. Agora você projetará toda essa raiva sobre ela. E ela não fez nada. Se o insultou, o que fez ela? Apenas o provocou, ajudou para que sua raiva surgisse, mas a raiva é sua. Se alguém chegar a um Buda e o insultar, não será capaz de criar nele nenhuma raiva. Ou, se chegar a Jesus, Jesus lhe dará a outra face. Ou, se chegar a Bodhidarma, ele vai morrer de rir. Isso depende.

O outro não é a fonte. A fonte sempre está dentro de você. O outro está penas atingindo a fonte, mas, se não existir raiva dentro de você. Ela não surgirá. Se você bater num Buda, só sairá compaixão, porque nele só a compaixão existe. A raiva não virá à tona porque ela não existe. 

Se você jogar um balde num poço seco, não sairá nada. Num poço cheio você joga o balde e a água vem, mas a água é do poço. O balde só ajuda a trazê-la para fora. Assim, a pessoa que o insulta está apenas jogando um balde em você e o balde sai cheio da raiva, do ódio, do fogo que há dentro de você. Você é a fonte, lembre-se.

Para essa técnica, lembre-se de que você é a fonte de tudo o que está projetando nos outros: lembre-se sempre disso. E, sempre que houver um sentimento contra ou a favor, volte imediatamente para dentro e vá à fonte de onde provém o ódio. Fique centralizado aí; não se dirija para o objeto. Alguém lhe deu a oportunidade de ter a consciência de sua própria raiva: agradeça-lhe imediatamente e esqueça-se dele. Feche os olhos, volte-se para dentro e olhe para a fonte de onde vem esse amor ou essa raiva. De onde vem? Vá para dentro; entre: aí você encontrará a fonte, porque a raiva vem da sua fonte.

O ódio, o amor, tudo vem da sua fonte. E é fácil chegar à fonte no momento em que se está sentindo raiva, amando ou odiando, porque então você está quente. É fácil entrar nessa hora. O fio está quente e você pode usá-lo. pode ir para dentro com esse calor. E quando você atingir lá dentro, um ponto frio, de repente, Realizará uma dimensão diferente, um mundo diferente se abrindo à sua frente. Use a raiva. Use o ódio, use o amor para entrar.

Sempre os usamos para nos dirigirmos aos outros, e sentimo-nos muito frustrados quando não há ninguém em quem projetar. Vamos então projetando até sobre objetos inanimados. Tenho visto pessoas furiosas com seus sapatos, arremessando-os com raiva. O que estão fazendo? 

Tenho visto pessoas enraivecidas batendo portas, jogando toda a raiva sobre a porta, xingando-a, usando até palavrões contra ela. O que estão fazendo?

Vou terminar com um enfoque Zen sobre isso. Um dos maiores mestres Zen, Lin-Chi, costumava dizer: "Quando eu era jovem, adorava andar de barco. Tinha um pequeno barco e ia para o lago sozinho. Era capaz de ficar ali durante horas.


Um dia, aconteceu que, de olhos fechados, eu estava meditando no meu barco sobre a noite tão maravilhosa. Um barco vazio veio flutuando com a correnteza e aproximou-se e bateu no meu. Meus olhos estavam fechados e então eu pensei: ‘alguém está batendo seu barco contra o meu’. Senti raiva. Abri meus olhos e já ia dizer alguma coisa com raiva para aquela pessoa. Então percebi que o barco estava vazio. Não havia jeito de me extravasar. A quem eu poderia expressar minha raiva? O barco estava vazio. Estava apenas flutuando na correnteza, chegou e bateu no meu barco".
Assim, não havia nada a fazer. Não havia possibilidade de projetar minha raiva num barco vazio.

Então Lin-Chi falou: "Fechei os olhos. A raiva estava ali presente, mas não achando um jeito de sair. Fechei os olhos e simplesmente comecei a navegar naquela raiva. E o barco vazio tornou-se a minha Realização. Naquela noite silenciosa cheguei a um ponto dentro de mim. Aquele barco vazio foi meu guru. E agora, se alguém vem num barco e me insulta, dou risada e digo que esse barco também está vazio. Fecho os olhos e vou para dentro".

Mas quando experimentamos esta técnica com nossa raiva, nosso ódio, etc..., sentimos que estamos reprimindo nossas emoções e isso se torna um complexo reprimido. Como ficar livre desses complexos reprimidos enquanto praticamos a técnica mencionada?

A expressão e a repressão são dois lados da mesma moeda. São contraditórios, mas basicamente, não são diferentes. Na expressão e na repressão, em ambos, o outro é o centro.

Eu estou com raiva: reprimo a raiva. Eu ia expressar a raiva contra você. Mas a raiva continua sendo projetada em você, seja ela expressa ou reprimida.

Esta técnica não é de repressão. Esta técnica transforma a própria base tanto da expressão quanto da repressão. Esta técnica diz para não projetar no outro; você é a fonte. Expressando ou reprimindo você é a fonte. A ênfase não está nem na expressão, nem na repressão. A ênfase está em saber de onde vem essa raiva. Você tem de ir para o centro, para a fonte, onde surgem a raiva, o ódio, e o amor. Quando você reprime, não está indo para o centro. Está lutando contra a expressão.

A raiva surgiu em mim. Normalmente, posso fazer duas coisas, expressá-la em alguém ou reprimi-la. Mas, em ambos os casos estou preocupado com o outro e com a energia da raiva que veio à superfície, não com a fonte.

Esta técnica é para esquecer o outro completamente. Olhe apenas para a sua energia de raiva surgindo e vá bem no fundo para encontrar a fonte dentro de si mesmo, de onde ela está vindo. E, no momento em que você encontrar a fonte, permaneça centralizado nela. Não faça nada com raiva, lembre-se. Expressando, você está fazendo algo com a raiva; reprimindo, também está fazendo algo com ela. Não faça nada com raiva; não toque nela. Use-a apenas como um caminho. Vá bem fundo dentro dela para saber onde surgiu. E, no momento em que encontrar a fonte será muito fácil ficar centralizado nela. A raiva tem de ser usada, na verdade, como um caminho para encontrar a fonte. Qualquer emoção pode ser usada.

Quando você reprime, não encontra a fonte: está só lutando com a energia que surgiu e que quer ser expressa. Você pode reprimi-la, mas ela será expressa mais cedo ou mais tarde, porque você não pode lutar contra a energia que surgiu. Ela tem de ser expressa. Assim, você não pode expressá-la sobre "A", mas expressa-a sobre "B" ou "C". Sempre que encontrar alguém mais fraco do que você, expressará a energia. 

E, a menos que o faça, sentir-se-á carregado, tenso, pesado e até doente. Portanto, ela será expressa. Você pode reprimi-la constantemente. 

Por algum lugar ela escapa, porque se não escoar, você estará constantemente preocupado com ela. Assim, a repressão nada mais é do que uma expressão adiada. Você simplesmente adiará.

Você sente raiva de seu chefe, e não pode expressar isso. Não é "bom negócio". Você vai ter que engolir e, assim, vai esperar apenas até que 
possa expressá-la em sua mulher, em seus filhos, ou em qualquer outra pessoa - em seu empregado. E, no momento em que chegar em casa, você a expressará. Encontrará motivos, é claro, porque o homem é um animal racional. Ele raciocinará, encontrará alguma coisa, algo trivial. 

Mas que agora se tornará muito importante, porque ele tem alguma coisa para expressar.A repressão não é outra coisa senão um adiamento. Você pode adiar por meses, ou anos, mas ela terá de ser expressa. Esta técnica não está nem um pouco interessada na repressão ou na expressão - não! Esta técnica usa a sua emoção, a sua energia, como um caminho para você ir fundo dentro de si mesmo.

Crie uma emoção qualquer, mas não há necessidade, porque as emoções estão presentes o dia todo. Use qualquer uma para meditar. Então, você se esquece completamente do outro e não está reprimindo nada. Está apenas mergulhando com uma energia que surgiu. Toda energia vem da fonte, por isso, nesse exato momento, o caminho está quente e você pode usá-lo para voltar. E, no momento em que você alcança a fonte original, a energia se dilui na fonte original. Isso não é repressão: a energia voltou a fonte original. E, quando você for capaz de reunir sua 

energia à fonte original, se tornará o mestre de seu corpo, da mente e da sua energia. Você se tornará o mestre! Agora não dissipará sua energia.

Uma vez que saiba como sua energia volta com você para o centro, não há necessidade de qualquer repressão. Nem de qualquer expressão. 

Neste momento você não está zangado. Eu digo uma coisa você fica zangado. De onde essa energia está vindo? Um minuto antes você não 

estava zangado, mas a energia estava dentro de você. Se ela puder voltar de novo para a fonte, você será o mesmo que há um minuto.

Lembre-se disto: energia não é raiva, amor, nem ódio. Energia é simplesmente energia - neutra. A mesma energia se torna raiva; a mesma 
energia se torna sexo, a mesma energia se torna amor; a mesma energia se torna ódio. Tudo isso são formas da mesma energia. Você dá a forma, sua mente dá a forma e a energia se move dentro dela.

"Portanto, lembre-se, se você amar profundamente, não terá muita energia para ficar zangado. Se não amar, então terá muita energia para se irritar e continuará encontrando muitas situações para ficar zangado".

O que significa isso? Cientificamente, significa que sua energia inteira voltou para a fonte. Se você a expressa, ela vai para fora. E, expressando-a, você está criando hábito para a energia sair, para ela ser liberada. Se você a reprime, então a energia não se moveu nem para dentro nem para fora: fica suspensa. E uma energia suspensa é uma carga.

É por isso que, se você realmente exprime a raiva, sente-se aliviado. Se destrói alguma coisa, seu ódio é liberado e você se sente aliviado. 

Por que é sentido esse alívio? Porque a energia suspensa é uma carga pesada. Sua mente fica anuviada por ela. Você tem de jogá-la fora ou permitir que ela volte à sua fonte original: só existem essas duas possibilidades.

Se ela volta à fonte, torna-se amorfa. Na fonte, a energia não tem forma. Por exemplo, a eletricidade é amorfa. Quando ela existe em um ventilador, toma um tipo de forma. Quando está em uma lâmpada, toma uma forma diferente. Você pode usá-la de mil maneiras. A energia é a mesma. A forma é dada pelo mecanismo na qual ela se move.

A raiva é um mecanismo; o sexo é um mecanismo; o amor é um mecanismo; o ódio também. Quando a energia se move pelo canal do ódio, torna-se ódio. Se a mesma energia se mover pelo canal do amor, se tornará amor. Mas, quando ela se move para fonte, é uma energia sem forma, energia pura. Não é ódio nem amor, nem raiva, nem sexo: simplesmente energia. Então é inocente, porque a não forma é inocência absoluta. Por isso é que: Jesus, Buda parecem tão inocentes, como uma criança. A energia se moveu para a fonte.

Não exprima, porque estará desperdiçando sua energia e ajudando a outro a desperdiçá-la também. Não a reprima, porque então estará criando um fenômeno suspenso que terá de ser aliviado. Então o que fazer?

Não faça nada com o sentimento em si. Volte para a fonte de onde ela vem. E quando a sensação ainda está quente, o caminho é claro, internamente visível. Você pode se dirigir para ele. Use os sentimentos para meditar. O resultado é milagroso, inacreditável. E, uma vez que você encontra a chave que mostra como canalizar a energia de volta para fonte, você tem uma qualidade diferente e personalidade. Não está mais desperdiçando coisa alguma.


MEDITAÇÃO PARA TRANSCENDER AS EMOÇÕES

Acomode-se confortavelmente. Feche os olhos, e concentre-se em sua respiração. Respire lenta e profundamente, deixando-se ir mais fundo a cada respiração. Enquanto respira deixe que todas imagens, pensamentos e impressões que lhe acompanharam durante o dia venham à sua consciência. Deixe que passem, como nuvens em dia de tempestade, como um forte vento que passa sem deixar marcas, simplesmente passam. Libertando-se de toda ansiedade e aspiração. Imagine agora uma luz azul preenchendo todo o ambiente, essa luz azul é relaxante e irá
relaxá-lo em níveis físico, emocional, mental e espiritual. Relaxando sua pele, músculos, nervos e ossos. Imagine a luz envolvendo todo o seu ser enquanto você relaxa concentrando-se em cada parte de seu corpo.

Dirija toda a sua atenção para seus pés, esqueça-se do restante de seu corpo, concentre-se apenas em seus pés. Nos dedos dos pés, sola, 
calcanhares, dorso e tornozelos. Sinta seus pés inteiramente relaxados. 

Então, dirija-se para suas pernas, dos tornozelos até os joelhos, relaxe todos os músculos de suas pernas, sinta suas pernas relaxadas.

Proceda da mesma forma para o restante do corpo: suas coxas, dos joelhos até os  quadris; toda a área de seus quadris, nádegas e órgãos genitais; área do abdômen, músculos do abdômen e órgãos internos; toda a área do tórax; costas da base da coluna até o pescoço, músculos das costas e vértebras da coluna; braços dos dedos das mãos aos ombros, dedos das mãos, mãos, pulsos, antebraços, cotovelos, braços, ombros; pescoço, músculos do pescoço, garganta e cordas vocais; cabeça, queixo, maxilares, boca (a língua deve ficar solta repousando suavemente), nariz, faces, orelhas, olhos, pálpebras, testa, nuca, topo da cabeça.

Agora, mentalize a raiva que você está sentindo (ou outra emoção qualquer), esqueça-se de todo o resto, concentre-se unicamente nessa emoção. Então tome consciência de que você é a fonte dessa emoção, que a outra pessoa é a ferramenta que o auxiliou a reconhecê-la a perceber sua presença. Entre fundo nessa emoção, comece a retroceder, busque outras emoções que acompanham essa emoção. Em que situações ela torna-se mais evidente? Que sentimentos você tem reprimido e fortalecem essa emoção? O que você tem   buscado negar, porém o persegue incessantemente? Entre profundamente nessa emoção, vá até o seu centro, até a origem. Então, quando  você encontrar a origem, ela se dissolverá. Tornar-se-á apenas energia, energia pura, que você poderá tornar amor, amor por você mesmo,  
amor por outras pessoas ou amor incondicional pelo Universo.
Imagine a energia tornando-se amor, imagine o amor sendo representado por uma luz dourada, e essa luz dourada impregnando-o 

inteiramente, harmonizando-o. Imagine agora que essa luz que o envolveu expande-se envolvendo o seu corpo, e que você irradia essa luz,  afetando a todos os que se aproximarem de você com essa energia amorosa.

Quando você sentir que está completamente harmonizado, e houver transcendido a emoção, retorne a sua consciência objetiva.  

Agora você possui uma ferramenta para transcender a emoção, sem necessitar reprimi-la ou expressa-la. Depende de você utilizá-la ou não.

"Quando um sentimento contra ou a favor de uma pessoa surgir, não o coloque na pessoa em questão, mas permaneça centrado".


"Não somos ondas, somos parte do Oceano. Embora indivíduos, afetamos o Universo à nossa volta. Elevemos nosso padrão vibratório para  afetá-lo positivamente".



Osho




9 de ago. de 2011

Cada momento… é isso aí.



Seguir a intuição na hora de tomar decisões, ou encontrar saídas para problemas imediatos, é algo ainda extremamente difícil para a maioria das pessoas.

Visto que aprendemos muito cedo na vida que a mente é o único conselheiro confiável, desapegar-se deste apoio e caminhar guiado por uma percepção interior exige uma mudança radical de nosso sistema de crenças.

Quanto mais confiança colocarmos em nosso guia interior, maiores serão as chances de conseguirmos relaxar e permitir que ele se manifeste em momentos decisivos.

O relaxamento, aliás, é chave para este aprendizado. Sem ele, somos tomados pela preocupação e a ansiedade e sempre desejaremos agir de acordo com diretrizes previsíveis, seguindo padrões pré-estabelecidos pelo mundo exterior.

Os animais podem nos dar exemplos incríveis desta habilidade. Eles não pensam, simplesmente seguem seus instintos e confiam na orientação que recebem, reagindo a cada situação da vida de modo natural.

Nós, humanos, sempre temos a mente para direcionar nossas ações, com base em experiências já vividas. Se as experiências passadas foram negativas, elas certamente definirão o padrão de nossas expectativas atuais.

Quebrar esse condicionamento não é uma tarefa fácil, mas podemos realizá-la com sucesso através da observação permanente de nossas reações interiores.

Se conseguirmos reagir a cada situação respondendo de acordo com a percepção que sentimos naquele momento, iremos aos poucos aprendendo a caminhar com menos ansiedade por um território desconhecido.

A experiência passada pode nos servir de guia, mas não precisa ser determinante de um padrão mecânico de resposta que nos torna robóticos e previsíveis. Podemos recusar este destino e direcionar a vida de um modo mais vibrante, onde a pulsação de nosso coração seja o guia da jornada.

” A orientação é muito sutil, delicada, frágil.

… Para andar no mundo da orientação é preciso enorme confiança porque não se anda em segurança, anda-se no escuro. Mas o escuro dá uma certa emoção: sem um mapa, sem um guia, você caminha pelo desconhecido. Cada passo é uma descoberta e não é apenas descoberta do mundo exterior.

 Ao mesmo tempo, algo é descoberto dentro de você também. Um descobridor não só descobre coisas. Enquanto ele segue descobrindo mais e mais mundos desconhecidos, ele descobre a si mesmo também, ao mesmo tempo.

 Cada descoberta é uma descoberta interior também. Quanto mais você sabe, mais você sabe sobre o sabedor. Quanto mais você ama, mais você sabe sobre o amante.

Não vou lhe dar um destino. Só posso lhe dar uma orientação – desperta, palpitante de vida e desconhecido, sempre surpreendente, imprevisível.

Não vou lhe dar um mapa. Só posso lhe dar uma grande paixão por descobrir.

Sim, não é preciso um mapa; é necessária uma grande paixão, um grande desejo de descobrir. Então eu o deixo sozinho. Então você segue por conta própria. Entre na vastidão, no infinito, e pouco a pouco, aprenda a confiar nele.

Coloque-se nas mãos da vida…

… Porque cada momento é isso aí. Pode ser a vida, pode ser a morte; pode ser o sucesso, pode ser o fracasso; pode ser a felicidade, pode ser a infelicidade.

Cada momento… é isso aí.”

 

OSHO, do livro Intuição – o saber além da lógica


12 de dez. de 2010

OSHO - The Sadhana Sutra -

Amado Osho,
Como eu posso livrar-me do sofrimento?


"Todo mundo passa a sua vida em busca de uma coisa: como livrar-se do sofrimento? Como obter felicidade e alegria? Você quer buscar alegria, mas o que você pagará por isso? O que você dará em troca daquilo que conseguiu?

Se um homem der um passo que seja, ele terá que deixar o pedaço da terra sobre o qual ele estava em pé. Somente assim ele poderá ir adiante. Não haverá qualquer progresso neste mundo se nós não quisermos abrir mão de alguma coisa.
Sem sacrificar-se você não conseguirá dar nem mesmo um passo. Se as suas mãos estão cheias de lama, de seixos e de pedras e você quer diamantes, você terá que abandonar as pedras. Para agarrar o objeto desejado, as suas mãos deverão estar vazias. Você deverá deixar as coisas inúteis.


Não tenha medo: eu não lhe direi para renunciar à sua riqueza, mesmo porque ninguém tem riqueza alguma, ninguém mesmo. Neste mundo, até o mais rico dos homens é um mendigo. Ninguém tem riqueza.


Existem dois tipos de mendigos: um é o mendigo pobre e o outro é o mendigo rico, mas ambos são mendigos. Até agora, eu nunca vi um homem rico. Existem muitas pessoas que possuem dinheiro, mas elas não são ricas, elas também estão na corrida para agarrar o máximo que elas puderem, do mesmo jeito como faz o mais pobre dentre os homens pobres. Como um pedinte que segura tudo o que tiver com as mãos bem apertadas, também o homem que tem o maior dos cofres segura com as mãos apertadas tudo o que ele tiver. A avareza deles é a mesma e assim a pobreza deles também é a mesma.


Você não tem riqueza. Ninguém a tem. Por isso eu não insisto que você tenha que abandoná-la. Como você pode deixar alguma coisa que você não tem? Eu não lhe digo para desistir da sua vida - você nem mesmo tem isso. Como você pode ter alguma coisa, se nem mesmo tem consciência dela? E a cada momento você fica tremendo de medo da morte. Se você fosse a própria vida, por que você estaria com medo da morte?


A vida não tem morte alguma. Como a vida pode tornar-se morte? Mas você está tremendo de medo da morte. A cada momento a morte está rondando você. Você está tentando se salvar por qualquer caminho possível, para que você não desapareça, para que você não morra, para que você não chegue a um fim. Mesmo a vida, você não a tem. É por isso que eu não irei lhe pedir para desistir da sua vida. Como você pode dar alguma coisa que você não tem?


Eu só irei pedir aquilo que você tiver. E eu irei pedir aquilo que todos têm. Assim como eu disse que a busca de todo mundo é por alegria, também existe algo que todos têm em abundância: o sofrimento. Você tem uma quantidade suficiente de sofrimento, mais do que você precisa. Por muitas vidas você nada mais tem colecionado a não ser sofrimentos. Você colecionou pilhas disso. Mesmo o monte Everest parecerá pequeno se for comparado com as pilhas de problemas que você tem colecionado. Esse é o trabalho de suas muitas vidas; você nada tem ganho, exceto problemas. Mesmo agora você os está ganhando.


Eu gostaria que você largasse seus problemas, renunciasse aos seus problemas. Ninguém jamais pediu os seus problemas, mas eu estou pedindo. E se você puder desistir de seus problemas, aí o caminho para a alegria poderá ser aberto. E se você conseguir abandonar os seus problemas, você irá perceber que aquilo que você pensava ser problema nada mais era que ilusão. E os seus problemas não o estavam segurando; você é que os estava segurando. Mas uma vez que você os deixe ir, você irá saber então quem estava segurando quem.


Você está sempre perguntando como conseguir livrar-se do sofrimento. Perguntando assim, parece que o sofrimento o está segurando e você quer livrar-se dele. Se o sofrimento estivesse lhe segurando, então não seria possível você se livrar dele, porque a posse não estaria em suas mãos, mas nas mãos do sofrimento. Você seria impotente. E se depois de tantas vidas você
ainda não conseguiu tornar-se livre, então como conseguir tornar-se livre agora?


Eu digo a você que o sofrimento não o está segurando; você é que está segurando o sofrimento. E se você puder fazer uns experimentos, aceitando o que eu estou dizendo, você irá compreender por si mesmo. E não apenas você compreenderá isso, mas você irá experienciar uma entrega; você saberá como o sofrimento pode ser abandonado. E quando tornar-se bom na arte de abandonar o sofrimento, você irá perceber o que estava arrastando consigo. E ninguém, a não ser você, era

responsável por isso. Por qualquer coisa que você tenha experienciado como sofrimento, nenhuma outra pessoa pode ser responsabilizada. Esse era o seu desejo: você queria sofrer. Tudo o que nós desejarmos será permitido. E tudo o que você é, é o fruto dos seus desejos. Nem Deus é responsável, nem a sorte; ninguém tem motivo algum para lhe causar problemas.


A verdade é que a existência está sempre querendo fazer você ficar alegre. Toda essa existência quer que a sua vida se torne um festival... porque quando você está infeliz, você também sai atirando infelicidade por toda a sua volta. Quando você está infeliz, o mau cheiro de suas feridas alcança toda a existência. E quando você está infeliz, a existência também sente dor. Todo esse mundo sente dor quando você está infeliz e sente alegria quando você está
alegre. A existência não deseja que você deva ser infeliz. Isso seria suicídio para a própria existência. Mas você está infeliz e para se tornar infeliz você teve que fazer toda sorte de arranjos. E enquanto isso não for destruído, você não será capaz de abrir os seus olhos para a felicidade.


Quais são os seus arranjos? Que arranjo o homem faz para estocar os seus problemas? Como ele os coleciona? Compreenda isso um pouco e talvez fique mais fácil para você deixá-los.


Uma criancinha quer chorar. Os psicólogos dizem que a ação de chorar da criança é a ação de vomitar. Sempre que uma tensão cresce dentro de uma criança, ela, ao chorar, atira para fora as suas tensões. Você foi uma criancinha. Uma criancinha está com fome e não estão lhe dando o leite na hora certa. É por isso que ela está chorando, é porque ela encheu-se de tensão. E isso é necessário para liberar a sua tensão para fora. Ela irá chorar, a tensão será liberada e ela se sentirá mais leve.


Mas nós ensinamos a criança a não chorar. Nós tentamos todas as maneiras para impedi-la de chorar. Nós colocamos brinquedos em suas mãos para que ela se esqueça; nós colocamos alguma coisa artificial em sua boca, ou colocamos o seu polegar em sua boca de modo que ela confunda isso com o seio de sua mãe e esqueça da fome. Nós começamos a balançá-lo para lá e para cá para que sua atenção se disperse e ela não chore. Nós tentamos tudo para não deixá-la chorar. Aquela tensão que poderia ter sido liberada pelo choro, não é liberada e vai sendo guardada. Desse jeito nós deixamos que isso vá se acumulando. Quem sabe quantas dores e angústias cada pessoa tem acumulado? Ela senta-se sobre essa coleção empilhada.


Quem sabe quantas tensões você acumulou? Você não tem chorado nem dado gargalhadas com seu coração totalmente presente. E porque você não chorou, alguma coisa ficou presa dentro de você. Você não tem ficado totalmente com raiva, nem tem perdoado completamente alguém. Você tornou-se uma pessoa pela metade. Os seus ramos querem se abrir mas eles não são capazes disto. As folhas querem brotar para todos os lados, mas elas não são capazes disto. A sua árvore ficou atrofiada. O nome dessa dor acumulada , dessa dor não liberada, é inferno. E você segue arrastando esse inferno ao seu redor.


Eu o chamei aqui para que o seu inferno possa ser jogado fora, e você pode jogá-lo fora. Neste Campo de Meditação você deve tornar-se como uma criancinha. Você deve esquecer que foi aculturado, que foi muito educado, que você ocupa uma posição elevada, que você conseguiu riquezas, que você é respeitado na cidade. Abandone tudo isso. Torne-se como um bebê recém-nascido, que não tem qualquer reputação, não tem educação, nem posição, nem riqueza, nem qualquer auto-respeito. Se você quiser salvar a sua estima, a sua posição, então, por
favor saia daqui o mais rápido possível, e nem mesmo olhe para trás. Eu nada tenho a fazer com o você ou com o seu auto-respeito, conhecimentos, reputação. Para sua segurança, vá embora, não fique aqui.


Eu estou aqui para aqueles que são capazes de tornarem-se simples como uma criança, e somente assim eu posso fazer alguma coisa. Porque somente às crianças pode-se ensinar alguma coisa, somente as crianças podem ser mudadas, e uma revolução pode ocorrer apenas nas vidas das crianças.


Nos experimentos de meditação que acontecerão aqui, vomite, atire para fora todo sofrimento que você tiver em seu coração. Se você tiver raiva, atire-a para o céu, se você tiver violência, atire-a para o céu. Você não tem que ser violento com ninguém, simplesmente libere a violência para o céu aberto. Problemas, dores, culpas; qualquer coisa que estiver dentro tem que ser jogada para fora. Você tem que atirá-las tão totalmente quanto for possível. Use toda a sua energia de modo que qualquer problema que estiver dentro seja trazido a consciência.


Você deve compreender que enquanto você não ficar consciente da dor escondida no seu inconsciente, ela não o deixará, ela permanecerá escondida. Exponha-a, traga-a para a consciência. Puxe-a para fora, onde quer que ela esteja escondida na escuridão interna, traga-a para a luz.


Algumas coisas morrem com a luz. Se você puxar para fora da terra as raízes de uma árvore, elas morrerão. Elas necessitam da escuridão, elas vivem na escuridão, na escuridão está a vida delas. Assim como as raízes, o sofrimento também vive na escuridão. Exponha os seus sofrimentos e você descobrirá, eles morreram. Se você continuar escondendo-os dentro de si, eles irão permanecer seus companheiros constantes por muitas vidas. A infelicidade tem que ser
expressada.


Compreenda uma coisa mais: foi de fora que você pegou as dores e as trouxe para dentro de si. Por favor, volte com elas para o lado de fora. A dor não é interna; todas as dores são trazidas do lado de fora.


Quando você nasceu, qual era a natureza do seu ser? Não havia dor: a dor foi trazida de fora. Se um homem o maltratou e fez você ficar infeliz, o maltrato foi trazido de fora. Agora, você irá acumular essa dor do lado de dentro, deixará que ela cresça, irá reprimi-la, assim ela se expandirá e envenenará toda e qualquer célula do seu corpo. Você se tornará um homem infeliz. Você traz a dor de fora. Ela não está em sua natureza.


É por isso que eu lhe digo que você pode livrar-se da dor. Você não consegue se livrar da natureza, daquilo que é a fonte do sentir. Você pode livrar-se apenasdaquilo que não é seu. Não há jeito de você livrar-se daquilo que é seu.
A dor tem que ser jogada fora. Durante esses próximos dias, quanto mais você puder jogar, jogue. E na medida em que você for jogando fora, irá crescer a suacompreensão que isso era uma loucura estranha que você estava cultivando. Isso poderia ter sido jogado fora naturalmente, estava em suas mãos, mas, desnecessariamente, você se bloqueou. E a segunda coisa: na medida que você joga fora a dor, que a envia de volta para fora, de onde ela veio, a alegria começa a brotar dentro de você.

A alegria está dentro. Ninguém a traz de fora. Ela não vem de fora, ela é a sua natureza, ela é você. Ela está escondida dentro, ela é a sua alma.


Se for jogado fora esse lixo que veio de fora e que tem sido acumulado, então a alma interna começará a expandir, começará a crescer. Você começa a ver a sua luz e a ouvir a sua dança, você começa a mergulhar na música mais interna. Mas isso só acontece se você liberar o lixo de modo que o céu interior possa se estabelecer, algum espaço criado. Então aquele espaço que está escondido dentro pode expandir-se.


A dor deve ser expressada para que aquela alegria possa expandir-se internamente. E quando a alegria começa a expandir-se, é necessário compreender também a segunda coisa. Se você reprimir a dor, ela cresce. Se a dor é reprimida ela cresce, se você a expressar, ela diminui. Com a alegria ocorre totalmente o oposto: se você reprimir a alegria, ela diminui; se você a
expressar ela aumenta.


Assim, a primeira coisa é isso: que você tem que jogar fora a dor, porque ela diminui sendo expressada. Não a reprima, pois ela cresce com a repressão. E quando você tiver a primeira visão da alegria que vem de dentro, então expresse-a... porque quanto mais você expressar a alegria, mais ela aumenta internamente e camadas frescas começam a crescer.


Isso é exatamente igual, quando você fica tirando água de um poço: nova água de fontes frescas encherá o poço. A fonte da alegria está dentro, assim não tenha medo de que ela irá diminuir por você expressá-la. A dor fica reduzida ao expressá-la, porque a sua fonte não está dentro. Ela foi trazida de fora, assim se você a expressar, ela ficará reduzida.


Se você quiser enganchar-se na dor, então tenha isso em sua mente: nunca jogue-a fora. Se você quiser aumentar o seu sofrimento - e isso é o que você está fazendo e parece que muitas pessoas estão fazendo - então nunca expresse seu sofrimento, nunca manifeste-o. Se lágrimas estiverem jorrando, então engula-as, se você sentir raiva, reprima isso. Se qualquer problema estiver brotando internamente, reprima isso. Ele irá aumentar. Você se tornará um grande inferno.


Se você quiser reduzir a dor, então deixe-a acontecer; se você quiser aumentar a alegria, então deixe-a acontecer, porque a alegria está dentro e novas camadas continuarão se revelando. E na medida em que você segue deixando a alegria acontecer você começará a ter mais e mais vislumbres de pura alegria.


A alegria aumenta ao ser compartilhada.

A dor tem que ser liberada. E quando você começa a ter vislumbres de alegria, eles também têm que ser liberados. Você tem que se tornar como uma criancinha, que não tem qualquer preocupação a respeito do passado, nem qualquer questão a respeito do futuro, que nem mesmo sabe o que os outros estão pensando a seu respeito. Somente então acontecerá aquilo para o que eu o chamei aqui, e aquela jornada na qual eu gostaria que você fosse bem
suavemente.


Um pouco de coragem é requerida, e então, os tesouros de alegria não estarão longe. Um pouco de coragem é requerida e você poderá abandonar o seu inferno - exatamente como um homem que se sujou na rua e volta para casa para tomar um banho e a sujeira é lavada. Da mesma maneira, a meditação é o banho e a dor é a sujeira. Assim como depois do banho a sujeira foi lavada e você se sente fresco, da mesma forma você terá um vislumbre, sentindo dentro de si a felicidade e alegria que é a sua natureza."


discourse nº 1

2 de ago. de 2010

Palavras de Osho

http://www.palavrasdeosho.com/

"Não estou aqui para dar respostas. Estou aqui para provocar em vocês um ponto de interrogação, o ponto de interrogação final."
(em www.osho.org.br)

Depressão

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Antigamente se chamava melancolia; hoje se chama depressão e é considerada um dos maiores problemas psicológicos dos países desenvolvidos. Ela é descrita como uma sensação de desespero ou um estado sem esperança, uma perda de auto-estima sem nenhum entusiasmo ou interesse pelo ambiente. Em adição, existem sintomas físicos de falta de apetite, falta de sono e uma perda da energia sexual. Os tratamentos com eletrochoque foram largamente abandonados hoje em dia e as drogas e a terapia verbal parecem ser igualmente efetivas - ou não efetivas. Explicações para a depressão têm variado do químico para o psicológico.

O que é a depressão? É uma reação a um mundo depressivo, um tipo de hibernação durante `o inverno de nosso descontentamento'? É a depressão somente uma reação à repressão - ou opressão - ou é apenas uma forma de auto-repressão?

O homem sempre viveu com esperança, um futuro, um paraíso em algum lugar distante. Ele nunca viveu no presente - sua era de ouro ainda está por vir. Isto o manteve entusiasmado porque grandes coisas iam acontecer; todos os seus desejos iam ser preenchidos. Havia grande prazer na antecipação. Ele sofria no presente; ele era miserável no presente. Mas tudo isto era completamente esquecido nos sonhos que iam ser preenchidos no amanhã. O amanhã sempre foi doador de vida.

Mas a situação mudou. A velha situação não era boa porque o amanhã - que preencheria os sonhos dele - nunca se tornou verdade. Ele morreu esperando. Mesmo em sua morte ele estava esperando por uma vida futura - mas ele verdadeiramente nunca experimentou nenhuma alegria, nenhum significado. Mas isto era tolerável. Era somente uma questão de hoje; ela irá passar e o amanhã é certo que vai chegar. Os profetas religiosos, messias, salvadores estavam lhe prometendo todos os prazeres - que são condenados aqui - no paraíso. Os líderes políticos, os ideólogos sociais, os utopistas estavam lhe prometendo a mesma coisa - não no paraíso mas aqui na terra - em alguma momento distante no futuro, quando a sociedade passar por uma revolução total e não houver mais pobreza, nem classes, nem governo e o homem for absolutamente livre e tiver tudo o que ele precisa.

Ambos estão basicamente preenchendo a mesma necessidade psicológica. Para aqueles que eram materialistas, as utopias ideológicas, políticas, sociológicas eram atraentes; para aqueles que não eram tão materialistas, os líderes religiosos atraíam. Mas o objeto de atração era exatamente o mesmo: tudo o que você pode imaginar, pode sonhar, pode desejar, será totalmente preenchido. Com estes sonhos, as misérias do presente parecem ser muito pequenas.

Havia entusiasmo no mundo; as pessoas não estavam deprimidas. A depressão é um fenômeno contemporâneo e ela aconteceu porque agora não existe amanhã. Todas as ideologias políticas falharam. Não existe nenhuma possibilidade de que o homem seja mesmo igual, nenhuma possibilidade de que haja um tempo onde não exista governo, nenhuma possibilidade de que todos os sonhos sejam preenchidos.

Isto veio como um grande choque. Simultaneamente o homem se tomou mais maduro. Ele pode ir a uma igreja, a uma mesquita, a uma sinagoga, a um templo - mas estas são somente conformidades sociais, porque ele não quer, em tal estado depressivo e negro, ser deixado sozinho; ele quer estar com a massa. Mas basicamente ele sabe que não existe paraíso; ele sabe que nenhum salvador virá.

Os hindus esperaram cinco mil anos por Krishna. Ele prometeu não somente que voltaria mais uma vez, ele prometeu que sempre que houvesse miséria, sofrimento, sempre que o vício estivesse acima da virtude, sempre que pessoas bondosas e simples e inocentes fossem exploradas pelos astutos e pelos hipócritas, ele viria. Mas por cinco mil anos nenhum sinal foi visto dele.

Jesus prometeu que ele voltaria e quando perguntado quando, ele disse: "Em breve". Eu posso esticar "Em breve", mas não por dois mil anos; isto é demais. .

A idéia de que nossa miséria, nosso sofrimento, nossa angústia será levada embora não é mais atraente. A idéia de que existe um Deus que cuida de nós parece ser simplesmente uma piada. Olhando para o mundo, não parece como se alguém estivesse cuidando.

De fato, na Inglaterra existem quase trinta mil pessoas que são adoradoras do diabo - somente na Inglaterra, uma pequena parte do mundo. E vale a pena examinar a ideologia deles com relação à sua pergunta. Eles dizem que o diabo não está contra Deus, o diabo é filho de Deus. Deus abandonou o mundo e agora a única esperança é persuadir o diabo para tomar conta pois Deus não está tomando conta. E trinta mil pessoas estão adorando o diabo como um filho de Deus... e a razão é que eles sentem que Deus abandonou o mundo - ele não mais se preocupa com ele. Naturalmente, o único jeito é apelar para o seu filho; se de algum modo ele pode ser persuadido por meio de rituais, preces, adoração, talvez a miséria, a escuridão, a doença possam ser removidas. Este é um esforço desesperado.



A realidade é que o homem sempre viveu na pobreza. Tem uma coisa bela na pobreza: ela nunca destrói a sua esperança, ela nunca vai contra os seus sonhos, ela sempre traz entusiasmo para o amanhã. Pode-se ser cheio de esperança, acreditando que as coisas serão melhores: este período negro já está passando, logo haverá luz. Mas esta situação mudou. Nos países desenvolvidos... e lembre-se o problema da depressão não está nos países não desenvolvidos - nos países, pobres as pessoas ainda são esperançosas - ela está apenas nos países desenvolvidos, onde eles podem ter tudo o que sempre desejaram. Agora o paraíso não irá mais funcionar; nem uma sociedade sem classes pode ajudar. Nenhuma a utopia será melhor. Eles atingiram a meta - e este atingir a meta é a causa da depressão. Agora não existe mais esperança: o amanhã será negro e o dia depois de amanhã será ainda mais negro.

Todas estas coisas que eles sonharam eram muito belas. Eles nunca olhara para as implicações. Agora que eles as têm, eles as receberam com a implicações. Um homem é pobre, mas ele tem um apetite. E é melhor ser pobre ter um apetite do que ser rico e não ter um apetite. O que você irá fazer co todo o seu ouro, com toda a sua prata, com todos os seus dólares? Você não pode comê-los. Você tem tudo, mas o apetite para o qual você esteve se esforçando todo o tempo desapareceu. Você teve sucesso - e eu disse repetidas vezes que nada fracassa como o sucesso. Você atingiu um lugar que você gostaria de atingir, mas você não estava consciente dos subprodutos. Você tem milhões de dólares, mas você não pode dormir...

Quando um homem atinge os objetivos que ele acalentou, então ele se torna consciente de que existem muitas coisas em volta deles. Por exemplo, por toda a sua vida você tenta ganhar dinheiro, pensando que um dia, quando você o tiver, você viverá uma vida relaxada. Mas você esteve tenso por toda a sua vida – a tensão se tornou a sua disciplina - e no fim de sua vida, quando você conquistou todo o dinheiro que você quis, você não pode relaxar. Toda uma vida disciplinada com tensão e angústia e preocupação não irá relaxá-lo. Assim você não é um ganhador, você é um perdedor. Você perde o seu apetite, você destrói a sua saúde, você destrói a sua sensibilidade, sua delicadeza. Você destrói o seu senso estético - porque não existe tempo para todas estas coisas que não produzem dólares.

Você está correndo atrás de dólares - quem tem tempo para olhar as rosas e quem tem tempo para olhar os pássaros voando, e quem tem tempo de olhar a beleza dos seres humanos? Você adia todas estas coisas de maneira que um dia, quando você tiver tudo, você irá relaxar e desfrutar. Mas com o tempo você teve tudo, você se tornou um certo tipo de pessoa disciplinada - que está cego para as rosas, que está cego para a beleza, que não pode desfrutar a música, que não pode entender a dança, que não pode entender a poesia, que só pode entender os dólares. Mas tais dólares não dão satisfação.

Esta é a causa da depressão. É por isto que ela ocorre somente nos países desenvolvidos e somente nas classes mais ricas dos países desenvolvidos - nos países desenvolvidos existem pessoas pobres também, mas elas não sofrem de depressão - e agora você não pode dar ao homem nenhuma esperança para remover a sua depressão porque ele tem tudo, mais do que você pode prometer. Sua condição é realmente lastimável. Ele nunca pensou nas implicações, ele nunca pensou nos subprodutos, ele nunca pensou no que estava perdendo ganhando dinheiro. Ele nunca pensou que perderia tudo aquilo que o poderia fazer feliz simplesmente porque ele sempre empurrou todas estas coisas para o lado. Ele não tinha tempo e a competição era dura e ele tinha que ser duro. No final ele descobre que o seu coração está morto, sua vida é sem sentido. Ele não vê nenhuma possibilidade no futuro de qualquer mudança, porque: "O que mais existe...?"

Eu costumava ficar em Sagar na casa de um homem muito rico. O velho homem era muito bonito. Ele era o maior fabricante de bidi (cigarro indiano) em toda a índia. Ele tinha tudo o que você pode imaginar, mas ele era absolutamente incapaz de desfrutar qualquer coisa. Desfrute é algo que tem que ser nutrido. É uma certa disciplina, uma certa arte - a maneira de desfrutar - e leva tempo para se entrar em contato com as grandes coisas da vida. Mas o homem que está correndo atrás do dinheiro passa ao lado de tudo que é uma porta para o divino, e ele chega no fim da estrada e não há nada na sua frente exceto a morte.

Toda a sua vida ele foi miserável. Ele tolerou e ignorou isto na esperança de que as coisas iriam mudar. Agora ele não pode ignorar e não pode tolerar porque amanhã existe somente a morte e nada mais. E o acúmulo de miséria de toda a vida que ele ignorou, o sofrimento que ele ignorou, explode em seu ser.

O homem mais rico, de um modo, é o homem mais pobre no mundo. Ser rico e não ser pobre é uma grande arte. Ser pobre e ser rico é o outro lado da arte. Existem pessoas que são pobres as quais você achará imensamente ricas. Elas não têm nada, mas elas são ricas. Suas riquezas não estão em coisas mas em seus tudo mas são absolutamente pobres e vazias e ocas. Bem dentro existe somente um cemitério.



Não é uma depressão da sociedade, porque então ela afetaria os pobres também; é simplesmente uma lei natural e o homem agora tem que aprender isto. Até agora não havia necessidade, porque ninguém tinha atingido um ponto onde ele tinha tudo, enquanto dentro havia completa escuridão e ignorância.

A primeira coisa na vida é encontrar sentido no momento presente.

O sabor básico do seu ser deveria ser de amor, de alegria, de celebração. Então você pode fazer tudo; os dólares não irão destruir isto. Mas você coloca tudo de lado e simplesmente corre atrás de dólares achando que os dólares podem comprar tudo. E então um dia você descobre que eles não podem comprar nada - e você devotou toda a sua vida aos dólares.

Esta é a causa da depressão. E particularmente no ocidente a depressão está sendo muito profunda. No oriente existiram pessoas ricas, mas havia uma certa dimensão disponível. Quando a estrada da riqueza chegava a um fim, eles não permaneciam parados lá; eles se moviam para novas direções. Esta nova direção estava no ar, disponível por séculos. No oriente o pobre estava em uma condição muito boa e o rico estava em uma condição tremendamente boa. O pobre aprendeu o contentamento assim eles não se preocupavam em correr atrás da ambição. E o rico entendeu que um dia você tem que renunciar tudo isto e ir em busca da verdade, em busca do significado.

No ocidente, no final, a estrada simplesmente acaba. Você pode voltar, mas voltando não irá ajudar sua depressão. Você precisa uma nova direção. Gautama Buda, Mahavira, ou Parshvanath - essas pessoas estavam no pico da riqueza e então elas viram que ela é quase uma carga. Alguma coisa a mais tem que ser encontrada antes que a morte tome posse de você - e elas foram corajosas o suficiente para renunciar tudo. Suas renúncias foram mal entendidas. Elas renunciaram a tudo isto porque elas não queriam se preocupar um simples segundo mais com o dinheiro, com o poder - porque elas viram o topo e não há nada lá. Elas foram ao mais alto degrau da escada e descobriram que ela não leva a nenhum lugar; é somente uma escada levando a nenhum lugar. Enquanto você está em algum lugar no meio ou mais baixo que o meio, você tem uma esperança porque existem outros degraus mais alto que você. Chega um momento quando você está no degrau mais alto e só existe o suicídio ou a loucura - ou hipocrisia; você continua sorrindo até que a morte acaba com você, mas bem no fundo você sabe que está desperdiçando a sua vida.

No oriente, a depressão nunca foi um problema. O pobre aprendeu a desfrutar o pouco que ele tinha e o rico aprendeu que ter todo o mundo aos seus pés não significa nada - você tem que ir em busca do significado, não do dinheiro. E eles tinham precedentes; por milhares de anos as pessoas foram em busca da verdade e a encontraram. Não há necessidade de ficar desesperado, em depressão, você apenas tem que se mover para uma dimensão desconhecida. Eles nunca a exploraram, mas quando eles começam a explorar a nova dimensão - ela significa uma jornada interior, uma jornada para eles próprios - tudo o que eles haviam perdido começa a retomar.

O ocidente precisa de um grande movimento de meditação muito urgente -talentosas - porque elas conquistaram poder, elas conquistaram dinheiro, elas conquistaram o que elas queriam... os mais altos graus de educação. Estas são as pessoas de talento e elas estão se sentindo desesperadas.

Isto será perigoso porque as pessoas mais talentosas não estão mais entusiasmadas com a vida e as sem talento estão entusiasmadas com a vida mas elas nem mesmo têm talento para ter poder, dinheiro, educação, respeitabilidade. Elas não têm os talentos, assim elas estão sofrendo, se sentindo em desvantagem. Elas estão se tomando terroristas, elas estão se voltando em direção da violência desnecessária somente por vingança - porque elas não podem fazer mais nada. Mas elas podem destruir. E os ricos estão quase prontos para enforcarem-se em alguma árvore porque não existe razão para viver. Seus corações pararam de bater há muito tempo. Eles são apenas cadáveres - bem decorados, bem reverenciados, mas verdadeiramente vazios e fúteis.

O ocidente está realmente em uma condição muito pior do que o oriente, apesar de que para aqueles que não entendem parece que o ocidente está em uma melhor condição do que o oriente porque o oriente é pobre. Mas pobreza não é um problema tão grande quanto é o fracasso da riqueza; assim um homem é realmente pobre. Um pobre comum pelo menos tem os seus sonhos, esperanças, mas o homem rico não tem nada.

O que é preciso é um grande movimento de meditação atingindo cada pessoa.

E no ocidente estas pessoas que estão deprimidas estão indo aos psicanalistas, terapeutas e todos tipos de charlatões que estão eles mesmos deprimidos, mais deprimidos que seus pacientes - naturalmente, porque todo o dia eles estão escutando a respeito de depressão, desespero, ausência de significado. E vendo tantas pessoas talentosas em tal estado, elas próprias começam a perder os seus espíritos. Elas não podem ajudar; elas mesmas precisam de ajuda.

A função da minha escola será a de preparar pessoas com energia meditativa e enviá-las para o mundo apenas como exemplo para aqueles que estão deprimidos. Se eles podem ver que existem pessoas que não estão deprimidas - mas pelo contrário, que estão imensamente alegres - talvez uma esperança possa nascer dentro deles. Agora eles podem ter tudo e não há necessidade de se preocuparem. Eles podem meditar.

Eu não ensino a renúncia da sua riqueza ou de qualquer outra coisa. Deixe que tudo seja do jeito que é. Somente adicione uma coisa a mais na sua vida. Até agora você apenas tem adicionado coisas na sua vida. Agora adicione algo para o seu ser - e isto criará a música, isto criará o milagre, isto criará a mágica, isto criará uma nova vibração, uma nova juventude, um novo frescor.

Não é insolúvel. O problema é grande, mas a solução é muito simples.

Desafio de um Relacionamento Amoroso Flexível


Se qualquer relacionamento quiser permanecer sempre fresco, sempre jovem, sempre novo, então o homem tem que aprender o segredo de flexibilidade. O marido e esposa que vivem juntos durante anos estão fadados a ficarem entediados - a mesma face, a mesma geografia, a mesma topografia. Por quanto tempo você pode continuar perscrutando a mesma mulher ou o mesmo homem? - a menos que você seja tão idiota que continua esquecendo o que aconteceu diariamente, a menos que você não tenha nenhum mecanismo de memória. E, às vezes, até mesmo uma pessoa muito inteligente pode não ter seu mecanismo de memória funcionando bem.

(...)

Uma relação flexível onde você vem, fica próximo, e depois se afasta, ainda não foi desenvolvida. Esse é um dos infortúnios de humanidade. Eu gostaria de contribuir para o futuro com um conceito de relação flexível - não fixa e morta.
Rabindranath Tagore, em um dos seus romances, Aakhari Kavita, que quer dizer "O Último Poema"... – não é um livro de poesia, é um romance; só o nome é "O Último Poema" – , o herói no romance quer se casar com uma mulher altamente culta e educada, muito rica e muito bonita. A mulher está disposta, mas com uma condição.

A condição - ela tem um grande lago, exatamente ao lado do seu palácio - é essa: "Eu lhe farei outro palácio no outro lado do lago, milhas distante; você não pode enxergar um palácio a partir do outro palácio. Eu lhe darei um barco, mas nós moraremos em casas separadas e nunca convidaremos um ao outro - sempre deixaremos isto ser acidental. Você está andando de barco, eu estou andando de barco e, de repente, nos encontramos no lago. Você faz um passeio matutino, eu faço um passeio matutino e, de repente, nos encontramos debaixo das árvores - mas nenhum convite. Deste modo nossa relação sempre permanecerá jovem, sempre fresca, sempre uma lua de mel - uma lua de mel contínua.”.

O homem não pôde entender. Ele disse, "Que tipo de casamento é esse? A menos que vivamos juntos, isso não é nenhum casamento!" A mulher disse, "Então, você decide. Mas eu não posso viver com você, porque sei que o fato de vivermos juntos irá matar o que é muito importante entre nós. E eu não quero matar isso. Mesmo que você se case com outra pessoa, não importa. Eu me lembrarei de você em meus sonhos, em minhas recordações, e destes momentos dourados que se passaram entre nós, mas não permitirei uma relação fixa."

Rabindranath está lhe dando a idéia de um relacionamento flexível. De fato, uma não-relacionamento, só um caso de amor que continua sem parar - e você nunca vai ao cartório para se casar.

A menos que esteja distante, você não pode estar próximo. Se você permanecer sempre distante, o amor morrerá. Se você permanecer sempre próximo, o amor morrerá. O amor só pode sobreviver em um relacionamento continuamente fluido - nenhuma escravidão, nenhuma prisão, nenhum encarceramento.

Eu amei muito aquele romance. Não é um romance mas talvez um sonho para a humanidade futura.

OSHO. The Messiah, vol. 2 #22

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Sinta Mais. Pense Menos

Pense menos, sinta mais. Intelectualize menos, intua mais.

Pensar é um processo decepcionante, ele faz você sentir que está fazendo grandes coisas. Mas você está apenas construindo castelos no ar. Pensamento nada mais são do que castelos no ar.

Sentimentos são mais materiais, mais substanciais. Eles o transformam. Pensar sobre amor não vai ajudar, mas sentir amor está fadado a mudá-lo. Pensar é muito apreciado pelo ego, porque o ego se nutre de ficções. O ego não pode digerir qualquer realidade, e o pensar é um processo fictício...

Mude da mente para o coração, do pensar para o sentir, da lógica para o amor. E a segunda mudança é do coração ao ser - porque ainda há uma camada mais profunda em você, onde os sentimentos não podem alcançar. Lembre-se destas três palavras: mente, coração, ser. O ser é a sua natureza pura. Em volta do ser está o sentimento e em volta do sentimento está o pensamento. O pensar está muito longe do ser, mas o sentir está um pouco mais perto; ele reflete alguma glória do ser. É como num por do sol, o sol sendo refletido pelas nuvens e as nuvens enchendo-se de belas cores.

Elas mesmas não são o sol, mas elas estão refletindo a luz do sol. Os sentimentos estão mais próximos do ser, assim eles refletem alguma coisa do ser. Mas tem que ir-se além dos sentimentos também. E entào o que é ser?

Não é nem pensar, nem sentir, é puro não-ser. Você apenas é.

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Osho, o que é angustia?
É apenas um outro nome para a ansiedade?

 A angústia tem algo da ansiedade, mas ela não é apenas ansiedade. É muito mais, muito mais profunda.

 Ansiedade quer dizer que você está preocupado com um determinado assunto, num estado de indecisão. Você não sabe se deve ou não fazer certa coisa, qual será a forma certa de fazê-la, o que escolher... - há tantas formas. Você está sempre numa encruzilhada. Todos as formas parecem similares; certamente, levando a algum lugar. Mas será que levam à meta que você está aspirando?

 A ansiedade é essa condição de fazer ou não fazer, de escolher isto ou escolher aquilo. Mas o objeto da ansiedade é claro: você está indeciso sobre as formas de fazer, indeciso sobre duas pessoas, indeciso sobre dois empregos.

 A angústia não tem nenhum objeto determinado.

 A angústia é sentida por pessoas muito raras. A ansiedade é sentida por todos: tratase de uma experiência comum. A angústia é sentida somente pelos gênios, pelos mais altos picos de inteligência. Ela não tem nenhum objeto determinado: não há nada para você escolher entre duas alternativas, nenhum "isto ou aquilo". Não existe nenhuma questão de escolha. Então, qual é o problema com a angústia?

 Vou tentar explicar. É um pouco difícil de compreender, mas não impossível. Nasce uma rocha, nasce uma árvore, nasce um leão, nasce uma águia... - mas estes diferem do homem. A diferença é esta: neles, o ser precede a existência.

 Por exemplo, uma pedra. Ela é viva, ela cresce. Os Himalaias ainda estão crescendo - trinta e poucos centímetros a cada ano. Alguém pode dizer a ele: "Ora, isso não tem sentido, você já é o mais alto. Não se dê tanto trabalho!". Deve ser algo perturbador: milhares de quilômetros, milhares de picos, o trabalho deve ser enorme. Até mesmo crescer trinta e poucos centímetros a cada ano, não é nenhuma coisinha para os Himalaias. "E agora não há mais necessidade. Por maior que você se torne, você somente permanecerá a montanha mais alta do mundo. Você já ultrapassou todas as montanhas, deixou-as muito lá atrás.".

 Mas os Himalaias continuam crescendo, ele é um ser vivo. As montanhas não compreendem. O homem não compreende... - o que dizer das montanhas?!

 Uma rocha, uma árvore, um leão, uma águia... - a essência deles precede a existência. O que eles vão ser, eles já estão programados para ser. Aquela é a essência deles. Uma rosa vai ser uma rosa. Mesmo antes das flores surgirem, você sabe que aquelas flores não vão ser cravos-de-defunto. A árvore é de rosas; a essência da rosa já está ali - simplesmente a existência tem que acontecer. O programa básico já é provido pela natureza, tem apenas de ser manifesto.

 Será bom lembrarmos aqui de uma certa descoberta em décadas passadas, que aconteceu na União Soviética. Um simples fotógrafo amador, mas um verdadeiro gênio criativo - usando suas câmeras, seus estúdios, a química e a fotografia - estava tentando descobrir diferentes modos de trazer algo novo para a fotografia. E, por acaso, ele fez uma das maiores descobertas da história humana: a fotografia Kirlian.

 Ele pode tirar uma foto de um botão de rosa. Ele refinou seus instrumentos de tal modo, que a pessoa põe o botão de rosa em frente de sua câmera, e ele tira a foto da flor que o botão vai se tornar. Ele capta a essência que ainda não está manifesta, mas que, de algum modo, está manifesta, porque a câmera a capta. Nossos olhos não são capazes de captá-la. E quando a rosa floresce é estranho, mas ela é exatamente igual a que a foto mostrou.

 De algum modo, a energia da rosa que mais tarde se torna visível para nossos olhos, estava se movendo no mesmo padrão em que flor iria se tornar. Era uma flor de energia, apenas puros raios de luz e cor, mas exatamente na mesma forma, preparando a base para a manifestação. A câmara capta esses raios e lhe dá uma cópia da futura rosa. Talvez, amanhã ou depois de amanhã, ela se torne disponível a seus olhos. Isso quer dizer que a rosa, antes de se tornar existente, já existe em essência. Desse modo, a afirmação: a essência precede a existência.

 No homem, a existência precede a essência.

 Primeiramente, ele nasce e depois, ele começa a descobrir o que ele pode ser. Essa é a angustia.

 Ele não tem nenhum programa, nenhuma diretriz determinada, dada pela natureza, nenhum mapa a seguir. Ele é deixado apenas como pura existência. Ele tem de descobrir tudo sobre si mesmo. A vida é um desafio a cada momento; assim, a todo momento ele tem de escolher. Sempre que ele tem de escolher, há ansiedade - mas a ansiedade é particular.

 A angústia é uma estado geral do ser humano. Ele está em angústia desde o nascimento até a morte, porque ele não tem meio de saber qual é o seu destino, onde ele irá parar.

É claro, muito poucas pessoas sentem angústia, porque muito poucas pessoas são assim tão cônscias de si mesmas, de suas existências, de para onde estão indo, do que estão se tornando, do que vai acontecer. Elas vivem muito interessadas no trivial.

 O trivial cria ansiedade.

 E sempre que há escolha, há ansiedade.

 Assim, todo mundo, a cada passo, a cada momento de sua vida, encara a ansiedade. A ansiedade é comum, um acontecimento diário.

 A angústia é muito profunda.

 As duas palavras vêm da mesma raiz; daí, a questão. Na angústia, há alguma ansiedade, porque você está preocupado, interessado. Mas o interesse não é relativo a qualquer trabalho, a qualquer coisa, a qualquer coisa em particular - não, é uma vaga sensação geral de: "O que sou eu?".

 Um dos maiores visionários indianos desta era, Raman Mahrishi, tinha somente uma mensagem para todo mundo. Ele era um homem simples, não era um erudito. Ele saiu de casa quando tinha dezessete anos de idade - não tinha muita instrução. Era uma mensagem simples. A quem quer que chegasse até ele - e as pessoas vinham de todas as partes do mundo - tudo o que ele dizia era: "Sente-se num canto, em qualquer lugar...".

 Ele morava numa colina, Arunachal, e ele tinha determinado a seus discípulos que fizessem cavernas na colina. Havia muitas cavernas. "Vá e sente-se numa caverna, e apenas medite nisto: ‘Quem sou eu?'. Tudo o mais são apenas explicações, experiências, esforços para traduzir essas experiências em linguagem. A única coisa verdadeira é esta questão: Quem sou eu?".

 Eu entrei em contato com muitas pessoas, mas jamais entrei em contato com Raman Maharishi - ele morreu quando eu era muito novo.

 Eu não pude ver Raman, mas encontrei muitas pessoas que tinham sido discípulos dele, mais tarde, quando eu estava viajando. Quando fui até Arunachal, eu me encontrei com seus discípulos mais íntimos, que já estavam muito velhos então. E não encontrei nem um único que tivesse compreendido a mensagem daquele homem.

 Não era uma questão da língua, porque eles todos sabiam o Tamil: era uma questão de uma perspectiva e de uma compreensão totalmente diferentes. Raman tinha dito: "Olhe para dentro e descubra quem é você.". E o que faziam aquelas pessoas quando eu fui lá? Elas transformaram aquilo numa cantilena! Elas se sentavam e entoavam: "Quem sou eu? Quem sou eu? Quem sou eu?" - exatamente como qualquer outro mantra.

 Há pessoas que estão fazendo seus Japas : "Rama, Rama, Rama", ou "Hari Krishna, Hari Krishna, Hari Krishna"... Em Arunachal, eles estavam usando essa mesma tecnologia para uma coisa totalmente diferente, que Raman jamais teria pensado. E eu disse aos discípulos dele: "O que vocês estão fazendo não é o que ele pretendia. Repetindo 'Quem sou eu?', vocês acham que alguém vai responder? Vocês continuarão a repetir isso por toda a vida e nenhuma resposta virá.".

 Eles disseram: "Por um lado estamos fazendo o que compreendemos que ele pretendia. Por outro lado, não podemos dizer que você está errado, porque passamos a nossa vida toda cantando quem sou eu, quem sou eu, quem sou eu?..." - claro que em Tamil, na língua deles - "mas nada aconteceu.".

 Eu disse: "Vocês podem continuar cantando isso durante muitas vidas mais - nada vai acontecer. Não é uma questão de cantar 'quem sou eu?'. Vocês não têm de pronunciar nem uma única palavra, têm simplesmente de ficar silenciosos e ouvir. No começo, vocês descobrirão, como moscas voando ao seu redor, milhares de pensamentos, desejos, sonhos - sem nenhuma relação, irrelevantes, insignificantes. Vocês estão no meio da multidão, num zumbido. Simplesmente fiquem quietos e sentem-se nesse bazar que é a sua mente.".

'Bazar' é uma linda palavra. O inglês tomou-a emprestado do Oriente, mas talvez eles não saibam que ela vem de 'zumbir': um bazar é um lugar que está continuamente fazendo barulho. E sua mente é o maior bazar que existe. Na mente de cada um, num crânio tão pequeno, cada um de vocês está carregando um enorme bazar. E vocês ficarão surpresos de saber que muitas pessoas residem dentro de você - tantas idéias, tantos pensamentos, tantos desejos, tantos sonhos! Vá observando e sente-se silenciosamente no meio do bazar.

 Se você começar a dizer "quem sou eu?", você se torna parte do bazar - você começou a zumbir. Não seja um zumbidor: simplesmente fique em silêncio. Deixe continuar aquele bazar todo: você permanece o centro do ciclone.

 Sim, é preciso ter um pouco de paciência. Não é previsível a que horas vai parar o burburinho dentro de você. Mas uma coisa pode ser dita com certeza: ele vai parar numa hora ou noutra. Depende de você, quanto de bazar você tem, por quantos anos você o tem carregado, por quantas vidas você o carregou, quanto nutrimento você lhe deu, e quanto de paciência você tem para se sentar silenciosamente no meio dessa multidão louca ao seu redor - enlouquecendo-o, puxando-o de todos os lados.

 Você está ciente da ansiedade. Mas você não está ciente da angústia ainda.

 Em primeiro lugar, quando você sentir angústia, você sentirá em tremendo tormento, uma profunda depressão... - um abismo insondável se abrindo diante de você, e você caindo nele. É terrível no começo, mas somente no começo.

 Se você puder ser paciente, só um pouquinho paciente, e permitir o que quer que aconteça, logo, logo, você ficará ciente de uma nova qualidade em seu ser: tudo o que está acontecendo está ao seu redor, não está acontecendo em você. É algo externo, não interno. Até mesmo sua própria mente é algo do exterior.

 No centro mais recôndito, há somente uma coisa. Esta coisa é: o testemunhar, a observação, a atenção, a consciência.

 E é a isso que eu chamo de meditação.

 Sem a angústia você não pode meditar.

 Você tem de passar através do fogo da angústia. Ele queimará o lixo e o deixará mais limpo e rejuvenescido.

 E o seu ser não está muito distante. Ele está aí, muito perto, mas simplesmente o zumbido de todos os pensamentos não lhe permite ouvi-lo, vê-lo, senti-lo.

 A angústia é a indagação dentro da própria pessoa, pondo a interrogação nela mesma.

 Vocês têm perguntado coisas como "quem é Deus?" e "quem criou o mundo?". Todas essas perguntas são apenas para mentes retardadas. Uma mente madura tem somente uma questão. Nem mesmo duas, apenas uma única questão: "Quem sou eu?".

 E isso também você não tem de perguntar verbalmente, você tem apenas de estar no estado de questionamento. Você não tem de repetir "quem sou eu?", você tem apenas de estar presente, atento, olhando... não perguntando verbalmente, mas perguntando existencialmente.

 E essa questão existencial é terrível no começo, dolorosa no começo, mas traz todas as bênçãos no final.

 Gautama, O Buda, disse: "Meu caminho no começo é amargo, mas no fim é muito doce.".

 Que caminho? Ele não está falando sobre a religião budista - embora seja dessa forma que os monges budistas irão interpretar. Ele está falando sobre o caminho do qual eu estou falando - o caminho que o leva para dentro.

& Sim, ele é amargo no começo, mas doce no fim. Ele é como a morte no começo e é a vida eterna no fim.

& E todas as bênçãos da existência são suas.

& Você fica tão abençoado que pode abençoar toda a existência.

& Esse é o significado da palavra ‘Bhagwan’; O Abençoado.

&O Abençoado nasce da angustia.

Osho, From Personality to Individuality, #6