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2 de jul. de 2015

Monja Coen

https://youtu.be/18F7S6Yux8M

https://youtu.be/LByFyo7S2D4

https://youtu.be/8HPhm6R5QBI

https://youtu.be/LByFyo7S2D4


https://youtu.be/BNu12tNXqbU

https://youtu.be/GjwNgeXz-NY

https://youtu.be/x9j5orL5m00


https://www.youtube.com/channel/UCTw4_Y7XXuorDLN5fdDWeIQ

http://www.radiomundial.com.br/comunicador/monja-coen/

http://www.monjacoen.com.br/noticias/1583-um-ano-do-momento-zen



Com Monja Coen Sensei, missionária oficial da tradição Soto Shu-Zen Budismo e fundadora da Comunidade Zen Budista 

No budismo, existem três venenos que inflamam a vida humana e prejudicam os relacionamentos: a ganância, a raiva e a ignorância. Nesta conversa, Monja Coen falará sobre a relação entre estes venenos e a tumultuada vida nos tempos contemporâneos, em que a leveza, o ser e o sentir muitas vezes cedem espaço aos impulsos consumistas.

29 de fev. de 2012

Borobudur





Escondido nas profundezas da ilha de Java, na Indonésia, há um templo que desperta muitos mistérios. Seu nome é Borobudur, ou se preferir “santuário dos incontáveis budas”, considerado o maior monumento budista do planeta. Ele se encontra na região central da ilha, perto da cidade de Magelang, e cerca de 40 quilômetros da cidade de Jogiacarta, que seria o lugar adequado para iniciar a aventura com destino as ruínas.

Tal construção exigiu milhares de trabalhadores, e muitas décadas. Para a obra, os trabalhadores do campo desenvolveram uma estrutura de pedras (sem cimento) acima de uma montanha em Java. Com isso, supõem-se que eles a utilizaram para transportar por volta de um a dois milhões de pedras enormes, sem qualquer manipulação de técnicas ou ferramentas da engenharia moderna. Seus objetos eram: cordas, martelos, carrinhos de mão, e o essencial, músculos.

Acredita-se que fora edificada o templo no século VIII, sendo um templo hinduísta. Posteriormente tornara-se budista. No ano 1000 o local foi soterrado pelas cinzas de um vulcão, e consequentemente no decorrer do tempo foi apagada da visão de todos, encoberta pela selva. Passados quase um milênio, foi redescoberta no ano de 1814, através de escavações arqueológicas.

As esculturas são ricas em detalhes. Elas foram chamadas de “rosário budista feito de pedras”. As esculturas estão num caminho ascendente às ruínas, com 5 quilômetros de extensão. Ela representa a jornada do espírito do homem na busca da perfeição espiritual.

Na proximidade da base do templo, relevos que revelam a “Esfera do Desejo”, com gravuras simbolizando os prazeres e castigos da terra. Já quatro níveis acima a “Esfera da Forma”, com cenas em relevo da vida do príncipe Siddhartha, conforme ele progredia em sua elevação espiritual como Gautama Buddha.
Em seu interior há mais de 1.200 painéis em baixo-relevo, espalhados em todos os níveis do templo expressando a sua crença. Nelas também se retratam cenas da vida da Indonésia, mais de mil anos atrás, abordando a vida de fazendeiros, músicos, dançarinas, assim como descrições de navios, elefantes, e obviamente reis. São registrados também mais de 400 budas pelo caminho.

Nos outros níveis constam três terraços circulares. É a “Esfera Amorfa”, em que 72 stupas, que seria uma espécie de mausoléu em formato de torre, sustentam as estátuas de Buda. Acredita-se que ao tocar numa das imagens lhe traga bons fluidos, enfim, sorte. Na stupa central, determina-se o fim de sua peregrinação pelo local, onde é representada neste pico a libertação do homem para a paz superior. Seria, simbolicamente falando, o estágio cujo individuo alcançou o centro do universo, em seu próprio eixo.

Borobudur passou por duas restaurações. A Unesco promoveu tal projeto de reconstrução e recuperação, que findou em 1983. O templo é um magnífico local para a peregrinação de budistas, assim como uma forte atração turística, a mais popular da Indonésia.













24 de mai. de 2011

Pedagogia zen.

Rating:★★★★
Category:Other
“O que é visado na doutrina zen é algo que poderíamos situar como o que está fora da cadeia significante do pensamento tanto consciente quanto
inconsciente. Essa doutrina é indissociável da técnica zen que vai consistir no meio utilizado pelo mestre de levar o discípulo ao abandono, à libertação da cadeia significante – o que seria a tentativa de buscar a libertação do sujeito dos significantes que o determinam... As atitudes do mestre apontam sempre para o não sentido, para fora do significante, para o nível de algo da ordem do real, e não da ordem do deciframento, que ele presentifica com seu ato”.

(QUINET,1993, p.76-77


A IDÉIA DE NÃO-DUALIDADE NO PENSAMENTO DO MESTRE ZEN EIHEI DOGEN IMPLICAÇÕES PARA A TEORIA DA EDUCAÇÃO

RESUMO
Em busca de elementos para uma reflexão, procuramos identificar alguns princípios filosóficos da educação, entendida em seu sentido amplo de formação do ser humano, como aparecem no pensamento do Mestre Zen
Budista Eihei Dogen, fundador da Escola Soto de Budismo Zen, no Japão.
O eixo central de seu pensamento é a idéia de não-dualidade, que é apresentada através de seus escritos, apontando a experiência em que as usuais barreiras entre o eu e o não-eu são transcendidas. Ele trata aspectos da condição humana que não pertencem apenas ao âmbito específico de uma escola religiosa mas, ultrapassando esse limite, constituem uma verdadeira mudança paradigmática em relação ao pensamento moderno ocidental, e que vão se refletir na educação de um modo geral. Em seu pensamento, Dogen apresenta a relação entre sujeito e objeto como possuindo caráter apenas funcional, e não uma realidade em si. Tudo que existe está interligado e inserido numa relação de interdependência. A educação espiritual, para ele, teria como um de seus objetivos estabelecer a consciência de interdependência e interligação entre todas as coisas, sem negar a condição de individualidade como expressão particular do absoluto. A metodologia empregada neste estudo é a pesquisa bibliográfica de fontes reconhecidas pelos principais mestres da Escola Soto de Zen Budismo Japonês como a melhor tradução realizada até o presente momento para língua inglesa, em 4 volumes do Shobogenzo, feita por Gudo Wafu Nishijima e Chodo Cross, Ed. Windbell, Tóquio. Procuramos compreender os principais aspectos da obra em conexão com a idéia de nãodualidade, procurando extrair contribuições para a teoria da educação.

Trabalhamos com a investigação de seu pensamento, procurando elucidar os
limites impostos pelas condições em que o trabalho se realiza, considerando os aspectos históricos relevantes à constituição de seu ensino, e o contexto em que surge. Também buscamos compreender as estruturas presentes na
transmissão do conceito central que é objeto de nosso estudo – a idéia de não dualidade – observando como o autor possibilita a compreensão de seu texto, que trata de uma experiência que não pode ser diretamente traduzida em palavras, mas mediada por aproximações indicativas. Selecionamos alguns temas significativos tratados por Dogen em sua obra tais como a idéia de nãodualidade nas escrituras budistas, a aprendizagem direta através do contato com a natureza, a importância da intuição, o aprendizado integrado através do corpo e mente, o ensinamento silencioso e a relação mestre-discípulo. Consideramos em nossa escolha o caráter elucidativo dos textos em relação ao nosso tema central, assim como sua possível relação com a teoria da educação. Este trabalho busca refletir sobre sua proposta educativa,
procurando apresentar as metas pedagógicas e os meios utilizados para
caminhar na direção de sua realização, percebendo seus limites e possibilidades, e de que maneira pode contribuir para um pensar sobre o
educar, articulado à construção de um modo harmonioso de viver.
PALAVRAS CHAVES: 1) FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO 2) ZEN BUDISMO
3)NÃO-DUALIDADE

http://xa.yimg.com/kq/groups/20486128/120686587/name/Disserta%C3%A7%C3%A3oCD.pdf


Ivone Maia de Mello


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A nossa investigação procurou realizar um esforço de compreensão do pensamento do Mestre Dogen, com o objetivo de favorecer uma apreensão de
suas idéias e oferecer contribuições para pensar a educação. Percebemos
ao longo do trabalho a importância do conceito central, objeto de nosso estudo – a idéia de não-dualidade – e as implicações que a sua compreensão trazem para a vida humana de modo geral. O ensino em Dogen oferece elementos para pensar uma prática pedagógica baseada na superação da dicotomia entre vida cotidiana e espiritualidade, entre pensamento e ação, teoria e prática. A atual sociedade da informação, com suas múltiplas formas de disponibilizar conteúdos, através das diversas conexões cibernéticas, não está conseguindo evitar haja uma fragmentação dispersiva de valores, referências e que o conhecimento se desenvolva cada vez mais numa direção tecnicista, alienando o homem de suas necessidades fundamentais. Ao mesmo tempo não podemos mais pensar que diante de uma tal complexidade, seja possível pensar um caminho único que responda a todas essas questões. Educar nesse sentido seria favorecer a reflexão e o descobrimento do caminho próprio de cada um, a partir de uma elaboração pessoal de diferentes visões e contribuições.
Pensamos que nesse contexto, a compreensão da relatividade de nossas
concepções e a liberação em relação a posições dogmáticas, ao mesmo tempo em que expandimos nossa compreensão das relações entre os diversos fenômenos que compõem a nossa realidade, podem nos ajudar a encontrar uma via de construção de nossa condição conjunta existencial, em meio às diferenças que nos são características. O pensamento de Dogen coloca que toda compreensão, por mais abrangente e amadurecida que possa ser, somente pode ser considerada efetiva na medida em que modifica a ação, a forma de entrarmos em contato com cada situação. E que a mudança de nossa condição coletiva começa pela transformação em nós mesmos de nossa forma de conceber a realidade e de com ela nos relacionarmos.

Budismo -

http://www.nalanda.org.br/sala/camiacei.php
O Caminho para a Aceitação

Duas chaves muito simples, porém difíceis de serem colocadas em prática, constituem os fundamentos da não-dualidade:

1- Esforçar-se para estar aqui e agora, do jeito que é.
2- Ser uno com o que está sendo, do jeito que é.
Lembrem-se que as impressões negativas e dolorosas do passado ganham força, seu impacto sobre nós, justamente porque não conseguimos dizer sim a elas, aceitá-las e, portanto, os acontecimentos são reprimidos e rejeitados. Por esses mesmos motivos, é o passado que nos impede de estar aqui e agora, de nos desapegar.

Encontramo-nos então na presença da palavra-mestra de nossas vidas, verdadeiro pilar de nossas vidas: a aceitação.

Dizer sim ao que está sendo, aceitando até o inaceitável ou o inevitável, é algo que se encontra em todas as tradições.

Os mestres Zen dizem "parem de se opor". O que corresponde a ver e reconhecer. Para poder dizer sim ao que é, é necessário dizer sim ao que foi. Aceitando retrospectivamente os acontecimentos negativos do passado, os conflitos e as dualidades se dissipam, os vestígios do karma se apagam.

Numa primeira fase, para muitos de nós e conforme a gravidade dos acontecimentos, a aceitação é insuportável, chocante, e pode ter uma conotação moralista, sendo assimilada à fatalidade ou à resignação. Não se preocupem, esse principio da aceitação é uma ciência, a ciência da não-dualidade. A aceitação, a adesão, a não-dualidade com relação ao inevitável (do dois nasce o sofrimento) acontecem aqui e agora, sem nenhuma consideração em relação ao futuro: ISSO É. O que está sendo, é; o que não está sendo, não é. Isso sendo, isso é; isso acabando, isso acaba.

Mas a aceitação não implica em nenhum compromisso para o futuro, nem bloqueia a ação. O futuro fica aberto, a ação permanece. Vocês poderão notar que a adesão ao que é faz desaparecer a emoção, porque quando nos situamos no aqui e agora, nos situamos na REALIDADE. Essa atitude de não-conflito que tende para a supressão das emoções leva a uma ação lúcida, não viciada por uma revolta ou recusa.

- Sim, recebi más noticias; não, eu não deveria tê-las recebido; sim, estou terrivelmente angustiado; não, eu não deveria estar angustiado.

Somente o "sim" é verdadeiro: sim, estou sofrendo; sim, estou angustiado; sim, recebi más noticias, sem nenhum "não". Quando não posso aceitar o acontecimento, a má noticia, a emoção nasce.

A emoção não é criada pelo fato em si, por mais penoso que seja, mas pela recusa do fato, a coexistência do sim e do não. Essa emoção que não existia antes é fadada inevitavelmente a desaparecer. Visto que houve um começo, deve ter um fim. Nenhuma alegria, nenhum sofrimento, podem durar eternamente. A emoção nasce, se desenvolve e morre, salvo se impedirmos seu curso natural. É isso que fazemos quando não aceitamos as coisas tais como elas são.

Pelo contrário, agarramo-nos a emoções positivas, agradáveis, para fazer-las durar e fazemos tudo para aniquilar as emoções negativas e os sofrimentos no intuito de ignorá-los. Jamais esqueçam que a mais forte angústia, o medo, o mais insuportável pânico, a impressão de eventos com teor de pesadelo, o desespero, a certeza de um impasse total, têm apenas uma realidade relativa e são destinadas a dissipar-se.

A paz interior, a harmonia em si, passa pela aceitação sem limite do seguinte fato:

.: Não procurar mais fazer durar o positivo e não rejeitar, negar as emoções negativas.
.: Aceitar plenamente que as emoções positivas não duram e que as emoções negativas estão aqui.
A adesão deve ser sem nenhuma reserva ou reticência. Trata-se simplesmente de deixar as emoções negativas e positivas seguirem seu curso e recebê-las como a expressão da manifestação universal.

Na verdade é difícil dizer "sim", aceitar todas essas emoções negativas.

Talvez o primeiro passo, também o mais difícil, é a aceitação de si: como eu sou, do jeito que sou, e apreciar-se.

Aceitar não é se resignar.

Se resignar é curvar-se em face de uma fatalidade, um golpe do destino, circunstâncias adversas. É uma atitude passiva, permanece presa ao passado e nos dissocia mais e mais à medida que o tempo passa. Num plano psicológico corresponde ao suplício medieval do esquartejamento. Aquele que se resigna gostaria que as coisas acontecessem de forma diferente, mas sentindo-se impotente, abandona e abaixa os braços. A resignação contém, então, duas recusas: a recusa da realidade e a recusa da ação. Exatamente o contrário da aceitação. A resignação suporia que a Manifestação é rígida e que as coisas não mudam.

Aceitar o que é, é aceitar a mudança, a transformação, a evolução. Resignação só poderia significar querer fazer durar o que não dura.

Portanto a aceitação é bem o contrário da resignação, porque o que é plenamente aceito, perde seu poder e desaparece. Ao passo que o que é negado é rejeitado, e subsiste num estado potencial. Quanto mais recusamos, mais o que é recusado ou rejeitado ganha força.

Temos que compreender que a página está virando constantemente a cada milionésimo de segundo.

Há também a conscientização de que nunca poderemos ser completamente preenchidos; que procuramos sempre preencher um desejo infinito, um vazio infinito com coisas finitas.
Aqui temos a aceitação da carência, que essa carência nunca será preenchida por posses, haveres, relacionamentos, aventuras amorosas, nem pela família, comunidade, igreja ou partido político.

© Venerável Dhammika

© tradução do francês de Christine Okretic para a Comunidade Buddhista Nalanda, 2006


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O que significa Nalanda?
Nalanda significa "o lugar que oferece o lótus". A flor de lótus é um símbolo oriental que se refere ao conhecimento espiritual, o caminho de investigação e descoberta interior. Nalanda também é o nome da localidade onde se situava uma das mais famosas universidades buddhistas de antigamente, a qual floresceu entre os séculos V e XII. Segundo a tradição, Nalanda foi visitada muitas vezes pelo Buddha, sendo também o lugar de nascimento de um de seus principais discípulos, o venerável Sâriputta.
Bem-vindo ao site de budismo theravada da maior comunidade brasileira dessa linhagem budista. O centro budista nalanda é uma comunidade budista tradicional, comprometida com a transmissão séria dos valores budistas. Na escola do budismo theravada aprende-se o modo direto e completo dos ensinamentos originais do Buda, meditação budista samatha e vipassana (vipassana vem de vi/de várias formas, penetrante & passana/ver = ou seja, ver de várias formas ou de forma aprofundada), meditar no dia a dia. Das escolas budistas antigas, a do budismo theravada é a única que existe até os dias de hoje. É o budismo praticado na tailândia, sri lanka (ceilão), birmânia (myanmar), laos e camboja. O centro budista nalanda foi pioneiro em trazer os retiros budistas de vipassana e anapanasati para o Brasil e todas as atividades internacionais do budismo theravada no Brasil nos últimos 20 anos tiveram seu início no centro Nalanda.


http://www.nalanda.org.br/sobre/antiganalanda.php
Conheça mais sobre a antiga universidade de Nalanda na Índia.


18 de abr. de 2011

OS TRÊS PILARES DO DHARMA

http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2006/03/os_tres_pilares.html
Praticar e compreender o Dharma é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte das pessoas está rodando em círculos, levadas pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de samsara, a roda de avidez e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de avidez, ódio e ilusão tem certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os paramis tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.

Há dois tipos de paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.

O outro tipo de parami, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, do insight. Ambos os tipos de paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.

Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis. O primeiro deles é a generosidade. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. O Buda disse que se soubéssemos, como ele sabia, qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la. Os resultados cármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.

Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: "Será que eu deveria das ou não? Talvez sejam coisas demais?" E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Dadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.

Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a "consciência induzida": a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada "consciência não-induzida" e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.

O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a abstenção moral. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos: não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.

- Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.

- Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.

- Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.

- Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.

- Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.

A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são carmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas, traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantêm leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.

Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranqüila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.

O terceiro campo de atividade purificadora é a meditação. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo do insight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.

O sábio corrige sua mente inquieta, agitada,ardilosa, não-confiável, tal como o arqueiro constrói a flecha
(Buda; Dhammapada - verso 33)
Tudo é impermanente e está em fluxo, surgindo e passando de momento em momento. A consciência, o objeto, todos os diferentes fatores mentais, o corpo: todos os fenômenos compartilham do fluxo da impermanência. Quando a mente está clara ela experimenta essa mudança incessante a nível microscópico: de instante a instante estamos nascendo e morrendo. Não há nada ao que nos agarrarmos, nada a que nos atarmos. Não devemos nos apegar a nenhum estado mental ou corporal, nenhuma situação externa a nós mesmos, pois tudo esta mudando no momento. O desenvolvimento do insight significa experimentar o fluxo da impermanência dentro de nós de modo que possamos começar a abrir mão, a ceder, não nos agarrando tão desesperadamente aos fenômenos mente-corpo. Experimentar a impermanência leva a uma compreensão de insatisfação inerente do processo mente-corpo: insatisfação no sentido de que ele é incapaz de nos dar qualquer tipo duradouro de felicidade. Se pensarmos que o corpo vai ser a causa da nossa paz, felicidade e alegria permanentes, então não estaremos vendo a decadência inevitável que vai ocorrer. Conforme começamos a ficar velhos e doentes, decadentes e morremos, as pessoas com um forte apego ao corpo experimentarão grande sofrimento. A decadência é inerente a tudo o que aparece, que surge. Todos os elementos da matéria, todos os elementos da mente, surgem e desaparecem.

Outra característica de toda existência, que pode ser vista com o desenvolvimento do insight e da consciência, é que em todo esse fluxo dos fenômenos não existe algo como um "eu" ou um "self", um "meu", ou um "mim". São apenas fenômenos fluindo, fenômenos vazios, vazios de self, de ego. Não há entidade por trás de tudo que esteja experimentando tudo. O experimentador, o sabedor é, em si mesmo, parte do processo. À medida que o insight é cultivado através da prática da atenção, as três características da existência são reveladas.

O insight é um processo de purificação: quando todas as negatividades em nossa mente tiverem sido vistas, examinadas e finalmente extirpadas, elas não surgem de novo.

Sabedoria é a culminação do caminho espiritual, que começa com a prática da generosidade, refreamentos morais e o desenvolvimento da concentração. A partir dessa base de pureza surge o insight penetrante na natureza da mente e do corpo. Ao estarmos perfeitamente atentos ao momento, tudo aquilo que foi acumulado em nossas mente começa a subir, emergir. Todos os pensamentos e emoções, toda a malevolência, avidez e desejo, toda a luxúria, todo o amor, toda a energia, toda a confiança e alegria, tudo que está em nossas mentes começa a ser trazido ao nível consciente. E através da prática da atenção, do não agarramento, da não-condenação, não-identificação com coisa alguma, a mente torna-se mais leve e mais livre.

Uma indicação do poder relativo desses vários campos de parami foi dada pelo Buda. Ele disse que o poder da purificação na doação é aumentado pela pureza do recebedor. Mas muitas vezes mais poderosa, até mesmo do que ter feito uma oferenda ao próprio Buda ou à uma ordem inteira de monges e monjas iluminados, é a prática do pensamento da bondade amorosa com uma mente concentrada. E ainda mais potente do que cultivar esse pensamento amoroso é ver claramente a impermanência de todos os fenômenos, pois esse insight dentro da impermanência é o início da liberdade.

Por Joseph Goldstein; A Experiência do Insight - Editora Roca

Veja também:Saindo da Matrix:


http://web.archive.org/web/20080518032116/http://www.amorcosmico.com.br/hinduismo/conceitos/dharma.asp