O mais impressionante é que os geneticistas concluíram que todas as pessoas na Terra podem ter uma linhagem com uma única ancestral em comum, que viveu há cerca de 200 mil anos. Como um galho da linhagem humana é de origem africana e o outro também contém linhagem africana, os autores do estudo concluíram que essa mulher viveu na África. Os cientistas chamaram essa ancestral em comum de Eva Mitocondrial.
Os pesquisadores tiveram a idéia de realizar esse projeto com base em uma descoberta que outro geneticista fez em 1980. O Dr. Wesley Brown percebeu que, quando se compara o mtDNA de dois seres humanos, as amostras são muito mais parecidas do que quando o mtDNA de dois outros primatas é comparado (como o de dois chimpanzés, por exemplo). Brown descobriu que o mtDNA de dois seres humanos tem apenas cerca da metade das diferenças que o mtDNA de dois outros primatas apresenta dentro da mesma espécie. [fonte: Cann (em inglês)]. Isso quer dizer que os humanos têm uma ancestral em comum muito mais recente do que os outros primatas, uma idéia tentadora o suficiente para dar início à investigação do Nature.
A autora principal do estudo, Rebecca Cann, definiu o uso do nome Eva, escolhido por ela e por seus colegas, como uma brincadeira com o nome e ressaltou que o estudo não indicava que a Eva Mitocondrial era a primeira, ou talvez a única, mulher na Terra durante o tempo em que viveu [fonte: Cann (em inglês)]. Em vez disso, ela é a pessoa no topo da genealogia (em inglês) de todas as pessoas. Em outras palavras, existiram muitas mulheres antes dela e muitas vieram depois, mas a vida dela foi o ponto de partida para todos os galhos modernos da árvore genealógica da humanidade.
Quando os pesquisadores do estudo de 1987 examinaram as amostras coletadas de 147 pessoas e fetos diferentes, encontraram 133 seqüências distintas de mtDNA. Constatou-se que algumas dessas pessoas tinham uma ligação recente. Depois de comparar o número de diferenças entre as amostras de mtDNA entre raças, eles descobriram que os africanos têm o mtDNA mais diversificado (ou seja, com o maior número de diferenças) se comparado com o de qualquer outro grupo racial. Isso poderia indicar que o mtDNA encontrado em africanos é o mais antigo: como sofreu o maior número de mutações, que são processos demorados, deve ser a linhagem mais antiga entre as que existem hoje.
Os dois galhos distintos que eles descobriram continham o mtDNA encontrado nas cinco principais populações do planeta: da África, da Ásia, da Europa, da Austrália e da Nova Guiné. Os pesquisadores descobriram que no galho que não era exclusivamente africano, as populações raciais geralmente tinham mais de uma linhagem. Por exemplo, o parente mais próximo de uma linhagem de Nova Guiné é encontrado em uma linhagem presente na Ásia, não em Nova Guiné. No entanto, todas as linhagens e os dois galhos podem ter iniciado em um conceito teórico: a Eva Mitocondrial.
Então como a Eva acabou sendo a ancestral em comum mais recente da humanidade? Vamos aprender sobre isso neste artigo, além de ver alguns argumentos contrários à teoria da Eva Mitocondrial. Mas primeiro, o que são mitocôndrias e por que os cientistas usaram o mtDNA para pesquisar o início das linhagens?
O mais impressionante é que os geneticistas concluíram que todas as pessoas na Terra podem ter uma linhagem com uma única ancestral em comum, que viveu há cerca de 200 mil anos. Como um galho da linhagem humana é de origem africana e o outro também contém linhagem africana, os autores do estudo concluíram que essa mulher viveu na África. Os cientistas chamaram essa ancestral em comum de Eva Mitocondrial.
Os pesquisadores tiveram a idéia de realizar esse projeto com base em uma descoberta que outro geneticista fez em 1980. O Dr. Wesley Brown percebeu que, quando se compara o mtDNA de dois seres humanos, as amostras são muito mais parecidas do que quando o mtDNA de dois outros primatas é comparado (como o de dois chimpanzés, por exemplo). Brown descobriu que o mtDNA de dois seres humanos tem apenas cerca da metade das diferenças que o mtDNA de dois outros primatas apresenta dentro da mesma espécie. [fonte: Cann (em inglês)]. Isso quer dizer que os humanos têm uma ancestral em comum muito mais recente do que os outros primatas, uma idéia tentadora o suficiente para dar início à investigação do Nature.
A autora principal do estudo, Rebecca Cann, definiu o uso do nome Eva, escolhido por ela e por seus colegas, como uma brincadeira com o nome e ressaltou que o estudo não indicava que a Eva Mitocondrial era a primeira, ou talvez a única, mulher na Terra durante o tempo em que viveu [fonte: Cann (em inglês)]. Em vez disso, ela é a pessoa no topo da genealogia (em inglês) de todas as pessoas. Em outras palavras, existiram muitas mulheres antes dela e muitas vieram depois, mas a vida dela foi o ponto de partida para todos os galhos modernos da árvore genealógica da humanidade.
Quando os pesquisadores do estudo de 1987 examinaram as amostras coletadas de 147 pessoas e fetos diferentes, encontraram 133 seqüências distintas de mtDNA. Constatou-se que algumas dessas pessoas tinham uma ligação recente. Depois de comparar o número de diferenças entre as amostras de mtDNA entre raças, eles descobriram que os africanos têm o mtDNA mais diversificado (ou seja, com o maior número de diferenças) se comparado com o de qualquer outro grupo racial. Isso poderia indicar que o mtDNA encontrado em africanos é o mais antigo: como sofreu o maior número de mutações, que são processos demorados, deve ser a linhagem mais antiga entre as que existem hoje.
Os dois galhos distintos que eles descobriram continham o mtDNA encontrado nas cinco principais populações do planeta: da África, da Ásia, da Europa, da Austrália e da Nova Guiné. Os pesquisadores descobriram que no galho que não era exclusivamente africano, as populações raciais geralmente tinham mais de uma linhagem. Por exemplo, o parente mais próximo de uma linhagem de Nova Guiné é encontrado em uma linhagem presente na Ásia, não em Nova Guiné. No entanto, todas as linhagens e os dois galhos podem ter iniciado em um conceito teórico: a Eva Mitocondrial.
Então como a Eva acabou sendo a ancestral em comum mais recente da humanidade? Vamos aprender sobre isso neste artigo, além de ver alguns argumentos contrários à teoria da Eva Mitocondrial. Mas primeiro, o que são mitocôndrias e por que os cientistas usaram o mtDNA para pesquisar o início das linhagens?
Os biólogos sabem da existência da mitocôndria desde o século 19. Mas apenas no fim da década de 70 ficou evidente a importância de usar o DNA encontrado dentro da mitocôndria para examinar a história antiga da humanidade. O DNA mitocondrial difere, de algumas maneiras importantes, do DNA nuclear. A variedade do DNA localizado dentro do núcleo de cada uma de suas células determina a cor dos seus olhos, suas características raciais, sua tendência a desenvolver determinadas doenças, entre outras características, enquanto o mtDNA, por outro lado, contém códigos para a produção de proteínas e a realização de outros processos pelos quais a mitocôndria é responsável.
Os genes que você possui na forma de DNA nuclear são o resultado da união entre o DNA de sua mãe e de seu pai. Essa união é chamada de recombinação. No entanto, o mtDNA é derivado quase que exclusivamente de sua mãe. Isso acontece porque o óvulo de uma fêmea humana contém vários mtDNAs, enquanto os espermatozóides masculinoscontêm apenas um pouco de mitocôndria. Uma das funções de uma única mitocôndria é gerar energia para a célula em que ela se encontra, e os espermatozóides usam algumas mitocôndrias na cauda para estimular a corrida em direção ao óvulo e realizar a fertilização (em inglês). Essas mitocôndrias são destruídas depois que o espermatozóide fertiliza o óvulo e, como conseqüência, qualquer mtDNA que poderia ser transmitido pelo lado do pai é perdido.
sso significa que o mtDNA é matrilinear, ou seja, apenas o lado da mãe sobrevive de uma geração para a outra. Uma mãe que tem apenas filhos homens terá a sua linhagem de mtDNA perdida. Até agora, a análise de mtDNA apresentou apenas casos raros e incomuns em que o mtDNA paterno sobrevive e é transmitido para a criança.
A mitocôndria também é importante para os evolucionistas porque cópias exatas do seu mtDNA podem ser encontradas em células por todo o seu corpo. E dentro de cada célula também podem existir milhares de cópias do mtDNA. Por outro lado, o DNA nuclear em uma célula geralmente contém apenas duas cópias. Também é mais fácil extrair o mtDNA do que o DNA nuclear, já que ele é encontrado fora do núcleo celular, que é frágil e se decompõe mais rápido.
O resultado de tudo isso é que o seu mtDNA é o mesmo que o de sua mãe, já que não existe recombinação para formar uma terceira versão, diferente do DNA de sua mãe e de seu pai, mas sim uma combinação dos dois. Isso torna o mtDNA muito mais fácil de rastrear a partir de um ponto de vista antropológico.
Os seres humanos existem há muito tempo. Durante as centenas de milhares de anos em que estamos vivendo no planeta, os nossos números cresceram. Então como apenas há cerca de 200 mil anos uma única mulher se tornou a bisavó de todos nós? A história humana não deveria ser mais antiga do que isso?
Leia a próxima seção para descobrir sobre como a humanidade pode ter chegado perto da extinção, preparando o terreno para a Eva Mitocondrial deixar sua herança duradoura.
Cann e os outros pesquisadores estimaram que a Eva Mitocondrial tenha vivido há cerca de 200 mil anos. Contando com a margem de erro deles, ela teria vivido entre 500 mil e 50 mil anos atrás. Supondo que a Eva tenha vivido em uma época em que existiam outras mulheres vivas, como todas as pessoas que vivem hoje são descendentes apenas dela?
Existem algumas explicações para o fato de que apenas o mtDNA de Eva tenha conseguido sobreviver e, provavelmente, uma combinação de fatores convergentes seja responsável.
A possibilidade mais provável é que um efeito gargalo aconteceu na humanidade enquanto Eva estava viva. Essa é uma situação em que a grande maioria dos membros de uma espécie morre de maneira repentina, deixando a espécie à beira da extinção. Essa diminuição repentina do número de pessoas não acontece devido a alguma falha de adaptação. É mais provável que seja o resultado de algum tipo de catástrofe, como por exemplo, o resultado de um cometa colidindo com aTerra. Depois de um acontecimento assim, restam apenas alguns membros para repovoar o grupo e continuar a evoluir. Suspeita-se que o efeito gargalo tenha acontecido em momentos distintos da história da humanidade, então não é uma idéia irreal que um acontecimento como esse possa ter ocorrido durante a vida de Eva.
Um relatório lançado em 1998 concluiu que há cerca de 70 mil anos, a humanidade foi reduzida para apenas 15 mil pessoas em todo o planeta. [fonte: Whitehouse (em inglês)]. Com poucas pessoas espalhadas pelo planeta, a humanidade realmente estava à beira da extinção. O acontecimento que quase causou a extinção de nossa espécie foi a erupção do Monte Toba, em Sumatra. Essa erupção vulcânica foi tão imensa que diminuiu as temperaturas globais, aniquilou os animais e as plantas que alimentavam os humanos e estimulou a era do gelo mais fria que o planeta já viu, que durou mil anos.
A teoria da Eva Mitocondrial apresenta situações parecidas. Se a população humana foi reduzida de maneira drástica e não existiam muitas mulheres para ter filhos, o terreno estava pronto para que uma “Mãe Sortuda”, de acordo com Cann, surgisse como a ancestral em comum mais recente. É possível que depois de algumas gerações, o mtDNA de outras mulheres tenha desaparecido. Se uma mulher tem apenas filhos homens, o mtDNA dela não será transmitido, já que as crianças não recebem o mtDNA dos pais. Isso significa que embora os filhos da mulher tenham o mtDNA dela, seus netos não terão, e a sua linhagem será perdida.
É possível que essa tenha sido a causa para a Eva surgir como a única “Mãe Sortuda” que em essência deu à luz todos nós.
Está um pouco difícil de entender? Não se preocupe. Leia a próxima seção para ver o que o mtDNA teoricamente é capaz de fazer. Isso irá esclarecer um pouco as coisas.
Embora falar sobre mutações genéticas e seqüências de DNA faça isso parecer complexo, em essência, a análise de mtDNA é feita com base em uma idéia aparentemente simples: as pessoas cujos ancestrais já foram parentes próximos devem ter um mtDNA quase idêntico. O mtDNA pode sofrer mutações, mas elas demoram para acontecer. De maneira lógica, quanto menos mutações, menos tempo passou desde que dois ancestrais das famílias se afastaram. As pessoas que têm apenas algumas diferenças em suas seqüências de mtDNA seriam parentes mais próximos do que aquelas cujas seqüências apresentam muitas diferenças.
Tente imaginar as coisas dessa maneira: digamos que a sua tataravó Mildred por parte de mãe tivesse uma irmã, chamada Tillie. As duas têm o mesmo mtDNA, que receberam da mãe delas. Mas imagine que Tillie e Mildred tiveram uma discussão séria e que Tillie se mudou para o outro lado do país, enquanto os descendentes de Mildred, inclusive você, tenham permanecido no mesmo lugar.
Tillie e Mildred nunca mais se falaram. As duas mulheres tiveram filhas, por isso o mtDNA matrilinear delas foi transmitido. Mas, à medida que as gerações continuavam, as famílias das duas sabiam cada vez menos da existência uma da outra, até que uma linhagem não tivesse mais conhecimento da outra. Mas as duas linhagens estão prestes a ser reunidas de uma forma não intencional. Os pesquisadores colocaram anúncios nacionais em busca de voluntários para um estudo sobre as tendências atuais da população humana, usando o mtDNA para fazer o mapeamento. Por acaso, você e um primo distante do lado da família de Tillie decidiram ser voluntários.
Depois de coletarem sua amostra de DNA, os pesquisadores comparam o seu mtDNA com as seqüências dos outros voluntários. E acredite se quiser, eles descobrem que dois dos voluntários são primos. Através da comparação do seu mtDNA com o de seu primo, os geneticistas podem dizer há quanto tempo Tillie e Mildred se afastaram. Se eles examinassem a população local da área de seu primo e da sua, eles também poderiam dizer se foi a Tillie ou a Mildred que migrou, vendo qual população tem mais pessoas com o mesmo mtDNA presente na linhagem de sua família. Se mais pessoas apresentam o mesmo mtDNA, significa que a seqüência existe por mais tempo. Além disso, eles também poderiam concluir que como você e seu primo têm o mtDNA parecido, vocês têm uma ancestral em comum mais recente, a mulher que é a mãe de Tillie e de Mildred.
Como as mutações de mtDNA demoram para acontecer, seria muito difícil para esses geneticistas imaginários reconhecerem você e seu primo com precisão, mas quando essa técnica é usada depois de um período de dezenas ou centenas de milhares de anos, ela se torna muito mais viável.
Mas nem todo mundo acredita na teoria da Eva Mitocondrial. Leia a próxima seção para aprender sobre as críticas feitas ao estudo.
O mapeamento evolutivo por meio do uso do mtDNA é impreciso. Quando o estudo do mtDNA continuou depois do fim de 1970, os cientistas descobriram uma característica conhecida como heteroplasmia, que é a presença de mais de uma seqüência de mtDNA encontrada na mesma pessoa. Mesmo dentro de uma única pessoa, existem diferenças entre o mtDNA que tornam complicada a comparação entre uma pessoa ou um grupo.
O estudo de 1987, que apresentou o conceito da Eva Mitocondrial para o mundo, foi atacado depois da evidência de que apopulação "africana" da qual os pesquisadores coletaram as amostras era, na verdade, quase inteiramente formada por afro-americanos. Mas será que durante algumas centenas de anos, desde que os africanos foram levados à força para as Américas, o mtDNA dos afro-americanos sofreu mutações o bastante a ponto de inutilizar as amostras? Diante das críticas, Cann e seus colegas colheram amostras adicionais de africanos que viviam na África, mas encontraram praticamente os mesmos resultados.
Outro problema com o estudo sobre o mtDNA é a diferença nos níveis de mutação. Tente imaginar as coisas dessa maneira: se você observasse quanto tempo uma seqüência específica de mtDNA demora para desenvolver uma mudança, ou mutação, e concluísse que leva mil anos, então duas classes de mtDNA da mesma linhagem com duas mutações teriam se separado há cerca de 2 mil anos, certo? Foi dessa maneira que Cann e seus colegas concluíram que a Eva Mitocondrial viveu há cerca de 200 mil anos.
Os pesquisadores disseram que no estudo, eles presumiram que o mtDNA sofre mutação em níveis constantes. O problema é que a ciência não sabe ao certo o nível de mutação do mtDNA, isso se existir um nível que possa ser medido. Se você observar o nível de mutação de um grupo de organismos, como por exemplo de todas as pessoas vivas hoje, chamado de nível filogenético, você pode chegar à conclusão de que o mtDNA sofre mutações em um nível constante. Mas se você observar uma única linhagem familiar dentro desse grupo grande, chamado de nível genealógico, é mais provável que você encontre um nível de mutação completamente diferente.
Como o "relógio de mutação" usado por Cann e pelos outros autores foi questionado, eles aumentaram a época de existência da Eva para algo entre 500 e 50 mil anos atrás.
Mesmo depois de décadas da publicação do estudo sobre a Eva Mitocondrial, os resultados ainda são muito debatidos. Será que todos nós descendemos de uma ancestral em comum que viveu há 200 mil anos? Será que podemos conseguir essa informação precisamente por meio do mtDNA? Essas perguntas permanecem sem respostas e fazem parte do trabalho futuro dos geneticistas evolutivos. Mas o estudo de 1987 foi tão inovador que mudou a maneira de nos vermos como humanos. Ele mostrou que em algum lugar na história, todos nós somos parentes.
Para obter mais informações sobre a evolução e assuntos relacionados, confira a próxima seção.
Artigos relacionados
- Como funcionam as mulheres
- Como funciona a genealogia (em inglês)
- Como funciona o DNA
- Como funcionam as células
- Como funciona a evolução
- Como funciona a migração humana
- Como funcionam as populações
Mais links interessantes (em inglês)
- Exploração da mitocôndria
- Pesquisando ancestrais no PBS.org
- Entendendo a evolução de Berkeley
Fontes (em inglês)
- Cann, Rebecca - "Mitochondrial DNA and human evolution" - From "Origins of the Human Brain" - Changeaux, Jean-Pierre and Chavaillon, Jean, eds - Oxford University Press - 1995
- Cann, Rebecca L., et al - "Mitochondrial DNA and human evolution" - Nature - January 1987
- Childs, Gwen V. PhD - "Mitochondria: Architecture dictates function" - University of Texas Medical Branch - December 5, 2003
- Groleau, Rick - "Tracing ancestry through mtDNA" - PBS - January 2002
- Pakendorf, Brigitte and Stoneking, Mark - "Mitochondrial DNA and human evolution" - Annual Review of Genomics and Human Genetics - 2005
- Whitehouse, Dr. David - "Humans came 'close to extinction'" - BBC - September 8, 1998
- "Mitochondria" - Florida State University - December 13, 2004
- "Mitochondrial Eve: Notes" - University of North Carolina
- "What is mitochondrial DNA?" - National Library of Medicine - January 7, 2008
http://ciencia.hsw.uol.com.br/ancestral-feminino5.htm
As modernas análises por DNA já confirmaram: todos nós descendemos de alguns milhares de africanos – entre 2 mil e 6 mil, provavelmente – que viveram há 80 mil anos e partiram de seu lar na África Oriental numa única onda migratória, terminando por povoar todos os outros continentes. Segundo esses estudos, a migração foi rápida – nossos antepassados chegaram à Ásia 60 mil anos atrás, e a Europa foi ocupada há 40 mil anos. Mas, para diversos especialistas, esses dados ainda não eram convincentes. Eles alegavam falhas na datação e nas premissas que originaram os estudos. Sua exigência era simples: evidências arqueológicas que endossassem as descobertas feitas via DNA.
A Origem da Vida (Parte1de9).
https://youtu.be/PGyarFWOetw
https://youtu.be/DvFRe5-prnQ
https://youtu.be/n48ihD2fH34
https://youtu.be/oa04Lc0nIjY
https://youtu.be/Q-NLeQQjQDo
https://youtu.be/H7PmmtmKsZc
https://youtu.be/HQWGUt98UXY
https://youtu.be/GEQoFxpD5V4
https://youtu.be/n48ihD2fH34
https://youtu.be/mZBYl4n2ZJA
De alguns milhares a 6 bilhões
Recentes descobertas arqueológicas confirmam estudos genéticos segundo os quais toda a nossa raça se origina de um pequeno grupo de humanos que viviam há 80 mil anos no leste da África. Com idade entre 33 mil e 39 mil anos, o crânio Hofmeyr , da África do Sul, é muito parecido com o de seus contemporâneos europeus.
Com o tempo, essas evidências estão surgindo – algumas novas, outras antes esquecidas e agora revisitadas. E o painel que estão compondo revela uma extraordinária aventura: a de uma raça – o Homo sapiens – que, de repente, saiu de sua terra-mãe para conquistar um planeta.
O primeiro indício arqueológico a confirmar a tese dos estudos de DNA foi a pesquisa realizada em 1992 por Paul Mellars, professor da Universidade de Cambridge e uma das maiores autoridades do mundo em rotas de migração utilizadas pelo homem primitivo, a partir de um ovo de avestruz de cerca de 35 mil anos encontrado na Índia. As gravações inscritas na casca do ovo eram muito semelhantes às de uma peça ocre de aproximadamente 75 mil anos de idade descoberta na África do Sul, a dez mil quilômetros de distância. A semelhança de outros objetos da mesma época encontrados na Índia e no Sri Lanka – pontas de flechas, pás de pedra primitivas e pequenas contas feitas de carapaça de avestruz – com os produzidos por africanos 40 mil anos antes reforçaram a idéia de Mellars de que havia ligação entre as duas populações.
DURANTE UM BOM tempo essa linha de pesquisa não foi aprofundada, talvez porque a tese de Mellars tenha sido divulgada apenas em publicações arqueológicas indianas, cuja importância era desconsiderada no Ocidente. Quinze anos depois, porém, surgiram novidades a partir da pesquisa feita por uma equipe internacional liderada pelo paleontólogo Alan Morris, da Universidade da Cidade do Cabo, a respeito do crânio Hofmeyr.
Considerado antes uma relíquia sem grande valor, esse crânio humano havia sido encontrado em 1952 perto da cidade sul-africana de Hofmeyr, durante as obras para a construção de uma represa. Como nenhuma matéria orgânica restara na peça, ela não havia sido submetida a uma datação por carbono-14 – e, assim, tornara- se uma simples curiosidade no escritório de Morris, onde ser via como peso para papéis.
Um antigo colega de Morris, Frederick Grine, da Universidade Estadual de Nova York, mudou esse estado de coisas. Grine sugeriu a Morris que se fizesse a datação dos grãos de areia alojados na cavidade que havia abrigado o cérebro, e a idéia deu certo: especialistas atribuíram à relíquia uma idade entre 33 mil e 39 mil anos. Isso colocava o crânio dentro de um período – entre 75 mil e 20 mil anos atrás – que originou o menor número de descobertas de restos humanos na África, enquanto homens anatomicamente modernos despontavam na Ásia e na Europa.
Expansão rápida
A disseminação do Homo sapiens pela Terra se deu a partir de uma única onda migratória, que em apenas 10 mil anos levou a raça até a Austrália. Depois, a migração avançou para o norte.
Entre 60 mil e 80 mil anos atrás
Um grupo entre 2 mil e 6 mil humanos que habitavam a África Oriental desenvolveu habilidades mentais que o capacitaram a sobreviver melhor do que seus predecessores em condições difíceis. Essa população cresceu rapidamente e se espalhou pela África.
Entre 50 mil e 60 mil anos atrás
Usando a Península Arábica, esses humanos começaram a migrar para a Ásia. A ocupação foi feita seguindo a linha do litoral, chegando ao sudeste do continente. Alguns desses migrantes chegaram à Austrália.
Entre 40 mil e 50 mil anos atrás
A partir do litoral, esses povos foram para o norte, pelo Oriente Médio. Um grupo seguiu pelo sul da atual Rússia e dividiu-se – parte foi para a Europa, parte para a Ásia. Alguns entraram na Europa via Turquia; outros povoaram a costa mediterrânea da África.
O passo seguinte foi dado pela paleoantropóloga Katerina Harvati, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária em Leipzig, na Alemanha. Ela submeteu o crânio a medições tridimensionais a fim de compará- lo com amostras de ossos modernos europeus, asiáticos e bosquímanos sul-africanos, além de crânios de humanos da Idade da Pedra e do homem de Neandertal. Resultado: o crânio de Hofmeyr era muito parecido com os dos primeiros humanos modernos europeus, os mais distantes em termos geográficos.
Essa semelhança indica que, há uns 35 mil anos, os humanos modernos sul-africanos e europeus partilhavam um ancestral comum muito recente, provavelmente membro de um povo da África Oriental que migrara entre 50 mil e 60 mil anos atrás.
As semelhanças nas gravações da pedra sul-africana (esquerda), feitas há 75 mil anos, e as da casca de ovo indiana (direita), de 35 mil anos atrás, indicam que os responsáveis por elas tinham as mesmas origens.
Uma das rotas desses viajantes levou ao sul, mas outra seguiu na direção nordeste, envolvendo inclusive uma travessia de mar – no Estreito de Bab-al-Mandeb, que separa o Iêmen, no sul da Península Arábica, de Djibuti, no nordeste da África. Depois da travessia, os migrantes seguiram a linha do litoral, chegando à Índia e rumando depois para a Indonésia e a Austrália, onde chegaram há cerca de 50 mil anos. Essa teoria é reforçada por esqueletos com idade entre 45 mil e 50 mil anos encontrados no sul da Austrália e na ilha de Bornéu.
O estímulo para a criatividade
Iniciada há cerca de 70 mil anos, a glaciação Wisconsin, última etapa da mais recente Era do Gelo, pode ter criado as condições climáticas que impulsionaram o Homo sapiens a empreender sua migração. Embora não tenha reduzido muito as temperaturas na África, ela diminuiu a evaporação dos oceanos, o que levou a uma queda nas precipitações pluviométricas e, no caso africano, a secas drásticas. Outro fato veio piorar a situação: a explosão do vulcão Toba, na Indonésia, há 74 mil anos. As nuvens de cinzas liberadas pelo vulcão tomaram a atmosfera terrestre, reduzindo a passagem da luz solar por vários anos e resfriando ainda mais a superfície do planeta.
Quem tinha mais chances de sobreviver nessas condições diferenciadas? Aqueles com maior capacidade cerebral, que podiam criar novas idéias, ferramentas, armas, invenções e artes. Esse estímulo forçado à criatividade dado pela natureza foi um fatorchave na ascensão do Homo sapiens a rei da Terra.
Durante a última Era do Gelo, os antigos europeus tiveram tempo e recursos para desenvolver suas habilidades artísticas, como demonstram as pinturas rupestres encontradas em cavernas do continente.
CURIOSAMENTE, NOSSOS antepassados não aproveitaram o vale do rio Nilo para chegar à costa do Mediterrâneo. Em vez disso, conforme estudos de DNA publicados em 2007 na revista Science, eles a atingiram entre 40 mil e 50 mil anos atrás, após passar pela Península Arábica, pelo Oriente Médio (onde parte deles seguiu rumo norte, dividindo-se entre a Europa Oriental e a China) e a partir daí na direção oeste, chegando à Europa pela atual Turquia e ao litoral norte da África através da Península do Sinai.
Todas essas rotas migratórias colocaram nossos antepassados em contato com as mais diversas condições ambientais – diferenças geográficas, climáticas, de fauna e de flora, por exemplo – e, em particular, com outras espécies humanas, estabelecidas naquelas regiões havia milhares de anos. Eles superaram todos os obstáculos e adaptaram-se a esses ecossistemas variados.
Descobertas recentes na Rússia e na Ucrânia, por exemplo, mostram que o Homo sapiens foi mais capaz de enfrentar climas rigorosos do que o homem de Neandertal. Os pesquisadores encontraram ali o mais antigo sinal de arte decorativa – um rosto semi-acabado gravado na presa de marfim de um mamute, datado em 45 mil anos. Os vestígios do homem de Neandertal na área vão até 115 mil anos atrás, com o início da Era do Gelo; depois disso, esse povo partiu para o sul e nunca mais voltou. Resistindo ao clima severo daquelas terras, o Homo sapiens já mostrava que vinha para ficar.
A pergunta que surge daí é inevitável: o que tornou nossos ancestrais aptos a – de repente, em termos arqueológicos – espalhar-se pelos continentes e conquistar o planeta? Só para relembrar, o crânio mais antigo de um Homo sapiens, encontrado em Omo (Etiópia), tem cerca de 195 mil anos de idade. O que, depois de uns 115 mil anos, lhes permitiu tomar a África e, em seguida, o mundo?
É bem provável que uma grande mudança tenha ocorrido então. Diversos pesquisadores falam de uma “explosão de criatividade”, um aumento na capacidade de processamento cerebral suficiente para permitir ao Homo sapiens a criação da primeira linguagem complexa, de novas estruturas sociais, de maneiras mais eficientes de produzir ferramentas, de padrões diferentes de arte – enfim, dos elementos que compõem uma cultura mais avançada. Arqueólogos também falam de indícios de que objetos eram transportados por longas distâncias, o que leva à suspeita de que já havia alguma forma rudimentar de economia, na qual itens como adornos, alimentos e ferramentas eram trocados.
Outro fator indicativo de que alguma coisa extraordinária aconteceu no cérebro do Homo sapiens foi a descoberta de esqueletos de homens anatomicamente modernos nas cavernas de Skhul e Qafzeh, em Israel, datados entre 90 mil e 100 mil anos. Nos dois locais foram encontrados itens com ocre e adornos, uma evidência de que ali se faziam ritos funerários com oferendas para os mortos. Tais características de uma consciência mais elevada, porém, não foram suficientes para fazer esses ancestrais se fixarem ali de vez: os restos de homens de Neandertal encontrados em camadas do solo mais antigas e mais recentes mostram que aquela passagem do Homo sapiens pelo Oriente Próximo foi efêmera.
A migração seguinte, entretanto, já não abriu mais espaços para os rivais. Em alguns milhares de anos, os homens de Neandertal – que ocuparam a Europa por pelo menos 300 mil anos – foram totalmente substituídos por nossos ancestrais. Em todos os outros lugares onde houve competição, a superioridade cerebral do Homo sapiens prevaleceu. O passo seguinte, e inevitável, veio na medida da ambição da raça: o próprio planeta.
A história segundo o DNA
A genética ofereceu um novo caminho para se estudar a história humana: o DNA, ou, mais precisamente, o cromossomo masculino (o “Y”), e a mitocôndria, a parte da célula que responde pela produção de energia. Como ambos não sofrem a mistura de genes do pai e da mãe durante a fecundação, as mutações que apresentam servem como verdadeiros “códigos de identificação” dos diversos povos.
Ao migrar para outro ambiente, um povo passa a acumular em seu código genético mutações diferentes daquelas pessoas que permaneceram no mesmo local. Depois de alguns milhares de anos, os migrantes dão origem a novas populações. Os geneticistas concluíram que a humanidade nasceu na África porque em nenhum outro continente há tanta diversidade genética. Já os europeus são os caçulas: têm “apenas” 40 mil anos de idade, ante 80 mil dos africanos e 50 mil dos asiáticos.
Documentário em português está em 9 partes.
A origem do homem (a verdadeira Eva) 1
http://www.youtube.com/watch?v=8lPhCRKQaTY
http://www.youtube.com/watch?v=8lPhCRKQaTY
A origem do homem (a verdadeira Eva) 3
http://www.youtube.com/watch?v=ezGUaOhsnVk
http://www.youtube.com/watch?v=ezGUaOhsnVk
A origem do homem (a verdadeira Eva) 4
http://www.youtube.com/watch?v=AtFFtq-1_AI&feature=relmfu
http://www.youtube.com/watch?v=AtFFtq-1_AI&feature=relmfu
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Todos nós viemos da África
Evidências arqueológicas reforçam a teoria, baseada em estudos de DNA, de que o Homo sapiens surgiu no leste da África há quase 200 mil anos e migrou para os outros continentes