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7 de abr. de 2011

Lítio e o Transtorno Bipolar

http://www.adeb.pt/sobre_adeb/publicacoes/guias/texto/litio_doenca_bipolar.htm
Apresentação

Este texto destina-se principalmente às pessoas que estão a ser tratadas com LÍTIO, aos que possam vir a necessitar desse tratamento, aos seus familiares e amigos. Mas, certamente, a informação científica que contém será muito útil para os médicos e outros técnicos de saúde, na área da psiquiatria e da medicina em geral.
Um medicamento comprovadamente eficaz na prevenção de uma doença psíquica recorrente, caracterizada pela repetição de crises depressivas com grande sofrimento e risco, e de crises eufóricas, que podem ser seriamente comprometedoras para as pessoas atingidas, é uma arma terapêutica de primeira linha, quando bem utilizada. Ora, está provado que, de um modo geral, a educação do paciente e dos familiares é uma condição essencial para uma boa prática médica, garantindo uma consciente adesão ao tratamento e os necessários cuidados a ter.
O rótulo de “doença mental”, como algo estranho, essencialmente negativo e diferente das outras doenças, ainda pesa, e de que maneira, na opinião de muita gente, mesmo dos instruídos em outras matérias. Desmistificar preconceitos enraizados, exige uma psiquiatria exercida com maior eficácia, impossível sem uma consciência esclarecida dos cidadãos doentes, dos familiares e amigos e de todos os que se interessam pelo ser humano em crise, num espírito de salutar optimismo científico humanista.
O que é o lítio? Como é que é usado no tratamento da doença Bipolar? Como se inicia e prossegue a terapêutica? Quais os efeitos colaterais que podem ocorrer e como resolvê-los? O leitor encontrará as respostas neste texto, cuja função é educar para a saúde numa perspectiva médica global.
Cumpre-nos agradecer a autorização da edição em português, concedida pela Dean Foundation / Lithium Information Center (Madison-Wisconsin).

A Direcção da ADEB
(Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares)



O que é o Lítio

O lítio é um elemento simples que se encontra na natureza.
Visto existir, no seu estado normal, em pequenas quantidades na comida e na água, o lítio encontra-se no corpo humano. Estes vestígios, contudo, não têm expressão. Algumas rochas têm um alto teor de lítio e são estas as fontes de quase todo o lítio utilizado na indústria e na medicina.
Não obstante as propriedades do lítio serem conhecidas há mais de uma centena de anos, a sua utilização na medicina moderna apenas começou em 1949. Quando utilizado como medicamento, o lítio é tomado por via oral em forma de comprimidos ou cápsulas e, por vezes, em xarope. É comercializado quer na sua forma «standard», quer como preparado de «libertação controlada». Em ambos os casos necessita de receita médica.
Em PORTUGAL, os comprimidos de PRIADEL (nome comercial), contêm 400 miligramas de lítio sobre a forma de carbonato, havendo, no entanto, preparados com 300 miligramas, em cápsulas hospitalares.



O Lítio e a doença Bipolar

Para que é que o lítio é utilizado?

O lítio é eficaz no controlo de algumas doenças mentais e estados emocionais caracterizados por grandes e frequentes alterações de humor, muito incapacitantes. Tais perturbações são conhecidas em linguagem médica como Doença Bipolar, Doença Bipolar ou Perturbação do Humor Bipolar. A maioria das pessoas afectadas pela perturbação Bipolar sofrem de episódios recorrentes quer de Mania, quer de Depressão.
Em alguns casos, pode acontecer apenas uma crise ou algumas e nunca mais se repetirem. As pessoas que sofrem apenas de crises periódicas de mania (sem depressão), são consideradas também como Bipolares.
Aqueles que experimentam apenas crises episódicas de depressão, têm contudo, uma doença designada por Depressão Major ou Perturbação Unipolar, a qual se distingue da perturbação Bipolar.
A Mania caracteriza-se pela mudança de humor do estado normal para um estado extremo de hiperactividade e frequentemente acompanhado de sentimentos de elevação, grandeza e euforia—um estado descrito como estar-se no «topo do mundo». Durante um episódio maníaco pode-se dormir muito pouco, falar muito, rápida e continuadamente, gastar pouco tempo com as refeições, mostrar marcada irascibilidade e impaciência e terem-se pensamentos rápidos, precipitados.
Muitas vezes o estado maníaco evolui até ao ponto em que o bom senso diminui e o contacto com a realidade se perde.
Pode tornar-se difícil compreender o que uma pessoa está a dizer. Por vezes, decisões tomadas precipitadamente resultam de impulsos, e levam a esbanjamentos financeiros, excessos sociais ou profissionais, com consequências legais que podem envolver não só o próprio mas a sua família e, porventura, os outros. A hospitalização pode ser necessária nestes casos.
A DEPRESSÃO é um estado em que o humor muda até ao ponto de se ficar muito em baixo, acabrunhado, sem ânimo, desesperado. Verificam-se alterações no sono, falta de apetite, perda de interesse sexual, falta de energias, excesso de preocupações, perda de interesse pelas coisas, impossibilidade em conseguir prazer e dificuldades respeitantes à concentração e à memória. O cumprimento de tarefas diárias, tais como ir para o trabalho, tornam-se difíceis ou impossíveis. Pessoas em estado de depressão, muitas vezes pensam no suicídio e, por vezes, suicidam-se. A hospitalização poderá ser necessária.
Tendo em consideração o que acima se diz, deve-se entender bem claramente, que a mania e a depressão são transtornos clínicos graves e não se devem confundir com as normais variações do humor, tais como estar-se com «boa ou má disposição», situações que a todos ocorrem normalmente, de tempos a tempos.
Não obstante ser o lítio utilizado principalmente no tratamento de doença Bipolar, os investigadores continuam a estudar novas utilizações para o medicamento. Mostra-se uma promessa para o tratamento de uma diversidade de doenças, incluindo situações de depressão não associadas com a doença Bipolar.



Qual a frequência da mania e da depressão?

Esta calculado que, pelo menos, cinco em cada 1000 pessoas ( 0.5 por cento) sofrem de qualquer forma de doença Bipolar durante a vida.
Mas visto que a depressão também ocorre em situações distintas da doença Bipolar, calcula-se que sejam de 150 em cada 1000 pessoas ( 15 por cento ) aquelas que sofrem pelo menos uma Depressão grave durante a sua existência.



A doença Bipolar é hereditária?

Estudos relacionados com a família, gémeos e casos de adopção, mostram que a genética e os factores hereditários desempenham um papel importante nas perturbações Bipolares. Por exemplo, parentes de alguém sofrendo da doença têm maior propensão para contraírem a mesma do que qualquer outra pessoa.
Os factores hereditários não são, contudo, evidenciados nas famílias de todas as pessoas que sofrem da doença e, mesmo quando presentes, os tipos de transmissão genética não estão bem definidos. Concluindo, não é possível prever-se, com exactidão, qual o risco de contrair a doença para um indivíduo que tenha um parente sofrendo de doença Bipolar.



O lítio cura a perturbação Bipolar?

Não existe presentemente cura para a perturbação Bipolar, e as suas causas permanecem ainda um mistério.
Para as pessoas que sofrem alterações frequentes do humor motivadas pela doença Bipolar, o lítio pode ser uma ajuda, e de duas maneiras:

Interromper uma crise aguda.
O lítio pode auxiliar uma pessoa a sair do estado de mania e voltar ao seu estado normal. (O lítio pode, do mesmo modo, ser eficaz em alguns casos de depressão aguda)

Prevenir novas crises
O lítio pode contribuir para a prevenção de episódios de mania e de depressão, impedindo a sua recorrência.

O facto de o lítio actuar mais como controlo do que como cura da doença Bipolar é importante. Significa que, se as pessoas deixarem de tomar o lítio, os episódios maníacos e depressivos podem voltar a surgir com uma significativa probabilidade. Controlar uma doença com um medicamento especifico é, no presente, uma prática comum na medicina. Um exemplo bem conhecido é o da insulina para o controlo de certas formas de diabetes. A insulina não cura a doença existente, a diabetes, mas ajuda a controlar os sintomas, fazendo com que o diabético seja capaz de viver uma vida normal. Se parar a insulina, os sintomas da doença voltam a aparecer. Não obstante a insulina ajudar a controlar muitos dos sintomas e efeitos nocivos da doença, a diabetes, em si, continua presente.
Outros exemplos de doenças que se podem controlar através de medicamentos são a tensão arterial elevada, a insuficiência cardíaca e o reumatismo.
Muitas pessoas com a doença Bipolar apresentam episódios frequentes de mania e depressão antes de iniciarem o tratamento com lítio. Se pararem de tomar o lítio, quase com toda a certeza, voltam a ter, de novo, frequentes episódios. A doença Bipolar já não estará controlada.
Contudo algumas pessoas com doença Bipolar têm episódios raros de mania e/ou depressão, algumas vezes com anos de intervalo. Outras têm um só ou alguns episódios sem mais recorrências. A razão de isto assim acontecer é tão misteriosa como a causa da própria doença.
Quando as crises são raras, o uso contínuo de lítio é desnecessário.
No entanto, visto que a evolução da doença é difícil de prever, é muito importante que os doentes discutam a possibilidade de futuras crises maníacas ou depressivas com o seu Médico antes de se decidirem a parar com o tratamento de lítio.



O lítio contribui para voltar a ter uma vida normal?

Embora o lítio ajude a evitar os sintomas da perturbação Bipolar, não é uma cura total. Não obstante poder prevenir futuras oscilações de humor, os problemas pessoais de anteriores crises podem continuar a existir.
Os problemas da vida relacionados com a perturbação Bipolar não serão obviamente resolvidos com a ajuda do lítio. A psicoterapia bem como outras formas de aconselhamento podem ser úteis para a solução de tais dificuldades.



Como se pode saber se o lítio está a actuar adequadamente?
O lítio está a actuar adequadamente se controlar efectivamente as oscilações do humor, produzindo poucos ou nenhuns efeitos colaterais.

Se alguém a tomar o lítio tiver uma nova crise maníaca ou depressiva, quer isso dizer que o lítio não está a actuar?
Não necessariamente. A finalidade do lítio é prevenir cabalmente a ocorrência de oscilações de humor. No entanto, uma resposta parcial ao lítio não é rara. Os episódios recorrem, mas passam a ser habitualmente menos graves, menos frequentes, e podem desaparecer por completo com o uso continuado do lítio. Em alguns casos, pode levar-se até dois anos para a terapia com base no lítio conseguir controlar as oscilações de humor. Embora nem todos respondam ao lítio, dada a demora na resposta positiva, é essencial que o tratamento não seja interrompido antes de o medicamento ter tido oportunidade para actuar convenientemente.
Se ocorrer uma crise enquanto se estiver a tomar lítio, o Médico assistente deve ser imediatamente contactado. Por vezes, um ajustamento temporário na dose do lítio é tudo o que é necessário. Noutros casos, a utilização de um medicamento adicional pode ser necessária temporariamente ou de modo continuado.



O que se sente ao ser-se tratado com o lítio para uma perturbação Bipolar?
Para a maioria dos doentes, o tratamento da perturbação Bipolar leva a uma vida menos caótica e mais agradável. Alguns, no entanto, podem achar que o tratamento causa sentimentos confusos. Por vezes os doentes sentem dificuldade em aceitar que têm uma doença crónica a qual pode tornar necessário um tratamento para toda a vida.
Outros doentes acham que deveriam usar a sua «força de vontade» para ser como toda a gente. Por vezes sentem que o facto de serem tratados vai fazer com que outras pessoas os estigmatizem, como sendo «maluco» ou «doentes mentais crónicos» (e, infelizmente, isso é verdade por vezes). É difícil, muitas vezes, para os doentes explicar ás pessoas que o seu problema é uma doença como as outras, e não o resultado da culpa de alguém.
Alguns doentes sentem a falta de alguns fenómenos agradáveis, dos seus episódios maníacos, não gostam de tomar medicamentos quando se sentem saudáveis, ou suportam mal tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
A discussão de ideias e vivências como estas, com os familiares, os amigos e com o Médico, é importante. Tal como o que se passa com qualquer doença , o tratamento bem sucedido de uma perturbação Bipolar é algo mais do que tomar apenas um comprimido. Os doentes devem ser encorajados a aprender o mais que puderem acerca da sua doença e do tratamento, para que possam ter uma vida mais produtiva e satisfatória.


Como é que o lítio actua?
Supõe-se estarem na base da perturbação Bipolar desequilíbrios químicos em certas células cerebrais relacionadas com as emoções e o comportamento. Os peritos pensam que o lítio pode actuar como um meio de corrigir estes desequilíbrios e, portanto, estabilizar o humor.
Visto que o lítio se apresenta em pequenas quantidades no corpo humano, as pessoas pensam por vezes que o lítio funcionaria repondo os níveis normais nas pessoas que, de algum modo, estivessem «esvaziados» do lítio. Embora atraente esta explicação é incorrecta e a perturbação Bipolar não é causada pela de lítio. De facto, durante o tratamento, os níveis de lítio são muitas centenas de vezes mais elevadas, do que ocorre naturalmente no corpo. A experiência tem demonstrado que a cuidadosa utilização do lítio pode prevenir futuros episódios de alteração do humor em muitas pessoas que sofrem de perturbações Bipolar. Se porventura ocorrem enquanto o lítio está a ser tomado, tendem a ser menos graves.
Embora o lítio estabilize o humor numa perturbação Bipolar, os doentes continuam a ter reacções emocionais normais e experimentam pouca ou nenhuma interferência na actividade mental e física.
Por causa destas características, o lítio é frequentemente mais bem tolerado do que os outros medicamentos destinados ao tratamento da mania e da depressão.



Como é que o lítio se comporta no corpo?

Quando tomado por via oral, o lítio é bem absorvido, entrando na corrente sanguínea que o transporta a todos os tecidos do corpo incluindo o cérebro. O lítio é eliminado do corpo quase inteiramente pelos rins e excretado pela urina. O sódio, que faz parte da mesma família química do lítio, é excretado pelos rins duma maneira que afecta a eliminação do lítio. Por causa desta correlação, a certeza de que o corpo tem um nível de sódio correcto ajudará a termos a garantia de que o nível certo do lítio é do mesmo modo conseguido. Como o sal na comida é a maior fonte de sódio, uma pessoa que tome o lítio tem que ter a certeza de tomar uma quantidade adequada, mas não excessiva de sal.



Qual a rapidez com que o lítio actua?

É importante saber-se que o lítio pode não fazer efeito imediatamente. Não obstante algumas pessoas se sentirem melhores logo que começam a tomar o lítio, muitas melhoram mais gradualmente.
Pode levar de uma a várias semanas antes de se verificarem as melhoras e a sua consolidação ocorre gradual e progressivamente.
É prática corrente o Médico prescrever medicamentos adicionais para uma terapia imediata, até o lítio se tornar eficaz. Uma vez que o lítio demora a actuar, é importante ter-se paciência quando se inicia o tratamento à base de lítio. O conhecimento deste atraso deve ajudar a evitar o desencorajamento e «o desistir demasiado cedo».





O INÍCIO DO TRATAMENTO COM LÍTIO

O que é que o seu Médico precisa de saber antes de lhe prescrever o lítio?
Alguma da informação que o seu Médico vai necessitar inclui:

A sua história clínica

Tem algum outro problema de saúde? Por exemplo, podem-lhe perguntar se sofre de alguma doença cardíaca, da tiróide, doença renal ou epilepsia. Qualquer outra doença de que sofra pode ser importante, deste modo certifique-se que está a dar ao Médico uma lista pormenorizada. Há história de doença psiquiátrica na sua família, em especial mania ou depressão? Qualquer medicamento que esteja a tomar pode ser importante por exemplo, está a tomar medicamentos para a asma, a hipertensão, ou a retenção de líquidos (edema)? Qualquer outro medicamento que tome pode ter importância. Informe o seu Médico de todos os que utiliza (incluindo aqueles que não necessitam de receita médica).

A sua alimentação habitual

Bebe grandes quantidades de café ou chá? Que quantidade de bebidas alcoólicas normalmente consome? Está a fazer alguma dieta com redução de sal? Pensa iniciar qualquer tipo de alimentação especial no futuro?

O seu trabalho e actividades

É necessário para a execução do seu trabalho realizar tarefas delicadas com as mãos? (Por vezes, o lítio causa tremores.) Necessita de lidar com máquinas perigosas ou conduz um automóvel? (Por vezes, o lítio prejudica a coordenação.)

Uma nota especial para as senhoras

Está grávida? Há possibilidade de engravidar enquanto estiver a tomar o lítio? Está ou pensa vir a dar o peito ao seu bebé? (O lítio pode ser prejudicial para o recém-nascido ou para crianças amamentadas ao peito.)

Os itens acima descritos NÃO SÃO completos, apenas servem para dar uma ideia acerca daquilo que o seu Médico quererá ter conhecimento antes de iniciar a terapêutica.
O factor principal é informar o seu Médico de tudo o que se passa com a sua saúde, que medicamentos toma, Tc..., mesmo no caso de se estar a tratar com diversos Médicos. Caso não tenha a certeza se determinadas questões devem ser referidas, faça menção delas e deixe ao seu Médico a decisão da sua importância em relação ao tratamento. Sem esta informação o seu Médico poderá ter dificuldades em tratá-lo com eficiência e segurança.



O lítio é prejudicial durante a gravidez?

A experiência demonstra que as mulheres que tomam o lítio nos primeiros três meses de gravidez podem ter um risco aumentado de darem à luz bebés com certas anormalidades (especialmente relacionados com o coração e artérias). Embora este risco se afigure bastante pequeno, é ainda suficientemente grave para o lítio ser retirado durante pelo menos os primeiros três meses de gravidez. Visto que os factores individuais variam, os futuros pais devem discutir os aspectos referentes ao lítio e gravidez com o seu Médico, antes de decidirem a concepção. Não há efeitos prejudiciais conhecidos produzidos pelo lítio em cujos pais estavam a tomar lítio na altura da concepção ou em crianças cujas mães estivessem a tomá-lo antes, mas não durante a gravidez. No caso de o lítio ser tomado durante a gravidez, uma atenção muito especial deve prestar-se em relação à does tomada e aos níveis de lítio no sangue, uma vez que a maneira como o corpo assimila o lítio pode variar consideravelmente durante esse período.
Deve interromper-se, temporariamente, a toma de lítio, imediatamente antes do parto para que se possam minimizar os efeitos colaterais no recém-nascido, reiniciando o tratamento o mais rapidamente possível a fim de reduzir o risco de mania ou depressão na mãe. Uma vez que o lítio é excretado no leite, a amamentação deve ser desaconselhada no caso da mãe estar a tomar o lítio



São necessários testes laboratoriais antes de se iniciar o tratamento com o lítio?

Certos testes laboratoriais são necessários antes de se começar o lítio, de modo que nos certifiquemos que é seguro e fornecer-nos as linhas básicas de como estão a ser afectados os sistemas sobre os quais o lítio actua. O tipo e o número de testes variam em função da situação clínica do doente e da preferência do Médico, sendo a avaliação da função renal essencial. Isto, porque o lítio é eliminado através da urina e também porque o lítio pode causar alterações ao funcionamento dos rins. Um teste à tiróide é também importante, visto que a hiperactividade ou hipoactividade da glândula podem causar sintomas psiquiátricos semelhantes à mania ou à depressão, e também porque o lítio pode produzir perturbações no funcionamento da glândula tiroideia.



Como é que se deve tomar o lítio?

Um Médico familiarizado com o uso do lítio é a ajuda essencial para se determinar qual a quantidade e qual a frequência de tomas do lítio. Uma vez que a dosagem correcta varia de indivíduo para indivíduo, é aconselhável aos doentes seguirem as indicações da prescrição. Não devem nunca hesitar em perguntar ao seu Médico qualquer questão relacionada com as indicações das doses.
O lítio é normalmente tomado em doses repartidas durante o dia, habitualmente duas ou três vezes ao dia. Embora possa haver razões especiais para uma dosagem mais frequente, normalmente não é necessário. Tomar-se uma dose de lítio uma vez por dia pode ser possível ou desaconselhável em certas circunstâncias.
Tomar o lítio com a regularidade prescrita é importante, e devem encontrar-se maneiras para evitar o esquecimento das tomas e/ou dosagens extras. Tomar menos que o receitado pode não ser suficiente, enquanto que tomar mais pode ter efeitos colaterais.
Um doseador de comprimidos concebido para contar a dose da semana, dividido por dias, ajudará a resolver estes problemas.
De modo a precaver-se de qualquer interrupção no tratamento, deve-se contactar o Médico para arranjar uma receita de reserva para dar continuidade, antes que se esgote o medicamento.
A experiência tem demonstrado que os doentes podem esquecer o seu tratamento com lítio sempre que se sentem melhores e, frequentemente, não conseguem o tratamento ou param simplesmente de tomar o lítio.
Procedendo deste modo privam-se do «seguro protector», que o lítio proporciona contra futuros casos graves de transtornos do humor.
Muitos preferem tomar o medicamento às refeições, o que não só os faz lembrar como também os ajuda a evitar o enjoo que pode surgir se ele for tomado com o estômago vazio. Não é contudo necessário que o lítio seja tomado com a comida. É também importante manter-se uma quantidade suficiente de sal na alimentação, enquanto se tomar lítio. Para a maioria das pessoas isto não corresponde a uma alteração dos hábitos alimentares uma vez que a alimentação normal contém em média o sal suficiente. Embora não haja necessidade de usar sal em excesso, a restrição ao sal deve ser evitada a não ser que cuidadosamente controlada pelo Médico (a intoxicação pelo lítio pode ocorrer). Finalmente, e uma vez que o equilíbrio do sal e da água andam de mãos dadas, é uma boa norma para aqueles que tomam lítio beberem pelo menos de 1 a 1,5 litros de água ou outros líquidos por dia (a não ser que indicações em contrário tenham sido dadas pelo Médico).



Porque é que são necessárias as análises de lítio ao sangue?

Um teste de lítio no sangue pode também chamar-se em «nível de lítio» ou «nível de lítio no plasma». Este teste é importante porque permite ao Médico controlar a quantidade de lítio existente na corrente sanguínea, o que é um bom indicador da quantidade de lítio presente em todos os tecidos do corpo. Pouco lítio não se torna eficaz na estabilização das oscilações de humor, enquanto que demasiado lítio pode conduzir a efeitos indesejáveis e, por vezes sérios efeitos colaterais.
Deste modo um teste do lítio no sangue ajuda de duas formas: assegurara que dose de lítio é eficaz, e assegurar que a dose de lítio é segura.
Um nível de lítio que é, ao mesmo tempo, seguro e eficaz é chamado «nível terapêutico». Níveis terapêuticos mais elevados podem ser necessários para tratar casos críticos. Este nível varia de pessoa para pessoa mas, normalmente, situa-se entre 0,8-1,2 milequivalentes por litro (mEq/L) para situações graves e 0,6 mEq/L em utilização preventiva. Muitas pessoas sentem-se bem com níveis entre 0,6-0,8 mEq/L e outras entre 0,4-0,6 mEq/L. Em níveis mais elevados do que os terapêuticos, é pouco provável que o lítio seja mais eficaz, mas pode começar a causar mais efeitos colaterais. Aqueles que tomam o lítio deverão perguntar aos seus Médicos quais são os seus níveis de lítio e a maneira com interpretá-los. É bom que se recorde que o nível de lítio no sangue não é o único indicados usado pelo Médico para determinar a dose correcta de lítio. O guia mais importante para a dose correcta é saber-se como é que a pessoa que toma o lítio se sente e reage. Por vezes as pessoas admiram-se com o facto de a terapia com lítio requerer exames de sangue, enquanto o tratamento com outros medicamentos (aspirina, penicilina, comprimidos para a gripe, por exemplo) não requerem. Existem diversas razões para tal. A primeira, é o facto do lítio ser um dos poucos medicamentos que pode ser medido no sangue de maneira correcta, simples e a baixo custo; a segunda é o facto do organismo das pessoas reagir para a corrente sanguínea, distribuição nos tecidos dos corpos, e eliminação pelo rins. Deste modo, a mesmo dose oral de lítio pode produzir distintos níveis sanguíneos em diferentes pessoas.
Finalmente, o lítio difere de muitos outros medicamentos, pois a quantidade necessária para ser eficaz é próxima daquela que pode produzir intoxicação.



Com que frequência é necessário fazer-se uma análise ao sangue?

As análises de sangue são mais necessárias quando se inicia uma terapia com lítio ou quando a dose estiver a ser ajustada, do que quando as condições já estiverem estabilizadas.
Quando se inicia o tratamento, fazem-se análises com bastante frequência, pelo menos uma vez por semana. Uma vez que os níveis de sangue estejam estabilizados a medição pode ser necessária apenas mensalmente ou ainda com menor frequência, conforme for determinado pelo Médico.
Como complemento aos exames de ajuste iniciais e regulares de manutenção, um médico pode requerer uma análise sempre que um doente mostre indícios de que a quantidade de lítio no sangue possa desviar dos limites terapêuticos. Estes compreendem:

Um regresso dos sinais da perturbação Bipolar indicando que o nível de lítio pode estar demasiado baixo ou,
Um aumento dos efeitos colaterais, indicando o nível pode estar demasiado alto.
Conforme a situação, o Médico pode alterar a dose de lítio sem esperar que a análise ao sangue seja realizada.
Se a dose for alterada, uma nova análise será feita, poucos dias depois, com o fim de assegurar que se está dentro dos níveis terapêuticos. Embora estes testes possam parecer uma inconveniência eles ajudam a garantir que o tratamento com lítio não é prejudicial e é eficaz. Assim, quem toma o lítio não deverá perder nenhuma oportunidade de verificar os seus níveis sanguíneos.



Que preparação é necessária antes da análise de lítio no sangue?

Antes de fazer a análise de lítio ao sangue:


1 - certifique-se que não se esqueceu de tomar as doses de lítio nos últimos dias,
2 - certifique-se que a análise ao sangue é feita de manhã tanto quanto possível nas doze horas imediatamente após a última dose de lítio.


Desde que estes dois pontos sejam seguidos, as análises de lítio no sangue fornecerão ao Médico elementos precisos para o estabelecimento e ajuste das doses.
Nos trabalhos científicos que estabeleceram os níveis terapêuticos e tóxicos do lítio, as colheitas foram feitas doze horas após a última dose de lítio.
Uma colheita efectuada apenas umas horas após uma dose poderá dar uma falsa leitura alta antes do lítio se distribuir pelos tecidos. Uma análise feita muito além das doze horas poderá ser falsamente baixa, devido às quantidades adicionais de lítio que poderão ter sido eliminadas do corpo. Uma análise ao sangue é feita normalmente de manhã, sendo a primeira dose de lítio tomada depois da colheita de sangue. A última dose de lítio relacionada com a noite anterior é tomada de modo a respeitarem-se as necessárias 12 horas entre a dose e a análise. Pode-se tomar o pequeno-almoço no dia da análise, uma vez que a comida não vai interferir com os resultados desta. No caso de pessoas marcadas para análises ao sangue, que:

Se esqueçam de tomar a dose normal durante vários dias antes da análise ou,
Se esqueçam de adiar a ingestão da dose matinal para depois da análise,
O Médico deve ser avisado e a análise ser marcada de novo. Caso contrário, o resultado pode ser falseado e levar a alterações de dose prejudiciais.



Porque é que o sal e a água são tão importantes para quem toma o lítio?

Sal

Se o corpo de vir privado de sal, os rins eliminarão o lítio de um modo mais lento e o seu nível no sangue aumentará.
Um regime alimentar com redução de sódio ou sal ( sal é cloreto de sódio) pode ser aconselhável como fazendo parte de um programa para perder peso ou no tratamento da hipertensão ou da insuficiência cardíaca. Se isto acontecer, sem um correcto reajustamento da dose de lítio, este pode elevar-se para níveis perigosos. Se o sal desaparecer do corpo e não for reposto, os níveis de lítio aumentarão. Isto pode acontecer pelo uso de diuréticos ou por uma sudação excessiva.

Água

Se o corpo tiver falta de água (desidratação), o lítio tornar-se-á mais concentrado e os rins eliminam-no mais lentamente.
Qualquer destes factores pode acusar aumentos perigosos no nível de lítio. A desidratação pode ser provocada pela diminuição dos líquidos ingeridos ou pela perda excessiva (aumento de urina, suor, diarreia ou vómitos).
Uma vez que o aumento de urina (o que resulta num aumento de sede) é um efeito colateral frequente no tratamento com o lítio , alguns doentes entendem incorrectamente que o aumento de urina é causado pelo aumento de líquidos que tomam, tentando alguns «tratar» o aumento da urina, limitando a ingestão de líquidos. Isto é incorrecto e perigoso. Realmente, o lítio causa o aumento de fluxo de urina devido aos seus efeitos nos rins. O aumento da sede é a protecção natural contra a perda excessiva de líquidos (desidratação).
Fornecer ao organismo os montantes correctos de sal e água é um aspecto muito importante no tratamento do lítio. Seguidamente forneceremos algumas normas a ter em conta:

Para se manter o equilíbrio em água

Beba pelo menos 1 litro de líquidos por dia. No caso do lítio ocasionar um aumento elevado de quantidade/volumetria de urina, deve por isso a ingestão de líquidos ser suficiente a fim de se repor tudo o que perde. Evite quantidades excessivas de8 café, chá ou bebidas com cola que contêm cafeína. A cafeína estimula a perda de água ( e agrava também o tremor causado pelo lítio)

Para se manter o equilíbrio em sal.
Coma a comida que contenha uma quantidade média de sal.

Para se evitar uma alimentação muito pobre em sal ou em água. Informe o seu Médico antes de iniciar qualquer novo tipo de alimentação (especialmente quando contenha pouco sal).



Para se evitar perda quer de sal quer de água. Tenha bastante cuidado com situações que possam causar sudação excessiva tais como tempo quente, sauna, exercícios pesados, febre, etc.

Para se evitar combinações perigosas de medicamentos.
Diga ao seu Médico todo e qualquer medicamento que esteja a tomar, especialmente diuréticos (comprimidos usados para a hipertensão e libertar o corpo de excesso de líquidos).

Para se evitar excessiva perda de sal e água. Informe o seu Médico de casos de vómitos e diarreia.

Contacte o seu Médico imediatamente no caso de suspeitar que o seu nível de lítio possa estar elevado.



Os efeitos colaterais do Lítio

Pode haver efeitos secundários devidos ao lítio? Como todos os medicamentos, o lítio pode causar efeitos secundários. É importante reconhecer estes efeitos secundários e saber como controlá-los. Alguns são incomodativos mas desaparecem com o tempo; outros são potencialmente sérios de tal modo que o Médico deverá ser devidamente consultado.

Que efeitos secundários podem ocorrer quando alguém está a começar a terapia de lítio? Durante o período inicial de ajustamento, o qual pode durar várias semanas, os efeitos secundários que podem aparecer incluem:


- Aumento da sede
- Aumento da excreção urinária
- Sensação de enjoo ou náusea
- Dores ligeiras do estômago

Ligeiro tremor das mãos
Sonolência ligeira
Enfraquecimento muscular ligeiro
Diminuição da capacidade ou interesse sexual
Ligeira tontura
Fezes moles (na realidade não diarreia)
Aumento de peso
Sabor metálico
Boca seca
Predisposição para acne ou psoríase


Apesar desta lista parecer grande, a maioria das pessoas experimentam poucos ou nenhuns destes efeitos secundários.
Felizmente estes efeitos secundários não são medicamentos perigosos. Eles reflectem a resposta inicial do organismo ao lítio e a maioria deles diminuem ou desaparecem em poucas semanas.
Alguns, no entanto, podem persistir em certas pessoas. Os que mais persistem são o aumento da excreção urinária ou o aumento de peso e um ligeiro tremor das mãos.
Informar o Médico sobre os efeitos colaterais é importante. Na parte das vezes só é preciso mencioná-los na consulta seguinte, que já estiver marcada. Contudo, se forem muito incómodos, origem de preocupações ou interferirem com as actividades diárias, não se deve hesitar em contactar imediatamente o Médico.
É conveniente ser prudente quando se trabalha com máquinas ou a conduzir carros, até ser bem conhecido o modo como o lítio altera o funcionamento da mente. Apesar de não ser vulgar, pode ocorrer no inicio da terapêutica sonolência ou tonturas. Tomar o lítio com os alimentos pode minimizar o mal-estar gástrico e outros efeitos secundários.



Há efeitos colaterais que possam não ocorrer imediatamente?

Alguns efeitos secundários do lítio podem surgir ou ser descobertos em qualquer altura durante o curso do tratamento. Incluem alterações de testes laboratoriais, do peso e das funções renais e da glândula tiroideia.

Análises laboratoriais. O lítio pode causar ligeiras alterações em certos testes, tais como o electrocardiograma (ECG) ou a contagem dos glóbulos brancos. Estas alterações são efeitos colaterais que o doente nunca nota e habitualmente não têm importância médica.

Aumento de peso. Muitos indivíduos podem notar um ligeiro aumento de peso quando tomam lítio, em especial no início do tratamento. Geralmente estabiliza ou regressa ao normal quando passa algum tempo. Contudo, em algumas pessoas, torna-se excessivo. Nesse caso o Médico deve ser contactado para consulta.

Diurese excessiva. Muitos indivíduos notam um aumento de volume da urina durante a terapêutica pelo lítio, mas que não é motivo de preocupações. Se a diurese se torna excessiva e interfere com as actividades quotidianas e/ou com o sono, o Médico deve ser contactado no sentido de serem tomadas medidas correctivas.

Lesão renal. O lítio, principalmente quando tomado por longos períodos e em doses altas, pode causar em pequeno número de pessoas lesões permanentes do tecido renal. Se bem que bastante raro, este risco obriga a testes periódicos da função renal como parte necessária da terapêutica pelo lítio.

Alterações da tiróide. Num pequeno número de pessoas o lítio pode provocar aumento da glândula tiroideia e/ou provocar hipotiroidismo. Quando a glândula aumenta pode mostrar-se na parte anterior da frente do pescoço como tumefacção ou bócio. O hipofuncionamento da tiroideia pode estar associado com alguns ou todos os sintomas seguintes:

sonolência
aumento de peso
fadiga
alterações menstruais
obstipação ( prisão de ventre )
sensação de frio
dor de cabeça
dedos da mãos e dos pés frios
dores musculares
pele seca e inchada


Se bem que estes sintomas possam ter outras causas, o seu aparecimento durante o tratamento com o lítio deve alertar o Médico para a avaliação da função tiroideia. Se a tiróide aumentou de volume e /ou é hipoactiva é fácil tratar com medicação tiroideia suplementar e, assim, o tratamento pelo lítio não precisa de ser interrompido.

Há efeitos colaterais pelos quais o Médico deva ser contactado imediatamente?

Sim!

Intoxicação pelo lítio (toxicidade ou sobredosagem).
Um doente em tratamento com lítio deve parar de o tomar, suspender e contactar o Médico imediatamente, se surgirem alguns dos seguintes sintomas:

Diarreia persistente
Vómitos ou náuseas acentuadas
Tremor grosseiro das mãos ou pernas
Fasciculações musculares frequentes ( tais como espasmos/esticões dos braços e das pernas )
Visão turva confusão
Grande desconforto/mal-estar
Fraqueza generalizada
Marcadas tonturas/vertigens
Fala indistinta/entaramelada
Pulso irregular
Edema dos pés e tornozelos
Tudo o que faça a pessoa sentir-se muito doente ou apresentar um comportamento anormal.
Apesar de haver outras causas para os sintomas mencionados, todavia podem ser sinais de que o nível de lítio no sangue está perigosamente alto. A intoxicação pelo lítio é um problema grave e se não se reconhece/diagnostica e não se trata, pode ter graves consequências que podem ir até ao coma, lesão cerebral e mesmo morte. Por causa da gravidade potencial da intoxicação pelo lítio, o Médico deve ser avisado imediatamente se sintomas, como os mencionados atrás, ocorrerem. Se os doentes e os seus familiares estiverem a par destes sintomas e os reconhecerem logo, situações potencialmente graves podem ser resolvidas com segurança e rapidamente.



Alergia ao lítio.
Se numa pessoa a tomar o lítio aparece uma erupção cutânea ou comichão generalizada, pode isso ser sinal de reacção alérgica à preparação do lítio. Nem todas as reacções de pele indicam alergia, mas o Médico deve ser informado.



Gravidez.

Se uma mulher julga estar grávida, o Médico deve ser avisado imediatamente, pois o lítio pode ser prejudicial ao feto.



Como é que os efeitos colaterais devem ser tratados?

Se bem que a maior parte dos efeitos secundários diminuam ou desapareçam depois das primeiras semanas de tratamento com o lítio, alguns podem persistir. Aprender a viver e tolerar melhor os aborrecidos mas não perigosos efeitos colaterais, permite aos doentes continuar a beneficiar da terapêutica pelo lítio.



Aumento da sede e da diurese.
Habituar-se a beber vários copos de água extra, diariamente. Evitar bebidas de alto valor calórico, tais como sodas, bebidas efervescentes, para evitar o desnecessário aumento de peso. Se for preciso, dizer ao seu «chefe» que a medicação que toma o obriga a frequentes idas aos lavabos, mas que não interfere com a capacidade para executar o trabalho. Contactar o Médico se a sede ou a vontade de urinar é excessiva pois o ajustamento da dosagem ou tratamento com outros medicamentos pode ser necessário.



Tremor persistente das mãos.
Tomar o lítio com as refeições ou mais vezes em doses mais pequenas, pode ajudar. A cafeína pode agravar o tremor, assim devem evitar-se bebidas e medicamentos contendo cafeína (café, chá, cola). Se o tremor continua a ser um problema, o seu Médico pode querer ajustar a dose do lítio ou juntar outro medicamento.



Aumento excessivo de peso.
O controlo de peso enquanto mantém o tratamento com o lítio será o equilíbrio entre as calorias ingeridas e as calorias queimadas. Uma dieta equilibrada e o exercício regular são as chaves para o controlo do peso. Embora o lítio facilite o aumento de peso, não deixe que isso venha a ser uma desculpa para comer demais ou para a falta de exercício. Evite dietas drásticas ou restrições de fluidos, pois isso aumenta o risco de toxicidade pelo lítio.



Durante quanto tempo tenho de tomar o lítio?

A duração da terapêutica varia entre os diferentes indivíduos. É determinada pela frequência dos episódios de mania e depressão e pela maneira como o lítio se mostra eficaz e bem tolerado no indivíduo em questão. Enquanto algumas pessoas beneficiam de uma terapia de longa duração, para outros isso não é necessário. O curso do tratamento para cada pessoa deve ser estabelecido com o Médico.



O que devo fazer se sigo uma dieta especial?

Em geral, as dietas que não restringem muito o sal e a ingestão de líquidos não vão interferir com o tratamento com o lítio. Por exemplo, as dietas vegetarianas equilibradas são aceitáveis. Qualquer dieta para redução de peso deverá ser discutida com o Médico que prescreveu a medicação com o lítio, antes de tal dieta ter início.



Pode fazer-se exercício enquanto se segue a medicação pelo lítio?

Sem dúvida! O exercício é importante na saúde de todas as pessoas. Beber líquidos suficientes e ingerir uma quantidade normal de sal (nunca são necessários comprimidos de sal). É uma boa ideia calcular a hora da sua dose de lítio de modo a que não seja tomada imediatamente antes de um exercício mais violente. Moderação se for o seu hábito.



Pode beber-se álcool enquanto se toma o lítio?

É melhor perguntar ao Médico assistente para uma recomendação específica. A maior parte das pessoas pode consumir bebidas alcoólicas com moderação se estiverem habituadas.



É perigoso tomar outros medicamentos enquanto se toma o lítio?
A maior parte das medicações podem ser tomadas com o lítio. Algumas, no entanto, podem reagir com o lítio de tal modo que causam efeitos secundários graves. Antes de tomar qualquer medicação (prescrita ou não) pergunte ao seu Médico ou a um farmacêutico se pode haver reacções secundárias prejudiciais com o lítio.
Exemplos de algumas medicações que se sabe reagirem desfavoravelmente com o lítio, em alguns doentes: alguns medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, vulgarmente usados para tratar dores, febre, artrites, como a indometacina (Indocid, Dolovin, Azadol), a fenilbutazona (Fenibutol, Basireuma), ibuprofeno (Brufen), piroxicam (Felden), naproxen (Naprosyn, Reuxen), ácido mefenámico (Ponstan), e outros; alguns diuréticos, que aumentam a produção de urina, medicações muitas vezes usadas para aliviar a retenção de fluidos ou tratar a hipertensão arterial (tensão arterial elevada) e que incluem a hidroclorotiazida (Dichlotride), clorotiazida, e outros; alguns inibidores de enzimas conversores da angiotensina – ECA – usados também para tratar a tensão arterial elevada, como o captopril (Capoten, Hipertil) enalapril (Renitec), lisinopril (Zestrul). Não é uma listagem exaustiva.
Exemplos de algumas medicações que não interferem na medicação pelo lítio, são: pílulas de controlo da gravidez, pastilhas para a tosse e medicações para resfriados, anti-gripais, antibióticos, laxativos, a aspirina e o paracetamol.



O lítio pode causar dependência?
Não!



O que acontece se adoecermos enquanto tomamos o lítio?
Como pode haver alterações no organismo que interferem com o lítio, as doenças, em especial aquelas em que houver febre, náuseas, vómitos ou diarreia, devem ser comunicadas ao seu Médico. Também alguns sintomas de doenças são idênticos aos sintomas da intoxicação pelo lítio, e assim, por uma questão de segurança, deve informar o seu Médico se adoecer.



E se necessitar de consultar outro Médico ou uma operação?
Quando falar com outros Médicos ou quando se sujeitar a qualquer procedimento médico ou cirúrgico, avise sempre as pessoas que estejam envolvidas que você toma o lítio. Isto poderá ajudar a assegurar que o lítio é controlado segura e efectivamente. Não pensar que tomando o lítio este é importante somente que o Médico que o prescreveu.



O lítio é o melhor tratamento para a doença Bipolar?
Para muita gente sim. O lítio parece ser mais específico para a doença Bipolar do que outras medicações disponíveis. No entanto, nem todas as pessoas podem tolerar o lítio e nem todas as pessoas são ajudadas pelo lítio. Há tratamentos alternativos para ajudar esses doentes. Apesar disso o lítio tem sido um benefício para muitos milhares de pessoas. Só você e o seu Médico podem determinar se lítio será a melhor escolha para si.



Posso tomar menos lítio e permanecer «levemente maníaco» (eufórico)?
Tomar o lítio em quantidades inferiores às prescritas não está provado que torne possível um estado «levemente maníaco» sem falta de controlo. Além disso, a maioria dos doentes uma vez que comecem a mostrar alguns sinais de mania, o risco de progressão para um episódio maníaco completo é grandemente aumentado. As consequências desagradáveis dos episódios maníacos não valem o risco da alteração do tratamento. Alterar a dosagem numa tentativa de conseguir um estado «levemente maníaco» (eufórico) faz correr o risco de perder a protecção pelo lítio em relação a episódios, quer maníacos quer depressivos.

E acerca de vitaminas e minerais?
Não há uma certeza de que as vitaminas ou suplementos minerais sejam muito úteis ao tratamento de doença Bipolar. No entanto, se uma pessoa resolver tomar vitaminas ou suplementos dietéticos não são de esperar reacções adversas com o lítio.

Pode alguém aprender tudo o que é importante acerca do lítio e da doença Bipolar?
Um pequeno livro deste tamanho não pode dar respostas a todas as questões que possam ser colocadas sobre o lítio. O material aqui incluído foi seleccionado porque os médicos e aqueles que tomam lítio pensaram que ele era especialmente importante.



VEJA TAMBÉM O LINK
http://www.adeb.pt/sobre_adeb/publicacoes/guias/texto/litio_doenca_bipolar.htm


http://www.saudecomciencia.com/2011/09/efeitos-colaterais-bizarros-de.html


25 de nov. de 2010

Bipolar

http://www.psicosite.com.br/tra/hum/bipolar.htm
O que é?
O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.



Características
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.



Tipos
Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Outros tipos foram propostos por Akiskal, mas não ganharam ampla aceitação pela comunidade psiquiátrica. Akiskal enumerou seis tipos de distúrbios bipolares.



Fase maníaca
Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias.. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.



Fase depressiva
É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.



Exemplo de como um paciente se sente
...Ele se sente bem, realmente bem..., na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.



Sintomas (maníacos):
Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto freqüente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.
A fase depressiva
Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.



Generalidades
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.



Qual a causa da doença?
A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.



Como se trata?
O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Freqüentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada "virada maníaca", que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos

Última Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 01 Liv 19 Liv 03 Liv 17 Liv 13 Psychiatry Research 2001; 103: 229-235
Age of Onset of Bipolar II Derpessive Mixed State
Franco Benazzi



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TRANSTORNO BIPOLAR

O transtorno bipolar ou distúrbio bipolar é uma forma de transtorno de humor caracterizado pela variação extrema do humor entre uma fase maníaca ou hipomaníaca, hiperatividade e grande imaginação, e uma fase de depressão, inibição, lentidão para conceber e realizar ideias, e ansiedade ou tristeza. Juntos estes sintomas são comumente conhecidos como depressão maníaca.

História

A depressão maníaca foi inicialmente descrita em fins do século XIX pelo psiquiatra Emil Kraepelin, que publicou seu conhecimento da doença em seu Textbook of Psychiatry. Existem dois tipos principais do distúrbio bipolar: com predomínio de depressão (tipo II) e com predomínio de mania (tipo I).

Introdução

O transtorno bipolar do humor, também conhecido como distúrbio bipolar, é uma doença caracterizada por episódios repetidos, ou alternados, de mania e depressão. Uma pessoa com transtorno bipolar está sujeita a episódios de extrema alegria, euforia e humor excessivamente elevado (mania), e também a episódios de humor muito baixo e desespero (depressão).

Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade.
Deve-se ter em conta que este distúrbio não consiste apenas de meros "altos e baixos". Altos e baixos são experimentados por praticamente qualquer pessoa, e não constituem um distúrbio. As mudanças de humor do distúrbio bipolar são mais extremas que aquelas experimentadas pelas demais pessoas. Veja ciclotimia para uma versão moderada deste distúrbio.

O doente de distúrbio bipolar é também comumente chamado de "maníaco-depressivo" por leigos (e por alguns psiquiatras do século vinte), entretanto, este uso não é popular atualmente entre os psiquiatras, que padronizaram o uso de Kraepelin do termo depressão maníaca para descrever o espectro bipolar como um todo, que inclui tanto o distúrbio bipolar como a depressão; eles agora utilizam distúrbio bipolar para descrever a forma bipolar da depressão maníaca.

A natureza e duração dos episódios variam grandemente de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. No caso grave, pode haver risco pessoal e material.
A doença pode se manifestar em crianças, porém talvez pela dificuldade em identificá-la, se manifesta em grande parte em adultos, por volta dos 15 a 25 anos.

Euforia e depressão

O paciente de bipolaridade pode chegar ao extremo da depressão seguida de suicídio e, no outro extremo, a euforia de tentar escrever um livro num só dia, por exemplo.

Euforia

Saber lidar com as situações extremas é quase decisivo e a maior dificuldade: o bipolar quase nunca percebe quando está hiperagitado. Quando percebe, recusa-se a aceitar o fato, e pior, tanto num caso quanto no outro, gosta de estar eufórico. Resiste firmemente a tomar medicamentos; abusa de drogas e álcool; gasta suas finanças de forma descontrolada; torna-se impulsivo, irascível, promíscuo e inconsequente. O senso crítico e moral podem ficar seriamente comprometidos nesta fase da doença.

Principais sintomas

Como identificar o humor
A empolgação para comer a pizza no sábado à noite pode ser um sinal de variação de humor. Brigas com amigos e melancolia podem ser fortes indícios. Estes sinais não estão ligados a fatores externos. A pessoa que tem Bipolaridade mescla, de 8 a 80, desânimo, tristeza, ansiedade, falta de sono e de prazer, com euforia, agitação, agressividade, explosividade, aumento de riscos e gastos, impulsividade e distração, entre outros sintomas.

O bipolar quase nunca percebe quando está hiperagitado. Quando percebe, é comum recusar-se a aceitar o fato. Nem sempre os sintomas maníacos ou depressivos são bem claros. Até quem convive com um bipolar sente dificuldades em distinguir uma aflição comum de uma depressão, ou uma alegria de uma euforia.
A natureza e duração dos episódios varia muito de uma pessoa para outra, tanto em intensidade quanto em duração. Entre os episódios, é comum que passe por períodos de normalidade.

A doença é de difícil diagnóstico, mesmo para profissionais da saúde que acompanhem há um longo tempo o paciente. Porém, após diagnóstico positivo do TBH (Transtorno Bipolar do Humor), entra a segunda parte, a mais difícil, com o paciente que pode estar incapacitado e seus familiares, saber se está ou não em surto, é uma dificuldade constante para o portador de TBH. A preocupação por amplos setores da saúde e da sociedade em geral, em especial a saúde mental, é o de garantir o bem-estar dos portadores do transtorno, e impedir a incapacitação dos "doentes".
Com a implantação dos day-hospitals, reuniões com parentes e pacientes, a evolução está sendo suprida. O paciente deveria ser o maior sabedor das coisas que envolvem a doença para conseguir controlá-la.

Sintomas da depressão

O individuo deprimido em geral se sente abatido, quieto e triste. Pode dormir muito, como uma fuga do convívio, reclamar de cansaço em tarefas simples como escovar os dentes, apresentar traços de baixa auto-estima e de sentimentos de inferioridade. Demonstra pouco interesse pelos acontecimentos e coisas e pode se isolar da família e amigos.

O indivíduo pode se sentir, nesta fase, culpado por erros do passado, e fracassos em sua vida e de seus familiares. Pode haver irritabilidade, lamentos, e auto-recriminação.
Pode haver um distúrbio do apetite, tanto para aumentá-lo, como para diminuí-lo. O deprimido pode apresentar queda na sua imunidade, o que o deixa mais predisposto a contrair doenças. Em alguns casos a depressão pode se manifestar de forma psicossomática, e o indivíduo pode apresentar algumas doenças de causa psicológica, que normalmente se caracterizam por dores pelo corpo ou cabeça.

Há uma queda da libido e o indivíduo se afasta de seu companheiro, se o possuir.
É comum nesta fase pensamentos suicidas, uma vez que o indivíduo se sente mal em sua vida e sem energia para mudá-la. A conseqüência mais grave de uma depressão pode ser a concretização do suicídio.

Sintomas da Euforia (Mania)

Na fase eufórica o indivíduo pode apresentar sentimentos de grandiosidade, poderes além dos que possui e grande entusiasmo. O indivíduo passa a dormir pouco, tornar-se agitado.
Pode falar muito, ter muitas ideias ao mesmo tempo.
Há uma alteração na libido e o indivíduo tem um aumento do desejo sexual.
O indivíduo perde a inibição social, podendo passar por situações vexatórias por falta de senso crítico.
Nesta fase é comum os indivíduos se endividarem ou perderem muito dinheiro, comprometendo até bens de família. Durante os delírios de grandeza os gastos são muito acima do que sua realidade permitiria. Devido ao grande otimismo, é possível que o indivíduo empreste dinheiro a pessoas a quem mal conhece, e que podem estar aproveitando-se da situação.
São comuns manias como perseguição, realização de sonhos (reformas, viagens, compras) que a primeira vista podem até parecer normais.
No tipo de THB com surtos psicóticos, é comum nesta fase que o paciente tenha alucinações e delírios de grandeza.

Tratamento

O distúrbio bipolar é uma patologia que acomete cerca de 1,6% da população hoje em dia. No entanto, hoje é tratável. As alarmantes trocas bruscas de humor, todavia, podem ser controladas pelos medicamentos conhecidos. O tratamento com carbonato de lítio é o mais antigo e ainda em uso, e hoje há significativos progressos no estudo de novos tratamentos com poucas, mas significativas novas medicações introduzidas na medicina nos últimos tempos. O lítio induz a uma série de efeitos adversos e, por isso mesmo, precisa ser dosada sua concentração no sangue periodicamente. O tratamento moderno de transtorno bipolar é feito sem lítio, com uso contínuo de olanzapina ou quetiapina.

Equivocada é a ideia de que a bipolaridade seria estar hiper contente pela manhã, triste à noite e com um sentimento médio à tarde. Tal ideia não traduz a bipolaridade. Na verdade a bipolaridade pode vir a se manifestar nos dois pólos da doença: depressão e mania. Hoje há remédios de última geração que controlam com sucesso qualquer alteração de humor para esses dois pólos da doença.

Com o uso de medicamentos adequados e de apoio psicológico, é perfeitamente possível atravessar períodos indefinidamente longos de saúde e ter vida plena.[6][7]
O tratamento exige acompanhamento profissional, o uso fiel e bem monitorado dos medicamentos adequados e o comprometimento do paciente em buscar para si uma vida melhor. O apoio e a compreensão da família ou de amigos chegados são de grande valia ao doente.

Terapia ocupacional

A partir de conceitos do CID-10 o tratamento da bipolaridade não só trocou de nome (PMD - Psicose Maníaco-Depressiva) do CID X mas, também há precoce tratamento aos pacientes crônicos em hospitais-dia, onde se fazem terapias ocupacionais durante o dia e, à noite, os pacientes voltam ao convívio de suas famílias.
Se só o nome desse transtorno já assustava, imagine a situação em que o bipolar comunica sua patologia a um leigo dizendo que tem "psicose maníaco-depressiva". Ao ouvir esses termos, seu interlocutor pensará que é um louco sem controle.
São pessoas úteis à comunidade em que vivem, mas que podem ser marginalizadas pela patologia que apresentam. Se bem tratados e acompanhados psicologicamente mais de perto, vivem uma vida normal e têm, ainda, a possibilidade de render mais em certos setores.

Como controlar

Acompanhamento médico e psicoterápico
Uso da medicação prescrita conforme recomendação médica.
O uso da medicação é particularmente importante porque é muito comum o paciente de bipolaridade interromper a terapia medicamentosa. A interrupção no uso do medicamento recomendado, via de regra, desencadeia novos episódios da conduta característica a essa condição: estados de depressão mais intensa e maior exaltação na euforia
Restrição ao uso de álcool, drogas e cafeína
Vida saudável com horas de sono suficientes e em horário regular, alimentação equilibrada e atividade física adequada
Aumentar o consumo de Omega 3 e ácidos graxos naturalmente encontrados em peixes (cozidos, assados ou grelhados) como: bacalhau, cavala, salmão, sardinha, arenque e também nas castanhas, nozes, vegetais com folhas verde escuro, linhaça, azeite de oliva, óleo de soja e óleo de canola.

http://www.saudemental.hdfree.com.br/sindromes.htm

http://www.cemp.com.br/artigos.asp?id=86
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O transtorno bipolar não é mais considerado uma única doença. Os profissionais de saúde mental agora classificam quatro principais subtipos da doença, referidos como “espectro do transtorno bipolar”: bipolar I, bipolar II, transtorno bipolar não especificado e ciclotimia.
Fatores que diferenciam os tipos de transtorno bipolar incluem a duração e a intensidade das variações de humor. A classificação é importante, pois saber que tipo um paciente tem pode ajudar os médicos a escolher o melhor tratamento.
O transtorno bipolar I é considerado o “clássico”. Os pacientes sofrem um ou mais episódios maníacos com duração de pelo menos uma semana, e quase sempre um ou mais episódios depressivos.
Também pode causar psicose, que podem incluir alucinações (ver coisas que não existem) ou delírios (fortes crenças não baseadas na realidade e não influenciadas pelo pensamento racional).
Episódios maníacos trazem um humor anormalmente elevado; a pessoa se agita, tem ideias grandiosas, precisa de menos sono, fica facilmente distraída e age impulsivamente.
Episódios depressivos trazem sentimentos de tristeza, desesperança, culpa, inutilidade e pessimismo. Os pacientes podem ter dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades diárias e mudanças nos hábitos alimentares e de sono. É considerado um episódio depressivo se a pessoa experimenta vários desses sintomas por mais de duas semanas.
Homens e mulheres são igualmente propensos a ter transtorno bipolar, mas os homens são mais propensos a ter seu primeiro episódio maníaco mais jovem. A doença também ocorre igualmente entre as etnias.
No transtorno bipolar I, os períodos de depressão duram mais do que os episódios maníacos. A depressão pode durar um ano ou mais, enquanto episódios maníacos raramente duram mais do que alguns meses.
Se o tratamento for bem sucedido, os pacientes bipolares podem passar meses ou anos com humor estável entre episódios, embora um terço deles mantenha sintomas residuais.
A depressão também é a principal característica do transtorno bipolar II. Os pacientes têm períodos de humor elevado, mas menos acentuados. Em vez de mania, as pessoas com bipolar II experimentam hipomania, uma forma mais leve de mania.
Estudos mostram que as mulheres são ligeiramente mais propensas a ter bipolar II. Embora uma pessoa com bipolar tipo II possa negar que algo está errado, seus parentes podem perceber que ela está agitada demais ou estranhamente otimista.
O transtorno bipolar II é por vezes confundido com depressão porque os períodos hipomaníacos são mais difíceis de detectar. Com o tempo, sem tratamento, a hipomania pode evoluir para a mania ou se transformar em um estado depressivo.
Já o transtorno bipolar não especificado é uma categoria abrangente para aqueles que parecem ter transtorno bipolar, mas que não se encaixam em nenhuma categoria. Por exemplo, para uma doença ser considerada bipolar I, um episódio maníaco tem que durar pelo menos uma semana. Se o episódio maníaco dura apenas três dias, os médicos afirmam que o paciente tem transtorno bipolar não especificado.
As pessoas com ciclotimia são muitas vezes consideradas por seus parentes como “extremamente temperamentais”. Elas têm “altos e baixos” (em ciclos, explicados abaixo), nenhum tão grave ou durando o tempo suficiente para se qualificar como mania ou depressão.
Pessoas com ciclotimia pode ter explosões de energia e precisam de menos sono, seguido de depressão leve. Poucas procuram médico para tratar a doença. Alguns profissionais de saúde mental consideram a ciclotimia uma condição distinta do transtorno bipolar. Outros dizem que é um traço de personalidade, ainda que relacionado com o transtorno bipolar.
Pesquisas mostram que pessoas que têm um familiar próximo com ciclotimia são mais propensas a ter transtorno bipolar. Além disso, pessoas com transtorno bipolar têm mais tendência a experimentar ciclotimia entre os episódios de depressão ou mania.
O transtorno bipolar é uma condição complexa de diagnosticar. Os sintomas podem variar não só entre categorias, mas entre pessoas. Os pacientes também podem experimentar episódios mistos, com sintomas de depressão e mania simultaneamente.
Na doença, as emoções ficam completamente desreguladas. Você nunca sabe como um bipolar vai responder a uma crítica; chorando absurdamente ou agredindo seu crítico, por exemplo.
Além disso, mesmo que você tenha sido diagnosticado com um tipo particular de bipolar, isso não significa que seus sintomas permanecerão os mesmos ao longo do tempo, ou que você permanecerá no mesmo subtipo.
Sem tratamento, o transtorno bipolar tende a piorar com o tempo. Os episódios podem ser mais graves ou podem começar a ocorrer rapidamente. Cerca de 20 a 25% das pessoas têm quatro ou mais episódios distintos de mania ou depressão em um ano.
Isso é chamado de ciclo rápido, e pode ocorrer em pessoas com transtorno bipolar I, II ou não especificado. A ciclagem rápida tende a acontecer com a doença avançada e é mais comum em mulheres do que homens.
Mesmo dentro da ciclagem rápida do transtorno bipolar há muitas variáveis. Enquanto alguns têm períodos de normalidade entre os episódios, outros vão de alto a baixo sem qualquer quebra – ciclo contínuo. Outros podem ainda ter uma ciclagem ultra-rápida, com múltiplas mudanças de humor em um único dia.
A ciclagem apresenta desafios para os médicos; o tratamento correto é difícil de ser diagnosticado, porque os antidepressivos podem piorar episódios maníacos, etc.
A melhor coisa nessa situação é que o paciente ou seus parentes anotem os detalhes de seus episódios maníacos, incluindo sintomas, sentimentos, e quanto tempo dura cada episódio, para que o médico seja capaz de ajudar. [CNN]
http://hypescience.com/transtorno-bipolar-e-dividido-em-quatro-subtipos/