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Sinto falta dos tempos passados,
não dos momentos vividos,
e as coisas que me fizeram feliz ou infeliz,
e sim, falta da minha alegria diária,
do sorriso escancarado e a coragem de ser eu mesma,
de todos os dias acordar
com várias idéias para por em prática,
com emoção nas palavras,
com andar calmo e tranquilo
sabendo que no fim da estrada
amanheceria o meu novo dia,
recomeçando de onde jamais deveria terminar.
Sinto falta da menina levada que andava com os pés no chão,
sem medo de se sujar,
da chuva molhando meu cabelo, deixando ele desarrumado,
fazendo minha aparência mudar,
sinto falta das pessoas que amei,
e da minha capacidade de acreditar nelas,
não via inveja, nem ciúmes,
não via falsidade, não via carapuça, nem agressão nas palavras,
Sinto falta dos temperos da vovó,
quando criança ainda saboreava um simples prato,
com doses de carinho e atenção de vó.
Sinto falta de ser jovem e ter sonhos e esperanças
de ser feliz sem medo,
de abraçar apertado um amigo,
sem ele disso se aproveitar,
sinto falta até de chorar,
quando os filmes me emocionavam,
e me faziam sonhar,
sinto falta das conquistas,
dos amores,
dos costumes,
do "não ter nada para fazer"
de simplesmente ver o dia passar olhando o mar,
com o coração cheio de esperança,
incapaz de fazer alguém sofrer,
hoje eu vejo o quanto me faz falta ser menina de novo
para novamente nas pessoas acreditar,
viver rodeada de amigos,
contando comigo
para ir a praça somente para passear.
Jogar conversa fora, falar da lua, das estrelas,
cantar com a voz do coração,
e mais ainda sinto falta da capacidade de esquecer e perdoar,
achando que todos merecem uma nova chance e a vida
muda as pessoas pra melhor.
Se não fosse assim,
nada seria de mim,
que hoje lembra das coisas vividas,
das amargas e sofridas,
mas ainda com a alma de criança,
de ver coisas boas ainda me acontecer,
sem deixar passar a esperança.
Sônia Amorim